Em Busca Do Herói Perdido escrita por Sarah Colins


Capítulo 21
Capítulo 20 – Chegada


Notas iniciais do capítulo

Olá amigos! Como estão?
Sei que demorei, mas enfim estou aqui para postar o último capítulo dessa fic! No começo eu fiquei um pouco insegura com ela, mas aos poucos fui encontrando uma forma de conduzir a história e os comentários e incentivos de vocês foram essenciais para chegar até aqui. Decidi fazer um final "semi-definitivo" para essa história, porque ainda não tenho certeza se farei a 3ª temporada. Mas espero de coração que eu consiga fazer ^^
Aproveitem a leitura, espero que gostem do desfecho! E obrigada por me acompanharem mais uma vez!



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Ouviu-se um baque surdo quando o navio tocou o solo. Centenas de semideuses romanos e poeira de monstros rodeavam nossa embarcação que acabara de atracar. Minhas pernas pareciam ter virado gelatina e eu achava que meu coração ia sair pela boca a qualquer momento devido ao ritmo e a velocidade de suas batidas. A maior parte da tripulação já havia se acalmado a essa altura. A grande expectativa de como seriamos recebidos já havia passado. Conseguimos adentrar os limites do acampamento Júpiter sem sermos bombardeados, e isso já era mais que meio caminho andado. Agora só restava saber se eles iriam nos receber como visitantes ou se pretendiam nos fazer prisioneiros.

Leo era um dos que estavam quase alcançando meu nível de ansiedade. Ele, como “comandante” do Argo II, desceria a frente de todos e seria responsável pela primeira comunicação que teríamos com os romanos. Além disso, eles já conheciam seu rosto da mensagem que mandamos através do pergaminho. Thalia parecia se divertir muito assistindo ao nervosismo do semideus filho de Hefesto. Ela dava um sorriso debochado e balançava a cabeça enquanto o olhava. No fundo eu não sabia dizer se ela estava apenas implicando com Leo, ou se no fundo havia algo mais ali. De certa forma reconheci minha própria atitude quanto a Percy quando ainda não éramos namorados. Esperamos pacientemente enquanto a rampa de desembarque descia até o solo. Só depois que ela estava na devida posição, Leo começou a caminhar, e nós fomos atrás dele.

Além de Thalia, Leo e eu, também desembarcaram Jason, Piper, Clarisse, Chris, Butch, Grover, Connor, Travis e Drew. Dean preferiu esperar no navio com os outros. De repente ele pareceu se tornar muito mais medroso do que costumava ser. Eu me perguntava se isso tinha algo haver com o fato de ele por fim ter se dado conta de que não tinha chances comigo. Também achei que pudesse ter a ver com o fato de que ele não estava tão ansioso para conhecer Percy quanto os outros. De qualquer forma isso não estava me importando no momento. Eu só tentava me concentrar nos movimentos das minhas pernas sobre a rampa para não despencar de lá. Todo o resto de minha mente só conseguia pensar que eu estava prestes a reencontrar o semideus por quem procurei por longos oito meses. Decidi deixar meu olhar baixo, fitando apenas meus pés enquanto prosseguia. Eu só olharia para frente quando já estivesse fora da rampa. Segurei o braço da pessoa ao meu lado, que nem reparei quem era, para me guiar.

- Bem vindos ao acampamento Júpiter – disse uma voz feminina quando enfim desembarcamos. Reunindo toda coragem e calma que consegui, ergui a cabeça e olhei para o grupo que se postava a nossa frente.

De cara não reconheci Percy entre eles. A garota que tomava a frente devia ser Reyna. Jason havia comentado algo sobre ela. Era a pretora do acampamento junto com ele quando vivia aqui. Ela mantinha uma expressão séria, parecendo ainda insegura quanto a nossa chegada. A sua direita havia um garoto magricela de cabelos louros, e a sua esquerda um grupo de uns cinco semideuses com armaduras douradas e reluzentes. Pareciam estar ali para garantir a segurança caso nós não fossemos tão amigáveis. Imediatamente meu cérebro deduziu que se eles haviam resolvido baixar a guarda para nos receber, Percy tinha muito a ver com aquilo. Foi então que, em meio ao grupo que avistávamos ele surgiu seguido de outros dois semideuses. Estava bem, aparentemente saudável. Mas a cor de suas roupas e o estado de seu cabelo denunciavam que havia acabado de voltar de uma missão e lutado contra um gigante. Eu ainda não tinha certeza, mas podia apostar que Percy havia derrubado Polibotes.

