Into Your Arms escrita por AnaSabel


Capítulo 5
Capítulo 4


Notas iniciais do capítulo

Leiam as notas finais. Espero que gostem! (:



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Cheguei em casa e fui direto tomar um banho. Coloquei um short e uma camiseta básica, fazendo um rabo de cavalo alto em meu cabelo. Sentei em minha cama começando a fazer meus deveres. Estava concentrada em uma questão de matemática quando meu celular vibrou, me fazendo dar um pulo. Olhei a tela e vejo uma SMS de Sarah.

“Andrew já está ai?”

“Não, mas deve estar a caminho.” – Respondi.

Era estranho. Eu o havia visto duas vezes e ele já iria vir em minha casa. Claro que era em função do colégio, mas do mesmo modo era estranho. E apesar de tudo, era bom estar com Andrew. Eu sentia que ele me entendia mais do qualquer pessoa. E tinha algo nele. Algo que me fazia querer conhecer-lo e saber cada vez mais sobre sua história. Seu sorriso sempre o mostrou ser uma pessoa doce e confiável, mas no fundo havia mistério no seu olhar e até mesmo um pouco de perigo.

O celular vibrou de novo:

“Se acontecer alguma coisa me conte!”

“Não irá acontecer nada, só faremos o trabalho!” – Mandei tentando me convencer de minhas próprias palavras.

“Sei, sei. Vou desligar, estou saindo com meus pais, beijos.”

“Ok, beijos.”

Escutei o ronco do motor de um carro, joguei meu celular e sai da cama apresada, derrubando meu material. Fui até a janela e abri, discretamente, a cortina. Andrew estava fechando a porta do seu charmoso carro e vindo em direção à minha casa. Eu não entendia muito de carros, mas podia perceber que era antigo e muito valioso.

A campainha tocou e desci as escadas. Parei no espelho arrumando meu rabo de cavalo e me dando uma ultima olhada. Respirei fundo e abri a porta. Andrew usava uma calça jeans e uma blusa gola V preta. Ele me encarou dos pés a cabeça, encarou meus olhos e abriu um sorriso torto estonteante.

– Você está linda.

– Obrigada. – Falei corando surpreendida – Entre!

Ele passou por mim e eu fechei a porta.

– É lá em cima. – Indiquei para as escadas.

Subimos os degraus tranquilamente e entramos em meu quarto. Fora os cadernos jogados no chão, o cômodo estava arrumado. Ajuntei-os e coloquei em cima da cama novamente.

– Vamos começar? – Perguntei pegando meu notebook.

O trabalho era fácil, apesar de não ter respondido a pergunta do Sr. Banner na ultima aula, eu sabia sobre o assunto.E Andrew também. Por isso nem utilizamos o computador, juntamos nossas ideias e ele escrevia com sua letra elegante, muito diferente da minha.

Estávamos sentados na escrivaninha. Andrew escrevendo sobre metáfase e eu pesquisando na apostila, consciente de meu braço roçando no dele me causando leves arrepios. As vezes ele me observava, outras apenas chegava mais perto .

Acabamos o trabalho - merecedor de uma nota máxima - mais cedo do que eu esperava.

–Formamos uma ótima dupla, você não acha? – Falei satisfeita com o resultado.

– Com certeza. Acho que o Sr. Banner vai perdoar você por não ter respondido a pergunta da última aula.

– Nem me lembre disso. – Falei dando uma risada.

Andrew andava pelo quarto olhando meus livros, CDs e minhas fotos, enquanto eu o observava, agora sentada na cama. Ele passou a mão por minha prateleira de livros, lendo os nomes intrigado.

– Você tem bastantes livros. – Comentou.

– Acha que sou loira demais para ler livros? – Rindo, ele foi até a escrivaninha e pegou na mão meu exemplar de “O Morro dos Ventos Uivantes”, folhando-o.

–É isso que está lendo agora?- Ele gesticulou o livro pra mim.

– Sim. Você já leu?

– É um dos meus preferidos. – Falou abrindo um leve sorriso.

– “Se olho para essas lajes, vejo nelas gravadas as suas feições. Em cada nuvem, em cada árvore, na escuridão da noite, refletida de dia em cada objeto, por toda a parte eu vejo a tua imagem.” – Recitei.

