Bella

Foi muito rápido, me despedira dando o assunto por encerrado e então, senti as mãos de Edward sobre mim, e sua voz, me pedindo uma segunda chance, o susto foi tão grande que soltei um grito quando ele tentou me beijar a força, no mesmo instante percebi os olhos dele para as árvores, nesse momento percebi que eu cometera meu principal erro, colocara Jake em perigo mais uma vez.

Rápido Edward me virou de frente para as grandes árvores me mantendo presa por seus braços gelados e duros, e logo ele estava ali, na minha frente, o enorme lobo, rosnando furioso, meu coração parecia que ia sair do peito apavorado.

 Eles se comunicavam sem que eu soubesse o que falavam e toda vez que Jake vinha em nossa direção eu tinha um sobressalto, Edward não estava brincando, estava disposto a tudo; soube disso pela maneira como ele desafiava Jacob. E depois, quando me falou o que o lobo lhe propora, uma briga direta entre eles. Eu não aceitaria isso nunca, não permitiria que Jacob saísse machucado dessa conversa, tudo o que me importava agora era que a vida de Jake fosse preservada.

  Por alguns instantes achei que poderia haver alguma forma de Edward  me soltar, mas quando ele mencionou o fato de que sem a minha presença a vida dele era uma noite escura eu soube que não escaparia, ou ele me levaria embora, ou eu morreria ali, de qualquer maneira em qualquer uma das formas eu seria separada de Jake, encarei os olhos do lobo que me olhava desesperado e confessei a ele meu amor, Jacob sabe o quanto ele é verdadeiro e profundo, mas talvez não tivesse a oportunidade de repetir.

 Estava condenada a uma vida sem ele, o que já seria morrer,  em qualquer uma das alternativas meu vislumbre de futuro não era feliz,  mas meu único pensamente de compensação era que Jake escaparia ileso dessa confusão, que eu não seria a responsável pela sua morte.

Jake me olhou assustado e confuso, e repentinamente Edward começou a correr, me levando com ele. Enquanto ele  me carregava por entre as arvores, eu via de lampejo o corpo de Jake correndo por entre as árvores e ouvia seu rosnado furioso, os garotos do bando vinham pouco atrás, de repente senti o vazio, estávamos caindo, meu estomago sumiu num buraco e depois a água congelante, ela entrou pela minha boca e pelo meu nariz, mas Edward foi rápido e logo saiu dali, porem meu corpo gelou de tal forma que não conseguia mais pensar,  meus dentes batiam com força enquanto ele corria, o ar frio passava por mim me fazendo resfriar com rapidez, lentamente eu perdia a consciência, estava congelando.

Ele falava enquanto corria, dizia que me levaria para um lugar seguro, que me aqueceria, que seriamos felizes, eu queria falar mas não conseguia, estava presa por aqueles braços e pelo frio que me paralisava.

 Quando chegamos a mansão dos Cullens  vi Esme me olhar apavorada, gentil, ela se aproximou me tocou e perguntou:

- O que aconteceu Edward?

Eu não conseguia falar, meus dentes batiam com tanta força,  estava mais gelada do que aquela noite na barraca, as roupas molhadas pareciam uma prisão de gelo.

- Ela está roxa. – ouvi Rose falar, e só então Edward emendou:

- Ela caiu na água, precisamos aquece-la, vou levá-la para o meu quarto. -  e imediatamente subiu me carregando, Alice veio logo atrás, sua voz era preocupada:

- O que  aconteceu ? O que você fez?

Ele já me deitava na imensa cama, e logo me cobriu com algumas roupas, só que isso não era suficiente, eu continuava congelando.

- É preciso trocar a roupa dela. – era a voz de Esme na porta, eu quis dizer que não, que não tocassem em mim, mas não consegui, e então senti as mãos dele me despindo, tentei para-lo mas meus movimentos era desordenados.

- Deixe que eu faço isso Edward. – a voz de Alice soou como sinos nos meus ouvidos, a única parte do meu corpo que eu ainda conseguia comandar eram meus olhos, tenho certeza que ela percebeu meu apavoramento diante do que estava acontecendo.

