A Última Chance escrita por BailarinaDePorcelana


Capítulo 30
Parte I - Capítulo 30 - Pranto


Notas iniciais do capítulo

Me desculpem pela demora, mas é que eu não sabia como escrever esse capitulo. E ainda acho que poderia ter sido melhor escrito, mas ainda sim espero que gostem *w*

Entãããão... VAMO COMEEEEEEEEGO!

(Ta, parey .-.)



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Capitulo 30

Pranto

Meu desespero crescia a cada segundo, enquanto o homem apertava meu corpo contra o seu. Por estar de costas não podia ver seu rosto, mas sua voz era terrivelmente conhecida.

– Sentiu minha falta, princesa? – ele riu em minha orelha, me fazendo sentir seu hálito quente em minha nuca – Só com o fim do mundo mesmo para nos vermos novamente, não é?

Engoli em seco, tentando lembrar de onde conhecia aquela voz; talvez explicasse o porque dela me dar calafrios e tinha um péssima pressentimento. Não que precisasse de mais do que sua mão tapando minha boca e outra prendendo meus braços junto ao corpo.

– Quem é você? – perguntei, mas minha voz saiu tão baixa por minha boca estar tampada que pensei que não tivesse escutado.

– Ah, qual é, Valentine? Vai dizer que não se lembra do amor da sua vida?

Meu coração parou por um segundo e minhas pernas tremeram. Só uma pessoa que eu conhecia se intitularia como sendo “o amor da minha vida”. E isso não me agradou nem um pouco.

– Chaz?

– Acertou em cheio, gata.

Ele tirou a mão da minha boca e me virou de frente para ele, mas meu corpo ainda tava colado ao dele. Tentei dar um passo para trás, mas seu braço apertou-me firmemente, e com a outra mão e ele afastou meus cabelos que caiam por meus ombros.

– Wow. Não me lembrava que era tão... Bonita. – ele parou por um momento, deixando óbvio que não era exatamente o que queria dizer.

– O que está fazendo aqui? – perguntei, um nó se formando em minha garganta.

– Também estou muito feliz por te ver. – ele sorriu, os olhos negros exalando uma selvageria que me assustava.

– Eu não estou feliz por te ver. – engoli em seco enquanto minhas mãos trêmulas acusavam meu nervosismo e medo.

– Vai dizer que não sente saudade dos velhos tempos? – Chaz riu baixo e se abaixou um pouco colocando os lábios em minha orelha – Vai dizer que não sente falta de como eu fazia você se arrepiar inteira?

Eu me arrepiei de verdade, mas não de prazer, como antigamente. Dessa vez era de receio e repulsa. Ele deu alguns passos me arrastando junto, nunca deixando nossos corpos afastados mais que cinco centímetros, até sentir uma das prateleiras se chocar um pouco violentamente com minhas costas. Teria caído se não fosse por Chaz estar segurando minha cintura.

– Ah, vamos lá, Lia. Eu sei que também quer isso. Relembrar os velhos tempos. – falou enquanto passava os lábios por meu pescoço – E devo dizer que agora está ainda mais atraente. Estou louco pra te ver sem todas essas roupas.

De repente tudo parecia quente demais e eu não conseguia respirar. Tentei soltar meus braços, mas Chaz era mais forte. Bem mais forte. Contive minhas lágrimas de desespero para que ele não visse e pensei numa maneira de sair dali. Sendo bem mais forte que eu, nunca conseguiria me soltar á força, se gritasse por Daryl ou Reed atrairia zumbis e colocaria a vida de todos em risco. Só me restava uma alternativa. Ceder.

Aproximei meus lábios aos de Chaz e passei uma mão por sua nuca. Aproveitando que estava distraído com meu consentimento, inverti nossas posições e o empurrei para a prateleira. Dei um sorriso malicioso e Chaz imitou meu gesto, e nesse momento dei um chute em sua virilha, fazendo-o gemer de dor. Corri em direção á saída dos fundos da farmácia, mas quando cheguei á ela, algo me puxou e caí no chão.

– Sua vadia! – Chaz urrou me levantando do chão pelo braço.

– Foi você que me convenceu a passar a noite com você quando eu tinha só quinze anos e no outro dia terminou comigo. – atirei as palavras entredentes – Tem certeza que sou eu a vadia aqui?

Um golpe foi desferido contra meu rosto, fazendo-me bater as costas no que pensei ser uma prateleira e cai no chão, batendo a cabeça. Com um rangido, a prateleira se inclinou para minha direção, pronta para cair, mas Chaz a empurrou de volta, observando-me com um olhar assustador e mortal. Pelo menos é o que podia registrar com minha visão turva. Ele veio para o meu lado e se colocou sobre mim, com uma perna em cada lado de meus quadris. Tentei me levantar, mas ele me empurrou rudemente de volta para o chão, e com minha visão ainda turva e sem reflexos bati a cabeça novamente piorando a situação.

