A Gaiola de Prata escrita por Débora Falcão


Capítulo 8
Queimando




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Eu não sabia dizer onde eu estava. Eu não queria enxergar. Eu só sentia queimar. E o fogo se alastrava pela minha pele e por debaixo dela, pelos músculos e ossos, pela minha mente, pescoço, braços e mãos, pernas e pés. Queimava e era em tudo o que eu podia pensar.

Eu ouvi um grito de horror. E era meu grito. Era por isso que ele não queria chamar a atenção? Eu não agüentava mais. Eu sabia o que estava acontecendo e como se desenrolaria aquele processo, mas eu não conseguia parar para pensar. Eu havia lido em algum lugar? Onde mesmo? Ah, nos livros.

Estava doendo! Queimando!

Alguém segurou minha mão? Não sei. Ela queimava também.

Eu me contorcia ante a dor. Parecia que o fogo se arrastava lentamente pelas minhas veias, ele não podia ir mais rápido? Acabar logo? Era uma eternidade!

"Eu quero morrer!" eu gritava, mas parecia um eco. Eu não reconhecia minha própria voz. Parecia um rugido, um urro de urso ou leão. Era horrível!

Eu ouvia outros gritos se misturarem aos meus. Outros estavam passando pela mesma coisa? Então era isso, não? Os olhos de Rilley, seu toque, suas mãos... nada daquilo era para mim. Era para todos os que ele transformava. Era apenas parte da estratégia, não era?

Queimando! Queimando!

Eu não sabia quanto tempo já havia passado. Eu só sabia que estava perto do fim, porque eu senti meus dedos aliviarem a queimação. Tanto das mãos quanto dos pés. Depois as próprias mãos e os pés pararam de arder em chamas. E então os meus braços e pernas ficaram também dormentes.

Mas a dor não aliviou. Ela começava a se concentrar em meu peito. Parecia ter triplicado. E a morte que não chegava! Eu ouvia o som das batidas de meu coração, fortes, altas de mais para meus ouvidos. E eram batidas rápidas, como o vôo de um pássaro.

E então, só naquele ponto, o fogo doía e ardia, e queimava.

Até que meu coração deu sua última batida.

E veio o silêncio.


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