Into Your Arms escrita por AnaSabel


Capítulo 12
Capítulo 11


Notas iniciais do capítulo

leiam as notas finais, por favor!



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As horas se passaram lentamente enquanto eu ia de uma aula a outra. Andrew e Sarah perceberam de imediato meu estado de espírito. Não me encheram de perguntas como Ashley, mas escutei seus sussurros no refeitório.

– Você sabe o que aconteceu? – Perguntou Sarah a Andrew.

– Não. – Ele respondeu.

– Estou começando a ficar preocupada.

– Irei falar com ela.

Nem mesmo Kate, com sua hostilidade, havia afetado meu humor.

Tudo isso se dava ao fato do pequeno bilhete deixado no meu quarto ontem à noite. Como poucas palavras poderiam causar tal efeito em uma pessoa? A cada caderno que eu abria na aula eu via o bilhete enigmático e cruel escrito. Eu não conseguia pensar em ninguém além dele. Quem mais poderia ter a audácia de fazer isso?

Se eu estivesse certa, seria a segunda vez que ele havia estado em meu quarto. Poderia estar em qualquer lugar que eu estivesse. Não haveria jeito de me esconder. Mas o pior de tudo era que eu não sentia medo do que estava escrito, eu sentia curiosidade. Ele sabe o que eu quero e ele tem a resposta. Porém não é tão simples, eu poderia não sentir medo do que havia escrito, mas meu corpo se arrepiava quando seu rosto aparecia em meus pensamentos. Ele não me entregaria a resposta assim tão fácil.

O último sinal tocou e segui pelo corredor. Uma mão apoiou-se em meus ombros e eu dei um pulo.

– Lissa, você está bem? – A voz de Andrew soava preocupada.

– Sim.

Abaixei a cabeça tentando evitar seu olhar desconfiado.

– O que aconteceu?

– Não é nada.

– Lissa... – Ele segurou meu queixo, me forçando a olhar em seus olhos.

– Não se preocupe, eu vou ficar bem. - Desvencilhei-me de sua mão e sai pelo corredor. – Nos vemos mais tarde.

Andei rápido antes que ele pudesse vir atrás de mim. Eu poderia estar triste ou preocupada, mas não tinha o direito de transmitir isso para Andrew.

No caminho para casa, a cada cinco minutos, avaliava o lugar por onde estava passando, para ter a certeza que não havia ninguém me seguindo. Esse provavelmente era o primeiro sintoma de quem estava ficando paranoica. E eu estava mesmo.

Fiquei surpresa ao ver minha tia tão cedo em casa. Ela parecia agitada e estava carregando algumas caixas para o carro.

– Lissa, você poderia me ajudar?

Deixei minha bolsa de lado e a ajudei a carregá-las.

– O que é isso tia?

– São algumas coisas que pediram para eu levar à festa. Você quer ir até o centro para me ajudar a descarregá-las?

– Por mim, tudo bem. - Pensei que assim talvez pudesse afastar meus pensamentos da cena da noite anterior.

Fomos até o local da festa conversando tranquilamente sobre nosso dia. Tentei parecer o mais animada possível.

Quando chegamos ao centro da cidade, percebi que muitas das atrações já estavam praticamente montadas. Havia brinquedos de parque de diversão, as barracas com comidas e um pequeno palco.

– Isso parece... Surpreendente.

– Irá ficar lindo não é? – Falou tia Rose com um grande sorriso no rosto.

– Com certeza. Pra onde eu levo as caixas? – Perguntei saindo do carro enquanto tia Rose já estava abrindo o porta-malas.

– Pode deixar em cima do palco, depois irão terminar de arrumar.

Peguei a primeira caixa que vi e que, provavelmente, deveria ser a maior e mais pesada. Ela pesou sobre meus braços, me fazendo desequilibrar e tampou minha visão. Segui caminhando devagar, tentando não deixá-la cair.

– Creio que você precisa de uma ajuda.

Virei-me e vi Dave com um sorriso brincalhão nos lábios. Seus olhos azuis avaliavam meu esforço.

– Acho que seria uma ótima ideia. – Disse sorrindo para ele. Dave pegou a caixa de meus braços e suspirei de alívio.