Ela me despiu com facilidade e rapidez, colocou roupas dela em mim, mas foi em vão, eu não conseguia me aquecer, meus pensamentos agora pareciam fora de foco, eu via Jacob parado ao lado da cama me olhando e tenho certeza que chamei por ele algumas vezes pedindo que viesse me buscar.

Meu corpo todo tremia com muita força, meus braços apertados contra o peito não conseguiam ficar parados, era impossivel controlar meus movimentos.

- Ela vai ficar doente. – era a voz de Rose, e logo Edward a correu para fora do quarto.

Ficaram apenas ele e Alice a conversar, ela queria saber o que seu irmão pretendia, pois estava claro para ela que eu não viera de livre vontade.

Ele se aproximou me olhou e tocou meu rosto com sua mão gelada e falou:

- Vou levar ela conosco.

- Você não pode fazer isso, pensei que já estava claro para você que Bella não vai voltar. – ela agora estava irritada. – É difícil para mim aceitar Edward, mas nada será mais como antes.

Ela segurou o rosto do irmão e continuou:

- Você está criando uma confusão. Quando o cachorro descobrir que você a trouxe para cá nosso trato terminará, eles virão furiosos sobre nós. Edward, leve a Bella de volta. – encarei o rosto dele, desejando que ao menos nesse momento ele tivesse bom senso, que me deixasse ir, mas quando falou sua voz saiu firme e definitiva:

- Não.

Meu coração nesse momento estava em pedaços, se ele não me levasse para casa, eu não voltaria a ver Jacob, se Jake viesse me buscar e acontecesse um confronto entre eles eu não queria imaginar o que poderia acontecer, tentei falar, controlando as tremedeiras do meu corpo.

- P..or...fa..vo.r – implorei.

Alice se aproximou e me encarou:

- Precisamos aquece-la, ela não vai se aquecer só com essas roupas, vá buscar alguma coisa.

Não sei o que foi dito depois disso, mas quem saiu foi Alice e logo ele estava deitado ao meu lado, me abraçando, me fazendo sentir ainda mais frio.

- Como eu queria poder aquece-la minha Bella, ficar com você sempre.

Foi então que ouvi um rosnado alto, meu coração disparou, era Jake,  só poderia ser ele, Edward ficou em pé, e Alice entrou no quarto assustada, quase gritando:

- Eu lhe falei, eles já estão aí.

Ah! Quem estava  lá? Agora a apreensão é que me matava, eram eles, eu só esperava que Jake não tivesse vindo apenas com Seth.

- Esses dois não fazem a menor diferença. – ele desdenhou.

- Que dois? – eu queria perguntar mas a voz não saia, tentei me mover, mas a tremedeira não permitia e então ouvi a voz de Carlisle que entrava no quarto.

- O que você fez meu filho? – e se aproximando de mim olhou bem  no meu rosto – Ela está congelada, vocês não vão conseguir aquece-la desse jeito e me ergueu em seus braços frios, mas que naquele momento me pareceram mais reconfortantes do que a cama, talvez Carlisle tivesse bom senso e me levasse embora, mas eu ainda queria saber quem estava lá, quem viera me buscar.

Edward segurou meu braço e fez seu pai parar.

- Não posso permitir que ela vá, eu a amo...- a voz dele me pareceu dolorida mas Carlisle carinhosamente emendou:

- Meu filho, da forma como você está fazendo, a única coisa que vai conseguir é alguém que vai odia-lo e seu amor, o amor que você sente agora, vai acabar se tornando amargura. Acredite em mim, ninguém consegue ser feliz desse jeito.

Eu ainda tremia, cada vez com mais intensidade e então Carlisle saiu do quarto, assim que entramos  na sala vi todos lá, Esme, Alice, Rose, suas expressões eram de preocupação, Jasper me olhava de maneira amena, eu sabia que a dor emocional que eu não sentia era devida a ele. Do lado de fora um rosnado ecoava insistente, e assim que Carlisle atingiu o limiar da porta senti um par de braços quentes e fortes me sustentarem, meu corpo foi colado nele, e uma voz forte e segura se fez ouvir, logo percebi que era Sam.

