Pov Jason

Eu estava no meu quarto me arrumando para o segundo dia da escola, mas não estava conseguindo achar meus fones de ouvido. Minha mãe normalmente acorda no mesmo horário que eu para trabalhar, mas eu sempre pego carona com Annabeth ou Thalia. Como todo filho que não sabe onde estão suas coisas, eu fui atrás da minha mãe para perguntar se ela tinha visto meus fones.

Entrei em seu quarto, que era uma suíte, e ouvi o barulho do chuveiro do banheiro, ela estava tomando banho, quando ela sair eu pergunto. Já ia me virar para sair do quarto quando uma coisa chama minha atenção.

Há algum tempo atrás, quando estávamos mudando para essa casa eu vi minha mãe guardando algo quadrado de algum material cinza que parecia pesado dentro do seu closet, na primeira porta que sempre estava trancada. Eu tinha uns 9 para 10 anos e perguntei o que ela estava fazendo, ela ficou surpresa de eu estar ali e murmurou para si mesma algo como “pensei que ele estivesse lá fora”, então ela me falou que era um cofre sem importância e eu NUNCA devia abri-lo ou querer saber o que tinha lá.

Acabei deixando para lá, porque eu desafiava muito a minha mãe, esqueci daquilo, pelo menos eu achava até nesse momento. Na verdade eu estava meio encucado com aquilo e o que me chamou a atenção foi aquela maldita porta que estava meio aberta, dando de ver o brilho do cofre, ao lado da porta havia uma gaveta aberta.

Senti meu corpo tomado pela adrenalina, ainda dava de ouvir o chuveiro, comecei a me aproximar devagar da gaveta e recolhi uns papeis do chão, passei os olhos e uma informação pareceu saltar de um dos papéis como se dissesse: “Me leia! Eu sou importante”. No canto do papel tinha algo marcado a caneta, onde se lia uma combinação de 5 números de dois algarismos. Olhei para o cofre onde se pedia 5 números para a senha.

Fiquei meio nervoso, minha mãe tinha escondido esse cofre de mim durante anos, talvez durante minha vida toda, e agora eu podia saber o que de tão especial tinha lá dentro. De tanto nervosismo quando eu me virei para o cofre escorreguei em um papel caído no chão e bati o joelho na gaveta aberta e soltei um ganido.

– Jason? – ouvi a voz de minha mãe do banheiro – é você que está ai? – ela perguntou novamente meio receosa e preocupada.

Não pensei duas vezes peguei o papel e girei a fechadura de acordo com a senha no papel.

Clack.

Ah meu Deus o cofre abriu mesmo. Vasculhei tão rápido como nunca havia sido antes dentro do cofre. Ouvi o chuveiro desligar, vi alguns objetos, papeis, álbuns e enfiei a mão lá dentro pegando qualquer coisa e fechei o cofre ao mesmo tempo que sai correndo tentando não fazer barulho, quando sai de seu quarto e fechei a porta ouvi a porta do banheiro abrindo.

Ufa, foi por pouco. Olhei para o que tinha nas mãos, eram uma foto e uma carta.

A carta estava meio apagada pelo tempo, mas dava para saber quem havia escrito, era um homem chamado Zeus (que nome estranho pra se dar ao filho né? Meio antiquado e igual aquele deus mitológico, qual o problema da mãe dele?) , ele tinha escrito para minha mãe.

Na foto havia um homem, por mais que não estivesse sorrindo, seus olhos azuis brilhavam alegres e intensos, como um céu meio escuro. Tinha cabelos pretos estava vestido como se estivesse no trabalho. Não posso acreditar, acho que estou olhando para o meu pai! Eu nunca o conheci, minha mãe disse que ele nos abandonou e não era um bom exemplo para mim, mas nunca falou mais absolutamente nada a respeito dele.

Caminhei até meu quarto olhando a foto. Então ouço um barulho e minha mãe aparece do nada na minha porta. Pulei de susto e enfiei a foto e a carta na minha mochila que estava jogada na minha cama bem rápido para ela não ver o que era.

– AH! Oi, é... você viu meus fones? – perguntei nervoso.

– Não são aqueles? – ela apontou para um bolo de fios no tapete felpudo no chão do meu quarto. Avee as mães tem super poder para achar coisas ou super visão, eu juro que eles não estavam ali quando procurei.

