4. Rejeição - Abandono (by DnBraz)

Marks mandou o bom censo para as favas, queria Wes, precisava daquele irritante só para ele. Wes perdeu seu raciocínio sentindo a língua do outro na sua, aquilo era melhor do que qualquer coisa que já provara, sentimentos transbordavam e cada vez mais eles aprofundavam o beijo de modo lascivo, urgente.

O maior esta provando o melhor dos deleites, ele já havia roubado aquela boca uma vez, mas nada se comparava a ser correspondido, e agora ele queria mais e com certeza ele não ia deixar o loiro escapar.

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As línguas dançavam experimentando-se.

Naquele instante nada importava, eles apenas saboreavam a experiência que seus corpos tanto desejaram.

Travis segurava Wes... Agarrava é uma melhor forma de descrever, aquele loiro estava entorpecendo seus sentidos, ele o queria demais. O moreno nunca havia se sentido assim; tantas emoções, tanta excitação, tanta necessidade por alguém.

Não era apenas uma atração, transa, era necessidade de amar, de demonstrar que não era um desejo momentâneo, de dar prazer para a pessoa que ele amava e pela primeira vez se entregar totalmente, corpo, mente e coração.

Wes estava totalmente entregue, o loiro nunca sentiu tanto desejo por alguém, ele nunca imaginou que aqueles tipos de sensações existiam, e era tão bom prová-las.
Wes queria, não podia se conter... Poderia deixar Travis fazer o que bem entendesse, usar seu corpo de todas as formas possíveis. Sem pudor. Apenas não ser ele por uma noite, não pensar, não querer discernir o certo do errado.

Porém as coisas não funcionam assim e por um segundo a razão prevaleceu. Isso foi o suficiente para Wes tomar consciência do que estava acontecendo. Ele precisava resistir, tinha que parar, mas o menor não conseguia forças para repelir o moreno que o beijava ardentemente e distribuía carícias em sua nuca, milhares de arrepios atingiam seu corpo e a única resposta que ele dava era corresponder mais e mais.

– Travis... Não... - tentou o loiro.

Dizer essas palavras de forma rouca, fraca e sem fôlego... O menor só conseguia torturar a sanidade do moreno.

– Wes... Eu já disse que você não é nada convincente.

– Pare... eu disse... parar... me sol... ta...

– Não faz isso comigo - disse o maior sedutoramente, subindo suas mãos pelo loiro, levantando a camisa do mesmo e encostando seu corpo na pele do menor.

Wes tinha que terminar com isso!

– NÃOO!! - gritou Mitchel empurrando Travis.

O distanciamento brusco deixou o moreno angustiado, e a expressão na face de Wes não era o que ele esperava.

– O que pensa que está fazendo?! Enlouqueceu? - exclamou o loiro.

– Então nos dois enlouquecemos. Não estava fazendo tudo sozinho.

– Cala a boca!

Wes estava tremulo, a adrenalina e a excitação transbordavam em suas veias, mas o loiro não queria se iludir, Travis não o amava, não podia se enganar e ter todos os prazeres do universo em uma noite e passar dias juntando cacos de uma decepção, ou pior, fingir que nada aconteceu e continuar a relação cotidiana.

Ele sabia muito bem como o moreno lidava com seus relacionamentos, além do mais desde quando Marks gostava de homens? Desde quando ele próprio se interessava por este gênero?

O silêncio se fez presente.

– Wes...? - o moreno queria alguma resposta do loiro, não sabia o que fazer, o silencio o sufocava. Ver Wes indignado, desesperado e com... Raiva? Raiva?! O maior não entendia, será que o loiro não o amava? Será que ele confundiu tudo?

Esses pensamentos atormentaram Travis, mas logo ele lembrou do beijo, da necessidade, o modo como foi correspondido.

Não, Wes certamente sentia algo por ele, tinha que sentir.

– Porque fez isso? - perguntou o menor meio atônico.

– Simples, Eu gosto de você. - respondeu calmo, sereno e tentando transparecer a verdade de seus sentimentos.

O loiro começou a rir freneticamente, olhando irônico para o moreno.

– Dessa vez você se superou Travis, admito.

– Não acredita em mim? - “Por favor Wes, não faça isso comigo, não me olhe assim.”

– Que foi? Já pegou todas as mulheres do Departamento e não tem mais ninguém para você se aventurar? - “ Não vou deixar você me fazer de tolo.”

