Singin In The Rain escrita por Theambedo


Capítulo 1
Dança de tropeços felizes.




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"I'm singing in the rain...just singing in the rain...what glorious feeling...I'm happy again..."


Ele conseguia ouvir perfeitamente aquela música dentro de sua cabeça. Embora nunca fora de usar fones de ouvido ou escutar músicas quando saía  de casa, Arthur costumava lembrar da melodia e cantarolar quase que sussurrando enquanto esperava algo, como por exemplo,o sinal do trânsito. 
"I'm laughing at cloudsSo dark up aboveThe sun's in my heart"


Remexia seus lábios, as vezes fechava seus olhos com seus cílios genuinamente louros, combinando com aquele mar de esmeraldas tão cintilantes que era seus olhos. Alfred sempre elogiava o modo como ele mexia aquele globo quando lia algo. Era delicioso ver como ele parecia realmente se desconectar do mundo, embora o americano sempre viesse a estragar tudo aquilo com algo fútil.
Fútil? As vezes as desconcentrações eram ótimas. Um beijo surpresa no pescoço, talvez uma mordida inesperada na clavícula, quando está estava a mostra no verão. Embora Arthur sempre reclamasse, escondesse a pele avermelhada e o reprimisse a não fazer aquilo novamente, ele tinha que admitir que sentir os lábios molhados dele em sua pele o remetia a diversas sensações. Pontos erógenos ou não, ele na verdade nem atribuía aqueles arrepios a apenas impulsos nervosos, mas sim para uma sensação gostosa, a parte de qualquer explicação razoável. 
Que sensação gloriosa, não? Arthur gostava da chuva. Permaneceu longos anos aturando aquele clima londrino, e de fato nunca reclamou de segundas feiras chuvosas. Ao contrário dele, o fato de acordar cedo numa segunda feira e dirigir para o trabalho enquanto o trânsito quase sempre estressante lhe buzina no ouvido, o irritava. Era certo de que New York era tremendamente diferente de Londres (ou não?), com seus americanos obcecados, os copos gigantescos de café e aquela correria de quem sempre, irresponsavelmente, deixava as coisas para o final.  Além do mais, o que mais poderia fazer, se não contemplar o modo como eles mesmo condenavam-se uma Segunda-feira terrível? Alfred franzia o cenho e fazia bico quando Arthur lhe mostrava este ponto de vista, e aquilo divertia o britânico.
O que havia de melhor a fazer numa segunda-feira a tomar um bom chá no trabalho, num ambiente quieto e aconchegante. A música soaria ainda mais nítida, sem nada que interrompesse a atenção tão plausível do britânico. De fato seu cérebro ainda era infinitamente muito mais complexo e evoluído em alguns quesitos. 
Mas não teria como compará-lo, não é? Alfred era perito quando se tratava de tecnologia, games, arqueologia e aquele anti-pacífico hobbie de atirar. Armas nem eram tão inocentes assim, mas o mundo era feito de conflitos, e conflitos exigia armas, que precisavam de sangue para se tornarem úteis. Há também a astronomia, talento este que Arthur contemplava em silêncio. 
Alfred tinha uma espécie de casa nas montanhas que costumava ocupar quando suas férias vinham. Ele tinha uma enorme sala quieta e arejada, com três grandes janelas abertas para uma sacada igualmente grande, a qual ele posicionava o telescópio caríssimo de ultima geração para observar os astros naquela imensidão negra. 

Era quase poético o modo como ele explicava-lhe o que eram aqueles pontos cintilantes no sideral. Embora Arthur não tivesse tanto conhecimento quanto aquele mapa de complexas coisas, ele gostava de ouvir todo o entusiasmo que vinha da boca do americano. Gesticulava, as vezes sorria, lhe mostrava que havia descoberto algo realmente incrível, deixando seus olhos azuis brilharem mais ainda do que qualquer uma delas no céu. 

Arthur lembrou de quando trouxeram um travesseiro e uma coberta e dormiram até que então o céu se tornou claro e azul, trazendo nuvens ao invés de estrelas. Aquilo foi bom, e nem mesmo o britânico poderia lhe proporcionar tanta quietude e conforto num único dia. Ele sabia como disperdiçar seu tempo algumas vezes. 

Ele reabriu os olhos rapidamente quando uma buzina acabou com aquele breve momento. Desatento, o sinal havia mudado, e o verde indicava a irritação do motorista atrás de si. Rapidamente pediu-lhe desculpas mentalmente, e então pôs-se em direção a casa, naquele final de segunda-feira. 

Que grande imbecil. Por sua causa havia retirado sua atenção novamente. Não com um beijo ou com uma mordida, hora abraços dengosos, hora puxões violentos e súbitos. Estava de certa forma na pior das formas de retirar sua atenção. Invadindo sua mente, transformando todo o trabalho o qual memorizou e discutiu naquele dia em mero 'assunto desnecesário', além do mais, trabalho, para aquele malandro amante de praia e qualquer tipo de diversão, era mais uma piada torturosa que tinha de exercer durante sua vida. Tão longa. 