- É desse jeito que nosso trato será mantido?

Me senti reconfortada pela primeira vez, e lentamente o calor daquele corpo começou a me invadir, ainda não era o calor que eu queria sentir, mas já me sentia melhor,

- Desculpe, isso não vai tornar a acontecer. Nós partiremos em breve. – a voz de Carlisle parecia envergonhada, mas Sam não se deu por satisfeito.

- Hoje eu segurei a ira de Jacob. – sua voz então ficou ameaçadora - Mas se voltar a acontecer, não só permitirei que ele faça o que tiver vontade como também o ajudarei a resolver o problema. Mantenha seu filho longe de Bella e de Jacob.

- Jacob? – falei por fim – Onde ele está Sam? – ele me apertou um pouco mais contra o corpo dele e respondeu:

- Está esperando por você. – ouvi, ao mesmo tempo em que ele saia comigo um rosnado alto, pela primeira vez fiquei feliz em ver Paul, e ele parecia furioso, mais afastada um pouco, me surpreendi com a imagem de Leah, ela também estava muito irritada, e mentalmente gravei uma lembrança, um agradecimento por eles estarem aqui, mas principalmente por terem preservado Jacob.

 Minha temperatura corporal já era quase a normal, os tremores estavam sumindo aos poucos, assim que entrei no carro Sam me ofereceu um casaco que pertencia a Emmy e lentamente voltei ao normal enquanto o carro corria em direção a reserva, porem me mantive bem perto do alfa, aproveitando o calor que emanava daquele corpo. 

Mas minha cabeça agora só conseguia pensar em uma coisa, voltar para perto de Jacob, ver como ele estava, já que Sam me disse que não o vira, que viera do hospital onde estava conversando com o doutor sobre a briga entre Paul e Emmett  direto para a mansão. Meu coração só ficaria tranqüilo quando eu colocasse meus olhos sobre Jake e visse que ele estava bem.

Assim que nos aproximamos da casinha vermelha o vi, Jake corria em direção ao carro, seu rosto estava angustiado e preocupado, imediatamente liberei as lagrimas que contive o caminho todo, quando a porta do carro foi  aberta, senti sua mão me puxando para perto e me agarrei ao seu pescoço agradecendo por poder sentir seu cheiro e seu calor mais  uma vez. Por alguns momentos  cheguei a acreditar que isso nunca mais seria possível.

Ele me apertou e sentou no chão, ficamos  agarrados ali, sem nos movermos, enchi meus pulmões do seu aroma, perguntando se ele estava bem, e da maneira mais clara e direta como sempre ele me respondeu sorrindo, fazendo meu coração se aliviar,

- Agora, com você aqui, estou inteiro outra vez. - em resposta beijei seus lábios macios, matando a vontade de estar perto dele.

Jake então ficou em pé, enterrei a cabeça em seu pescoço, apertando meus braços em seus ombros, segurando-o junto a mim, me aquecendo por inteiro em seu calor e ele me carregou para dentro de casa.

Vi Billy de relance e Rachel se aproximarem enquanto Jake sentava no sofá agarrado em mim, os olhos preocupados de minha cunhada estavam fixos no meu rosto, e logo ela perguntou:

- Você está bem Bella? – a mão delicada dela caminhou pelo meu rosto, era macia e quentinha, não tão quente como a dos outros, mas era reconfortante.

- Estou. – respondi me aconchegando mais a Jake, sentindo os braços dele me apertarem mais.

- Papai ligou para Charlie avisando que  Jacob levaria você mais tarde.

Agradeci a Billy e logo a casa estava cheia, o bando todo estava lá, sorri e encarando Sam e Paul agradeci, Jacob não parecia satisfeito por algum motivo, mas também agradeceu, os garotos logo se foram e então foi minha vez de ir para casa.

Jake colado a mim dirigia e suspirava, uma idéia passou pela minha cabeça que me deixou ansiosa:

- O que você pretende fazer agora?

Uma respiração longa e uma resposta imediata:

- Acabar com isso.

Com um sobressalto, me afastei encarando seu rosto bronzeado.

- Jake você não vai...

- Vou acabar com a vida dele Bells, outra dessas ele não apronta.

