Meu comunicado gerou polemica. Edward não gostou nada da ideia, mas meus pais sabiam tanto quanto eu que era necessário para a riqueza da família. Como eu era mulher, eu não podia participar da guarda britânica como meu pai e irmão, por isso que eu deveria me casar com o Ciel, para perpetuar a riqueza da família. Eu nunca pensei no meu noivado com o Ciel dessa forma, nós somos companheiros, amigos de infância, primos, muito mais do que uma simples ligação comercial.

 O apoio dos meus pais era o que eu precisava para assumir a empresa apesar de eu saber que provavelmente eu seria julgada como fraca no mundo comercial pelo meu sexo para as outras empresas, mas eu não me deixaria abalar por isso.

A casa dormia silenciosa no explendor da noite, mas minha mente estava em alerta, além dos frequentes terremotos que estavam ocorrendo, eu precisava ver o Ciel logo, era quase como uma necessidade física. Quando Paula veio me acordar, eu pedi para ela pegar um vestido de sair e que colocasse uma boa porção das minhas roupas numa mala, ela ficou surpresa.

-Pretende viajar? Senhorita.

-Não será por muito tempo.

-Devo me preparar também?

-Não. Viajarei com Hannah.- Paula não fez uma expressão muito agradável.

-Mas senhorita...

-Não Paula.- Ela se calou.- E por favor poderia avisar a Hannah para ela fazer as suas malas?- Paula assentiu e saiu do quarto.

Continuei a me arrumar, estava com pressa. Quando Paula voltou ela trazia uma carta consigo, a carta tinha o selo real. Parei de me arrumar e peguei a carta, nela se lia “A rainha requisita a presença da Rosa da Rainha em seus domínios”. Ainda bem que estava bem vestida, pensei. Um pouco depois um empregado apareceu falando que a carruagem estava pronta. Desci correndo, Hannah já estava de pé me esperando em frente a carruagem, ela me ajudou a entrar na mesma, mas antes falei para o cocheiro da parada no castelo. 

O castelo era o caminho mais próximo, após dele eu deveria passar da sede da empresa e depois disso estaria livre para ver o meu Ciel. Foi quase como a primeira vez que fui naquele lugar, Hannah não teve permissão para entrar, mas desta vez não tinha ninguém para me mostrar o lugar. Os guardas foram me escoltando até a sala real, quando entrei a Rainha estava distraída, só percebeu minha presença quando já estava perto, fiz uma reverência.

-Bom Dia. Vossa majestade.- Disse Sorrindo.- Ela assentiu com a cabeça.

-Tenho uma missão para você.- Isso me espantou um pouco, seria a minha primeira missão.- Eu temo que isso possa ser doloroso para você.

-Qual é a minha missão?

-Quero que você investigue a morte do seu falecido noivo.- Eu congelei, obvio que não poderia contar a rainha o paradeiro de Ciel, então o que eu iria fazer?- Você já deve saber que não foram encontradas pistas relacionadas a morte do Ciel, mas o problema é que ele não foi o único protetor meu a desaparecer, a Aranha da Rainha também desapareceu e foi dada como morta... Talvez a morte de Ciel e da Aranha estejam conectadas de alguma forma, se alguém estiver querendo eliminar meus protetores você seria o próximo alvo. Não falei isso com você na primeira vez porque não queria te assustar. Então, o que me diz? Minha cara.

-Eu aceito a missão.- Não poderia recusar.

 A rainha assentiu com a cabeça. Ela tocou um sino, e logo os guardas vieram de novo para me escoltar para fora do palácio.

Na carruagem Hannah não falou nem sequer uma palavra, apenas ficou a encarar o chão. A carruagem foi lenta até a sede, Hannah não me acompanhou novamente e continuou com a mesma expressão. A sede estava bem diferente da vez que vimos aqui, ela estava viva. Homens passavam de um lado para o outro com seus luxuosos sobretudos e cartolas, empregadas varriam o chão e as recepcionistas estavam conversando discretamente no balcão. Quando me aproximei elas arregalaram os olhos.

-Sou Elizabeth Midford, gostaria de saber se entregaram a minha carta.

Nessa hora, um homem não muito mais velho que meu irmão parou ao meu lado.

-Olá senhorita Midford, estávamos aguardando a sua ilustre presença. Por favor me acompanhe.- as recepcionistas respiraram aliviadas. Eu o segui.

Ele me levou até uma sala de reunião onde tinha uma grande e luxuosa mesa redonda no meio, ele puxou uma cadeira para eu sentar e depois se dirigiu ao seu lugar.

-Bom dia senhorita.

-Bom dia senhor. Qual é o seu nome?

-Willian, mas isto não é importante. Viemos aqui para tratar da posse da empresa.- Assenti.- Primeiro a senhorita deve saber que a posse da empresa foi transferida para Tanaka após a morte de seu noivo.

-Eu tinha um pressentimento disso.

-Bom, sabemos que ele não tem condições. Então a empresa passou a ser administrada pela área executiva, a qual eu faço parte. E estamos sem um dono legal.

-Entendo.

-Seu pedido já foi analisado e a empresa poderá ser passada para a senhorita sem problemas mas antes este requerimento terá que passar pela parte burocrática.

-Vai demorar muito?

-Em torno de um mês. Como soubemos da sua vinda, já deixamos os documentos preparados.- Ele retirou uns papéis de dentro de uma maleta que eu não percebi que ele estava segurando até o momento.- Por favor leia. - Era um documento bem grande e cheio de letras pequenas mas tomei meu tempo para ler cuidadosamente. O documento estava todo correto.

-Tem caneta?

-Claro.- Disse já me entregando uma, assinei o papel rapidamente. Já tinha passado tempo demais alí, queria ver meu Ciel.

-Então?

-Está tudo pronto.

-Obrigado.- Disse sorrindo levemente.

-Espera!

-O que foi?

-Só uma curiosidade... Você não se importa com o que os outros iram achar pelo fato da senhorita ser mulher?- Ele falou meio sem jeito.

-O meu sexo não define meu caráter, além do mais eu sou uma nobre, ex-noiva de Ciel e a descendente mais próxima dos Phantomhive.- Ele assentiu.

Ele me guiou até a saída. Entrei na carruagem sozinha, Hannah estava imóvel vendo a janela da carruagem, eu já tinha passado as coordenadas da casa de veraneio dos pais de Ciel para o cocheiro que com um simples gesto fez os cavalos começarem a andar. Outra coisa que instrui ao cocheiro foi para não dizer absolutamente para ninguém onde nós iríamos.

Acabei dormindo no caminho, acordei com os passos dos cavalos diminuindo. Estávamos chegando, aquela linda paisagem, que não via fazia muito tempo, distorcida com a presença da bela e deformada casa no centro, esquecida do mundo. O por do Sol iluminava parte do imenso lago que estava a mostra por trás da casa. Meu coração disparou.

A carruagem parou uns 200 metros da casa, sai apressadamente, andei um metro e meio antes de lembrar das malas, como iríamos levar elas para dentro? Dei mais uma olhada para a casa e reparei uma coisa diferente, uma figura alta e magra estava se aproximando rapidamente de nós, era Sebastian.

-Eu ajudo com as bagagens.-Sebastian disse enquanto beijava minha mão.- Ê bom ve-la novamente senhorita Elizabeth.