Nos rostos mais vulgares dos homens e mulheres, até as minhas feições me enganam com a semelhança. O mundo inteiro é uma terrível testemunha de que um dia ela realmente existiu, e eu a perdi para sempre.”

Ele ficou me observando por um momento e eu fitei o chão, sem querer encarar seus olhos verdes. Andrew continuou andando pelo quarto, agora indo em direção as minhas fotos.

– Você era líder de torcida?

– Era, por quê?

– Você tem cara de ser esse tipo de garota.

– Que tipo de garota? – Falei rindo, mas também confusa.

– Do tipo popular, que namora com o jogador de futebol americano, que tem muitos amigos e que vai a várias festas.

– Bom, eu era assim. Ou sou. Não sei, na verdade. Não sei mais onde me encaixo. – Ele se aproximou e sentou na beirada da cama ao meu lado. – E como você sabe que namorei um jogador de futebol?

– Eu vi vocês conversando.

– Pois é, mas estávamos apenas conversando.

– Matt é... – ele hesitou - digamos fácil de decifrar. Da pra ver nos olhos dele o quanto a ama.

Encarei-o percebendo o quanto a conversa havia ficado séria.

–Por que vocês terminaram? – Perguntou Andrew

– É meio complicado. Sempre fomos amigos e depois começamos a namorar, mas não deu certo e antes do acidente eu terminei com ele.

–Você não o amava?

–Eu gostava dele, mas mesmo assim...

– Ele não te compreendia. – Concluiu ele.

Assenti, fitando-o. Andrew olhou para mim sério. Ele sabia que eu estava confusa em relação à tudo ainda. Minha vida havia mudado muito, e ele era capaz de entender isso.

Andrew se aproximou e pegou em minha mão como um gesto reconfortante e a apertou suavemente. Um turbilhão de sensações passaram por mim. Eu queria me jogar nele e sentir seus braços fortes me abraçarem. Mas apesar de me senti surpresa ao pensar aquilo, me mantive parada, apenas o olhando atentamente.

Me levantei da cama e falei:

– Vamos comer alguma coisa?

– Claro.

Saímos do quarto e Andrew foi à frente descendo as escadas. Quase chegando ao último degrau, meu pé derrapou, o que foi o suficiente para me desequilibrar e ir direto para o chão, ou melhor, para os braços de Andrew.

Eu não sabia como ele havia me alcançado com tanta rapidez, mas a única coisa que conseguia pensar agora era como estávamos perto um do outro. Muito mais perto do que devíamos. Ficamos nos encarando, com aquela corrente sempre presente, e mais forte agora. Ele se aproximou um pouco, mas o repreendi colocando minhas mãos em seu peito.

Foi quando Andrew me sentou no sofá, tirando seus braços ao redor de mim, que senti a verdadeira dor no meu pé.

– Você está bem?

– Sim. Mas meu pé está doendo um pouco.

– Deve ter torcido. Vou pegar um pouco de gelo.

Andrew andou até a cozinha e abriu o congelador com a maior naturalidade. Colocou duas pedras de gelo num saquinho que havia no balcão e voltou à sala. Ele se abaixou ao meu lado, e apoiou o saquinho no meu tornozelo. Estremeci quando o gelo tocou minha pele. Segurou por alguns minutos enquanto eu o observava.

A dor aliviou um pouco e Andrew se sentou ao meu lado se aproximando.

– Vai passar logo, só foi mau jeito.

– Espero que sim. – Repassei o acontecimento na minha mente. – Como você me pegou tão rápido?

– Queria que eu deixasse você cair? – Refletiu sobre suas palavras. – Quer dizer... Você estava perto. Não foi nada demais.

– Não, aquilo foi incrível, na verdade, estranho.

– Não foi nada demais. – Repetiu Andrew.

Sem querer irritá-lo, murmurei:

– Obrigada.

