My Weary Life. escrita por Ryouji Shaoran


Capítulo 3
Capítulo 3


Notas iniciais do capítulo

Meeu Deus, depois de tantos reviews não dá pra simplesmente não postar esse capítulo! Acho que vou ameaçar mais vezes! Nossa, adorei ter recebido esse monte de reviews! De 6 passou para 12 de um dia pro outro *quase desmaia*
Nossa gente, vocês querem me matar do coração? Assim eu não vou conseguir fazer a história!
Rs, quanto mais reviews, mais capítulos! Todos os que estiverem escondidinhos aí tratem de dar seus reviews, heein?
Ok, parando de encher o saco...



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Pov Kazuko:

Eu passei pelo portão, observando tudo. Era enorme. Eu passava por um caminho estreito que levava até a porta de uma casa enorme, com cinco andares, sótão, porão, varandas em todos os quartos... Tudo o que tinha direito. Isso sem contar com o lado de fora. E eu ainda nem tinha entrado.

Eu parei e me virei para o lado esquerdo. Logo á minha frente havia um aquário. Não, era O aquário. Era maior que a sala da minha casa e tinha todos os tipos de peixes ali dentro. Só faltava achar tubarão. Tinha uma porta, que dava para uma outra porta, para entrar para o aquário e várias roupas de nado para você nadar junto com os peixes.

Atrás do aquário tinha uma horta enorme, com todos os tipos de plantas que se pode imaginar, mais um jardim cheio de flores, de todos os tipos, misturadas entre si, com uma passagem ainda menor.

Seguindo a passagem, eu pude ver uma fonte enorme em meio ao jardim, era grande mesmo e em volta dela haviam bancos. 

Atrás da fonte eu pude ver uma quadra enorme, do lado da quadra haviam duas piscinas e banheiros ao lado delas, além de uma área de churrasco, saunas... Tudo e com um cercado bonito em volta. Tinha um canil um pouco mais atrás, onde se podiam ver uns sete cachorros, que estavam sendo empurrados para dentro por um empregado.

Eu andei um pouco pela trilha que dava para a fonte e para a quadra também, vendo que mais atrás, do lado da casa da mansão, havia uma árvore enorme, com uma casinha lá em cima, onde duas crianças brincavam. 

Em baixo da árvore haviam banquinhos, mesas, cadeiras, banheiros, balanços e brinquedos sendo arrumados por um outro empregado.

Mais atrás, podia-se ser visto outro belo jardim, mais duas fontes enormes e uma área, onde uma mulher olhava as crianças a brincar, sentada em uma mesa, tomando um chá.

Do lado direito eu pude ver outra quadra enorme, mais piscinas, sauna, banheiros, fontes, um laguinho, trilhas para todos os lados, um bosque e mais um canil, onde haviam uns onze filhotes ou mais, não deu para contar. Eles vendiam cachorros, só pode.

Árvores se espalhavam por todo o local, a grama era bem aparada, tudo era muito bem cuidado, pássaros cantavam e eu percebi duas pessoas conversando em um canto.

_ Aquela é a minha irmã, Hideko e o namorado dela, Harry. - eu ouvi, pulando no lugar e vendo que Yasunari olhava para o casal que estava sentado na ponte.

Hideko tinha olhos acinzentados e cabelos lisos, longos e negros. Ela lembrava um pouco Yasunari, exceto pelo fato dos seios fartos e da bunda enorme que ela tinha. Era uma bela mulher.

Já o namorado dela, Harry, era ruivo e tinha olhos azuis como o céu. Sua pele era tão branca como a dela e ele tinha algumas sardas no rosto, dando um charme diferente a ele. Belo homem também.

Eu apontei para a mulher que observava as crianças que brincavam e ele riu, me olhando.

_ Quem é ela? Quem são as crianças? - perguntei, ainda meio chocado com o lugar.