Seus olhos buscaram os meus e eu enfim me perdi neles. Estava com medo de perder o controle e cair em prantos quando isso acontecesse. Mas só o que eu fiz foi sorrir em resposta ao sorriso dele enquanto meus olhos lacrimejavam. Dava pra sentir a enorme tensão entre nós e o quanto estávamos nos segurando para não correr de encontro ao outro no mesmo instante. Mas ambos sabíamos que essa não era a atitude mais inteligente a se adotar. Qualquer movimento em falso de nossa parte poderia dar motivos para que os romanos nos atacassem. Dava para notar que eles ainda não haviam engolido por completo a história de termos vindo em missão de paz e que ainda queríamos nos aliar a eles. Eu fiquei olhando Percy um longo tempo até reparar nos semideuses que vieram junto com ele. Provavelmente eram os mesmo semideuses que o acompanharam no resgate ao deus da morte. Fiz uma nota mental para me lembrar de agradecer a eles por manterem Percy vivo durante a missão.

- Saudações amigos romanos – disse Leo enfim. Eu tive que fazer força para não rir da forma como ele os cumprimentou – Como já puderam ouvir na mensagem que lhes enviamos, não estamos atrás de encrenca nem nada disso. Primeiro viemos destrocar os heróis perdidos. Como já devem ter reparado, Jason foi parar lá no acampamento meio-sangue enquanto Percy deu as caras por aqui. E a forma como os dois se comportaram prova que é possível sim uma convivência pacifica entre gregos e romanos.

Eu estava surpresa e um tanto quanto orgulhosa. Achei que Leo fosse meter os pés pelas mãos na hora de falar com os semideuses romanos, porém ele havia dado conta do recado. Usou as palavras adequadas e pareceu bastante confiante. Eu não teria feito melhor. Reyna parecia estar fazendo tanto esforço quanto eu para controlar suas emoções. Ela precisava se manter séria e impassível naquele momento, mas a presença de Jason ali em sua frente parecia afetá-la imensamente. Não pude deixar de me compadecer de sua situação. Percy, ao contrário, não parecia estar nenhum pouco preocupado em manter uma postura polida. Ele já havia piscado para mim e me lançado alguns sorrisos de tirar o folego. Eu estava quase tremendo de tanta ansiedade por ir até ele. Mordi o lábio inferior e lhe lancei um olhar de repreensão para que ele se comportasse. Tentei voltar a me focar em Leo e Reyna que ainda se encaravam de forma cautelosa.

- De fato tenho que reconhecer que Percy se portou muito bem com todos por aqui enquanto esteve em nossos domínios – concordou Reyna, ainda sem mudar sua expressão de seriedade – Mas além de trazerem Jason e buscarem Percy, ainda não ficou muito claro o que querem aqui. Uma coisa é darmos uma trégua e convivermos de forma pacífica, outra muito diferente é que nos aliemos a vocês para lutar contra Gaia. Se é o que pretendem, saibam que isso deverá ser muito bem discutido e que a decisão não dependerá só dos pretores, dependerá de todos os membros desse acampamento.

- Sabemos disso, Reyna – disse Leo sem se atentar ao fato de que a semideusa ainda não havia se apresentado. Pude ver um singelo brilho de satisfação nos olhos dela e logo imaginei que se devia ao fato de Jason ter lembrado dela e nos dito seu nome – E estamos de acordo com você. Essa aliança, se é que algum dia possa mesmo existir, deverá ser muito bem discutida. Não queremos impor nem forçar nada. Mas afinal temos o mesmo objetivo, derrotar Gaia e salvar o Olimpo novamente. Então creio que vale a pena um esforço de ambas as partes.

Uau! Eu estava realmente muito impressionada com Leo. Esperava que Jason fosse tomar a frente para falar tudo aquilo, mas o filho de Hefesto fez questão de tomar a palavra e estava se saindo muito bem. Pude ver nitidamente o olhar de Reyna se suavizar e ela caminhou alguns passos em nossa direção. Eu não via a hora de ela enfim nos cumprimentar e dar passe livre para seguir em frente. E no meu caso, chegar até Percy. Meus pés chegavam a formigar de nervosismo. Eu olhava Percy nesse momento e ele fez um gesto como se olhasse para um relógio invisível em seu pulso e depois colocou as mãos na cintura numa impaciência exagerada. Segurei o riso sem sucesso e alguns dos semideuses a minha volta me olharam com estranheza. Me recompus e tentei ficar séria enquanto Reyna estendia a mão para apertar a de Leo. Após o cumprimento todos pareciam instantaneamente mais relaxados.