–Nossa, por que não pegou uma caixa mais pesada? – Ele disse de forma sarcástica.

Dei de ombros e voltei correndo até o carro para pegar uma mais leve. Apesar da reclamação ele carregou-a sem precisar de muito esforço.

– O que você está fazendo aqui a essa hora? – Perguntei.

– Se esqueceu de que também faço parte de uma das famílias fundadoras? – Sim, eu havia esquecido. – Meu pai me obrigou a vir ajudar.

– É, eu entendo. Minha tia vai me obrigar a vir à festa, mesmo que eu não queira.

– Honrar o nome da família. – Dave fez uma expressão de desgosto revirando os olhos e riu.

– Acima de tudo. – Completei e ri de nossa piada interna.

– Mas você não quer ajudar, nem vir hoje à noite?

– Não. – Suspirei. – Não estou muito animada pra festas.

– Eu percebi. – Olhei desconfiada para ele. – Você não estava muito agradável hoje.

– Ah. – Desviei o olhar dele, com timidez. - Me desculpe. – Disse, me lembrando de quando havia o ignorado na aula.

Colocamos as caixas no palco e ele se virou para me observar.

– O que aconteceu?

– Não foi nada, eu só não estava bem.

– Hum, sei.

Dave saiu, indo em direção ao carro novamente. O segui ao seu lado em silêncio.

– Você ficou chateado com meu mau humor de hoje?

– Não, é apenas estranho.

– Me desculpe Dave. – Repeti.

– Está tudo bem Lissa, você tem seus motivos.

Eu olhei para ele e abri um pequeno sorriso. Chegamos ao carro e vimos que o porta-malas já estava vazio.

– Acho que minha tia já descarregou as outras caixas.

– Talvez tenhamos demorado um pouco demais.

Varri o lugar com os olhos atentos procurando tia Rose.

– Você vai pra casa agora? – Dave perguntou.

– Não sei.

– Então venha comigo.

– Aonde?

– Não sei, apenas vamos dar uma volta.

– Mas temos que ajudar a...

– Não somos os únicos voluntários daqui.

Depois de meia hora andando pelo centro de St. Louis sem nada para fazer, e apenas rindo, paramos na frente de uma barraca de algodão doce.

– Acho que seria grande cavalheirismo da sua parte se você me pagasse um algodão doce. – Falei tentando conter o riso.

– Uau, não conhecia esse seu lado intrépido.

Ele deu dinheiro ao vendedor e pegou um algodão doce. Estiquei o braço para pegá-lo de sua mão, mas ele desviou.

– Eu paguei, tenho o direito de pelo menos um pedaço, certo?

Suspirei e revirei os olhos. Dave abriu o pacote transparente e puxou metade do algodão doce. Olhei para ele indignada.

– Você falou um pedaço e não metade do algodão doce! – O adverti.

Ele colocou o algodão doce na boca e riu.

– Isso é nojento. – Falei rindo.

Depois que terminamos de comer fomos para casa. Dave tinha me feito esquecer um pouco as coisas, ele havia me deixado mais feliz. Peguei meu celular que havia esquecido dentro da bolsa e vi as várias mensagens de Sarah. Depois de ligar para ela e avisar que eu iria à festa, fui me arrumar. Quando me dei conta, minha tia já estava gritando meu nome perguntando se ainda iria demorar muito.

Quando chegamos à festa, parecia que grande parte da população da cidade estava lá. As pessoas se aglomeravam nos brinquedos, que agora giravam com suas luzes coloridas, e nas barracas de doces. Havia algumas perto do palco ouvindo a banda desconhecida que se apresentava. Tudo estava perfeito e vi tia Rose abrir um sorriso de satisfação.

– Não se esqueça de que você tem que estar perto do palco quando o prefeito fizer o discurso.

– Está bem. Eu vou procurar Sarah e Ashley.

– Até depois. – Tia Rose acenou e eu sai em direção aos brinquedos.

Após trocar algumas mensagens com Ashley, a encontrei perto da roda gigante, junto com Sarah.

– Ei, aonde você estava hoje a tarde? – Perguntou Ashley.

– Eu vim ajudar minha tia e depois dei uma volta com Dave.

– Com Dave?

– Ashley, não há nada de romântico nisso.

– Ok, mas eu não disse nada.