– Você não devia se mexer. Pode se machucar... – ele falou docemente tirando uma faca de seu bolso e olhando atentamente para a lâmina.

Olhei assustada para lâmina enquanto tudo rodava á minha volta e abri a boca para gritar e quando ia fazê-lo mais uma vez minha boca foi tampada, mas não antes de conseguir soltar pelo menos algo que chamasse a atenção de Daryl ou Reed.

– Droga, você vai se arrepender!

Chaz levantou a lâmina, e quando pensei que iria afundá-la em mim, ouvi o barulho de algo se rasgando e alguns segundos depois – talvez tarde demais – percebi que eram meus jeans.

– O que está fazendo? – minha voz saiu mais desesperada do que pretendia.

– Você pode ter ficado mais deliciosa, mas continua a mesma imbecil. Acho que preciso te ensinar umas coisinhas.

Senti uma onda do pior medo que já tinha sentido na vida enquanto a lâmina fria entrava em contato com a minha pele exposta na coxa, e piorou ainda mais quando ela foi sendo pressionada até que finalmente senti a dor dela cortando lentamente, arrastando-a cada vez mais para cima, mas me recusei a soltar um murmúrio sequer.

– O que acha de melhorarmos isso? – ele sorriu sinistramente e soltou a faca por um momento, ocupando a mão de abrir o botão da minha calça.

Meu corpo tremia convulsivamente e queria muito gritar, sem me importar que chamasse a atenção de todos os zumbis do mundo - só queria acabar com aquele pesadelo logo -, mas era difícil com uma mão tapando minha boca.

Chaz abriu minha calça e a puxou para baixo lentamente, seus olhos negros faiscando de ansiedade enquanto me observava como se esperasse ansiosamente minha reação; uma reação que nunca demonstraria a ele voluntariamente.

A lâmina da faca logo entrou em contato com minha pele novamente, e Chaz a passava por meu quadril levemente, deixando rastros ardentes – o que provava o quão estava afiada e que deveria temer aquilo mais que a morte – e foi aproximando-a de minha intimidade.

Desesperada e tentando arranjar um plano que não acabasse em minha morte, optei pela opção mais rápida e que daria resultado imediato. Movi minha cabeça lentamente para que Chaz não percebesse e quando consegui abrir parcialmente a boca, mordi sua mão e aproveitando o curto momento em que ele a afastou de mim, fiz o que queria.

– SOCORRO! – gritei com todo o ar que tinha nos pulmões.

Mais um golpe foi desferido contra meu rosto, dessa vez ainda mais forte. Senti um gosto de sangue na boca e usei a desconcentração do homem sobre mim e dei uma joelhada em sua barriga. Chaz saiu de cima de mim com a mão no estômago e aproveitei o momento para arrumar minha calça.

– O que está pensando, Delilah? Que é mais forte que eu? – ele me pegou pelo braço.

Puxei-o com força e, para conseguir me soltar, dei mais um chute em seu estômago que o fez cambalear um pouco para trás, mas não o bastante para soltar meu braço. Ele levantou furiosamente sua faca e ia acertá-la em mim, mas algo o impediu, mais necessariamente uma mão.

Chaz foi jogado no chão e em um segundo braços me seguravam. Respirei fundo tentando acalmar meus nervos á flor da pele, mas ao ver Daryl batendo em Chaz foi quase impossível. Reed, que tentava me afastar daquilo, se colocou á minha frente e finalmente deixei as lágrimas caírem por minhas bochechas sentindo meu corpo balançar com os soluços desesperados.

– Hey, está tudo bem. Já passou. – Reed passou os braços por meus ombros, tentando me acalmar.

Nesse momento, se tinha ainda alguma desconfiança de Reed, já tinha passado.

Daryl se levantou e seu olhar era quase tão selvagem quanto o de Chaz estava, e este estava estirado no chão desacordado.

– Você está bem? – Daryl perguntou frio vindo até mim, e não respondi; apenas continuei chorando e sentindo a dor que finalmente queimava em minha perna.

– Foi muito profundo? – Reed perguntou olhando minha perna. – Precisa de ajuda para andar?

Estremeci, pensando no que o maluco queria fazer, e apenas neguei com a cabeça.

– Eu devia matar esse imbecil! – Daryl rosnou com os olhos em Chaz, pegando minhas armas que estavam jogadas pelo chão.

– Por favor, vamos embora. – pedi com a voz fraca.

