Into Your Arms escrita por AnaSabel


Capítulo 42
Epílogo


Notas iniciais do capítulo

Depois de milhares e milhares de anos, aqui está...



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10 anos depois…

– Andrew! – gritei. - Onde você está indo?

Eu e Steven sentamos no banco úmido de madeira às redondezas do lago, enquanto Andrew corria pelo gramado verde.

– Deixe ele. – disse Steven. – Faz algum tempo que vocês não voltam para St. Louis, ele deve estar cansado de ficar trancado num apartamento.

– É, mas você sabe que as coisas em San Francisco são bem diferentes daqui.

Steven sorriu. Ele não havia mudado nada. Na verdade, ele não mudara nunca. Steven e Ashley passaram por algumas turbulências quando eu parti para San Francisco aos 18 anos, por causa disso. Ela desconfiava dele, assim como um dia eu desconfiei de Andrew. Mas, bom, a reação dela ao descobrir que Steven era um vampiro foi bem diferente da minha. Agora, ela é como ele.

– Como foram as coisas nesses últimos anos? – perguntou.

Havia 5 anos que eu não voltava para St. Louis. Tia Rose normalmente aproveitava suas viagens de trabalho para visitar eu e Andrew em San Francisco. Steven e os outros eu via mais raramente. Eu apenas vinha aqui em alguns feriados, como nesse. Rose insistiu que eu passasse o Dia de Ação de Graças com ela em St. Louis.

– Bem. Quer dizer, você sabe. Os primeiros anos continuaram sendo complicados em relação a tudo. Agora está mais fácil.

– Aposto que ele teve uma grande participação em facilitar isso. – Steven apontou para Andrew que continuava a correr entre as árvores ao redor do lago. Seus cabelos castanhos grudavam no rosto moreno molhado de suor e as mechas escondiam seus olhos verdes.

Eu sorri.

– Quando eu decidi fazer isso, adotá-lo, achei que estivesse cometendo uma loucura. – eu ri. – Na verdade, estava mesmo. As pessoas diziam “Se você está se sentindo sozinha devia adotar um cachorro.” “Você é nova demais, tem apenas 25 anos.” Ninguém entendia realmente. – balancei a cabeça. – Ele foi a melhor coisa que fiz nesses últimos anos.

Eu observei Andrew parar subitamente, arfando. Eu encontrei seus olhos em minha direção, tão intensos, como num verde líquido. Foi o que mais me chamou atenção nele; em como se pareciam com o do garoto em que me apaixonei pela primeira vez. Naquele momento, foi como se tudo tivesse voltado e então eu o visitava todos os dias no orfanato. Eu brincava com ele, contava histórias, até o dia em que me questionaram sobre a adoção. Eu confesso que também me considerava nova demais. Eu estava realmente feliz, a ideia da morte de Andrew e de meus pais já não me apavorava tanto, porém, aquele pequeno menino de 6 anos, com os olhos verdes vibrantes em minha direção, me trazia uma espécie de felicidade que eu nunca sentira antes na vida.

Andrew acenou para mim, sorrindo e sentou-se á grama.

– Ele realmente tem os olhos iguais á Andrew. Me arrepia. Se eu olhar diretamente para eles, juro que posso vê-lo.

– Na primeira vez que o vi, pode acreditar, foi exatamente assim. Eu não consegui me mover.

Steven soltou uma risada.

– Você tem sorte em tê-lo.

Assenti, respirando fundo.

– E você e Ashley? – perguntei.

– Estou tentando convencer ela a ir para New Orleans.

– De volta as raízes, é?

– Mais ou menos. – ele sorriu.

– E o que ela está achando disso?

– Estou tentando fazer ela ceder.

Eu ri.

– Isso vai ser difícil. – murmurei. – Mas ela sempre acaba cedendo.

Steven assentiu.

Observei a macha cristalina em minha frente. O lago continuava o mesmo, apenas aderiram novos píeres e havia uma maior movimentação pelo parque.

– Lissa, - Steven pigarreou. – com quem Andrew está conversando?

Eu olhei para Andrew ainda sentado, mexendo as mãos e conversando, longe demais para escutarmos.

– Um amigo imaginário? Ele andou fazendo isso nos dias em que estivemos aqui. – falei.

Steven franziu as sobrancelhas.

– Não acredito nisso.

– Amigo imaginário é algo comum na idade dele. – argumentei.

Steven ignorou meu comentário e gritou.

– Ei, Andrew, venha cá!

Andrew acenou para o nada em sua frente e veio correndo em nossa direção, sorrindo.

– O que foi, Steve?

– Você estava conversando com alguém?

Andrew olhou para trás e depois virou em nossa direção novamente.

– Sim, é um amigo meu. – disse.

– Um amigo? Você pode falar sobre ele?

– Steven. – eu o repreendi, sussurrando.

– Eu acho que sim. Ele sempre conversa comigo, mas nunca fica muito tempo.