- Você não pode ir, eu não quero ver você machucado...se acontecer uma briga entre vocês qualquer um dos dois pode se machucar...

Seu rosto estava fechado.

- Você ainda se preocupa com ele depois do que aconteceu?

Aquela frase me entristeceu, soltei um suspiro doido e as lagrimas voltaram:

- Acho que você não quer ouvir o que eu digo...está tão furioso com Edward que não acredita que eu não me importo mais com ele.

Seus olhos caíram sobre mim, parecia arrependido do que dissera:

- Sinto muito...mas hoje, achei que nunca mais voltaria a ver você...não posso ficar assim Bells, achando que ele pode surgir novamente a qualquer momento e tentar levar você embora.

- Jake eu não irei a lugar algum sem você, já lhe falei que só...

Ele soltou um suspiro e parou o carro no acostamento:

- Agora é você quem não compreende...se você não voltar pq está morta a minha vida também estará acabada, entende?

Sim eu compreendo, sei bem do que ele fala, me sinto da mesma maneira. Mas gostaria que tudo se resolvesse de forma diferente, que eles não precisassem se enfrentar, principalmente Jacob.

-  Talvez Sam pudesse conversar com Carlisle e resolver isso? – sugeri e vi Jake fazer uma careta.

- Por favor! – falei segurando seu braço com força – Prometa que você não vai se colocar em situações de perigo com um deles, com qualquer um deles. Por favor Jake.

Ele segurou meu rosto com a mão e com a outra  me puxou para bem perto falando:

- Viu o que ele faz? Nós estamos discutindo por causa dele.

- Eu não quero discutir com você...mas prometa que vai se cuidar...prometa que sempre vai voltar inteiro para mim...

Seus lábios se aproximaram dos meus e antes de me beijar ele concluiu:

- Prometo.

Enlacei seu pescoço segurando-o bem perto, eu confio nele, Jacob sempre cumpre o que me promete.

Jacob

Assim que chegamos a casa dela, Charlie veio nos receber, ele parecia irritado, tentei mostrar um sorriso, mas tenho certeza que não fui convincente.

- Sua mãe ligou. – ele falou encarando Bells – Quer falar com você sobre essa historia de casamento.

Bella soltou um suspiro irritado e me encarou, fiz uma expressão mostrando que esse era um assunto que ela teria que enfrentar uma hora ou outra. Sentamos junto com Charlie por alguns minutos, ele nos contou algumas coisas que aconteceram na cidade, e ocorrências bobas que o mantiveram ocupado o dia todo, deixando-o bastante irritado. Foi bom saber que a irritação dele não se devia somente ao atraso de Bells.

Naquela noite não fiquei para o jantar, eu queria conversar com Sam sobre o que acontecera, queria que ele me contasse tudo o que fizera, e saber onde estava o maldito sanguessuga. Logo me despedi. Bella como sempre foi comigo até a porta, e encarecidamente me fez prometer mais uma vez, já com lagrimas nos olhos que eu iria me cuidar, essa frase sempre tem duplo sentido para mim, quando me cuido, não ataco Edward e ele fica ileso e essa maldita duvida aflora em no meu peito. De qualquer forma fiz o que ela pedia, pq detesto vê-la assim preocupada, garantindo que voltaria para ficar com ela mais tarde.

- Aproveite para tirar essa roupa da baixinha. – falei brincando – O cheiro está me matando, quase não consigo ficar perto de você. – ela soltou uma risada alta e me beijou, aliviando um pouco a tensão.

Durante o trajeto, minha cabeça não me dava trégua, ainda não estava totalmente seguro do que deveria ou não fazer, eu sei o que prometi, sei que não farei nada que possa me afastar dela, sei que se eu morresse o caminho ficaria livre para ele e não é isso o que pretendo; mas também não vou fugir da minha necessidade de avisar a ele o que sinto, o que penso dele depois do que fez, e o que farei se ele tentar mais uma dessas.

Meus pensamentos corriam, estava totalmente distraído, quando senti um baque em meu carro, como se eu tivesse passado sobre alguma coisa, parei, desci, a estrada estava totalmente limpa, não havia nada, ia entrar no carro outra vez quando senti um cheiro forte, aquele cheiro inconfundível que faz minhas narinas arderem.