_ Ela é a minha mãe, Kumiko. As crianças são os meus irmãos mais novos. Tem duas meninas em cima da árvore, dois garotos ali na horta e dois ali nas mesinhas. A garotinha de tem cabelos castanhos se chama Kaye. A outra se chama Junko. O garoto mais alto se chama Ichiro. O que está do lado dele se chama Hajime. O que está jogando xadrez, que tem um jeito mais agitado é o Makoto. O que está quieto jogando xadrez com o Makoto é o Toshihiko. - Yasunari foi apresentando cada um, até os quatro que eu nem vira. E as mesinhas de xadrez logo atrás da árvore. Era muita coisa.

Kumiko, a mãe de Yasunari era uma mulher elegante. Ela tinha cabelos negros, lisos e se parecia muito com ele. Mais até do que a irmã, por ter os olhos negros. Ela tinha poucas rugas de expressão e tomava seu chá tranquilamente.

Kaye, a que parecia ser a irmã mais nova de Yasunari, tinha cabelos ondulados e castanhos, olhos acinzentados e pele branca. Era muito fofinha e brincava com o fogãozinho.

Junko brincava de tentar acertar passarinhos com uma pistola que tinha balas de borracha. Ela tinha cabelos negros também, assim como a maior parte das pessoas ali, só que os seus eram ondulados e batiam nos ombros. Sua franja ela mesma parecia ter cortado e ela tinha olhos castanhos. Parecia ter uma personalidade bem travessa.

Ichiro parecia ser o mais velho. Ele ensinava o seu irmão a mexer com a horta e ria alto. Ele tinha cabelos negros também, bem curtos e olhos estranhos. Um dos seus olhos era castanho e o outro era cinza. Ele parecia ter heterocromia (a doença que deixa os olhos assim) e era um caso raro, já que em crianças é ainda menos provável. 

Hajime parecia ser o tipo de criança curiosa, que queria aprender tudo, o mais rápido possível. Era tímido, mas bastante alegre. Tinha cabelos negros e lisos, assim como os seus olhos.

Makoto parecia ser hiperativo. Ele movia as peças rápidamente, enquanto o Toshihiko tentava acompanhá-lo. Ele tinha cabelos castanhos, lisos e olhos negros.

Toshihiko, o último, era quieto e parecia gostar de pensar. Era o completo oposto de Makoto, os dois brigavam toda hora. Tinha cabelos negros e olhos castanhos.

E quando eu dei por mim, Yasunari já estava na porta da mansão, me olhando. Corri até lá, chegando com a respiração descompassada. Ele riu e começou a destrancar a porta de madeira.

A parede da casa, por fora, era toda amarela. Estávamos em uma varanda, que seguia em volta da casa toda e o piso era inteiramente de madeira. Para ir até ela precisava-se de subir uns dois ou três degraus, ela era acima do chão. Parecia ser anti terremoto, furacão e o que desse e viesse.

Nos cantos da varanda haviam mesinhas e cadeiras, para quem quisesse relaxar ali. Logo vi que um mordomo se levantava de uma cadeira, deixando o livro que lia de lado,cindo até nós.

_ Senhor, seja bem-vindo. Eu estava lhe esperando. - disse o mordomo, se curvando.

_ Ah, Takao, você ficou aí na maior folga me esperando, né? - perguntou Yasunari, rindo.

Takao, que parecia ser o nome do mordomo, ficou todo sem graça. Ele tinha cabelos claros e olhos azuis. Era bem bonito, com um jeito meio europeu de ser.

Por dentro da mansão vocês já devem imaginar, não é? Tinham pelo ao menos dez salas, duas cozinhas, e uns... Sessenta quartos, sei lá. Era enorme. E todos os quartos tinham banheiros, pareciam mais suítes, com camas de casal e de solteiro, varandas...

Eu só sei que quando eu cheguei no quarto do Yasunari, eu já estava até zonzo. Como ele conseguia saber que era o seu quarto? Bom, cada quarto tinha um nome na porta e acho que tinha pelo ao menos um andar só para visitas. 

Eu caí com tudo na cama de casal que estava no meio do quarto, respirando fundo, ouvindo Yasunari rir da minha cara.

_ Não é engraçado. - resmunguei.

_ Claro que é. - disse ele, se sentando do meu lado. - Eu fiquei mais perdido que você quando entrei aqui pela primeira vez. Mas a gente se acostuma. Meu pai está no escritório e a minha avó está no quarto dela. Meu avô já morreu, mas se quiser eu te mostro fotos dele. Quer saber mais alguma coisa?