Ele estacionou o carro em sua garagem, naquela casa quieta e cercada de jardins e árvores naquele bairrozinho humilde proximo à cidade. Levou um pingo na ponta de seu nariz quando saiu do carro. Esfregou-o delicadamente e retirou as chaves do bolso do sobretudo bege. Não via a hora de retirar o cachecol e toda aquela armadura contra o fio e embarcar numa banheira de água quente. 

Assim que fechou a porta, deu um pulo para trás, jogando-se contra a mesma.

- ...O...O que diabos você está fazendo aqui?! 

Alfred deu um sorriso amarelado e colocou os braços para trás das costas.

- Eu queria---

- Já não bastou a loucura que você fez na última semana de férias?! Deus, Alfred, seu patrão vai acabar ligando pra mim em breve e eu vou ter que arcar com toda a consequencia do seu maldito jatinho particular e da sua estúpida personalidade livre. 

Alfred deu um passinho para trás, com as sobrancelhas arqueadas para cima e um olhar confuso e reprimido. 

- Sem falar no trabalho acumulado que você vai ter daqui a pouco! Depois reclama da Segunda, terça, quarta, quinta, a semana inteira, porque dia após dia tem mais papeladas pra resolver. Alfred! 

- Calma aí! Calma aí britânicosinho workholic! Eu pedi permissão e meu che---

- Permissão?! Isso que você chama de permissão?! Você não é um americano tão livre assim, Sr. Jones!, fugir não é nenhum tipo de PERMISSÃ---

As palavras iriam sair de sua boca impulsivamente aos montes se Alfred não tivesse o parado. Estavam quase a tocar a parede do corredor, a medida que o sermão dado do mais velho evoluía para uma análise profunda e refletiva sobre o dia-a-dia,trabalho, vida particular e sociedade daquela cultura americana tão confusa. O americano apenas abraçou-o pelo tronco, impossibilitanto os braços alheios de se moverem. Arthur parou, quieto, completamente estupefato.

- Como você se atreve a me calar...?

Ele parecia mortífero se Alfred não encarasse aquilo como uma brincadeira.

- I said, keep calm, workholic. Eu tenho a permissão do meu chefe. Depois do susto, eu posso sair quando eu quiser. Arranjam um substituto de New Jersey e eu estou menos atarefado. - Ele se afastou para observar o rosto alheio- E quem disse que reclamo de cada dia da semana?! Não ponha culpas sobre mim, Sr. Kirkland! 

O britânico estava corado e irritado. Ele sempre conseguia uma resposta a altura, inteligente e habilidosa, para parecer com que o mais velho fosse apenas um atarefado maluco por trabalho. Mordendo os próprios lábios, ele permaneceu quieto para não soltar nenhuma palavra suja desrespeitosa. Alfred foi o primeiro a notar toda a situação propriamente dita crítica do namorado.

- Não me bata ok? - Ele disse, lentamente retirando o cachecol alheio e ajeitando o cabelo bagunçado a criança a sua frente. - Eu não tenho cul---

- YOU GIT!

Ele gritou, abaixando a cabeça e dando inúmeros tapas no peito dele, escondendo toda a sua vergonha. Na verdade, esse era uma das melhores táticas do americano. Ele gostava daquilo, e odiava ao mesmo tempo. Não sabia se era mais saudável apresentar sua crítica construtiva quanto ao seu povo, ou se não aproveitar a presença dele ali e tentar submeter-se menos a todos os documentos os quais havia em sua pasta.

Duas horas haviam se passado e marcava as dez horas da noite. Arthur havia dado suas órdens à criança, e o video-game foi desligado as nove em ponto. Depois de um banho demorado, uma conversa jogada fora, e algum beijo súbito e delicioso, Arthur e Alfred caminharam para o quarto de casal, o único da casa o qual Arthur ocupava, embora boa parte do seu tempo era um 'solteiro solitário'.  Arthur a terminar de vestir seu pijama, e Alfred a observar como a rua formava pequenos rios de chuva que descia ladeira a baixo. A luminosidade do abajur novamente acariciava seus delicados olhos azuis, e proporcionava uma visão igualmente delicada sobre os olhos verdes alheios, os quais ele tanto amava.

Deu-lhe um beijo rapido, observando sua face, um pouco corada, mas menos frustrada do que antes.

- Vamos, eu preparei uma coisa pra você.

Arthur soltou um "Uh?" inconscientemente quando fora deixado para que Alfred se posicionasse no aparelho em cima da mesa do computador. Tocado a música, o rosto de Arthur se tornou confortável e impressionado. Rendeu-lhe um tempo para poder processar aquela mistura de instrumentos variados, aquela voz feliz, e a sensação gloriosa  de quem cantava. 

Alfred sussurrava junto da música, estendendo sua mão para uma dança de pijamas, de sorrisos, e de tropeços felizes.

"I'm singing in the rain
Just singin' in the rain
What a glorious feeling
I'm happy again
I'm laughing at clouds
So dark up above
The sun's in my heart
And I'm ready for love
Let the stormy clouds chase
Everyone from the place
Come on with the rain
I have a smile on my face
I walk down the lane
With a happy refrain
Just Singin', singin' in the rain
Dancing in the rain
I'm happy again
I'm singin' and dancin' in the rain
I'm dancin' and singin' in the rain." 



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Notas finais do capítulo

Tá chovendo, e está frio.
E eu estou com uma caneca de café, no escritório.
Reviews, por favor?



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