A poucos metros de mim o vi, ele me olhava, me encarava muito sério, seu rosto não era de dor,  decepção ou desespero, era uma total ausência de qualquer sentimento o que eu via nele e isso de alguma forma me pareceu pior, afinal alguém que perdeu toda a capacidade de ter sentimentos sempre consegue agir da forma mais fria, sem se envolver, apenas faz o que deseja.

Me dirigi a ele:

- O que você quer? Já não basta o que aprontou hoje? Não está satisfeito por estar inteiro?

Ele se moveu com rapidez e facilidade se aproximando, mostrando mais claramente o que eu já percebera:

-  Eu não estou inteiro, nunca ficarei inteiro enquanto você estiver com ela, enquanto ela não voltar para mim.

Encarei sua cara branca e falei entre dentes:

- Esse assunto já cansou. Bells não voltará para você, ela é minha, você sabe bem. – me movimentei mostrando a ele que não estava amedrontado com sua segurança - E vou lhe dar um aviso, se você se aproximar dela outra vez, acabo com você.

Ele me encarou desafiador:          

- Então...é melhor você fazer isso, pq não pretendo desistir.

Aquela foi a gota d’agua, minha ultima célula consciente foi para o espaço e o lobo surgiu furioso, me joguei sobre ele, com as garras salientes pronto para enterra-las naquela carne morta, ele se desviou, pulando para o meio da rua, mas minha pata esquerda rasgou seu braço com facilidade.  Apesar do ferimento, ele ainda me olhava provocante e me mostrava os dentes, como se eu tivesse medo daquele vampiro fajuto de olhos amarelos.

Dei outro salto e ele tentou se esquivar e com os pés me empurrou na posição contraria, caí no meio da rua, batendo o lombo no chão fazendo um estrondo. Nesse momento ouvi a voz de Sam, ele vinha em nossa direção, mandei ele ficar longe, aquele assunto era meu, eu queria dar fim nele. Minha distração foi suficiente para que ele saltasse sobre mim tentando me estrangular, girei o corpo com força e o apertei contra o chão duro, tentando pegar um de seus braços que estavam a  minha volta enquanto ele perguntava:

- Não é tão fácil quanto você pensou que seria não é?

Rosnei alto ainda mais irritado e ele continuou:

- Quando você não estiver mais aqui, ela voltará para mim, Bella não ficará sozinha muito tempo. – aquilo foi demais, meu corpo se retesou e  fazendo um movimento rápido o joguei longe, o corpo morto dele bateu contra uma arvore que quase desabou, entretanto,  ele continuava me encarando como se nada tivesse acontecido, meu pescoço doía pela pressão feita pelos braços dele, ficamos nos olhando por alguns segundos, e logo nos atiramos um contra o outro, ele tentava me agarrar e se proteger dos meus dentes, mesmo assim,  fiz um estrago na barriga dele. Encarei sua cara fedorenta ainda com o pedaço da carne dele entre meus dentes, para depois cuspi-lo longe e avancei, ele desviou e me empurrou, cai sobre alguma coisa pontuda e senti uma ardência, logo percebi que sangrava, a cara dele agora era medonha, ele sentira meu cheiro.

 Outra vez a voz de Sam quase me distraiu, ele agora estava muito próximo e outras vozes surgiram, eram eles, os outros sanguessugas, amiguinhos de Edward.

De repente ouvi Paul, pouco depois Leah pedindo que eu guardasse um pouco da diversão para ela, fiquei mais irritado, isso estava virando uma luta com muita platéia, reclamei investindo contra ele outra vez, estávamos no meio da rua. De repente vi luzes de faróis, tão fortes que tiraram minha visão, tentei me afastar, mas ele me segurou pela pata com força, em segundos pensei, que eu ia morrer ali, na rapidez em que aquele caminhão vinha, não havia escapatória.