_ Não, obrigado. - choraminguei, pondo um travesseiro em cima da cabeça.

_ Então, o que você quer fazer primeiro? Eu acho que temos cavalos também, mas é bem no fundo de trás das nossas terras. - disse Yasunari, pensativo, abrindo o armário... E eu vi surgir o maior closet que eu já vi.

_ Você podia me doar umas roupas, hein? - murmurei, ouvindo ele rir.

_ Mas você é uma garota. - disse ele, me olhando.

_ Ah, é mesmo. - soltei, arregalando os olhos e me sentando educadamente na cama.

_ Você se esqueceu disso? - ele perguntou, estranhando.

_ Não, claro que não, eu lembrei de uma coisa! - soltei, jogando a primeira coisa que veio na minha cabeça. - Eu adoro peixes!

O que foi aquilo? Eu não gostava de peixes. Ah, claro que eu gostava, eram legais, mas foi estranho me ouvir dizendo isso.

_ Então vamos para o aquário! - soltou ele, pegando roupas de mergulho do fundo do closet, uma feminina e outra masculina. - Essa eu roubei da minha irmã mais velha. - disse ele, me lançando uma piscadela e rindo. - Ela mora no oeste da Áustria agora.

_ Por que você roubou? - perguntei, confuso.

_ Ah, é porque eu gosto de irritar ela. - disse ele, rindo.

Logo eu me lembrei que não seria uma boa idéia entrar no aquário. Principalmente sendo um garoto. Eu fiquei um minuto pensando, até que eu me virei para ele.

_ Aaah, eu não quero entrar no aquário! Vamos... Jogar um jogo? - perguntei, sorrindo.

Ele colocou as roupas em cima de alguma coisa e sorriu, me arrastando para o salão de jogos. Logo eu vi que o salão de jogos era cheio de todos os tipos de jogos, até mais mesinhas de xadrez tinha ali. Tinham jogos eletrônico, jogos de mesa... Tinha tudo ali. Boliche, Totó, Pingue Pongue, redes para vôlei, quadras, até piscina aquecida tinha ali. Ou seja, não era só um salão, era um lugar cheio de jogos.

Eu fiquei olhando para os jogos, sem ter animação para jogar nenhum deles. Peguei uma bolinha de Pingue Pongue e quiquei ela no chão, pensando no que fazer. O que eu não esperava é que ela quicase tanto. Ela voou, bateu no teto, e saiu quicando. Eu fui correndo atrás dela, vendo Yasunari fazer a mesma coisa, rindo.

Ela passou por uma janela, e eu fui atrás, pulando a janela, vendo Yasunari, abrir a porta tranquilamente e... Eu, crente que tinha chão embaixo de mim, pulei da janela pegando a bolinha e caindo dentro da piscina. E eu que achava que era aquecida. A água estava gelada!

Eu fui zunando para a beirada da piscina, surpreso. Eu fiquei ali, tentando me acalmar, ainda dentro da água. Yasunari veio atrás de mim, rindo muito e eu me lembrei de que eu era um homem. Olhei para a minha blusa, que estava colada no meu peito e me abaixei, deixando ela flutuar um pouco na água para parecer que tinha algum seio ali.

_ Tudo bem? - perguntou Yasunari, se abaixando perto da piscina.

_ Aaah, tudo bem! - falei, sentindo a minha respiração se acelerar. - Você pode se virar para eu sair e me secar?

_ Você não quer ajuda? - perguntou ele.

_ Não. Sai daqui. - falei, meio desesperando, vendo ele arregalar um pouco os olhos e ir para a outra sala.

Eu saí da piscina, tremendo e vendo que não tinha roupa nenhuma ali, nem toalha.

_ Aqui, eu vim te entregar a roupa e a toalha. - disse Yasunari, pondo a mão na frente dos olhos, entrando e estendendo uma toalha e uma cesta com roupas.

Eu sorri, pegando as coisas e deixando ali, vendo ele se virar.

_ Obrigado. - falei.