– Enfim, vocês estão aqui há muito tempo? – Perguntei.

– Não, acabamos de chegar. – Disse Sarah.

– Vocês viram Andrew? Eu meio que precisava me desculpar.

– Não. Pelo o que?

– Hoje na aula eu não fui nada agradável com ele.

– Você não foi agradável com ninguém. – Resmungou Ashley. – O que aconteceu? – Seu tom de voz se tornou preocupado.

– Nada, está tudo bem agora.

– Mas não parecia tudo bem hoje de manhã. – Falou Sarah.

– Eu apenas acordei de mau humor. – Repeti a desculpa que havia dado a Dave.

– Você e Andrew brigaram? – Ashley deduziu.

– Não, Ashley. – Ri um pouco, tentando aliviar a situação. – Estou dizendo a verdade.

– Hum. – Elas não estavam acreditadas.

Andamos pela festa vendo as atrações que tanto animavam as pessoas. Depois de nos divertimos em alguns brinquedos nos quais elas quase me obrigaram a ir, o prefeito apareceu no palco e me despedi delas indo ao encontro de minha tia. Ela suspirou de alívio a me ver ao seu lado.

– Achei que você não viria. – Sussurrou.

Sorri para ela e escutei o discurso do prefeito, que não era nada do que não estivéssemos habituados a escutar. O fim do discurso foi marcado por uma grande salva de palmas e assovios por toda parte. Abri espaço entre os grupos de pessoas tentando sair da multidão. Olhei para os lados tentando achar Ashley e Sarah, mas a imagem que entrou em meu campo de visão me surpreendeu. Demorei um pouco até processá-la, mas depois que vi claramente, não pude acreditar.

Andrew estava com as mãos no bolso, despreocupado, conversando com Kate. Sim, com Kate. Ela estava com uma saia curta, se insinuando para ele, seu corpo mais perto do dele do que devia e sua mão estava apoiada em seu ombro. Ela poderia se aproximar mais alguns centímetros e tocar os lábios de Andrew com facilidade. A cena se formou em minha mente e meu corpo tremeu de raiva. Ele olhou para mim e sua expressão não deixava transparecer nada. Kate seguiu o olhar dele e ao me ver, sorriu e acenou em minha direção.

Virei-me e andei – quase correndo - em direção ao estacionamento afastado da festa. Não sabia qual fora a reação de Andrew, mas depois de alguns minutos, escutei passos apresados atrás de mim.

– Liss. – Ele chamou meu nome.

Não respondi.

– Lissa! – A mão de Andrew agarrou meu braço me fazendo girar em sua direção.

– Me solte, eu quero ir pra casa. – Sussurrei, mas ele não mexeu nenhum dedo.

– Lissa, isso é ridículo.

– Ridículo? – Explodi. Ele soltou meu braço me avaliando. – Não é ridículo Andrew! Você se esqueceu do que ela disse pra mim ontem?

– Nós estávamos apenas conversando. – Ele disse com calma.

– Desde quando você e ela se tornaram “nós”?

– Esse seu ciúmes não tem nenhum cabimento.

– Eu não estou com ciúmes, eu estou com raiva! Kate não estava apenas falando, ela estava se insinuando, para não dizer se esfregando, em você!

– E eu não estava dando a mínima para isso.

– Ah Andrew, me poupe.

– Se você não quer acreditar em mim, tudo bem. Mas ela estava contando que você passou à tarde com Dave.

– Como ela sabe disso?

– Ela viu vocês dois andando pela cidade.

– E o que isso tem a ver?

– Eu não estava bravo com você, mas você não me ligou, me ignorou a aula inteira e depois descubro que você estava tendo uma tarde super animada com seu amigo enquanto me preocupava e ia até sua casa para saber como você estava.

– Isso não tem nada a ver. Não foi Dave quem esfregou na minha cara que meus pais morreram, e muito menos se esfregou em mim!

Meus olhos já estavam marejados de lágrimas, mas não dei permissão para elas saírem.

– Você está tornando isso mais do que é, e você sabe disso.

– E você sabe o quanto eu a odeio.

–Ela estava conversando comigo. Conversando.

– Você é cego ou está se fazendo? Se aquela vadia desse um passo a frente ela poderia te beijar!

