Into Your Arms escrita por AnaSabel


Capítulo 38
Capítulo 37


Notas iniciais do capítulo

Finalmente! Me desculpem pela demora. Muita coisa nesse capítulo, quase morri pra escrever ele, mas está ai hehehe
Espero que gostem e comentem, POR FAVOR ♥



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A escuridão me tomou assim que passei pela porta. O pavor, o desespero, preenchendo todo o meu corpo. O corredor estava vazio, silencioso e frio. A luz prateada da lua que entrava pelos filetes da cortina nas janelas me ajudava a enxergar pela escuridão.

– Brooke? – tentei. Mesmo com minha voz baixa, ela ecoou alta demais.

Algo bateu na porta do armário de ferro escolar. O barulho ensurdecedor cortando o silêncio e me espremi na parede entre dois armários. Espiei o corredor escuro, enquanto uma sombra negra o atravessava. Escondi-me novamente. Tranquei a respiração, enquanto a estaca tremia em minha mão. Engoli em seco e sai de trás das sombras a tempo de ver um corpo sendo arrastado pelas portas do ginásio e uma mancha de sangue seguida por ele.

Eu corri. Me sentia lenta, como se estivesse correndo em areia molhada – não parecia conseguir impulso suficiente com o piso. Atravessei o corredor escuro, tropeçando nos meus próprios pés. Parei na frente da porta dupla do ginásio, encarando o sangue vivo no chão. Abri-a e entrei, meus olhos pairando direto no corpo caído no centro da quadra.

– Dave.- sussurrei.

Fui até ele e meus joelhos desabaram ao seu lado, a estaca caindo de minha mão. Em seu pescoço e pulso havia duas feridas abertas que jorravam sangue.

– Dave, acorde. – o chamei, sacudindo seu ombro. – David!

Seus olhos grogues se abriram levemente.

– Lissa... – sua voz falhou e ele tossiu. – O que você está fazendo aqui?

– Você achou mesmo que eu iria deixá-lo? - seus lábios se curvaram, porém seu rosto sugeriu uma expressão de dor. Observei suas mordidas. – Você precisa pressioná-las, tem que deter o sangramento. Vem, vou tirar você daqui.

Os olhos de Dave se arregalaram por um instante.

– O que foi? – perguntei.

– Atrás de você... – ele murmurou.

Me virei e o vi, parado a pouca distância de mim, encarando-me com seus olhos negros e um sorriso sarcástico e assustador em seus lábios. Sua postura era relaxa e os braços pálidos, livres pela camiseta de manga curta azul escura, estavam enterrados no bolso da calça jeans desbotada.

– Olá, Passarinho. – disse com a voz leve.

Levantei-me, ficando de frente a Hunter e esperei em silêncio.

– Lissa, não. – escutei Dave sussurrar.

– Meu tempo com Dave foi muito divertido. – falou Hunter com sarcasmo na voz, desfigurando o tom leve. – O fato de Dave não saber nada sobre o nosso mundo, de você não ter contado para ele mesmo tendo sido uma amiga tão fiel, deixou tudo ainda mais interessante.

– O que você contou a ele?

Senti uma onde de náusea na boca do estômago assim que fiz a pergunta. Ele deu um passo na minha direção, sorrindo.

– Tudo.

Dei um passo para trás me afastando dele.

– Por que você fez isso? – perguntei, exasperada.

– Você acha que ele não tem o direito de saber?

– Ele não precisava!

– Eu não me importo, Lissa. – disse Dave e olhei brevemente para ele.

Hunter nos avaliou por alguns segundos.

– Passarinho, você não entende. – seus olhos me fitaram. – Eu tenho um plano melhor para Dave.

– O que você quer dizer com isso?

Um sorriso largo apareceu no rosto de Hunter e pude ver suas presas brevemente.

– Eu dei meu sangue para ele. E bom, acho que você sabe o que isso significa.