Ele pareceu se surpreender e se virou, me olhando. Eu pulei de novo na piscina, vendo que a blusa ainda estava colada e tentando disfarçar, indo pegar a bolinha de Pingue Pongue que flutuava ali na água e ajeitando a blusa. Yasunari pareceu confuso por um instante, mas logo sorriu e saiu dali.

Será que ele percebeu alguma coisa? O que ia acontecer se ele tivesse percebido? Eu engoli em seco, me secando e tirando a roupa molhada, vestindo outra, vendo o sutiã sobrar ali. Eu tossi, pegando o sutiã e pondo, notando que a blusa era meio colada. Maldição. A sorte é que o sutiã tinha bojo.

Respirei fundo, pondo a roupa molhada junto com a toalha na cesta e saindo dali. Cheguei no quarto do Yasunari, vendo ele sentado ali, olhando pela janela. Engoli em seco, pondo a cesta ali, sentando em um canto, observando ele.

_ Você ia me contar quando? - perguntou ele, me olhando.

Eu engoli em seco, sentindo um nó começar a se formar na minha garganta. Eu respirei fundo, eu tinha que falar alguma coisa.

_ Co-contar o que? - perguntei, tentando parecer confuso.

_ Que você tem tanta vergonha assim? - perguntou ele, sorrindo.

Eu suspirei, tamanho foi o meu alívio, relaxando na hora.

_ Ah, isso... - murmurei, vendo ele se aproximar e me puxar.

_ Seja mais sincero comigo! - disse ele e eu quase pulei no lugar quando ele disse: "sincero" ao invés de "sincera".

_ An? - soltei, recuando um pouco.

Podia ser só um erro de fala. Eu tinha que ficar calmo. Yasunari se aproximou de mim, soltando um: "Ops" bem falso.

_ Você acha que eu sou idiota? - perguntou ele, me puxando de novo e dessa vez eu caí de costas na cama.

Mas ele não me deixou levantar. Ele se sentou em cima de mim, aproximando os nossos rostos. E foi aí que eu percebi que ele já sabia mesmo. Engoli em seco.

_ C-Claro que n-não... - murmurei, sentindo o meu coração disparar.

_ Você me enganou direitinho no início. O quão falso você pode ser para conseguir alguém como eu? - perguntou ele, parecendo realmente magoado.

Eu me surpreendi com isso. O que ele estava pensando que eu era? O que ele estava pensando que eu estava fazendo? Não, estava tudo errado!

_ Ei! Não é isso! - exclamei e ele saiu dali, indo para a janela, voltando a olhar por ela.

_ Se não é o que parece, eu acho bom você ter uma explicação decente. - disse ele, friamente. Aquilo me magoou um pouco, mas ele estava sofrendo mais que eu.

Respirei fundo novamente, pondo a mão na cabeça. Eu não podia continuar mentindo. Senti lágrimas cortarem meu rosto, mas logo as sequei, não queria que ele me visse chorando e achasse que era realmente mentira.

_ E-Eu... Por onde eu começo? A minha mãe... Não, a culpa não é dela... - eu falava baixo, olhando o chão.

Yasunari se virou, me olhando, parecendo um pouco surpreso. Eu continuava deitado na cama, tentando conter o choro, olhando para o teto. Suspirei e respirei fundo algumas vezes.

_ Me conte do início. - disse ele, me olhando.

_ Eu não sei quando foi o início! Minha mãe... Não, meu pai... Não... Não é culpa deles... - eu murmurava, sentindo o nó fechar a minha garganta e fechando os olhos com força para tentar impedir as lágrimas, respirando fundo novamente.

Eu senti braços á minha volta e vi que estava sendo abraçado. Mas não era pelo Yasunari. Eu olhei para a empregada que me abraçava e que sorriu docemente.

_ Eu vi tudo. Você é um garoto, não é? - perguntou ela, sorrindo.

_ E-eu... Sou. - falei, meio surpreso.

Ela me levantou e fez com que eu me sentasse, começando a pentear o meu cabelo, com o sorriso doce estampado no rosto. Ela tinha cabelos cacheados, pele escura e olhos negros, da cor dos cabelos.