Jason deu um passo a frente e abraçou Reyna calorosamente. Percebi o desconforto de Piper com a situação, mas ela foi brava e não expressou nenhuma reação. Reyna apertou a mão de todos com o leve sorriso. Mas antes que ela terminasse, a paciência do meu namorado pareceu terminar primeiro. Percy se adiantou e deixou para trás os outros semideuses que pareciam esperar uma confirmação da pretora para se aproximar. Ele andou até se posicionar ao lado da romana. Ela pareceu surpresa ao vê-lo ali, mas tampouco parecia contrariada com o gesto. Percy então deu um sorrisinho simpático aos três que estavam a frente e estendeu a mão na minha direção.

- Sem querer interromper, mas se me dão licença – sua mão agarrou a minha assim que eu a estendi para ele. E em menos de um segundo eu estava em seus braços.

A descarga de energia que meu corpo recebeu ao entrar em contato com o dele foi como ser atingida por dez raios ao mesmo tempo. E não aqueles raios comuns que a gente vê nas tempestades. Raios como o raio mestre de Zeus. A estática que pairava entre nós era quase palpável. Tinha tantas coisas que eu queria dizer a ele naquele momento. Mas simplesmente fiquei muda ao encarar seu rosto tão de perto. Era quase como se eu não quisesse acreditar que fosse real. Pisquei os olhos algumas vezes para me certificar de que não estava sonhando. Percy continuava com aquele brilho intenso e único nos olhos verdes que me faziam perder o ar. Quando ele adicionou um sorriso sincero e deslumbrante a sua expressão eu já não respondi por mim. Todo o resto a nossa volta desapareceu. Éramos só eu e ele. Seus lábios alcançaram os meus de forma gentil mais ao mesmo tempo urgente. Fechei os olhos e me entreguei àquela sensação.

Os braços de Percy envolviam minha cintura com força, me prendendo a ele. Minhas mãos iam de seu rosto para o seu cabelo em carícias sutis, mas intensas. Nos beijamos por mais alguns segundos até que fomos interrompidos pelo barulho de uma salva de palmas. E o som só conseguiu nos tirar do nosso profundo transe porque era realmente bem alto. Todos os semideuses gregos que ainda permaneciam a bordo o Argo II juntamente com os semideuses romanos que estavam ao nosso redor esperando nossa chegada. Alguns mais efusivos do que outros, porém todos batiam palmas. Continuei abraçada a Percy enquanto nós dois olhávamos ao redor um pouco constrangidos. Ao mesmo tempo sentia vontade de rir de nossa situação embaraçosa. Mas no momento eu não estava nenhum pouco preocupada com o que pensariam de mim. Não me desgrudaria de Percy tão cedo. Então enquanto a euforia geral ia passando eu voltei a me concentrar no meu namorado.

Ao mirar o rosto dele de novo me veio a mente tudo o que eu havia passado até ali. Todo o sofrimento, o desespero, o cansaço, o desgaste e o esforço que havia feito para encontra-lo. Eu esperava que fosse chorar por três dias seguidos quando enfim encontrasse Percy, mas o que eu estava sentindo naquele momento era raiva. Raiva de Hera por tê-lo afastado de mim. Raiva dele por ter ido se arriscar naquela missão idiota enquanto eu estava preocupada com ele. Raiva de mim mesma por ter demorado tanto a encontra-lo. Vi a testa de Percy se franzir ao perceber minha expressão mudando. Ele provavelmente estava esperando ver lágrimas em meus olhos ou então ao menos um sorriso de satisfação. Mas lá estava eu furiosa com o mundo. Me soltei de seu abraço e fiquei encarando-o com a respiração pesada.

- Oi – disse ele inseguro. Percy era o melhor em decifrar e lidar com o meu humor. Então ele sabia que devia ir com cuidado – Sentiu minha falta? – entretanto ele nunca deixava de fazer uma gracinha.

- Nunca mais faça isso! – falei num tom alto e alterado. Percy não ousou rir de mim nem ao menos me repreender por aquela atitude, ao contrário, ele parecia me entender perfeitamente. O filho de Poseidon concordou com a cabeça. Porém eu ainda não estava satisfeita, segurei-o pelo colarinho da blusa e o puxei na minha direção – Estou falando muito sério, cabeça de alga. Nunca mais faça isso comigo, nunca mais! Você entendeu?