– E você acha que eu faria isso?

– Mas ela faria. Com certeza faria. Eu vou matar ela. Eu vou matar você Andrew! Você é um id...

Sem que eu pudesse perceber, Andrew agarrou minha cintura e me beijou com força, jogando toda sua raiva – que até agora não havia demonstrado – naquele beijo.

Era impossível resistir. Minhas mãos seguiram automaticamente, como um vício, para o seu pescoço e depois se emaranharam em seu cabelo.

– Eu vou matar você. – Sussurrei e um sorriso malicioso surgiu em seu rosto.

Prendi seu lábio inferior entre meus dentes e ouvi um som grave e gutural brotar de sua garganta. Seus lábios atacaram novamente os meus. Suas mãos pressionavam tanto meu corpo ao dele, que foi difícil encontrar ar no estacionamento aberto.

Andrew foi se afastando aos poucos quando sentiu minhas mãos afrouxarem de seu cabelo.

– Suponho que sua raiva tenha passado.

– Um pouco. – Falei com a respiração entrecortada. – Ainda estou achando você um idiota por ter falado com ela.

Ele riu e me beijou de forma delicada.

– Me desculpe. Eu sei que exagerei um pouco, mas ver você com ela... – Suspirei. – Me fez perder a cabeça.

– Eu também lhe devo desculpas. Eu confio em você, mas é em Dave que não confio.

– Achei que você gostasse dele.

– Eu também. – Ele me encarou por alguns segundos e perguntou. - Então, não vai me dizer qual a atração principal desse lugar?

– Provavelmente a “Casa Assombrada”, mas é o único brinquedo que não vou.

– Nem se eu te obrigar?

– Não.

– Nem se for comigo?

Olhei para Andrew e ri.

– Talvez.

Ele sorriu para mim e soltou minha cintura.

– Vamos.

Voltamos para a festa e Andrew foi até a bilheteria enquanto eu esperava. Afundei Kate no fundo dos meus pensamentos, tentando esquecer o que havia acontecido.

– Oi Lissa.

– Ei Dave. – Falei, pensando que essa não era uma boa hora para ele aparecer.

– O que você está achando da festa?

– Está maravilhosa não é?

– É, acho que sua tia, meus pais fizeram um ótimo trabalho.

– Uhum.

– O que você está fazendo aqui sozinha?

– Ela está me esperando.

Surpreendi-me ao ouvir a voz de Andrew soar ao meu lado. Ele passou um braço ao redor de minha cintura e encarou Dave. A expressão animada de Dave se fechou.

– A gente se vê mais tarde, Lissa.

– Tchau Dave.

Ele saiu se misturando na multidão. Olhei para Andrew e disse:

– Acho que ele ficou com medo de você. – Ele deu de ombros.

– Está preparada?

– Não.

Andrew riu baixo e caminhamos até o brinquedo. Demos as fichas à moça do caixa e esperemos na porta até ela dar o sinal para entrarmos.

– Só há nós aqui. – Murmurei.

– Talvez porque não seja tão bom como você falou.

– Ou talvez porque é assustador demais.

– Você está com medo? – Ele pareceu surpreso.

– Um pouco.

Andrew abraçou minha cintura com um dos braços, me fazendo colar nele. Eu me encolhi mais a ele e enterrei minha cabeça em seu pescoço. Seu perfume tomou conta do meu ar e eu respirei fundo duas vezes.

– Vocês podem entrar. – Disse a moça nos indicando á porta.

Andrew empurrou a porta e entramos na escuridão. Não era exatamente uma casa, mas sim um caminho que criaram na pequena floresta do parque situada no centro da cidade. Caminhamos devagar olhando as cabeças de “pessoas” jogadas pelo caminho. Andrew riu e não pude evitar fazer o mesmo.

Não foi tão ruim, provavelmente foram as risadas de Andrew que me acalmavam. Até agora havíamos passado por um homem com uma faca na mão que correu atrás de nós, mulheres vestidas de branco com “sangue” por todo o corpo, cenários macabros e algumas caveiras que caiam em cima de nós.