– Não... – murmurei, andando cegamente para trás e caí ao lado do corpo de Dave.

– Está tudo nas mãos dele. – disse Hunter.

Encarei Dave deitado ao meu lado. Seus olhos mal se mantinham abertos e o sangue ainda escorria por sua pele. Se ele não aguentasse, morreria com o sangue de Hunter em seu corpo - se tornaria um vampiro. Não suportava a ideia de vê-lo perder sua inocência e humanidade. Não. Não meu Dave.

– Está tudo bem, Lissa. – sussurrou.

Acariciei seu rosto, afastando as mechas negras que caiam em seus olhos.

– Vejo que Dave é quase tão devoto a você quanto seu híbrido de estimação é.

Fiquei em silêncio por alguns segundos e subitamente, me levantei.

– O que você quer de mim? O que está esperando? – cuspi as palavras em seu rosto.

Em uma fração de segundo, Hunter estava a centímetros de distância.

– Shhh, Passarinho. Só mais alguns minutos. Prometo que sua morte será rápida.

Hunter enrolou uma mecha de meu cabelo em seus dedos e a cheirou delicadamente, fechando os olhos. Depois a colocou atrás de minha orelha e eu senti as pontas de seus dedos gélidos deslizarem por meu rosto até o pescoço. Fiquei paralisada.

– Apenas fique quietinha que você não irá sentir nada. – continuou.

Engoli em seco.

Virei a cabeça devagar para a esquerda até conseguir vê-la. Não consegui me aguentar e, desesperada, corri. Mesmo sabendo que seria inútil, me atirei em direção à estaca.

Num átimo, senti suas mãos agarrarem meus cabelos e depois minha cabeça atingiu o chão com força. Rolei ao lado de Dave, atordoada demais para sentir a dor.

Hunter andou em minha direção, lentamente.

– Agora eu posso dizer que você tem sorte de estar viva.

Arrastei- me pelo chão e tentei erguer meu corpo vacilante. Os olhos de Hunter estavam tomados pela raiva e ardiam de uma necessidade incontrolável.

– Afinal, onde ele está agora pra proteger você? Seu híbrido, eu digo.

– Não fale sobre Andrew. – murmurei.

Sua gargalhada ecoou pelo ginásio e ele começou a circular, despreocupadamente, ao meu redor.

– Duvido que tenha deixado você vir aqui sozinha. Não posso acreditar que você mentiu para ele. – disse ironicamente.

– Brooke. Onde ela está? – o ignorei, pergutando.

Nesse instante, a porta do ginásio se abriu.

– Estou aqui.

Ela veio em nossa direção, caminhando. Estava exatamente como quando saímos da casa de Andrew.

O celular tocou em seu bolso e Brooke o pegou. Seus olhos encararam a tela e depois ela o desligou.

– Quem era? – perguntei.

– Andrew. – disse sem hesitar.

Encarei seus olhos, abismada demais para conseguir para conseguir dizer algo coerente.

– Por que você... Porque não atendeu?!

Brooke abriu um pequeno sorriso ao chegar ao lado de Hunter. Ele se aproximou alguns centímetros e beijou levemente seus lábios. A imagem me atingiu como uma pancada no estômago e achei que pudesse vomitar ali mesmo.

– Brooke... – sussurrei.

Ela se virou para mim, ainda com os lábios curvados.

– Você é tão inocente, Lissa.

Engoli em seco.

– Eu confiei em você. – falei. – Há quanto tempo está com ele?

– Desde que cheguei em St. Louis...

Suas palavras se perderam em meio ao estrondo que cortou o ginásio. Steven atravessou a porta e em seguida, Andrew. Steven andou devagar com um sorriso no rosto, encarando Hunter pela primeira vez e Brooke, como se já esperasse por aquilo que estava vendo. Andrew os observou por um momento e em uma fração de segundo estava ao meu lado. Seu toque repentino em meu rosto me assustou e ele me tomou em seus braços.