– Valeu – peguei eles do chão, coloquei minha mochila nas costas e passei por ela para descer a escada.

– Espere – ela me puxou de volta pelos ombros – Jason, era você que estava no meu quarto agora?

Eu gelei na hora, mas uni as sobrancelhas como se estivesse confuso.

– Não, por quê?

– Ah, é que eu ouvi um barulho, tudo bem, devo ter imaginado ou algo caiu – ela pensou parecendo aliviada.

– OK, estou indo para escola, até.

Suspirei aliviado também enquanto descia a escada, quase que ela me descobriu.

Bom... hoje eu, Leo e Piper vamos com Thalia, pois Percy levará Annabeth (hmmm) e Luke vai com o carro dele agora que sabe o caminho.

Até chegar na casa de Thalia eu passava pela casa de Piper e de Leo, então resolvi já os esperar ali, já que tinha saído cedo para fugir da minha mãe. Thalia demora um século para ficar pronta. Acho que é porque ela dorme demais, então ainda tinha uns 20 minutos.

Eu sou vizinho de Leo e Piper mora na casa em frente a casa dele, então sentei na calçada na frente do jardim de Leo. Peguei meu celular e coloquei os fones recém-achados. Logo que fiz isso alguém sentou ao meu lado.

– Bom dia – Piper sorriu.

– Oi – sorri de volta – O que a faz chegar tão cedo? Pensei que meninas demorassem para se aprontar.

– Eu acordei cedo – ela deu de ombros – e você?

– Fiz algumas descobertas – também dei de ombros.

Ficamos um tempinho em silêncio até que notei que ainda estava ouvindo música e ela tava parada lá arrancando graminha da calçada. Tirei um fone.

– Quer ouvir também? – estendi o fone para ela.

Ela não respondeu só sorriu e colocou o fone no ouvido.

– Você curte Katy Perry? – ela perguntou surpresa quando ouviu a música.

– Hoje é aniversário dela – dei de ombros – ela merece ser ouvida.

Piper riu. Ficamos ali ouvindo a música e trocando algumas palavras durante uns 15 minutos até Leo aparecer atrás de nós sem percebermos.

– Ai Jason, assim eu fico com ciúme. Também quero dividir meu fone e ouvir música pertinho de você – Leo disse em um tom gay sentando ao meu lado.

Dei um tapa em Leo, mas não falei nada. Piper riu um pouco e retirou os fones.

– Acho melhor irmos – ela falou se levantando.

– É – guardei meu celular.

Caminhamos até a casa de Thalia e chegamos na hora que ela saia de casa. Ela nos cumprimentou de longe e abriu o carro com o controle. Eu entrei na frente e Piper e Leo sentaram atrás. Enquanto esperávamos Thalia chegar até o carro eu tirei a foto daquele homem da mochila.

– Eai pessoal – Thalia disse abrindo a porta e sentando no lado do motorista. Ela colocou a chave para ligar o carro, mas antes de fazê-lo olhou o papel na minha mão e deu um gritinho.

– Que foi? – perguntei.

–Quem é esse cara? – ela perguntou apontando.

– Não sei, nunca o vi. Mas... mas eu acho que ele é meu pai.

– Impossível, eu também acho que ele é meu pai.

Eu e Thalia nunca conhecemos nossos pais, eles nos abandonaram quando nascemos. Nossas mães se odeiam e odeiam também os filhos delas, mas sempre fomos amigos de boa. Nossos sobrenomes são Grace e alguns acham que a forma que falamos e agimos por mais que seja distinta é de certa forma parecida. To entendendo mais nada nessa porra, perae.

Ficamos nos encarando por um tempo.

– Não, não pode ser – eu disse – você disse que não sabe como é seu pai.

– Eu sei, mas essa foto me deu uma nostalgia, como se eu lembrasse desse rosto. Acho que tenho uma vaga lembrança dele Jason, porque foi um trauma.

– Vamos resolver isso depois da escola ok? Não quero pensar agora – eu disse encostando a cabeça no banco.

Ela assentiu e ligou o carro. Percebi que Piper e Leo nem prestaram atenção na nossa pequena confusão, eles estavam ocupados demais discutindo sobre o horário deles, hoje era o dia que teríamos aquelas duas aulas juntos e uma delas seria a primeira.