- Sim senhora! Quer dizer... Sim, meu amor! – disse ele sério, ainda medindo meu temperamento. Eu sabia que ele estava rindo por dentro e não pude deixar de apreciar ao esforço que estava fazendo para se controlar.

Foi então que senti toda a raiva se dissolver dentro de mim. Ela foi substituída por um imenso alívio e uma contagiante vontade de rir. Não pude mais segurar um sorriso bobo que brotou em meus lábios. Continuei segurando Percy pela blusa e o puxei para beijá-lo de novo quando ele também voltou a sorrir. Depois eu o abracei, forte o suficiente para expressar toda a saudade que eu havia sentido. Fiquei assim com ele por algum tempo, não tenho certeza do quanto. Mas quando me dei conta, vi que havia outros rostos ao nosso redor, cheios de expectativa, outras pessoas que também estavam ansiosos para ver e falar com Percy. Relutei um pouco a me afastar dele, mas enfim resolvi dividir ele com os demais.

Os mais entusiasmados em reencontrar Percy, além de mim, foram os irmãos Stoll, Grover, Thalia, Chris e Clarisse, ainda que ela não deixasse transparecer muito. Também foi interessante assistir o encontro de Percy e Jason. Eles nunca haviam se visto antes na vida, mas pareciam já se conhecer. Ambos haviam ouvido falar muito um do outro nos últimos meses, afinal. Depois de alguns abraços, apertos de mão e tapinhas nas costas, enfim pude recuperar meu namorado de volta. Não hesitei nem um segundo em arrastá-lo dali para um lugar mais reservado e menos tumultuado. Depois eu me colocaria a par de como estava indo a interação entre gregos e romanos. O único lugar seguro e confiável para irmos naquele momento era de volta para dentro do navio. Então, com a desculpa de mostrar a Percy a nossa nova embarcação de guerra, eu o conduzi lá para dentro.

Claro que ele ainda teve que parar para cumprimentar algumas pessoas pelo caminho. Estava parecendo uma verdadeira celebridade. O que me irritava um pouco, ainda mais pelo fato de Percy parecer estar gostando muito de toda aquela atenção. Tentei ignorar o assédio principalmente das garotas em cima dele. Uma das pessoas que encontramos no caminho foi Dean. Ele parecia ter se esforçado para adiar o máximo possível seu encontro com Percy. Mas quando os apresentei ele agiu naturalmente, não deixando transparecer nenhum medo, nem mesmo nervosismo. Expliquei a Percy que pensávamos que Dean fosse ele quando o resgatamos. Contei brevemente sobre Matt, Chris e toda a história dos monstros mutantes. Percy pareceu achar a tudo muito interessante, e se eu não o tivesse cortado, ele provavelmente ficaria ali de conversa com Dean por mais um tempo. Voltei a puxá-lo navio adentro, enquanto íamos contra o fluxo de pessoas que queria desembarcar ou cumprimentar Percy.

Assim que encontrei uma brecha o puxei para o convés do navio e segui para o andar dos alojamentos. Parei em frente a uma das cabines e me certifiquei de que não havia ninguém por perto. Então coloquei os braços em volta do pescoço de Percy e aproximei meu rosto do dele para beijá-lo novamente. Dessa vez de forma mais intensa e desinibida já que não havia mais centenas de semideuses nos assistindo. O filho dos mares correspondeu prontamente ao beijo e levou as mãos as minhas costas, me apertando contra ele. Enterrei os dedos em seus cabelos e os puxei levemente enquanto nossos lábios e línguas permaneciam unidos. Quando enfim conseguimos nos separar, fui invadida por um imenso sentimento de culpa, e não demorou nada para que eu soubesse do que se tratava. Decidi que era melhor tirar aquele peso de minhas costas de uma vez.

- Percy, preciso te contar uma coisa – falei num tom baixo, ainda tomando coragem e rezando para todos os deuses possíveis, gregos e romanos, para que ele não ficasse muito bravo comigo.

- Pode contar – respondeu ele calmamente ainda com uma expressão tranquila. Sua boca ainda estava num tom mais avermelhado devido aos nossos recentes e intensos beijos. De alguma forma isso me fez sentir ainda pior com o que estava prestes a dizer.

- Enquanto você esteve desaparecido, aconteceu uma coisa... – fiz uma pausa para encontrar as palavras adequadas. Tentava ser o mais cautelosa possível para prever sua reação – Dean, aquele que encontramos agora há pouco, ele demonstrou um grande interesse por mim desde que o salvamos. A princípio achei que ele só estava grato pelo que fizemos por ele. Mas depois ele deixou claro que não queria só minha amizade...