– Sobre o que vocês falam?

– Ele conta histórias pra mim, pergunta de coisas que eu gosto ou só como estou.

– Está vendo, não é nada demais. – murmurei.

– Ele tem nome? – continuou Steven.

Andrew ficou quieto por alguns instantes.

– Eu não posso responder isso. Ele disse que não era pra eu contar e que seria um segredo nosso.

– Não vai fazer mal se você contar só o nome dele para mim.

– Steven, chega! – falei. - Ele é só uma criança, não há nada demais nisso.

– O nome dele é igual o meu. – disse Andrew subitamente.

– O que? – o fitei perplexa.

– O nome dele também é Andrew, mãe.

Eu olhei para Steven e abri a boca, porém nenhuma palavra saiu dela. Ele deu de ombros.

– É só uma coincidência. – disse a mim mesma.

– Eu já vi coisas demais nesse mundo pra saber que aquilo não era um amigo imaginário. – murmurou.

– Mas... - neguei com a cabeça. – Não. Esse tipo de coisa não existe.

Steven sorriu e se aproximou de mim.

– Vampiros também não. – sussurrou.

– Mas, como...

– Lissa, o mundo é mais do que você pode ver.

Soltei um suspiro pesado e me aproximei de Andrew, afastando as mechas escuras para que eu pudesse olhar em seus olhos.

– Você consegue vê-lo? – perguntei. – Como ele é?

– Consigo mãe, mas é meio embaçado. Eu tinha medo dele no começo, mas ai ele sorriu para mim e disse que tínhamos o mesmo nome e os mesmos olhos. – Andrew sorriu. – Ele perguntou sobre você.

Abaixei o olhar, sem conseguir acreditar no que acabara de escutar. As lágrimas tentavam romper sua saída em meus olhos.

– Mãe? – perguntou Andrew baixinho.

Eu não o respondi. Meus pensamentos voavam. Se aquilo era mesmo verdade, eu iria descobrir.

– Steve, leve Andrew para tomar um sorvete, me encontre daqui quinze minutos no cemitério.

– Você tem certeza? – perguntou.

Assenti.

Peguei Andrew no colo e o dei um beijo em sua bochecha.

– Você vai com o tio Steve, não é? A mãe já volta.

Ele assentiu e o coloquei no chão. Steven segurou sua pequena mão e saiu com meu filho até o outro lado do parque, me deixando sozinha.


Eu ainda odiava cemitérios.

Andei pela grama recentemente cortada, procurando pelos pequenos nomes lapidados e parei quando o vi.

Andrew Ashford.

Estava vazio, a não ser pelas folhas secas que pairavam em cima da lápide. Eu ajoelhei, as retirando cuidadosamente. Eu nunca havia vindo até aqui. Nunca tive coragem o suficiente.

Olhei para sua foto, desesperada por qualquer sinal, qualquer coisa. O rosto jovem tinha um leve sorriso e os olhos ardentes mesmo na imagem antiga.

– Isso é possível? – perguntei baixinho, com meu velho costume de falar sozinha com túmulos.

Eu nunca acreditei nisso. Em nenhum momento de minha vida eu tive razões para crer em algo assim. Até agora.

– Andrew... – eu fechei os olhos. – Eu preciso saber.

Parecia ter se passado séculos, porém pronunciar o nome dele como antes era como ter 16 anos novamente. Quando eu o perdi, todas as vezes que me deitava, fechava os olhos e via seu rosto. Aquela imagem ainda estava ali cravada como fogo em minha mente, depois de tantos anos. O cabelo desarrumado, o maxilar firme, o sorriso despreocupado, as mãos nos bolsos e os olhos verdes de uma intensidade que eu jamais esqueceria, mesmo se quisesse.

Uma lágrima escorreu por meu rosto. Uma lágrima que me lembrava de toda a dor que eu senti por ele um dia e que não estava mais lá.

Um calor conhecido irradiou meu corpo e abri os olhos, sorrindo.

– Como isso é possível?

Eu sentia o calor. Terno e seguro por todo o meu corpo. E naquele momento eu soube.

– Você nunca me deixou de verdade, não é? Eu sabia. Você me disse. - meus olhos se fecharam e eu os apertei, sentindo mais uma lágrima escorrer por meu rosto. - Eu ainda guardo a sua carta, eu ainda guardo minha promessa. – sussurrei. – Ninguém nunca esquece seu primeiro amor, principalmente quando ele te salva de todas as maneiras possíveis.

O vento remexeu meus cabelos, fazendo as mechas, agora curtas, voarem em meu rosto.

– Eu senti tanto a sua falta. Isso dói em você tanto quanto dói em mim? Você foi uma das melhores coisas na minha vida, mesmo tendo estado pouco tempo nela, mesmo tendo ido embora tão cedo.