– Por que fez isso? Por que veio para cá? – sua voz soava desesperada.

– Me desculpe. – sussurrei. – Eu confiei em Brooke e, ela e Hunter...

– Eu entendi. – disse. Seus olhos me fitaram e pensei que fosse chorar naquele exato momento. – Nunca mais faça isso.

Seus lábios conflituosos encontraram os meus por um breve instante.

– Precisamos tirar Dave daqui. Ele está com o sangue de Hunter no corpo.

Andrew entendeu de imediato o que eu disse e assentiu. Ele me entregou uma estaca e no momento que me ajudou a levantar, ouvi um barulho de ossos estralando. Os pelos de minha nuca se arrepiaram, enquanto Steve desabava no chão.

– Droga. – murmurou Andrew.

Ele saiu correndo em direção de Hunter e parou em sua frente. Os dois pares de olhos negros se encarando, quase idênticos. Queria correr, porém estava em choque, fitando o corpo de Steven no chão, sem conseguir me mover.

– Ele não morreu. – disse Brooke perto de meu ouvido.

Me virei em sua direção e a vi me avaliando como uma cobra pronta para dar seu bote. Brooke observou a estaca em minha mão e sorriu.

– Você tem certeza que sabe utilizar isso?

– Por que está fazendo isso? Por que está fazendo isso com Andrew? – perguntei, ignorando seu comentário.

– Não estou fazendo nada contra Andrew.

– Então irá deixar os dois homens que ama se matarem? – indaguei.

– Não estou fazendo nada contra Andrew. - repetiu. – O meu problema é você.

– Ah, - soltei uma leve risada. – entendi.

– Eu não posso tê-lo, então você também não pode ter.

Com isso ela partiu para cima de mim e a estaca caiu de minha mão, enquanto o peso de Brooke desabava sobre o meu no chão. Por cima do ombro, vi Hunter e Andrew se movimentando rapidamente, porém antes que eu conseguisse distinguir algo da briga, senti algo acertar a lateral de meu rosto e depois meu nariz. Algo quente escorreu pela minha face e meu ouvido esquerdo ficou surdo por um momento. Cravei minhas unhas no ombro de Brooke e a empurrei para longe, acertando meu pé em seu estômago. Ela rolou ao meu lado e antes que pudesse se recuperar, pulei para cima dela, acertando um soco em seu rosto. Seus olhos cobertos de raiva me encararam e Brooke girou, fazendo minhas costas bateram no chão com força e um gemido baixo cortou minha garganta.

Brooke pressionou o corpo contra o meu e suas mãos prenderam meus pulsos em cada lado de minha cabeça. Ela se aproximou.

– Eu vejo em seus olhos, Lissa. Eu vejo a forma como olha para Andrew como se ele fosse o próprio sol nascendo no horizonte. Pode ser tão possessiva quanto eu. Fico feliz que saiba que Andrew ainda gosta de mim, que me ama.

– Não da mesma forma que antes. – retruquei. – Ele me disse.

Seus lábios se curvaram.

– Aposto que antes de se apaixonar por você, ele sentia minha falta todos os dias. – abri a boca para protestar, porém seu dedo repousou em meus lábios. – Eu também senti falta dele, dos seus dedos tocando minha pele, - Brooke se aproximou ainda mais, quase com o rosto em meu pescoço. Meu corpo congelou embaixo de seus dedos que percorreram minha clavícula, meu peito, minha barriga até minha coxa. - da mesma forma que te tocaram Lissa.

Com a mão livre que Brooke havia soltado, ousei esticar meu braço e senti a ponta de meus dedos tocarem minha estaca. Me inclinei um centímetro e a agarrei. Brooke levantou o rosto e por um momento achei que ela percebeu meu movimento, porém sorriu.

– Ele sempre será meu. – concluiu.

Levei a estaca até seu peito e a empalei com força.

– Você está errada, vadia. – murmurei.