Soou mais como um pedido de desculpas, mas ele me encarou e seus olhos verdes me atingiram de uma forma que fizeram meu coração parar. Andrew estava sério, mas seus olhares o entregavam. Estava totalmente vulnerável. Ele se aproximou e dessa fez não o repreendi. Minha respiração estava um pouco acelerada e minha mente girava em torno dele. Pegou uma mecha do meu cabelo que havia caído do meu rabo de cavalo e a levou para trás de minha orelha. Segurou meu rosto e diminuiu a distância entre nós roçando seu lábio no meu. Grudei-me à sua blusa, mas ele travou. Distanciei-me alguns centímetros para observá-lo. Seus olhos estavam muito diferentes do que eu costumava ver. Havia um tom escuro, muito mais escuro, um verde forte e assustador.

– Os seus olhos... – Não consegui terminar a frase. Afastei-me dizendo. – O que está acontecendo?

– Nada, é só... Uma alergia. – Ele se virou de costas para mim, esfregando as mãos nos olhos.

– Isso não parece ser nada. – Insisti.

Ele se levantou do sofá e saiu em direção ao banheiro. Fiquei sentada totalmente tomada pela surpresa e confusão. Andrew havia mesmo me assustado, mas, apesar de nunca tê-lo visto daquele jeito, eu não tinha medo.

Apesar de meu pé berrar para eu sentar-me novamente, fui até o banheiro andando meio manca.

– Andrew?- Nenhuma resposta. Era como se não houvesse ninguém naquele banheiro. - Andrew?

Ele abriu a porta abruptamente me fazendo dar um pulo e meu pé reclamou de dor.

– O que você pensa que está fazendo? Precisa se sentar.

– Tenho coisa mais importante pra me preocupar. – Falei o encarando.

– Não se preocupe comigo. Eu estou bem. – Olhei desconfiada para ele. – Eu juro.

Nesse momento a porta abriu e vi minha tia entrar em casa. Ela sabia que Andrew viria aqui, mas mesmo assim olhou surpresa, não espera que ele estivesse aqui ainda. Tia Rose colocou sua bolsa e pastas no balcão de entrada e veio até nós.

– Olá.

– Oi Tia. – Disse dando um beijo em sua bochecha. – Esse é Andrew.

– Olá Srta. Hathaway.

– Por favor, me chame de Rose. – Minha tia abriu um sorriso. Ela olhou meu pé inchado e perguntou. – O que aconteceu?

– Cai na escada. – Tia Rose me olhou espantada. – Na verdade apenas tropecei. Andrew me segurou.

– Ah meu Deus! Não sabia que agora você era desastrada. - Dei um pequeno sorriso pra ela. – Vocês já comeram?

– Íamos fazer isso agora. – Falou Andrew.

–Íamos? – Olhei para ele abrindo um meio sorriso. Tentando desviar do assunto, falei - Que tal pedirmos uma pizza?

–Por mim tudo bem. – Assentiu, retribuindo o sorrido.

Ligamos para a pizzaria para fazer o pedido. Enquanto esperávamos, arrumamos a mesa para o jantar conversando animadamente. Os dois sentaram-se à mesa enquanto eu colocava gelo no meu tornozelo, que aos poucos ia melhorando.

A campainha tocou e Andrew, que até agora se comportava normalmente, atendeu a porta. Pegou a pizza e a colocou sobre a mesa. Enquanto comíamos a conversa fluía naturalmente.

– Você mora com seu tio, Andrew?

– Sim. Meus pais morreram em um acidente.

– Eu sinto muito.

– Não, tudo bem. Meu tio sempre foi muito bom pra mim, quase um pai.

Tia Rose olhou de relance pra mim como se esperasse que eu dissesse o mesmo.

– Como foi o trabalho?

– Fácil. – Respondi. – Esperamos tirar uma nota boa.

– Melhor dupla da aula de biologia, então? – Falou minha tia soltando uma leve gargalhada.

– Acho que sim. – Respondeu Andrew abrindo um sorriso.

O jantar continuou com Tia Rose fazendo várias perguntas sobre nosso dia. Algumas vezes eu e Andrew trocávamos olhares significativos, ou então ele soltava uma risada, que fazia meu corpo inteiro vibrar.

Ao acabar, recolhemos a mesa e Andrew se ofereceu pra lavar a louça. Aquilo com certeza não era uma coisa que se via todo dia, mas minha tia negou arrancando a esponja de sua mão, divertidamente. Sentamos no sofá sozinhos sem dizer uma palavra até que ele anunciou:

– Preciso ir embora.

Olhei para ele um pouco decepcionada.