Eu abri meus olhos lentamente. Meus dedos correram por meu pescoço num velho hábito de tocar o pequeno colar que havia em meu peito. Eu o segurei, frio entre meus dedos, enquanto meu coração pulsava forte.

– Meu deus, nós éramos tão jovens. Havia tanta coisa errada em nossas vidas e mesmo assim nós lutamos. Foi naquele banco do lago que eu percebi que você faria a diferença. Você se lembra daquele dia? Eu te beijei do nada. – soltei uma pequena risada. - Por Deus, o que eu tinha na cabeça?

Soltei um pequeno suspiro, lembrando-me daquela menina insegura, indecisa e em como tudo que ela precisava era se sentir amada.

Larguei o pequeno pingente de meus dedos.

– Eu não sei se você pode me ouvir, eu nem mesmo sei se isso pode ser real, mas todas as lembranças que essa pequena cidade guarda, está aqui comigo. Nada, nem ninguém, poderá tirar isso de mim.

Foi nesse momento em que eu pude senti-lo, em todas as partes, em todos os lugares, ele estava em tudo ao meu redor.

– Seu amor remendou a minha alma. – sussurrei.

A risada do pequeno Andrew tirou-me do torpor e sequei as lágrimas rapidamente. Subitamente, Andrew se jogou no meu colo com um bigode de sorvete e abriu um sorriso.

– Estou criando um homem de bigode em casa e nem sabia. – falei, sorrindo.

Andrew soltou uma gargalhada e limpou o resto do sorvete com a língua.

Steven chegou logo atrás dele, sorrindo.

– Lissa, eu preciso ir.

– Tudo bem.

– Ah. – murmurou Andrew.

Steven se abaixou ao nosso lado e então viu o que havia em sua frente. Ele não se moveu por alguns minutos e então um sorriso leve abriu em seus lábios.

– Eu prometo que nos veremos de novo. – eu sabia que a frase era para Andrew, porém seus olhos eram fixos na lápide.

Ele se virou para nós e deu um pequeno toque com Andrew e se despediu de mim. Antes que se levantasse, eu prendi sua camiseta entre os dedos.

– Obrigada, Steve.

Ele apenas sorriu em nossa direção e Andrew acenou para ele. O vi atravessar o cemitério e depois subir em sua Harley.

– Mãe, por que estamos aqui?

– Por causa desse amigo meu.

Deixei Andrew sentar no meu colo, no chão e apontei para a pequena foto na lápide.

– Mas esse é o meu amigo.

Eu sorri.

– Sim. Ele já foi meu também, sabia?

– Se ele está aqui, como posso ver ele? – disse, franzindo as sobrancelhas.

– Às vezes essas coisas acontecem, mas ninguém consegue entender. Ele foi alguém muito especial pra mim, assim como você também é.

– Você já viu ele?

Neguei com a cabeça.

– Ele também era legal com você? – perguntou.

– Andrew foi a pessoa mais legal que eu já conheci. Ele também gostava de saber como eu estava, assim como faz com você. Ele sempre se preocupou com as pessoas e foi um grande homem.

Andrew sorriu.

– Eu posso querer ser como ele quando crescer?

Eu olhei para Andrew, maravilhada.

– É claro que sim. Você poderá ser o que quiser.

– E você acha que um dia ele irá embora para sempre?

– Eu acho que sim. Ele precisa descansar. – falei.

– Mas e se eu quiser ver ele?

Eu fiquei em silêncio por alguns minutos e lembrei-me de algo que um dia Andrew disse para mim, enquanto eu adormecia em seus braços.

– Você deverá olhar para o céu e procurar pela estrela mais radiante. Quando Andrew for embora, ele estará lá.

Quase inconscientemente, olhei para o céu completamente azul, sem nuvens, deixando o sol banhar tudo com feixes dourados. Não há estrelas ainda, porém eu não poderia esquecer que, mesmo quando eu não as enxergasse, elas estariam ali.

Abri um sorriso para Andrew, quando o vejo fazer o mesmo para mim.

E percebo que nós vivemos por esses efêmeros momentos de felicidade. Ela não é constante. É algo que apenas saboreamos em pequenas partes de vez em quando, porém é válido – e basta.


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Notas finais do capítulo

Então, depois de 2 anos - sim, 2 anos - acabou :(
Foi tanto tempo pensando, escrevendo, apagando, escrevendo de novo que nunca vou conseguir me acostumar.
Eu não sabia se esse acontecimento poderia ser o fim certo pra Into Your Arms, mas eu queria dar pra Lissa a felicidade que ela merecia, depois de tanta perda e espero que tenha conseguido e não desapontado ninguém.
Espero que vocês tenham gostado da história tanto quanto eu amo ela.
Quero dizer que eu nunca teria chegado até o final sem vocês e agradeço por quem esteve todo esse tempo acompanhando, por ter comentado e claro, por toda a paciência.
Isso foi muito importante para mim.
Obrigada a todos vocês. Talvez nos vemos em breve.

FIM ♥



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