Na metade do percurso, enquanto um cemitério nos circundava, uma sensação estranha tomou meu corpo. Um arrepio percorreu por minha espinha e eu olhei discretamente para trás, por cima do ombro de Andrew. Não havia nada. Ele notou meu desconforto e apertou minha cintura delicadamente.

Continuamos o percurso até chegarmos a um túnel com placas indicando para entrarmos. Olhei para Andrew e ele abriu um sorriso torto.

– Que macabro não é? – Ele sussurrou sarcástico.

Seguimos pelo túnel mais escuro que a mata. Depois de um longo segundo com o silencio absoluto o barulho de uma cerra elétrica tomou o lugar. Ele correu atrás de nós com a cerra a centímetros do nosso corpo. Gritei e sai correndo do homem mascarado. O túnel acabou nos levando à floresta novamente. Dei gargalhadas enquanto Andrew vinha ao meu lado.

– Essa última parte me assustou.

– É, eu percebi. – Ele riu.

Um pequeno barulho na floresta nos vez parar abruptamente. Joguei-me contra o peito de Andrew enquanto sentia novamente aquela sensação, só que agora mais intensa. Eu sabia que sensação era essa, eu já havia a sentido.

Olhei por toda a floresta até identificar algo no meio das árvores. A sombra escura estava lá, quieta e sorrateira, nos observando. Não precisei adivinhar o rosto para saber quem era. Apenas olhei para Andrew e sussurrei:

– Ele está aqui.

Antes que eu pudesse ler a expressão no rosto de Andrew, um homem me arrancou de seus braços enquanto outros o atacavam. Eles deram socos por seu corpo enquanto eu gritava descontroladamente.

– Não! Larguem ele!

Um homem me segurou, impedindo que eu me aproximasse da briga. Andrew estava em desvantagem, eles eram muitos. O homem me agarrou e levou-me para o interior da floresta enquanto a única coisa que eu podia fazer era observar Andrew no chão tentando se defender.

– Andrew!

Debati-me em seus braços tentando me largar do seu aperto que já machucavam meus braços. Eu cravei as unhas em seus braços e tentei chutá-lo. Ele perdeu o equilíbrio por alguns segundos, mas não foi o suficiente para eu correr.

– Me solta, me solta! – Meus gritos ecoavam pelo silêncio da floresta.

– Lissa, Lissa, calma, vem cá.

Matt me tirou dos braços do homem, e me segurou enquanto eu me debatia ainda mais.

– É você, seu idiota!

– Lissa, calma. – Ele olhou para o homem, ainda me segurando. – Você pode ir.

– Me larga!

Ele me soltou e eu o encarei.

– Cadê o Andrew?

– Eu só quero falar com você.

– E para isso você chama os seus amigos para baterem em Andrew e me agarrar na floresta desse jeito, enquanto era só vim falar comigo como uma pessoa normal?!

– Você não me escutaria... E não precisa dizer que eu sou um idiota, mas eu não consigo esquecer você Lissa. Tudo me lembra você e isso está me deixando louco.

– Você prometeu Matt! Prometeu que me deixaria em paz, que havia entendido porque terminamos!

– Eu não sei o que aconteceu, Lissa. Não da pra entender.

– Você está louco. – Falei me virando para voltar à festa.

– Lissa, espera. – Ele disse agarrando meu braço.

– Me larga!

Puxei meu braço com força e me desequilibrei caindo no chão úmido. No mesmo momento Andrew apareceu e se abaixou ao meu lado. Seus olhos estavam bastante escuros para eu não precisar me preocupar com o fato de ele não ter aparecido com nenhum machucado.

– Você está bem? – Andrew perguntou.

Eu apenas assenti e ele me ajudou a levantar do chão. Eu o observei enquanto ele encarava Matt. Andrew deu um passo à frente e Matt veio para cima dele tentando acertar o soco em Andrew. Ele desviou agarrando o braço de Matt e o derrubando de barriga para baixo no chão.

Olhei assustada e dei um passo atrás. Andrew agarrou o outro braço de Matt e puxou-os devagar. Ele abaixou a cabeça e sussurrou:

– Acho que esse é o único jeito de você não tocar mais nela.

Matt gemeu de dor e Andrew torceu seus braços.

– Andrew, não! Não faça isso!