_ Você tem um cabelo muito bonito. - disse ela, sorrindo. - Tem irmãos?

_ Só um irmão gêmeo. Ele se chama Satoru. - falei, olhando o chão, deixando ela pentear o meu cabelo, me acalmando um pouco com aquele carinho. Me lembrava de minha mãe.

_ Seu nome é feminino. É Kazuko Hazuromi, não é? - perguntou ela, parando de sorrir, mas ainda assim ficando com o olhar gentil e terminando de pentear o cabelo.

_ É. - murmurei, meio sem voz. - Minha mãe e meu pai queriam que eu fosse uma menina. Por isso, desde que eu era pequeno, sempre vestia vestidos e ia para a escola com presilhas no cabelo.

_ Puxa, isso é muito ruim! - disse a empregada, surpresa.

_ Eu sempre fiz de tudo para ser uma menina. - murmurei, abaixando a cabeça. - Mas quando eu via meu irmão brincando e jogando bola... Me dava uma vontade de jogar também, de brincar também... Mas na única vez que eu tentei pular na lama... Bom, eu não consegui, porque meu pai me pegou no ar e me deu uma surra. Nunca mais eu... Eu não posso... - eu murmurava, quase sem voz e senti as lágrimas correrem pelo meu rosto. Já era impossível contê-las. - A minha mãe já acha que sou uma garota... Isso é bom, né?

_ Ah, meu querido... - disse a empregada, ainda parecendo surpresa, me abraçando. - Coitadinho...

Ela passava a mão pelo meu cabelo levemente, esperando eu me acalmar. Eu respirei fundo, sentindo as lágrimas cessarem e abraçando ela com força.

Yasunari nos observava da janela, até que a empregada foi embora fazer as suas atividades. Eu comecei a andar até o banheiro para lavar o rosto, quando fui derrubado no chão com tudo.

Eu arregalei os olhos, vendo Yasunari me observar, sentado em cima da minha barriga.

_ O que você falou... Era mesmo verdade? - perguntou ele, um pouco desconfiado.

_ Queria que não fosse. - murmurei, sentindo as lágrimas voltarem para os meus olhos e os fechando com força.

De repente, senti Yasunari se deitar em cima de mim. Eu o encarei e ele estava com o rosto a centímetros de distância. Ele encostou o seu nariz ao meu, me olhando nos olhos.

_ Ka... Kazuo. - murmurou ele, sorrindo. - Por que você nunca trocou de lugar com o seu irmão?

_ Ele não tem o cabelo grande. Meu pai não permitia, era assim que ele nos diferenciava. - soltei, tentando me afastar e sentindo o chão atrás de mim.

De repente, uma frase vinda do Yasunari a algum tempo atrás me pegou de surpresa. "Eu gosto de homens". Essa frase parou boiando na minha cabeça e eu arregalei os olhos. Não, ele... Ele não ia me beijar nem fazer nada, eu não era exatamente um homem, né? NÃO É? 

Ele pareceu notar a minha mudança de expressão e sorriu. Eu tentei sair dali, mas ele me manteve quieto no lugar.

_ E-eu... É... - murmurei, tentando ficar calmo. - O que você... Não, é... Vamos... Vamos levantar e fazer alguma coisa? Como... Entrar no aquário! Agora não tem mais problema. Eu nunca entrei naquele tipo de aquário antes!

Eu falei mais para mim mesmo do que para ele. Aquela situação estava começando a ficar assustadora. De verdade.

_ Mas tem uma coisa mais divertida que podemos fazer. - murmurou ele, colando os seus lábios nos meus.

Eu o empurrei com tudo, recuando até a porta, bastante assustado. Então notei que a porta estava trancada.

_ O que? - soltei, confuso.

_ Sempre quando descobrem que tem um garoto no meu quarto os empregados trancam a porta. E só eu tenho a chave. - disse ele, mostrando a chave na sua mão, com um sorriso malicioso nos lábios.

_ E-eu... Pode... Me deixa sair! - exclamei, agora realmente assustado.

_ Só se você me prometer uma coisa. - disse ele.

_ O que? - perguntei, o fitando.