Enterrei ainda mais a estaca em seu corpo e senti o sangue escorrer por minha mão. O sangue de Brooke. Ela abriu sua boca, mas apenas um gemido saiu dela. Seu corpo sacudiu em cima do meu por um instante e imediatamente sua pele se tornou gelada. Toda sua cor sumiu, tornando-se um tom cinza doentio e seus olhos verdes se fecharam.

Empurrei seu corpo e Brooke desabou ao meu lado imóvel com um baque. Vi Hunter acertar um último soco em Andrew que o fez cambalear para trás, e então ele se virou em minha direção. Seus olhos foram de Brooke para mim e seus punhos cerraram com força.

– Não! – Hunter gritou, vindo em minha direção.

Me virei, rastejando no chão, porém suas mãos agarraram meu tornozelo. Um grito saiu por minha garganta e bati com o queixo no chão, enquanto Hunter me puxava com brutalidade. Tentei chutá-lo, mas antes que eu conseguisse algum feito, Hunter voou contra a parede, caindo ao lado de Brooke. Meus olhos embaçados apenas o identificaram retirando minha estaca do peito de Brooke e a quebrando com fúria.

Girei meu corpo e olhei para frente, na direção de Andrew a ponto de vê-lo caindo no chão depois do golpe em Hunter. Corri até ele, cambaleando com minha visão turva e parei ao seu lado. Seu rosto estava coberto por hematomas e era difícil encontrar pele por baixo de todo o sangue que escorria por seus cortes. A imagem doía em mim e lutei contra as lágrimas, demorando alguns segundos para conseguir me mover.

O peguei pela cintura e passei seu braço direito sobre meu ombro. Seu peso caiu sobre o meu e vacilei quase nos derrubando no chão novamente. Atravessei o ginásio o mais rápido que minhas pernas bambas conseguissem e segui pelo corredor escuro.

– Liss... – Andrew murmurou. – Não vou conseguir ir muito longe... Não consigo.

Andrew oscilou em meus braços e não aguentei seu peso. Desabamos no chão. Ele soltou um gemido enquanto eu o puxava para o banheiro em uma porta próxima, deixando novas marcas de sangue no piso.

Entrei com ele no banheiro e Andrew apoiou suas costas na parede branca ao lado da porta.

– Precisamos cuidar disso. – tagarelei, tentando manter a calma.

Tirei meu moletom e depois a camiseta de algodão, a deixando na pia, ficando apenas de sutiã por um segundo.

– Acho que vou ficar ferido mais vezes. – comentou Andrew com a voz baixa.

– Você está delirando.

Ele sorriu, franzindo a testa com a dor.

Coloquei o moletom de volta ao corpo e molhei a camiseta com água gelada. Me abaixei na frente de Andrew e repousei o tecido primeiro em sua testa depois em suas bochechas, limpando levemente, o máximo de sangue que conseguia.

– Você está machucada. – disse, tocando o corte em meus lábios.

– Não se preocupe comigo. Ainda pareço viva, ao contrário de você.

Andrew soltou um ruído e imaginei que aquilo fosse uma risada. Agora com a pele mais visível, eu conseguia ver o olho inchado, os hematomas vermelhos na lateral do rosto e um corte fundo na testa.

– Você não está se curando.

Andrew assentiu.

– Estou bem.

Refleti por alguns segundos.

– Você precisa de sangue. – sussurrei.

– Só tenho no carro. Hunter nunca nos deixará sair daqui.

– Você precisa de sangue direto da veia. – falei.

Seus olhos negros sedentos me fitaram.

– Não irei fazer isso, Lissa.

Ofereci meu pulso a ele, colocando-o próximo ao seu rosto.

– E se eu perder o controle? – indagou.

– Eu confio em você. - sussurrei.

