Amour Sucré escrita por Kamiille


Capítulo 4
Capítulo 4 - O bloqueio quebrado.


Notas iniciais do capítulo

"Eu confiava nele, me sentia bem com ele..." -Zoey



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Eu e Castiel andamos por uns corredores longos até achar a sala de aula do professor de história, no caminho fomos conversando e ele foi anunciando as salas por onde passávamos.

–Essa é a sala de química, ela vive incendiada ou intoxicada, então ela sempre muda de lugar... -Ele disse apontando para uma sala em frente de outras duas.

–Essa é a sala de história. -Ele apontou para uma das sala que ficava em frente a de química. -A aula ainda não começou, temos um tempo até lá -Ele sorriu. Parecia ter gostado da ideia. -Você é a aluna nova. Me fale sobre você. De onde você veio? Com certeza não é daqui, apesar de ter traços de francesa só existe uma escola em Amour Sucré, essa. Vai me dizer que você nunca estudou? -Ele sorriu debochado.

Eu também sorri.

–Eu nasci aqui. Vivi aqui até os três anos e depois me mudei para o Canadá com os meus pais... -Dei uma pausa e acrescentei:

–E aqui estou eu, de novo.

–O que fez seus pais voltarem para cá? -Ele parecia interessado.

–Hum... Bem na verdade... -Eu gaguejei.

–Algo errado?

–Não, é só que... Eu vim pra cá com a minha tia, meus pais morreram quando eu tinha 6 anos de idade... -Ele pareceu surpreso e arrependido pela pergunta.

–Ah! Desculpe. -Ele desviou o olhar.

Eu gostei daquilo! A maioria das pessoas pra quem eu contava que havia perdido meus pais sentia dó de mim. Me olhavam com ar de pena. Castiel não. Ele parecia de certa forma entender o que é crescer sem pais.

–Tudo bem. -Sorri -Mas e você? Sempre morou aqui?

–Sim, moro aqui desde que nasci mas, tenho vontade de conhecer o mundo, viajar por aí com a minha banda...

–Você tem uma banda? Que máximo! -Eu disse. Ele sorriu:

–Sim, eu e meu amigo Lysandre tocamos nela. Vou te apresentar a ele no intervalo. E te apresentar ao meu grupo de amigos também. -Quando ele terminou de falar bateu o sinal da primeira aula. Entramos na sala e sentamos na mesma mesa (as mesas de Sweet Amoris eram compridas, então seu colocavam 2 cadeiras, formando então uma dupla).

Nós sentamos no fundo da sala e passamos a aula inteira dividindo o seu fone de ouvido e conversando sobre nossas bandas favoritas.

Ele me convenceu a matar as outras 2 aulas que vinham antes do intervalo (não foi tão difícil). Fomos para o pátio e sentamos em um banco que havia lá.

–Você é diferente sabia? -Castiel disse desligando seu Mp3 que tínhamos usado durante toda a aula de história. Eu certamente tinha ficado vermelha.

–Por que você diz isso? -Disse com tom indiferente. Apesar de estar muito curiosa para saber a resposta dele.

Ele sorriu (um sorriso lindo, aliás) e disse:

–Você é especial. Não é como toda a garota que tem por aí que pensa em maquiagem o dia todo! Ou só pensa em garotos, compras... Você é... Parecida comigo... -Ele corou.

Eu ri, o jeito como ele falava era engraçado. Mas ao mesmo tempo eu fiquei feliz, muito feliz. Ele me chamou de especial! Se qualquer outra pessoa me dissesse talvez eu não desse muita importância, mas ele parecia entender a minha maior dor! Ele gostava do meu estilo musical... Além de ser um gatinho...

Então eu perguntei... Eu era muito curiosa...

–Castiel, quando te falei sobre meus pais hoje cedo você me pareceu indiferente... Não é uma atitude de uma pessoa normal. Normalmente as pessoas ficam com ar de pena ou de dó... Você tem alguma noção de como é ficar sem pais?

Ele deu um meio sorriso e acrescentou:

–É. Eu sei como é ficar sem os pais. Os meu pai é um piloto e minha mãe aeromoça. Se eu ver eles uma vez a cada 6 meses... É um mês de sorte. É como se eles não existissem.