- Espere. Está querendo dizer que aquele novato está afim de você? – seu tom subia aos poucos conforme ele ia constatando onde eu queria chegar. Percy segurou a respiração e seu rosto foi ficando vermelho – Annie, ele tentou alguma coisa com você?

- Percy, ele me beijou – soltei de forma direta e reta. Queria me livrar daquilo de uma vez. O rosto dele estava cada vez mais vermelho e eu via algumas gotas de suor brotando de sua testa. Tentei acalmá-lo antes que ele tivesse chance de responder – Mas foi só isso. Não significou nada pra mim. Eu não devia ter deixado que acontecesse. Estava vulnerável e confusa e ele acabou tirando proveito disso. Mas claro que a culpa não foi só dele. Eu devia tê-lo impedido...

- Vou arrancar a cabeça desse desgraçado – falou Percy num tom sombrio e sério. Ele olhava para o nada enquanto tentava controlar sua respiração – Vou mata-lo com as minhas próprias mãos!

E depois de dizer aquilo ele me deu as costas e saiu andando rápido de volta para o piso superior. Ele pisava forte e parecia decidido. Eu tive que correr para alcança-lo e me posicionar a sua frente. Segurei seus braços e fiz o máximo de força que pude para impedi-lo de prosseguir. Eu não teria conseguido detê-lo se ele ainda estivesse sob o efeito da maldição do Rio Estige. Mas ainda sim ele era mais forte do que eu. Não conseguiria segurá-lo por muito tempo. Então tive que apelar para o emocional. Eu tinha que fazê-lo entrar em razão, ou alguém sairia machucado. E quando digo alguém quero dizer Dean. Eu me preocupava com ele, mas me preocupava ainda mais com Percy. Se ele cometesse alguma loucura poderia acabar arrependido e malvisto.

- Percy, me escute – gritei para que ele me desse atenção enquanto segurava seu rosto entre minhas mãos. Ele ainda não olhava para mim e tentava me tirar do caminho para seguir em frente – Percy, por favor, se acalme! Você sabe que é única pessoa que eu amo. Nada vai mudar isso. Sei que está nervoso, mas precisa se controlar. Não quero que faça uma loucura!

- Mas isso não pode ficar assim – respondeu ele enfim notando minha presença. Ele não fazia mais força para se soltar de mim, porém seu rosto ainda estava tomado pela fúria – Então esse remendo de semideus beija minha namorada e vai ficar por isso mesmo? Tenho que dar uma lição dele.

- Para que? Isso não vai mudar o que aconteceu e não vai fazer você se sentir melhor! Acredite, Dean já aprendeu a lição. Ele sabe que não tem nenhuma chance comigo, eu já deixei isso bem claro. O que quer que você queira fazer com ele, não vai adiantar de nada. Por favor, se quer brigar com alguém, brigue comigo! Eu errei e admito. Mas peço que me perdoe e me entenda. Eu estou te contando isso exatamente porque quero ser sincera, não quero esconder nada de você. No fundo eu sei que acredita em mim – e para completar eu lhe dou um leve beijo nos lábios e instantaneamente sinto que ele se desarma. Seu corpo relaxa e toda a tensão desaparece. Ele então me abraça e enterra o rosto em meu cabelo.

- É claro que acredito. Sei que não faria nada para me magoar intencionalmente – ele ainda esta ofegante devido a mudança repentina em seu estado de espírito – Mas só de pensar que outra pessoa colocou as mãos em você... - ele faz uma pausa para respirar fundo – eu fico louco. Sinto que poderia derrubar cinco gigantes do tamanho de Polibotes de uma vez.

- Eu sei que poderia – digo com um sorriso na voz, afagando as suas costas e beijando seu ombro, ainda abraçada a ele – E isso é o suficiente para mim. Dean não o conhecia, por isso acho que se atreveu a se aproximar de mim. Porque mesmo enquanto você esteve fora eu sempre me senti segura sabendo que ninguém se meteria comigo. As vezes é bom ter um namorado com fama de esquentadinho e que por acaso é um excelente guerreiro – ri enquanto meu nariz passeava por seu pescoço e eu sentia seu cheiro tão familiar e tão reconfortante.

- É, tem razão! Você é uma garota de sorte – disse ele rindo junto comigo. Deixei de lado o comentário nada modesto dele. Preferi encerrar a nossa discussão e aproveitar o momento.