Ele parou abruptamente a um segundo de quebrá-los e olhou para mim. Os olhos escuros me fitaram, largando os braços de Matt e saindo pela floresta. Eu o segui, deixando os soluços de Matt para trás.




– Eu vou levar você pra casa. – Disse Andrew quando já estávamos de volta na festa, como se nada tivesse acontecido.

– Não posso. Vou ter que ficar até a hora dos fogos de artifício com minha tia, senão ela me mata.

– Droga. – Ele sussurrou.

– Andrew, está tudo bem.

– Não está tudo bem Lissa. Ele pode aparecer a qualquer momento e eu sei que você está com medo.

– Mas ele não vai. – Eu não tinha nenhuma certeza do que estava dizendo e não poderia mentir para mim mesma. Eu estava com medo.

– Ei Lissa, eu tava procurando por você, onde você estava? – Perguntou tia Rose.

– A gente tava em um brinquedo.

– Ah, oi Andrew. – Ela sorriu para ele e continuou. – Venha, nós precisamos ir.

– Já estou indo, tia. Só um minuto. – Tia Rose saiu e eu olhei para Andrew. – Você vai ficar bem?

– Lissa, você deveria se preocupar com você mesma.

– Eu apenas fiquei preocupada. Seus olhos...

–Ah, me desculpe. – Ele desviou o olhar. – Não queria tê-la assustado. Eu perdi o controle.

– Está tudo bem. – Falei mesmo ainda não tendo me convencido sobre aquilo ser uma “doença”. – Tenho que ir.

Andrew me beijou rapidamente e fui com minha tia até perto do palco novamente. Vi Dave com seus pais. Ele acenou para mim e eu devolvi um sorriso.

Meia noite em ponto, os foguetes riscaram o céu escuro, o pintando de diversas formas e cores brilhantes. As famílias fundadoras puxaram a primeira salva de palmas e depois o resto das pessoas continuaram. O barulho ensurdecedor me deixou mais nervosa.

– Você está bem? – Minha tia perguntou.

– Não muito. Posso sair daqui?

– Vai. Me liga se for pra casa.

Sai do lado de minha tia passando pelo meio da multidão que me espremia. Parecia que quanto mais eu ia pra trás, mais a situação piorava. Tentando encontrar Andrew, tropecei e esbarrei em um homem.

– Me desculpa...

Olhei para ele e minha respiração travou. Vestido de preto dos pés a cabeça, senão fosse por sua altura ele seria imperceptível entre a multidão.

– Está gostando da festa Lissa?

Hesitei por um segundo e depois virei ao lado oposto que ele estava e corri. Não havia como pedir desculpas a todos os pés que eu pisava ou tropeçava. Eu estava perdida no meio de toda aquela gente e tentei me localizar pelos brinquedos. Olhei para trás e lá estava ele, andando calmamente sem nenhum esforço, o sorriso maldoso sempre presente em seu rosto e os olhos pretos como breu medindo cada movimento meu.

Do meio da aglomeração de pessoas, a mão de Andrew agarrou meu braço e me puxou, para onde deveria ser o lado certo, para fora da multidão. Os fogos ainda estouravam no céu me fazendo estremecer. Não olhei para trás, pois sabia o que encontraria se o fizesse.

Andrew e eu fomos até o estacionamento escuro e desértico. Ele me trouxe para perto numa tentativa de me proteger. Quando entramos no carro minha respiração estava ofegante. Eu apoiei a cabeça no banco tentando controlá-la.

– Acho que está na hora de você ir pra casa.

Durante todo o caminho ficamos alerta, a cada barulho diferente nós olhávamos para saber o que era, mas depois daquilo ele não apareceu mais. Andrew estacionou o carro e saímos. Antes mesmo que eu pudesse entrar em casa, me joguei no degrau da varanda. Enfiei a cabeça entre as mãos e Andrew sentou-se ao meu lado.

– Você está bem? – Ele perguntou.

– Não. – Murmurei e Andrew passou os braços ao redor de mim.

–Você não está sozinha. Eu vou proteger você.

– Como Andrew? – O fitei. – Ele não é... Humano.

–Não importa. Não posso observar você passando por isso e não poder fazer nada.