Então eu entendi! Castiel sabia e entendia a dor de não ter os pais! Eu senti vontade de abraça-lo! Mas eu não iria fazer isso... Eu mal o conhecia (apesar de sentir que o conhecia a minha vida inteira).

Então ele pegou a minha mão e a beijou.

–As melhores pessoas não sabem como é ter pais. -Sorriu e piscou pra mim. Eu não sabia se o chamava de metido ou agradecia. Quando eu ia falar alguma coisa apareceu um garoto do nada. Ele nos assustou:

–Castiel! Sabia que você mataria a aula de Álgebra! Eu estava te procuran... -Ele parou de falar quando percebeu minha presença e acrescentou: -Quem é essa?

–Lysandre, essa é Zoey, a aluna nova. Zoey, esse é o Lysandre.

Eu sorri e acenei e ele fez o mesmo. Lysandre tinha o cabelo branco jogado pela cabeça. Não era como o do menino que encontrei na entrada, Ken, o cabelo do Lysandre era mais banguçado e menos liso. Os olhos dele! Eu era apaixonada por olhos! Era a primeira coisa que eu reparava quando conhecia alguém. E os olhos deles eram um de cada cor, um verde e outro dourado. Eu fiquei o encarando com admiração por um bom tempo.

Castiel de repente olhou pra mim; Que estava olhando para Lysandre, admirada com seus olhos. E falou com um tom enciumado:

–Por que estava me procurando, Lys?

Eu desviei o olhar de Lysandre e encarei Castiel. Ele não olhou pra mim. Ele estava com ciúmes de mim? Era isso? Com ciúmes? De mim? Isso parecia meio... Meio... Novo? Mas eu tinha gostado. Pela primeira vez senti que alguem além de minha tia se importava comigo...

–Ah sim Cast! -Lysandre disse sem graça. Ele não parecia interessado em mim como Castiel. Mas eu sentia que ele seria um ótimo amigo. Afinal ele era da banda que Castiel tinha me dito mais cedo... Parecia ser uma pessoa agradável e diferente. Ele usava uma roupa de épocas passadas... Apesar de tudo Lysandre e Castiel pareciam ser bons amigos.

–Eu vim aqui te chamar para irmos ao porão, a turma toda esta reunida lá -Lysandre completou.

De repente o menino ao meu lado que segurava minha mão e aparentava estar enciumado, ficou estranhamente animado com a ideia de me apresentar para a "turma".

Pessoas... Ele queria me apresentar para pessoas... Castiel e Lysandre pareciam legais e sociáveis a um ponto não exagerado (como titia)... Mas como seria a "turma"? Me daria bem com eles? Eram amigos do Castiel... Eu queria ser amiga deles! Se eu e Castiel éramos tão parecidos como diziam talvez eu também conseguisse me socializar com...

Meus pensamentos foram cortados quando Castiel levantou do banco em um pulo, segurando minha mão e me puxando para algum lugar... Provavelmente, o porão.

Eu queria ir? Parte de mim dizia: "Vá! Tente ter amigos! Você não é tão estranha quanto parece! Só se solte mais!" e a outra dizia: "Não vá! São pessoas! Você odeia pessoas! Eles não vão gostar de você! Você é estranha!". Eu estava prestes a dizer "Você esta certa" para a parte que me falava para desistir da ideia de ter amigos quando Castiel olhou para trás, mais especificamente para mim e sorriu. O sorriso dele! Eu me derreti por aquele sorriso! Então deixei a parte "Tente fazer amigos" tomar conta de mim.

Eu confiava naquele menino de cabelos vermelhos! Eu me sentia bem com ele! Quando percebi não estava mais sendo puxada por Castiel, eu estava correndo ao seu lado! Segurando sua mão! Sorrindo um para o outro eu e Castiel seguimos Lysandre...








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Notas finais do capítulo

Quem seria a turma de Castiel? Talvez não fossemos tão parecidos... Ele tinha amigos... Uma "turma"...
Ou talvez fossemos sim parecidos e eu só precisava descobrir essa minha capacidade de me socializar...