_ Que você não vai fugir da próxima vez. - murmurou Yasunari, deixando o sorriso desaparecer.

_ E-eu não estou fugindo de nada! Eu só... - murmurei, olhando para baixo. Eu... Gostava ou não gostava de homens? Eu era uma garota! Mas... Não, eu era um garoto! 

Eu fechei os olhos brevemente, meio confuso comigo mesmo.

_ Você só sabe se gosta ou não de alguém quando você experimenta. - disse Yasunari, como se lesse meus pensamentos.

Meu irmão. Eu tinha que ligar para o Satoru. Eu peguei o celular e liguei para o celular dele. Eu não queria falar com a minha mãe nem com o meu pai. Só ele sabia do meu segredo. Só o meu irmão podia me ajudar.

_ Alô? - uma voz atendeu.

Yasunari ficou me observando, parecendo querer entender.

_ Satoru? - murmurei baixinho e um barulho me interrompeu, vindo do telefone.

_ Ah, desculpe, acho que você trocou de celular comigo, menino! - a voz gritou e depois de um tempo ouvi a voz do meu irmão.

_ Oi! Quem acabou de salvar o meu celular? - perguntou ele, parecendo meio ofegante.

Eu não consegui me conter e comecei a rir. Meu irmão descobriu na hora que era eu.

_ Desculpe, isso foi muito engraçado... - falei, ainda rindo.

_ Por que você ligou no meu celular? Eu estou no mercado, Kaz! - exclamou Satoru. Ah, apelido infernal!

_ Aconteceu uma coisa. - murmurei, olhando para o Yasunari, que parecia meio confuso.

_ O que? Quer que eu vá aí? Aonde você está? - perguntou meu irmão, parecendo meio preocupado.

_ Eu liguei no seu celular porque eu não queria falar com a mamãe nem com o papai. - falei, de um jeito infantil, mas eu não estava pensando direito. - Descobriram o segredo!

_ O QUE? - ele quase berrou do outro lado da linha.

_ Eu vim para a casa de um garoto chamado Yasunari, e ele acabou descobrindo. Eu não sei o que fazer! Ele é gay! - exclamei, meio desesperado.

_ Opa, calma lá, eu não sou gay, eu sou bi! - disse Yasunari, estendendo a mão.

_ Ok, ele é bi! - exclamei, revirando os olhos.

_ Tenta sair desse lugar. - disse meu irmão.

_ Não dá! Ele só vai me deixar sair do quarto se eu prometer que... - eu comecei e minha boca foi tampada, fazendo eu acabar deixando o celular cair e a chamada foi perdida.

_ Se está tão desesperado, toma. - disse Yasunari, pondo a chave na minha mão, parecendo meio magoado e entrando dentro do closet, sumindo ali.

Eu me senti mal com isso. Não consegui abrir a porta, só destranquei e fiquei olhando para o closet. Peguei o celular e notei que ele tinha desligado.

De repente, o Yasunari saiu só de cueca do closet. Eu pulei para trás. Eu só havia visto o meu irmão de cueca até hoje, mais ninguém, nem mesmo meu pai.

_ Que é que você está olhando, seu hetero? - perguntou Yasunari, notando que eu olhava direto para a sua bunda, já que ele estava de costas para mim.

_ Você saiu só de cueca e quer que eu olha para onde? - soltei, meio irritado.

_ Está irritado de eu ter te chamado de hetero ou de eu ter percebido o seu dese... Digo, hum, olhar? - perguntou Yasunari.

Eu liguei meu celular e na mesma hora começou a tocar. Atendi em um pulo. Era meu irmão. Ele estava vindo para cá. Suspirei de alívio.


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Notas finais do capítulo

Aaaah, geeente, obrigado mesmo pelos reviews.
Mas o que acharam desse capítulo? ~ancioso e inseguro aqui~
Bom, quero reviews para postar o próximo, heein?
Muito obrigado, um abraço para todos os que escreveram e leram e os que vão escrever também ^^ Recomendem a história! Ok, vou parar com as cobranças, estou curioso para saber o que acharam, ok? Não deixem de comeentaar! Se não eu morro ^^
R.S