Travis sentiu seu peito estraçalhar, não sabia como explicar, aquela frase o imobilizou. Wes se sentia mal, mas o moreno merecia aquelas palavras.

– O que foi? Responde!! Está tão carente ao ponto de querer levar até eu para a cama?! - “ Não vou ser mais um na sua lista.”

– Você não entendeu ... - o moreno não ia deixar ele pensar que estava querendo usá-lo, com Wes é diferente, é de verdade.

– Quem não entendeu foi você, não vai conseguir nada de mim usando seus truques e seu chame, Nunca vou... - o loiro foi interrompido.

– EU TE AMO SEU IDIOTA! Me escuta e para de pensar merda. - “Eu preciso fazer você entender!”

Wes se assustou, “Me ama? Ele me ama? Mentiroso.”

– Isso é terrível, até para você! Brincar com uma coisa dessas. Fazer piada disso não tem graça Marks! - o loiro estava exaltado, queria que Travis sumisse da sua frente.

– Mas não é mentira, eu realmente te amo, eu quero você para mim! Não estou brincando, não é apenas atração ou mero capricho, eu realmente me apaixonei por você. - o moreno tentou se aproximar de Wes.

– Fique onde está, não chegue perto! - Aquelas palavras mexiam com Wes, mas ele não conseguia acreditar. - Eu vou embora.

– Você não vai embora, você vai me escutar! - disse o maior bloqueando a porta.

– Não tenho nada para escutar.

– Então logicamente você vai fugir? Você sempre faz isso para não admitir o que sente de verdade.

– Desde quando sabe o que sinto?

– Não sei, mas uma coisa é certa, você gostou de me sentir perto de você! Aqui e no dia em que você ficou doente. Vai negar?

– O que adianta tudo isso Travis? Pra que tudo isso? Você não consegue se prender a ninguém, não leva serio nenhum tipo de relacionamento, tudo é na base da gozação. Quer mesmo que eu aceite o que está dizendo?

– Eu sei de tudo isso, mas...

– Desculpe, mas não há como acreditar, você não consegue isso Travis, é a sua proteção não se envolver.

– Sim, é o meu muro não me entregar para não sofrer, mas isso não adiantou nada, não tive controle dos meus sentimentos e me apaixonei sem perceber. - o moreno olhava seriamente para o loiro - Você fala de mim, mas pelo menos eu estou aqui, revelando o que sinto, e isso não é algo que eu faria, certo? E você, o que faz? Se esconde na sua bolha, igual a mim.

– O que? Claro que não.

– ADMITE! Quando você percebeu que me amava, escondia tudo, freava tudo e tentou se enganar prendendo-se a Alex. Você não a ama, você a usa para esconder de si mesmo a verdade. Nossa, que hipócrita você.

– Parabéns, então somos dois. Já que você afirma com toda convicção eu também tenho uma teoria. Você confundiu tudo, só acha que gosta de mim, porque sou a única pessoa que você convive e que atura por tanto tempo. Vamos lá Travis! Assuma que você se enganou.

– Tentando jogar o feitiço contra mim Mitchel? Nesse jogo sou melhor que você!

– Hum... Será que você ficou carente? Cansou do hobbie e quis se apegar em alguém? - o loiro riu - E como eu estou mais perto, fui a sua vitima?

– Vitima? - o moreno estava perdendo a sua calma.

– Sim, errei! Eu acho que você foi a sua própria vitima, será que se iludiu Travis? Hum... Obvio que SIM.

“Você não vai me confundir Wes”, pensou o moreno enquanto o loiro continuava a falar.

– Assim que você conseguisse o que acha que quer, iria se dar conta. Mas isso não vai acontecer.

– Nossa, agora um jogando contra o outro, eu percebo o quanto você se esforça para dissimular que realmente gosta de mim. Maravilha! - o moreno riu gostoso, esta realmente alegre.

Wes estava impaciente, aquele cara realmente conseguia deixá-lo perturbado.

– Eu vou mostrar para você o quanto me ama! - falou Marks - Na verdade eu nem preciso mostrar, você vai ter que se conformar sozinho.

– Espere sentado por isso, porque não vai me convencer. - disse o menor indignado, virando-se e indo em direção a porta, não ia ouvir mais nenhuma explicação, ou tentativa de sedução do moreno.

O loiro se descuidou e Travis o agarrou por trás, o moreno começou a sussurrar.

