A Mansão Subterrânea escrita por Justine


Capítulo 1
Hora de fazer as malas... E esquecer!




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Luísa havia acabado de arrumar a sua mala de viagem, e se preparava para dormir, se é que conseguiria. Quando recebeu o convite de seu amigo Pedro para passar o curto recesso de junho na fazenda recém-comprada pelo avô Augusto, ela viu a oportunidade de fugir do clima ruim que imperava em sua casa - uma mansão localizada num bairro de classe A de Salvador. Férias numa cidadezinha do interior pareciam perfeitas para esquecer os problemas do dia-a-dia, embora seja realmente estranho dizer que uma garota jovem e simpática, de apenas dezesseis anos, filha de um riquíssimo empresário, tivesse problemas. Mas Luísa tinha, e para provar isso não era preciso argumentar muito: bastava lembrar a discussão que tivera com a mãe pela manhã. 

- Não entendo você, Luísa, disse dona Carla. Poderia escolher um lugar melhor para passar as férias. Paris, Alemanha, Inglaterra... Mas você tinha que viajar para o mato, não é verdade?

- Quem não lhe entende sou eu, minha doce mãezinha, retrucou Luísa, sarcástica. Caso você ainda não tenha entendido, eu vou explicar melhor: eu vou passar meu recesso de junho em companhia de Pedro, do avô dele, o seu Augusto e de alguns amigos nossos, que também representam as maiores fortunas da cidade, em uma fazenda grande, cara e luxuosa. Não é você mesma que vive dizendo que eu nasci em berço de ouro e como tal, devo estar sempre cercada de luxo e riquezas?

- Poderia escolher um lugar mais requintado e distante. Um país da Europa, por exemplo, respondeu Carla, dando de ombros.

- Um lugar mais distante? Que tipo de mãe é você, que quer ver sua filha em um lugar bem longe, enquanto fica aqui, no Brasil, sem ao menos ligar para saber se fiz boa viagem? Um momento! Espera, já entendi tudo! Como não percebi antes? Meu pai está viajando, para variar. Eu viajo para um lugar bem longe e você pode ficar sossegada, com o seu amante, não é?

- Olhe aqui, Luísa, nós já conversamos sobre isso. Eu já te falei que preciso de um companheiro. Veja bem, querida, minha relação com seu pai está cada vez mais difícil...

- Então por que não se separa dele, mamãe? Ah, desculpa! Esqueci que você só se casou com o meu pai por dinheiro, não é?

- Luísa, escuta...

- Escutar o que, dona Carla? Que você gasta toda a nossa fortuna com presentinhos e mimos para aquele gigolô? Deveria tomar vergonha! Olha, pra mim já chega. Já conversamos sobre isso e aliás já te prometi que não contarei do seu amante, que se bem me lembro é uns dezoito anos mais jovem que você. Mas não pense que não falei nada por pena. É que papai não merece saber. Ele é outro infiel!

Dizendo isso, Luísa subiu as escadas e trancou-se em seu quarto, deixando Carla, uma mulher de cabelos tingidos de loiro, bonita e encorpada, no auge de seus 38 anos, suspirando no meio da sala de estar. Era hora de esquecer um pouco os problemas. Era hora de fazer as malas e deixar que os quinze dias de recesso escolar acalmassem mais os seus ânimos.


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