"Não importa se é perto ou longe, o que importa é que você existe, para que eu possa sentir sua falta"

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Pov. Thiago

Thiago entra logo em seguida, dá uma olhada ao redor e por fim fita Gabriela, ele pensa: “O que será que aconteceu com a minha priminha? Antes ela era tão comunicativa, tão participativa... Ainda me lembro do ultimo dia em que falei com ela”.

Flash back on:

Gabriela e eu éramos pequenos, ela tinha 6 anos e eu 8, nós éramos muitos unidos, melhores amigos. Eu e minha mãe morávamos na casa de Mercedes a favor, pois não tínhamos condições financeiras para comprarmos nossa casa própria. Mercedes e minha mãe eram muito amigas, irmãs nos dois sentidos, andavam, conversavam e se divertiam juntas como eu e Gabi. Mercedes é a minha tia, porém, por algum motivo não consigo chama-la de tia.

Em uma tarde de domingo, Gabi e eu brincávamos de pique esconde no quintal de casa quando minha mãe me chamou com uma voz raivosa, nós corremos para dentro de casa e minha mãe com os olhos cheios de lágrimas fala:

– Arrume suas coisas agora!

– Mas por que mãe? O que eu fiz? – respondo sem nada entender.

– JÁ MANDEI ARRUMAR AS COISAS. ANDA LOGO! ESTOU MANDANDO! – grita minha mãe já levantando a mão para me dar um tapa. Corro rapidamente ao quarto e cato meus brinquedos, sem se quer entender qual era a ordem direito. Minha mãe abre a porta do quarto e diz:

– Moleque imprestável já disse para arrumar suas coisas, nós vamos embora dessa casa! Você não ouve o que eu falo? – meus olhos se encheram de lágrimas, como assim ir embora? Por que, que nós vamos embora? E nunca mais ver a Gabriela? Sou acordado de meus pensamentos com um tapa no rosto – O que está esperando para arrumar suas coisas? Hum? Um convite especial? Já disse para me obedecer. – diz ela com uma voz ameaçadora. Levanto-me rápido e em prantos lhe respondo com palavras que jamais saíram de minha boca.

– EU TE ODEIO! - grito com toda a força de minha voz até faltar-me ar. Corro em direção a Gabriela e a abraço, ainda chorando, enquanto minha mãe ficou sentada na cama deixando escapar algumas lágrimas silenciosas.

No abraço com Gabi derramei mais lágrimas. A hipótese de não falar mais com ela era totalmente descartada, quando minha mãe falou que iríamos embora meu chão caiu, não consegui segurar minhas lágrimas, era como se um vazio tomasse conta de mim. Desfazendo-me do abraço, ela seca minhas lágrimas com suas pequenas mãos e diz:

– Não importa se você vai embora, eu vou te levar sempre no coração priminho. – ela me dá um beijinho no meu rosto e me puxa para o quarto onde estava a minha mãe. – Eu vou te ajudar a fazer as malas – disse já pegando uma blusa minha para dobrar, minha mãe nos olha atentamente não entendo o porquê até hoje. Após arrumarmos minha mala Gabi abre seu armário e pega seu ursinho de pelúcia favorito, o abraça diz para mim. – Quero que leve com você o Ursolino, para lembrar-se de mim. – estende o urso em minha direção e eu pego. – Não considere isso como um adeus primo, considere isso como uma viagem e que logo, logo voltará. – disse enquanto olhava minha mãe. – Dona Cecília, por que vocês vão embora? E por que a senhora está chorando? – disse ela enquanto chegava perto dela. Minha mãe derrama mais umas lágrimas e diz:

– Você ainda é muito pequena para entender isto, por enquanto só lhe respondo que jamais vamos te esquecer. – ela dá um beijo na testa de Gabi e diz para mim. – Vamos filho? – diz pegando a mala em cima da cama e levantando do mesmo. Apenas gesticulo com a cabeça em sinal de sim e viro em direção á porta de cabeça baixa.

Flash back off.