– Eu não preciso fazer isso. Eu já convenci o seu corpo, a sua boca, e você não vai mais conseguir ficar sem mim, mesmo que queira! - os lábios do moreno roçavam levemente na pele de Wes indo em toda extensão do pescoço. - Mas não se preocupe, eu sou paciente para ter aquilo que quero.

O loiro tentava se soltar, mas o moreno era mais forte e estava prendendo os braços do menor no abraço, e quanto mais ele resistia mais Travis apertava seu corpo contra o dele.

– É uma pena que você seja tão teimoso, poderíamos resolver isso aqui e agora - o maior usava seu corpo para provocar o menor. Wes não queria cair na armadilha, tentava levar seus pensamentos para outro lugar, não queria sucumbir. E o moreno continuou provocando com gestos e palavras.

– Não importa se demorar, o resultado vai ser o mesmo. A única diferença é que já poderíamos estar aproveitando...Não é? - o moreno sentia Wes sem forças, e um sorriso malicioso se formou. - Mas depois recompensamos o tempo perdido. Eu prometo.

– Você é doente. Me solta agora!

– Mas é claro - disse Travis irônico, soltando Wes e ficando frente a frente com o menor.

Com um sorriso sugestivo ele foi se aproximando, ficando a centímetros do loiro, as respirações se misturavam e Wes podia sentir o hálito de Travis, o perfume, parecia que existia um imã puxando ele em direção ao maior.

Sedutoramente Travis disse - sinta-se a vontade - o maior desafiava o loiro a cair na tentação, os lábios a milímetros de distancia, uma distancia que poderia acabar facilmente. O moreno não ia fazer isso, ele queria que Wes se curvasse para o desejo e se desse conta de uma vez do óbvio.

Wes juntando sua força racional, afastou Travis indo em direção a porta.

– Eu não sou idiota Travis, não vou fazer parte da sua coleção de “casinhos”.

Foi a última coisa que o loiro disse antes se sair, Travis se sentiu cansado, porém satisfeito, agora sabia que o outro tinha fortes sentimentos por ele e que seria questão de tempo para poderem ficar juntos sem empecilhos.

– Bem... Até que não foi tão ruim como eu esperava. - disse sozinho.

O sorriso brincalhão não saia do rosto do maior, estava tão contente.

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Travis estava preocupado, Wes não aparecia no Departamento. O capitão informou que o loiro tinha pedido licença de alguns dias. O moreno estava tão ocupado com os casos, teve que terminar tudo sozinho, cuidar da burocracia, arquivar.

Tudo era mais difícil quando seus pensamentos só se dirigiam para um loiro estúpido. Os dias sem a presença dele deixavam as coisas sem cor, ele não tinha nem vontade de fazer piada, ou seja, a coisa estava grave, porém não transparecia externamente isso. Afinal ele era Travis Marks.

O moreno ligou para ele, deixou alguns recados e não teve retorno.

Ele também foi no seu hotel, mas descobriu que ele havia fechado a conta na mesma noite do jantar.

“Onde você está seu idiota. Aparece porque não adianta, eu vou te achar”

Passou alguns dias, e nada do loiro.

– Ei Travis? Está no mundo da lua?

– Oi?

–Ei! O Capitão está te chamando na sala dele! Acorda.

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Travis corria com a moto, não via nada a sua frente, apenas corria e corria.

Parou em frente a casa de Alex. Se existia alguém que poderia saber o porque, era ela.

O moreno se corroía, “Porque Wes?”

“Todo mundo tem direito a uma explicação, todo mundo tem direito de defesa, e porque você não me deixa brecha?”

O moreno desceu da moto indo rumo a casa a firmes passos, precisava se recompor, estar na sua posse natural. Só ia fazer uma pergunta.

Passou pela fachada da casa, quando ia bater na porta viu o que não precisava. Seu coração se apertou, tudo estava girando, ele saiu atordoado, sem olhar para trás.

“Não!”

Travis chegou em casa, sua mente se repulsava, porque ele se envolveu demais e acabou levando um tombo, caiu de cara na lama.

Ele nem sabia descrever o que sentia.

Ele sempre se divertiu com os outros, nunca de comprometeu, sempre quis se afastar daquilo que ele mais temia.

O Capitão o informou que Wes saiu do Departamento de Homicídios, que ele tinha voltado a exercer direito. Aquela noticia foi uma bomba.

Depois descobrir que Wes tinha voltado para Alex.

Wes não o amava.

Rejeição.

Abandono.

Sofrer.