A Última Chance escrita por BailarinaDePorcelana


Capítulo 27
Parte I - Capítulo 27 - Durma Bem


Notas iniciais do capítulo

Booooom dia/ tarde/ noite (seilá quando vão ler =s) como estão?
Please, não me matem por demorar, tenho certeza que vai valer á pena! Até lá embaaaixooo!



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Capitulo 27

Durma Bem

Acordei pela quinta vez com alguém batendo na porta do quarto.

Já era noite e desde que entrara no quarto tentava arranjar algo para ocupar minha mente, afastá-la de qualquer maneira da imagem do meu irmão de dez anos preso no porta-malas de um carro rodeado de zumbis. No fim, apenas me joguei na cama e apaguei, mas já havia sido acordada quatro vezes por um irritante “toc toc” que ignorei com muito custo; não queria ver ninguém. Mas uma quinta vez eu não ignoraria.

- Entre. – falei alto, para quem quer que fosse escutasse.

Mas ninguém entrou.

Relutante, me levante e fui até a porta. Houve outra batida e eu abri de uma vez. Mas não tinha ninguém ali. O corredor estava completamente vazio e as únicas vozes presentes vinham do andar de baixo.

Fechei a porta novamente, tranquei-a e voltei para minha cama, encolhendo-me debaixo do edredom. Meus pensamentos estavam á mil, e nenhum deles me agradavam o suficiente para ser uma boa distração, na verdade só traziam mais preocupações.

A cada minuto que passava, eu ficava mais nervosa e inquieta. Já tinha roído o canto de todos os dedos, e só havia poupado as unhas porque adorava elas grandes. Já faziam mais de doze horas que Rick e Glenn tinham saído para ajudar os outros e eles estavam demorando. Afinal, o pequeno condado de Berkshire ficava há menos de duas horas da casa.

Sem aguentar mais, sai de debaixo do edredom e comecei a caminhar pelo quarto, sentindo minhas panturrilhas queimarem. Ao que parecia, um descanso de mais de doze horas não fora o bastante para minhas pernas se recuperarem do mergulho e da longa caminhada daquela manhã, e eu me odiava por ser tão fraca, frágil e vulnerável. E era exatamente por isso que meu irmão mais novo estava lá fora, correndo perigo; por minha extrema falta de cuidado e burrice.

Meus olhos marejaram e eu comecei a arfar sentindo um desespero tomar conta de mim. Apoiei-me na penteadeira e quase caí quando não consegui firmar a mão direita. Que permanecia inchada. Eu era tão inútil! Olhei para o espelho esperando ver a face da derrota, mas vi algo muito pior. Empurrei a penteadeira que caiu com um estrondo no chão, com a imagem do zumbi em minha mente. Encostei-me na parede e deslizei por ela até o chão, chorando compulsivamente. Meus soluços ficavam cada vez mais altos e meus ouvidos zumbiam muito alto. Levei um susto quando a maçaneta da porta começou a girar loucamente, como se alguém desesperado quisesse entrar, mas tudo o que eu ouvia eram grunhidos e gritos. Tapei meus ouvidos fortemente ignorando a dor latejante em minha mão.

- Delilah, aba a porta, por favor! – ouvi alguém chamar do outro lado da porta.

Mas eu não respondi. Estava muito ocupada entrando em pânico e não dar um tiro em mim mesma.

Continuei sentada onde estava enquanto ainda tentavam abrir a porta – será que ainda não tinham percebido que estava trancada? – e prestando atenção na dor na mão para esquecer de todo o resto, e até que funcionou. Passei a mão por ela analisando o estrago e cada movimento ali doía agora que estava realmente focada naquilo. Passei os dedos cuidadosamente sobre cada parte da mão até achar o problema, bem mínimo, mas com o grande inchaço bem no local era fácil encontrar: um osso, próximo aos dedos, estava deslocado, apontando para cima. Ainda entre lágrimas e a visão turva, respirei fundo e prendi o lábio inferior entre os dentes antes de fazer pressão ali para que voltasse para o lugar. Fechei forte os olhos e mordi o lábio com força, tentando não ceder á tentação de gritar, já sentindo o horrível gosto de sangue na boca. Fiquei assim por poucos segundos, até que ouvi um pequeno estalo que me fez arrepiar de gastura e então o osso estava de volta ao lugar. Larguei meu corpo no chão, arfante, e me deixei ali olhando para o teto com pensamentos aleatórios que ocupavam minha mente, mas não era o bastante.

Não sei quanto tempo ficara ali, mas me levantei subitamente ao ouvir o barulho de carro. Corri para o banheiro e passei a mão pelo cabelo desgrenhado de qualquer maneira, limpei as lágrimas que ainda estavam ali, joguei uma água fria no rosto para tentar melhorar a aparência deprimente, horrível e patética e limpei o pequeno filete de sangue que permanecia em meus lábios com os dedos, não querendo sentir aquele gosto. Nunca tive problemas com sangue, mas as coisas mudaram depois que vi várias pessoas morrendo com sangue escorrendo por seus corpos e espirrando para todos os cantos.