Eu ainda tinha muito o que aproveitar dele afinal. Acho que demoraria no mínimo uma semana para que eu matasse toda a saudade que senti. E depois de tanto tempo longe, seria difícil alguém conseguir me afastar dele. Estranhei o fato de ninguém ter vindo nos procurar ainda. Talvez eles tenham chegado a conclusão de que Percy e eu precisávamos de um tempo a sós. Agradeci aos deuses por isso. Não estava nem ai se íamos parecer mal educados por sumir daquele jeito. No momento minha vontade de estar com ele era maior do que vontade de ser educada. Nem sequer parei para pensar quando tive o ímpeto de puxar Percy para uma das cabines do navio. Só tive o cuidado de trancar bem a porta e fechar as cortinas para que ninguém interrompesse o que iriamos fazer lá. Meu rosto ficou vermelho quando constatei o quanto senti falta daquilo. Achei que fosse demorar para derreter todo aquele gelo que eu tinha acumulado nos últimos meses, mas Percy, como sempre, deu conta do recado.

***

Já estava escurecendo quando Percy e eu resolvemos sair de nossa toca e dar as caras no acampamento Júpiter. Tomamos o cuidado de nos arrumar e estar ao menos apresentáveis. Mesmo que isso não encobrisse completamente o motivo da nossa escapada. Passamos horas naquele navio. E ninguém foi louco o suficiente para tentar nos interromper. Percy, que parecia já conhecer bem os arredores, me conduziu até a réplica exata do Coliseu, de onde estavam vindo barulhos que indicavam que um grande aglomerado de semideuses estava reunido ali. Chegamos e nos misturamos em meio a multidão no que parecia ser uma grande festa. Logo avistamos o pessoal do acampamento meio-sangue que se reunia em um canto e pareciam muito satisfeitos enquanto bebiam e comiam juntos. Mas antes que fossemos até eles Percy indicou com a cabeça o lugar onde Reyna estava. Ela acenava para nós, pedindo para nos aproximarmos.

Um calafrio correu por minha espinha ao pensar o que ela queria conosco. Meu rosto ficou branco ao desconfiar que pudesse ter algo a ver com o nosso sumiço ou com o motivo dele. Será que seríamos repreendidos assim logo de cara? Não fazia nem um dia que havíamos chegado. Não pude deixar de me lembrar de Quíron tento que nos castigar no verão passado, devido a nossas travessuras. Um sorriso bobo tomou meus lábios ao lembrar daquilo. Parecia que havia passado uma eternidade desde aquele verão. Eu havia envelhecido vários anos nessa busca por Percy, mas apenas algumas horas com ele já tinham feito com que eu rejuvenescesse tudo de volta. Enfim chegamos até Reyna e para meu alívio, ela apenas queria nos informar que aliança entre romanos e gregos havia sido formada. O conselho fora unanime e a discussão muito produtiva, chegando enfim num consenso favorável a ambas as partes. Agora estava definido, lutaríamos ao lado dos romanos. Derrotaríamos Gaia e quem mais se colocasse em nosso caminho.

Aproveitamos os festejos ao máximo e colocamos todas as novidades em dia. Percy me apresentou seus novos amigos, Frank e Hazel que viajaram com ele para o Alasca na missão. Jason e Piper pareciam felizes juntos. Leo não desistia de tentar impressionar Thalia, que parecia se divertir a cada fora que dava no semideus. Drew e Travis, por incrível que pareça continuavam firmes e fortes com o namoro. Chris e Clarisse pareciam estar no auge de sua relação, e eu me perguntava quando iriam me convidar para ser madrinha do casamento. Com todos aqueles casais e semideuses apaixonados, eu não pude deixar de me contagiar. Mas o principal era que eu tinha em meus braços novamente a razão de tudo o que havia passado até ali. Esse garoto de cabelos castanhos e olhos verdes que dava sentido a tudo que eu fazia. No fim da noite quando estávamos para nos retirar e voltar a nossa cabine do amor, ele me contou sobre aquela vila que existia no acampamento Júpiter, onde semideuses mais velhos viviam e eram protegidos, podendo ter uma vida quase normal. A perspectiva de uma vida com Percy me fez sorrir e fechar os olhos. Logo eu já estava sonhando e planejando todo o nosso futuro juntos.

FIM


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Notas finais do capítulo

Obrigada de novo por lerem a fic! Deixem seus comentários, sugestões, criticas, recomendações. Tudo que vier é lucro rs...
E até a próxima ;)
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