– Mas não tem o que fazer. Você não escutou o que eu disse? Você deveria sair correndo daqui, me chamando de louca. Se eu contasse à qualquer outra pessoa, elas fariam isso. Como você pode acreditar em mim? Esse tipo de coisa não existe.

– Outras pessoas fariam, mas eu não. Eu o vi hoje Lissa. Eu acredito em você. Sei o perigo que está correndo.

Balancei a cabeça, confusa e sussurrei:

– Ontem ele me deixou um bilhete.

Andrew me encarou surpreso. Logo sua expressão se tornou pensativa, mas não disse nada. Continuei:

– Ele sabe quem me salvou. Ele sabe de tudo, sempre soube.

– Lissa, você tem que me prometer que nunca irá atrás dele procurar por resposta. Nunca.

Desviei de seu olhar, pois era exatamente isso que eu estava pensando desde que ele havia aparecido. Não era prudente, eu sabia disso, mas ao mesmo tempo era difícil ignorar o óbvio. A resposta parecia estar tão perto, mas ao mesmo tempo tão distante.

– Andrew, você nunca o viu?

Ele pareceu hesitar por alguns segundos.

– Não.

– Às vezes, fico me perguntando como ele o conhece. – Pressionei. – Quando ele esteve no meu quarto, disse que você saberia responder as minhas perguntas.

Andrew se mexeu ao meu lado, desconfortável.

– Você sabe de alguma coisa, Andrew?

– Se eu soubesse, eu te contaria. Você sabe disso.

Aquilo me pareceu evasivo. Olhei para a rua apenas iluminada pelos postes. Estava tudo calmo, parecia que todas as pessoas estavam na festa, deixando o resto da cidade em um completo silêncio.

– Você não faz ideia de como isso tudo parece estar acabando comigo. Somente perguntas sem respostas, sobre ele, sobre... Você.

– O que você quer dizer com isso?

– Você sabe, eu me apaixonei rápido demais por você, parece estranho, mas foi quase que inevitável. – Eu abri um pequeno sorriso e continuei. – Você apareceu no momento que eu mais precisei de alguém, com um sorriso no rosto e as mãos cheias de milagres, como se pudesse deixar tudo bem a qualquer hora. Mas você mesmo disse que não era quem eu pensava. – Fitei seus olhos que me observavam, atentos a cada palavra que eu dizia. – Andrew, eu não posso exigir que você me conte tudo, eu quero apenas a verdade.

Pela primeira vez ele pareceu ficar sem palavras. Apenas assentiu, mas algo parecia o incomodar.

– Obrigada por hoje. – Tentei mudar de assunto. – E desculpa, por causa de Matt. Ele é doido.

Meus dedos roçaram seu rosto e depois foram para o seu pescoço.

Andrew se aproximou e me beijou delicadamente.

– Eu não vou errar com você. – Ele sussurrou em meus lábios e depois se afastou devagar.

– Você quer que eu fique com você até sua tia chegar? – Perguntou.

– Não, já dei trabalho o suficiente por um dia.

Ele riu baixinho e me ajudou a levantar.

– Achei que isso ajudaria. – Andrew disse pegando o colar que havia me dado no dia anterior.

– Pense pelo lado bom, ninguém se feriu.

– Além de Matt.

– Bom, ele fez por merecer.

Andrew me avaliou, mexendo em uma mexa de meu cabelo.

–Você vai ficar bem?

Afirmei com a cabeça e o beijei novamente. Era desconfortável ter que deixá-lo. Andrew me abraçou colocando a cabeça entre meus cabelos.

– Até amanhã. – Sussurrei.

Ele foi embora, me deixando sozinha na casa grande e fria.

Parecia mentira eu estar enrolada em minha coberta na minha cama depois de tantas coisas que haviam acontecido hoje. Apesar de tudo, o sono me atingiu primeiro e não contestei.


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Notas finais do capítulo

espero que vcs tenham gostado do capítulo, eu me inspirei em "eu sou o número 4" e tentei fazer ele um pouco maior pra compensar o tanto tempo que fiquei sem postar ://
já perdi muitos leitores por causa da demora, mas não vou abandonar a fanfic, estou sempre me esforçando ao máximo pra conseguir escrever.
acho que é isso, comentem por favor, preciso saber da opinião de vcs!
e o que acharam da sinopse e da capa nova?? *------*



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