Hesitante, Andrew pegou meu pulso entre as mãos. Vi suas presas emergirem de sua gengivae a visão me pegou de surpresa. Poucas vezes Andrew demonstrava as características de seu pai, de um vampiro. Segurei-me para não afastar meu corpo.

Andrew cravou as presas em meu pulso e reprimi um gemido de dor. Apertei os olhos e ele me trouxe para mais perto, enquanto eu sentia o sangue fluir de minha veia para sua boca. Quando eu já estava acostumada com a dor e os pontos negros invadiram minha visão, Andrew me soltou. Abri os olhos a ponto de ver seu corte cicatrizar lentamente e sobrar apenas alguns hematomas arroxeados em seu rosto.

– Você conseguiu. – murmurei.

Andrew assentiu e rasgou um pedaço da camiseta, enrolando-a em meu pulso. Depois com o tecido todo vermelho, limpou meu lábio, o sangue já seco de meu nariz e meu queixo. Agora, sentada no chão frio do banheiro, quando a adrenalina já deixava meu sangue, a dor em minha cabeça se alastrou e minha mente girou por alguns segundos. Apoiei a testa no ombro de Andrew e ele afagou meu cabelo.

– Você está bem? – sussurrou em meu ouvido.

– Bati a cabeça forte demais. – falei simplesmente.

Andrew pegou meu rosto entre as mãos.

– Olhe nos meus olhos e fique comigo.

Respirei fundo algumas vezes e encarei seus olhos verdes, tentando manter minha mente consciente. Quando Andrew pegou meu braço e vi a mancha vermelha em minha pele, foi como se um balde de água fria tivesse caído sobre mim.

– Matei Brooke. – sussurrei. – Eu matei Brooke.

– Shh. - Andrew me puxou para seu colo. – Está tudo bem.

Neguei com a cabeça.

– Não diga que está tudo bem. – falei.

– Lissa, - ele se curvou, olhando para mim. – ela devia estar morta há muito tempo.

Antes que eu pudesse protestar, Andrew repousou os lábios nos meus.

– Me desculpe. – murmurei.

O céu estava clareando e uma luz alaranjada tomava o horizonte quando voltamos para o ginásio. O corpo de Brooke havia sumido e Hunter também, apenas Steven e Dave continuavam à deriva.

– Será que ele desistiu? – sussurrei.

– Duvido. – disse Andrew.

Ele me levou para perto das arquibancadas e seus dedos repousaram em meu queixo, fazendo meu rosto se erguer em sua direção.

– Se esconda e não se envolva nisso. - murmurou. - Se eu pedir para correr, você vai correr, está bem?

– Andrew...

– Me prometa. – disse, sério.

– Está bem. – concordei.

– Eu te amo.

Andrew se curvou em minha direção e me beijou suavemente. Prendi-me a ele pelo tempo que pude sem querer deixá-lo ir. Então, rápido demais, ele se afastou e senti suas mãos me deixarem.

Assim que me enfiei encolhida, embaixo das arquibancadas de ferro, vi por entre os bancos Hunter entrar no ginásio novamente. A mão de Andrew era firme na estaca, enquanto Hunter brincava com a ponta afiada da sua.

– Andrew, Andrew... Sua coragem me deixa quase emocionado. Todos esses anos fugindo e finalmente agora você achou um verdadeiro motivo para lutar. – Hunter apontou para mim, escondida nas arquibancadas. - É realmente muito motivador.

Andrew riu.

– Vamos pular a parte em que você tentará me intimidar, porque eu realmente estou cansado disso tudo. – disse.

Hunter bateu palmas e me contraí com o barulho, depois ele deu de ombros.

– Espero que nessa parte também esteja o fato de você sempre tentar ser a vítima, levando em conta que você matou Brooke e agora sua preciosa namorada também o fez.

– Não faça de mim o monstro. – disse Andrew. - Porque eu não sou um. Eu não sou você, Hunter.