Andei até a porta, mas estava difícil com minha perna esquerda ardendo em brasa pelos cortes, e tinha certeza que alguns eram realmente profundos. Inclinei-me um pouco para apoiar na parede, quando ouvi um grito de “cuidado” e dois estrondos, e só me virei á tempo de ver Reed atirando em Chaz, que mirava sua arma em mim. Ele e Daryl me olharam preocupados e então um formigamento em minha barriga. Coloquei a mão trêmula sobre o lugar, arfante, e senti o líquido enchê-la. Cambaleei para a parede e gemi, a dor dilacerante finalmente me atingindo. Chaz havia atirado, duas vezes, e eu havia percebido tarde demais, e agora eu estava ferida e o homem morto.

– Droga! – um dos dois homens gritou, mas não sabia exatamente quem por minha visão turva e a dor que reclamava toda a minha atenção para ela.

Meus pés deixaram o chão e nem me atrevi a contestar, afinal não conseguiria dar dois passos sem cair. Sentia o corpo que me segurava se movimentando e logo a luz do sol contra a neve me cegou por completo e então fechei meus olhos.

– Temos que chegar ao carro logo. – reconheci a voz de Reed.

– Eu sei! – Daryl falou e sua voz estava tão perto que sabia que era ele quem me carregava – Pare!

Uma onda gelada bateu contra meu corpo inesperadamente e forcei meus olhos a se abrirem. Estava encostada em um pequeno amontoado de neve, e os dois homens estava ao meu lado se escondendo ali também.

– O cheiro deve estar se espalhando. Tem muito sangue aqui. – Reed sussurrou e pegou meu arco e minha aljava de Daryl – Se importa se eu usar? Não acho que minha faca vá nos ajudar agora.

E então entendi o que estava acontecendo. Com a pouca força que tinha, me arrastei até uma beirada, apenas para constatar o que já imaginava. Provavelmente meu grito e os três tiros disparados haviam chamado a atenção dos errantes mais próximos e agora a rua estava cheia deles, que olhavam em volta como se procurassem o motivo de todo aquele barulho.

– Temos que tirar você daqui. Seu sangue vai atrair todos eles para nós. – Daryl sussurrou olhando para a rua – Podemos entrar numa casa. Não vai durar muito tempo, mas o bastante para pelo menos termos um jeito de sair.

Sem esperar por resposta, mais uma vez ele me pegou no colo e eu passei os braços por seu pescoço. No mesmo momento, todos os zumbis olharam para nós e a dor pareceu piorar com aquilo, provavelmente pelo desespero que sentia, que deixava tudo muito pior. O maior problema de todo o plano era que os zumbis vinham de todas as direções, e para qualquer lado que fôssemos daríamos de cara com eles.

Tudo á minha volta era apenas um borrão, mas ainda conseguia ouvir os grunhidos e a discussão entre Daryl e Reed sobre para onde ir. Meus olhos já não conseguiam ficar abertos por muito tempo e ás vezes eu simplesmente apagava por alguns segundos. Fechei meus olhos e, quando os abri novamente, estávamos dentro de uma casa e podia ouvir os zumbis arranhando-a e batendo nela tentando entrar. Algo foi arrastado e a porta foi tampada por um grande armário que nos daria algum tempo a mais ali dentro.

Reed foi na frente, com uma flecha preparada em meu arco.

– Aqui está limpo. Coloque-a no sofá. Vou olhar o resto da casa.

Daryl me colocou no sofá e agradeci mentalmente por não estarmos andando; cada passo fazia meu corpo inteiro se mover, e consequentemente a dor aumentava. Daryl desapareceu por uma porta lateral e um minuto depois voltou com uma toalha. Ele andou até mim e abriu minha jaqueta, retirando-a, e logo depois, os dois suéteres que usava por baixo. Prendi a respiração quando colocou a toalha sobre os ferimentos; doía tanto que mal conseguia conter que meus olhos já marejados expelissem as lágrimas.

– Eu estou com medo. – falei num fio de voz.

Daryl não respondeu. Continuou calado e pressionando a toalha, e reparei que sua blusa também estava manchada com meu sangue. Meu estômago revirou e me obriguei a fechar os olhos antes que piorasse a situação.

– Tinha só um lá em cima. Já dei um jeito nele. – ouvi a voz de Reed e abri os olhos – Algum plano para sairmos daqui?

– Podemos tentar passar pelos errantes. – Daryl falou.

– Não vai dar certo. – falei respirando fundo – Não comigo nesse estado. Eu vou ser um atraso. Sem mim... Vocês têm chances melhores.