Destranquei a porta – me perguntando quando tinham parado de tentar abri-la – e respirei fundo algumas vezes antes de abrir a porta. Quando finalmente tomei coragem, fui quase correndo pelo corredor escuro até as escadas, e quando cheguei a elas diminui a velocidade. No estado em que estava, com minha sorte e com o infeliz rumo que minha vida tinha tomado era bem provável que eu tropeçasse em meus próprios pés e saísse rolando pelos dois lances de escada.

Cheguei ali bem no momento em que todos entravam, com uma aparência cansada e com as roupas sujas de sangue seco – que eu esperava que não fosse de nenhum deles. Mas não via nem Rick nem Kalem. Olhei em volta sentindo o desespero reaparecer dentro de mim e estava a ponto de exigir onde meu irmão e Rick estavam, quando os dois entraram, Kalem com um sorriso enorme no rosto, que logo se apagou quando me viu. Provavelmente minha expressão estava medonha, porque ele nunca tivera medo de mim e eu sentia uma raiva tão grande que sentia todo o meu corpo extremamente quente. Ele e Rick trocaram um olhar e o homem assentiu para ele, que veio até mim.

- Me desculpe, Lia. – ele pediu, mas em seus olhos não via remorso algum. Ele só estava fazendo aquilo por obrigação.

- Vá para o seu quarto. – falei cruzando os braços, tentando me acalmar.

- Você não é minha mãe. – ele revirou os olhos e eu fechei os olhos rezando para que eu não me descontrolasse.

- Kalem, você está vendo a mamãe aqui? – perguntei com a voz fria – Então, na falta de uma, sou eu quem cuido de você, e estou mandando você subir agora pro seu quarto.

- Mas... – ele começou a protestar, parecendo não ver o estado de transtorno em que eu estava, um grade erro da parte dele.

- AGORA! – gritei e ele arregalou os olhos, assustado, e passou por mim correndo para as escadas.

O segui e assim que chegamos em seu quarto fechei a porta com uma força exagerada, o que gerou um estrondo forte. No mesmo momento senti toda a raiva passar e me senti culpada por ter gritado com Kalem, mas não era hora de sentir culpa. Ele já estava passando dos limites.

- O que você pensa que estava fazendo? – perguntei entredentes.

- Tentando ajudar. – ele murmurou, sentado na cama e me encarando como se fosse o garoto mais inocente do mundo.

- Ajudar como? Morrendo? – perguntei, a raiva queimando em minhas veias novamente.

- Se eu tivesse pedido você não deixaria.

- Você nem tentou me pedir! Como sabe que resposta eu daria?

- Ok. Eu posso ir pra cidade com os outros? – Kalem me olhou tão docemente que me surpreendi com a falta de vergonha do garoto.

- É óbvio que não! – falei indignada.

- E porque não? – ele cruzou os braços, e parecia bem nervoso, mas o biquinho que seus lábios formavam apenas o deixava fofo.

- Kalem, se você não tem nem maturidade para perguntar se pode sair e ainda se esconder num porta-malas, como posso confiar que você tem maturidade para carregar uma arma? Como posso confiar em você?

Ele continuou implacável com sua expressão irritada, completamente teimoso – assim como eu e... provavelmente o resto da família.

- Lia, você não é minha mãe! Não pode me dizer o que fazer! Eu já tenho dez anos! Tenho que aprender a me cuidar. – ele falou tentando se fazer de forte a adulto, mas era visível seu jeito infantil.

- Correção, você ainda tem dez anos. Kalem, já que você ainda não entendeu isso, eu vou te explicar. – me ajoelhei na frente dele, a expressão dura e a raiva correndo como ácido ardendo em minhas veias – Mamãe. Papai. Austin. Charity. Leonard. Sue. Damen. Tio Carter. Tia Connie. Estão todos mortos. Ninguém vai vir te salvar de repente, e eu não posso fazer isso o tempo todo. Eu não posso sair correndo atrás de você sempre que sair escondido porque foi inconsequente e não pensou antes de agir.

- A mamãe não morreu. E eu não estou pedindo pra ir atrás de mim. – ele se levantou e parou de frente para mim. Me levantei olhando-o do alto.

- Acho melhor você parar de falar assim. Todas as vezes que saio e arrisco a minha vida é para ajudar você! Pare com essa ingratidão! Acha que eu não queria ficar aqui, com você e Gael, sempre? Eu estou fazendo isso porque não quero que vocês precisem passar pelo que eu estou passando. Então, por favor, não fale como se eu não fizesse nada por você, irmãozinho. Pode ter passado algumas horas lá fora, trancado em um carro, mas não faz a mínima ideia de como as coisas realmente são ou do que passei pra manter você seguro. Não faz e nem vai fazer por um bom tempo porque você está de castigo por tempo indeterminado. – Kalem começava a protestar, mas o interrompi – Quem sabe você não tenha a sorte e eu acabe morrendo ou enlouquecendo? Assim você se livra do castigo e ainda pode sair quando quiser. Você quer tanto ajudar as pessoas, não é? Vá tomar banho e depois dormir. Sem reclamações, e é melhor que me obedeça.