– Esta bem. Você deixou alguma coisa lá em cima?

– Acho que não. Vou me despedir de sua tia.

Ele andou até a cozinha e ouvi alguns murmúrios de minha tia e Andrew conversando. Ele voltou à sala sorrindo e eu o acompanhei até a porta abrindo-a.

– Gostei do carro.

Andrew olhou para ele pensando sobre algo.

– Quer dar uma volta? – Perguntou abrindo o sorriso torto que eu amava – ou que estava começando a amar.

– Como assim? – Falei com brilho nos olhos.

– Sei lá, ir ao parque, conversar...

– Seu eu fosse você, aceitaria. – Disse tia Rose inesperadamente, enquanto passava por ali. Andrew sorriu para ela.

– O que acha?

– Vamos ver o quando esse carro é potente. – Falei abrindo um sorriso desafiador e fechando a porta de casa atrás de mim.

Andrew segurou meu braço e me guiou até a porta do motorista. Abriu-a pra mim, e eu entrei. Ele deu a volta no carro e logo estava do meu lado, dando a partida no carro. Saímos em direção ao centro. Não fazia a menor ideia para onde estávamos indo até Andrew estacionar o carro em uma conhecida praça da cidade. Ele pegou um casaco preto de couro e saiu do carro, e eu o acompanhei. A praça estava linda. O cheiro de flores dominava o ar, e ela estava toda iluminada. Bancos e caminhos a rodeavam. Havia casais conversando e algumas pessoas caminhavam por ali.

Andrew me levou até um banco mais distante. Ao sentarmos, uma leva brisa de primavera passou por nós, me fazendo estremecer e o cabelo de Andrew bagunçar.

– Você está com frio?

– Um pouco. – Respondi.

Educadamente ele colocou a jaqueta de couro em meus ombros. O cheiro era inebriante, algo que eu nunca tinha experimentado na vida. Me encolhi um pouco mais na jaqueta, desfrutando do seu aroma. Andrew se aproximou deixando nossos braços se encostarem.

–Você já veio aqui antes?- Perguntou ele.

– Sempre vinha com meus pais quando era pequena. Esse lugar me traz boas lembranças.

As memórias voavam pela minha mente trazendo de volta um tempo que pareceu nem existir. Abri um sorriso e falei:

– Uma vez eu estava andando de bicicleta aqui entre os campos e perdi o controle. Fui direto para o lago. – Contei, rindo de minha história. – Meu pai ficou desesperado e acabou pulando comigo para me “salvar”. Nunca mais achei a bicicleta.

Trocamos olhares fumegantes entre uma risada e outra. O som de sua risada era gutural e agradável. Ele me encarou, segurando meu olhar, e ficamos quietos, apenas sentindo as emoções que percorriam por nós.

– Sinto falta deles. – Murmurei suspirando

Andrew entendo que me referia aos meus pais falou sério:

– Eu sei. Mas tudo vai ficar bem, o tempo vai passar, essa dor irá diminuir e você seguirá com sua vida.

Fui tomada pela verdade em suas palavras. Naquele momento soube que ia ficar bem e uma onde de tranquilidade parou sobre mim.

Apoiei minha cabeça em seu ombro, sem perceber.

– Obrigada Andrew. - Ele abriu os braços me fazendo aconchegar em seu peito.

Alguns minutos se passaram e eu fui a primeira a quebrar o silêncio.

– Eu o conheço há tão pouco tempo e... – Falei fitando o nada

– Me desculpe por hoje cedo Lissa – Interrompendo-me. – Não tive a intenção de assustá-la.

– Não tenho medo de você. – Disse olhando para ele desafiadoramente. Em resposta Andrew abriu um sorriso malicioso e falou:

– Mas deveria.

– O que você quer dizer com isso? – Perguntei intrigada.

– Talvez eu não seja quem você realmente pense que eu sou. – Andrew olhou nos meus olhos ainda com o sorriso no rosto.


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Notas finais do capítulo

Oi amores, espero que tenham gostado porque eu amei escrever esse capitulo hahaha *---*
Sei que demorei mais do que deveria pra postar ele, mas estava na semana de trabalhos e provas, sabem como é né?
E então o que estão achando do Andrew? acham que devo melhorar em algo? Por favor comentem! ((: