"Tudo que sonhei um dia encontrar está resumido em uma só palavra: VOCÊ"

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– Quando for a minha casa conversamos. – diz ela animada. Será que ela viu algo?

– Não tem nada pra falar Marcela, que coisa. - Me aborreço. Ela dá uma risadinha enquanto eu saio da sala.

Fico sentada na mesa que tinha do lado de fora da sala, era a mesa dos inspetores, mas não tinha ninguém lá. O intervalo acaba e todos sobem para suas devidas salas. Adentro a sala e vejo o Edu na mesma posição de antes, olho para os lados e não avisto Marcela, então resolvo falar com ele.

– Edu? – nada. – Edu... – ele levanta a cabeça lentamente. – Está tudo bem? – ele respira fundo e gesticula em sinal de sim com a cabeça. – Por que está de cabeça baixa então? – ele me olha e diz:

– Por nada, só... – ele ia falar mais alguma coisa, mas Marcela adentra a sala e ele torna a posição anterior. Fico preocupada nunca o vi assim, é como se o conhecesse há anos, o que é pura mentira já que só o conheço há alguns dias. Marcela nos olha ainda desconfiada, mas prefere guardar suas perguntas para depois. Passam-se os dois últimos tempos. Edu é o primeiro a sair de sala, mas antes de sair ele dá mais uma olhada para mim, ele dá um suspiro, abaixa a cabeça e sai. Nós saímos logo depois. Chego à casa de Marcela e ela me arrasta até seu quarto.

– Conta tudo! – diz ela empolgada com nada.

– Não rolou nada. – digo tentando faze-la acreditar.

– Não tinha falado que tinha rolado alguma coisa! Há! Você se assumiu sozinha. Conta! – diz ela com um sorriso de orelha a orelha.

– Não consigo esconder algo de você né? – digo olhando para o lado e vermelha de vergonha.

– Não, agora conta! – diz ela me apressando. Mas será possível? Nunca consigo esconder algo dela.

– Eu cheguei à sala e ele estava lá, aí ele falou alguma coisa engraçada, ah, sei lá Marcela. Não rolou nada de mais. – digo me arrependendo de ter começado a contar.

– Tá, não quer contar não conta. – diz ela fingindo de desinteressada. “Aff” ela me conhece tão bem a ponto de saber que o único jeito de me fazer falar é não se interessar.

– Marcela... – falo envergonhada, pois a pergunta que eu iria fazer era meio que muito pessoal para mim. – O que uma pessoa pretende fazer quando se aproxima de sua boca, tipo uma pessoa te olha e se aproxima devagar olhando para você e para sua boca? – ela me olha incrédula.

– Que eu saiba a pessoa está tentando te beijar. – diz ela boquiaberta. – Ele tentou te beijar? – pergunta ainda incrédula.

– E-e isso é-é rui-im? – Será que ele tentou mesmo me beijar? O primeiro beijo da minha vida seria com ele?

– É muito bom – diz ela com um sorriso de orelha a orelha. - Mas o que aconteceu amiga? Ele tentou te beijar?

– E-eu n-não sei! – digo não podendo conter o sorriso.

– Então fala como foi para que eu possa falar se ele tentou ou não. – diz ela me incentivando. – Mas antes relaxa! Você está nervosa, respira amiga. – diz ela mais empolgada que eu. Respiro fundo e procuro me controlar.

– Quando estávamos na sala ele me elogiou e o-os nossos olhos se encontraram e-e ele olhava, ora para meus olhos, ora para minha boca e-e foi se aproximando devagarzinho, mas ai e-ele virou o rosto e disse baixinho “não sei o que está acontecendo comigo”. – ela fica boquiaberta. O que será que é? De repente ela solta um gritinho baixo onde só quem estava no quarto pode ouvir.

– Ele ia te beijar. – Diz ela animada.

– Ia? – digo animada também.

– Sim! Ai que lindo. – não pude conter o sorriso de alegria.

– Vou ter que ir. Tenho que ir pra casa.

– Estudar? – diz ela com deboche.

– Não, vou tomar banho e dormir, é muita informação para uma pessoa só. – Eu e ela gargalhamos e depois fui embora.

Chego a casa e ninguém estava lá, será que abandonaram a casa? Brinco comigo mesma. Vou para o banheiro de meu quarto, tiro minhas roupas e entro no Box. Ligo o chuveiro e deixo-a escorrer pelo meu corpo. Lembro-me do momento em quem quase nos “beijamos”, ainda tenho minhas dúvidas se ele ia mesmo me beijar, uma garota estranha como eu, sem atrativos nenhum, sem decotes, sem o corpo perfeito... Se for mesmo verdade, o que será que ele viu em mim? Não passo de uma nerd. Meus pensamentos eram muitos, muitas perguntas sem respostas, muita informação para uma pessoa só. Como deve ser o beijo dele? Lembro-me da boca carnuda, do corpo atlético, da voz que tocou meu ouvido, daquele sorriso. Ah, sim! Aquele sorriso que faz com que meu coração acelere, que faz minha respiração ficar lenta, com que minha vida fizesse mais sentido. Milhões de pensamentos. Tento apagar eles, mas não consigo. Tomo meu banho ainda com dúvidas do que realmente rolou. E se ele estiver me iludindo? E se não fosse uma tentativa de beijo? Desligo o chuveiro e boto meu pijama. O pijama que sempre uso é uma lingerie preta com um laço rosa. Deito em minha cama com os cabelos ainda molhados. Depois de tantos pensamentos girando em minha mente adormeço.