Sai do quarto antes que dissesse algo de que me arrependesse. Apesar de minha real vontade ser dar-lhe uns bons tapas, seria injusto. Era normal eu fazer isso com Austin, Damen ou Leonard, mas eles revidavam na mesma moeda, claro, por sermos irmãos, e por saber que Kalem nunca o faria me sentia mal. E me sentia pior ainda por me sentir mal e ele não merecer que eu me sentisse dessa forma por dizer a verdade.

Estava voltando para meu quarto, mas parei próxima a ele para respirar e esperar a raiva passasse. Me sentia a ponto de explodir, e não tinha outra penteadeira para jogar no chão.

- Droga, o que aconteceu aqui? – Ethan apareceu de repente a poucos metros, olhando para o meu quarto que tinha a porta aberta.

- Redecoração. – falei cinicamente, sem humor nenhum para conversar ou ser no mínimo educada. Na verdade eu queria apenas bater em alguém ou fazer qualquer coisa para extravasar minha raiva.

- Ih, ta estressada. To saindo. – ele foi andando, mas sem tirar o olhar preocupado de mim.

Permaneci ali, encostada na parede com os olhos fechados, completamente desconfortável. Meu corpo suava, mas não era de calor. Com certeza não, já que estava completamente frio e novamente geava do lado de fora. Virei-me colando a testa na parede perfeitamente gelada e mantive os olhos fechados. Por algumas vezes, pensei ter ouvido algumas vozes, mas ignorei todas. Menos uma.

- Suas demonstrações de loucura estão se tornando mais frequentes. – Daryl falou ao passar.

- Mas você não me achou maluca quando me beijou. – repeti o que ele mesmo dissera.

- Na verdade achei sim. Só pensei que talvez ajudasse. – ele falou na cara de pau, voltando um pouco para poder falar mais baixo.

- Então eu aceito sua ajuda de novo. – sorri, me virando novamente para poder olhá-lo.

Daryl me olhou dos pés á cabeça e, apesar disso não me deixar muito confortável, senti um arrepio de prazer quando o canto de sua boca se curvou minimamente, um movimento quase imperceptível mas que não passou despercebido por mim.

- Quem sabe outro dia. – ele se virou para continuar andando.

- E se eu não quiser outro dia? – andei até ele, arqueando uma sobrancelha.

Daryl parou de andar por um momento e então virou somente a cabeça de lado, olhando-me de soslaio.

- Eu faço você querer.

- E se eu fizer você querer agora? – sorri maliciosamente aproximando-me e ficando frente a frente com ele.

Daryl olhou para os lados antes de tomar a atitude mais sabia, ou não.

Sua boca se apossou da minha, nesse momento eu sabia que não ia ter mais volta. E eu queria que não tivesse. Íamos sentido a cama, e as roupas eram largadas pelo caminho. Quando senti meu corpo afundar no colchão e o peso dele sobre mim, foi como se a mente tivesse sido abduzida para outro momento, um momento só nosso.

Não tinha zumbis, arma e sangue.

Tinha corpo no corpo, carinho, contato.

Daryl era perfeito e sabia o que fazia. Eu também não ficava para trás, sabia que o agradava, pois os gemidos e suspiros que ele emitia, o entregava.

Então nosso corpo era apenas um. Fundido numa dança primitiva e gostosa. Aproveitando cada momento antes que sucumbíssemos ao prazer supremo.

A mão de Daryl estava em todos os lugares, e ao mesmo tempo sua boca se ocupava de me beijar, me fazendo sentir um calor que se espalhava por todo meu corpo.Nunca pensei que fosse estar com tanto desejo reprimido. E era bom saber que logo iria extravasar tudo isso.

— Daryl, por favor... — murmurei. Sem precisar dizer com palavras o que queria.

Quando ele me penetrou, foi melhor do que eu imaginei. O corpo dele mergulhando repetidas vezes em mim. Deixando-me sem chão.

E essa foi uma das melhores coisas que me aconteceram desde bastante tempo.



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Notas finais do capítulo

Gente, agradeçam MUITO á taty-magnago pela parte hot, sem ela essa parte não existiria! Muito obrigada por ter feito ela, flor! Ajudou muitíssimo! *-----*
E, como hoje estou muito cara-de-pau, vou explicar porque o capitulo se chama "Durma Bem". Tipo, quando eu tava escrevendo imaginei em quando chegasse bem na parte hot, e então pensei: "Oww, a Delilah vai dormir muuuito bem -v-". Ai colocquei esse nome no capitulo! Ok, não me matem por estar falando isso! '-'
Mais uma vez, obrigada, Taty!!!!
Beijooos a todos e até a próxima! ♥