Com isso, numa espiral borrada de movimentos, Hunter foi para cima de Andrew. Os dois se moveram rápido demais por um momento e não consegui distinguir quem estava em vantagem. Até que Andrew, com uma mão ao redor do pescoço de Hunter, o derrubou no chão. Hunter era forte, porém Andrew mais ágil.

– Nada mal. – murmurou Hunter e percebi que as estacas não estavam mais em suas mãos. – Mas não bom o suficiente.

Andrew acertou um soco no rosto de Hunter, porém ele segurou seu braço e derrubou Andrew, suas costas batendo no chão com uma pancada. Os dois se ergueram do chão novamente e um ruído saiu da garganta de Hunter como um predador pronto para matar.

Andrew não deixou Hunter reagir. Socou seu estômago, seguido por uma joelhada em suas costelas e depois agarrou o cabelo negro dele, fazendo-o atingir o rosto em seu joelho também. Ele cambaleou para trás, desconcertado.

Por um segundo, Andrew olhou para mim, escondida nas arquibancadas, e essa pequena distração fez Hunter agir. Em um segundo, ele acertou com força a nuca de Andrew com o cotovelo, o fazendo cair no chão. Hunter ergueu a cabeça de Andrew e a bateu com força no piso duas vezes e logo depois chutou a lateral de seu corpo. Ele desviou o golpe de Hunter e se levantou rapidamente.

Hunter olhou brevemente para a estaca mais perto e Andrew seguiu seu olhar. Os dois se encararam, ambos arfando e com sangue no rosto. Hunter correu em direção a ela e Andrew se jogou em cima dele, os fazendo cair a centímetros de alcançarem a estaca.

Os dois travaram uma nova batalha e apenas vi quando Hunter rolou pairando por cima de Andrew e socou seu rosto cinco, seis, sete vezes. O braço de Andrew se esticou e quando seus dedos tocaram a ponta da estaca, Hunter pisou em sua mão com força e a pegou.

A adrenalina se agitava em minhas veias e por um momento, quase saio debaixo das arquibancadas. Porém sabia que não haveria chance para mim.

Andrew se arrastou pelo chão, o nariz escorrendo sangue vivo, enquanto Hunter o seguia lentamente. A estaca girou em suas mãos. Ele se aproximou das costas de Andrew. Tranquei a respiração. Quando estava pronto para empalá-lo, Andrew se virou segurando o pulso de Hunter a centímetros de seu peito.

Andrew empurrou o braço de Hunter, ganhando apenas alguns centímetros. Um sorriso lampejou nos lábios de Hunter e ele abaixou a estaca novamente, a ponta tocando o peito de Andrew.

– Vamos acabar logo com isso. - disse Hunter.

Andrew grunhiu, tentando afastar ele.

– Não, não... – sussurrei, apertando a barra de meu moletom, tomada pela agonia.

Saí debaixo das arquibancadas, porém não havia o que fazer e apenas gritei.

– NÃO! – minha voz ecoou pelo ginásio. Hunter desviou sua atenção e olhou para mim. – Mate a mim, não a ele!

Foi o suficiente para Andrew tomar forças e empurrar Hunter com um chute no estômago. Ele se recuperou rapidamente e lançou um olhar curto de anseio para mim, desprotegida na retaguarda. Hunter saltou em minha direção, porém antes de me alcançar, Andrew se chocou com ele. O impacto fez minhas pernas tremerem.

O último ato aconteceu rápido demais. Eu sabia que havia risco nele. Andrew se jogou contra Hunter e num único golpe sua mão atravessou o peito dele. Tranquei a respiração por um breve instante que foi tempo suficiente para Andrew retirar sua mão ensanguentada. Entre seus dedos, algo ainda pulsava. O coração de Hunter caiu no chão antes de rolar.

Porém dois corpos desabaram, no segundo seguinte.

Meu corpo travou e levei apenas um segundo para vê-la; a estaca cravada no peito de Andrew.


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Notas finais do capítulo

Não. Me. Matem.



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