– Enlouqueceu? – Reed me olhou como se tivesse perdido completamente o juízo – Não vamos deixar você para trás. Essa é a maior idiotice que já escutei!

– Eu estou falando sério. – me remexi e gemi baixo quando o fiz – Se um de vocês me carregar não terá como correr. Se me deixarem aqui... Pelo menos será uma perda menor.

– Tenho uma ideia melhor. – Daryl falou e seu tom de voz me assustou – Fique calada e deixe que nós dois resolvamos isso.

Revirei os olhos e os fechei novamente, me esforçando para não me levantar e bater em Daryl. E se ele morresse por minha causa, só diria um feliz “eu te avisei”. Não era justo acabar com mais duas vidas por causa da minha.

Devia ter perdido a consciência por algum tempo, porque quando abri os olhos novamente estava completamente sozinha ainda deitada no sofá, e o único barulho vinha dos zumbis que arranhavam as paredes da casa. Daryl passou por uma porta e se sentou no outro sofá, mexendo com uma faca. Estremeci me lembrando dos péssimos momentos passados na farmácia.

– Onde está Reed? – tentei perguntar, mas saiu tão baixo que não tinha certeza se ele havia escutado.

– Foi se encontrar com Rick e Ethan, e logo eles estarão aqui. – fincou a faca no braço do sofá.

Ficamos em silêncio por alguns minutos, e durante esse tempo pensei no que aconteceria se eu não resistisse. Como ficariam meus irmãos, e se alguém sentiria minha falta. Não queria morrer estando brigada com Kalem, ou com algo pendente. Mas não era eu quem decidia isso. Não acreditava muito mais em Deus para pensar em céu ou inferno, mas mesmo assim era reconfortante pensar que talvez eu fosse par um lugar melhor.

– Posso te pedir uma coisa? – perguntei após algum tempo de reflexão e Daryl apenas assentiu – Se eu não resistir...

– Ah, para com isso. – ele me interrompeu.

– Calado! – me esforcei para minha voz sair pelo menos um pouco autoritária e convincente, mas no meu estado não deu muito certo – Se eu parar de respirar não espere eu acordar. Não espere. Eu não quero ser... Como um deles.

E ele não respondeu.

A cada minuto eu estava pior. A toalha que estava sobre os ferimentos dos tiros estava praticamente encharcada e já estava tremendo compulsivamente, sem contar que estava suando frio e sentia cada vez mais febril. Minha garganta estava seca e sempre que tentava falar saia apenas um sussurro tão baixa que nem eu mesma escutava direito.

– Daryl. – o chamei, e ele me olhou – Eu não posso.

– O que disse?

– Eu não posso... Sair daqui. Eu não vou conseguir.

Ele se levantou, irritado, e tirou a faca que ainda estava fincada no braço do sofá.

– Qual é o seu problema? – ele falou com raiva, mas estava mais focada na faca em sua mão – Vai desistir? Já? Pensei que fosse melhor que isso.

– Você acha que eu quero morrer? – minha visão estremeceu e eu tremi junto com ela – Eu só não quero que se arrisquem por mim. Lori precisa de vocês agora, com o que ela precisa, mais que eu. Ela e o bebê.

Com raiva, Daryl atirou a faca no chão e ela caiu com um tinido que doeu meus ouvidos e fez meu cérebro se revirar. Ou pelo menos era o que parecia. Minha visão começou a ficar enevoada pelas bordas e essa névoa ia avançando cada vez mais. Com um grande esforço, estiquei minha mão para Daryl que me olhou com uma indiferença que me doeu mais que qualquer ferida, mas continuei com ela na mesma posição e os olhos marejados. Suspirando, ele veio até mim e segurou minha mão e, quando foi soltá-la, segurei-a mais forte.

– Porque nunca olha nos meus olhos? – perguntei, ignorando a dor para tocar seu rosto com minha outra mão.

Por um momento, ele olhou para mim e nossos olhares se encontraram. Sorri, apertando sua mão, e fechei os olhos me entregando á escuridão que me reclamava para si, feliz que minha ultima lembrança seria a cor dos olhos do homem por quem estava apaixonada.



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Notas finais do capítulo

E ae, o que acharam? Será o que vai acontecer com a Delilah?

Ah, e se despeçam da Delilah, porque esse foi o ultimo pov dela!

Então, de quem acham que deveria ser o próximo? Eu já tenho uma ideia, mas não sei se irão gostar, então queria saber qual preferem. Sinceramente, preferia que não fosse do Daryl, porque vai ser bem dificil, na minha opinião, mas se a maioria quiser eu vou me esforçar pra fazer! :3

Então, até o próximo capitulo, onde começa a parte 2! *-* Beijoos ♥