 Numa fração de segundos vi que essa era a intenção dele, e eu como sempre acabo caindo, rosnei tentando me libertar e logo senti meu corpo ser atingido, voei longe, caindo na grama macia do acostamento e um outro corpo enorme bateu contra o meu, era Paul, levantei a cabeça e vi Edward do outro lado da rua, seu corpo estava totalmente deformado.

O caminhão parou muitos metros a frente, a voz de Paul me tirou de meus pensamentos enlouquecidos daquele momento.

- Vamos sair daqui Jacob!

Tentei levantar mas minha pata doeu, me arrastei para o meio do mato seguindo meu cunhado e logo o motorista saiu da carreta, vinha em direção ao meu carro, nesse momento ouvi um uivo, depois outro, uma sequência de uivos, o motorista olhou em volta parecendo assustado e voltou para o caminhão, logo ouvimos o motor sendo ligado e ele foi.

Voltei ao normal e pude ver o estrago do tombo e o corte na minha coxa que sangrava, era um rasgo, não era profundo e já começava a ficar bom, mas meu braço estava quebrado, e por incrível que pareça quem provocou isso foi Paul quando caiu sobre mim, e não Edward.

- Desculpa cara! – ele falou conferindo e percebendo a fratura.

Tentei mostrar um sorriso em meio a dor:

- Tudo bem, se você não tivesse saltado para me ajudar, não teria um osso inteiro no meu corpo agora. Obrigado!

- Tenho que tomar conta do meu cunhado! – a voz de Paul brincalhona me distraiu  e logo vi Sam surgir, Leah ficou afastada, ela se incomoda quando voltamos a forma normal e ela esta por perto, sempre acaba vendo alguém nu.

 Mas logo lembrei do corpo de Edward estirado do outro lado, e quis ir até lá para ver o que acontecera, tinha que colocar fogo nele, mas Sam me avisou:

- Ele não está mais lá, os sanguessugas já o levaram.

Dei um berro furioso, o pior era saber que ele não estava morto, mas ao menos ficara arrebentado, sorri diante do meu pensamento, porém, se Paul não tivesse aparecido eu provavelmente não teria a mesma sorte, se fossem muitas fraturas, talvez ele conseguisse completar o que veio fazer aqui.

Carlisle apareceu do nada, pedindo desculpas, sua expressão era de total vergonha, e Sam quase saltou sobre ele, acusando-o de não ter controle sobre seus filhos.

- E depois nós que somos os incontroláveis, os que não conseguem tomar atitudes sensatas. – a voz de Paul soou alta e forte e eu tive que concordar com ele.

Carlisle se aproximou de mim e pediu para ver a quebradura, fiquei tenso, mas Sam achou que eu devia aceitar, encarei seu rosto sereno e permiti, ele tocou meu braço com a destreza de quem está acostumado a isso e comentou:

- Vai doer um pouco, mas preciso acertar, ou seu braço não ficará correto. – ele fez um movimento rápido, senti uma dor forte e depois um certo alivio. – Em um ou dois dias isto estará bom.

Ficou em pé, pediu desculpas mais uma vez e concluiu:

- Estamos indo hoje mesmo. Precisamos ficar longe, e colocar  nossas cabeças nos lugares certos. – ele nos encarou e se despediu: - Adeus.

Não chegamos a responder, vi apenas Sam fazer um gesto com a cabeça e ele se foi junto com os outros carregando Edward com eles.

Dali, fomos para casa e a mãe de Leah, ela colocou uma tala no meu braço, imobilizando-o, estava preocupado com Bells, mas pensei em não voltar para a casa dela, estava receoso do que poderia acontecer, do que ela pensaria, mas prometera e também havia a possibilidade de ela saber o que acontecera por outra pessoa, e de outra forma, acabei indo, mesmo diante das reclamações de Billy e Rachel.

Deixei o Rabit num lugar mais afastado e fui a pé até a casa dela, a parte de baixo estava em total silencio e escuridão, mas no quarto dela ainda havia luz, ela estava me esperando. Joguei uma pedrinha como sempre e esperei, segundos depois vi seu rosto sorrindo, um sorriso que se fechou tão logo ela viu meu braço imobilizado.

- O que aconteceu? – foi a pergunta direta que ouvi mal caí dentro do quarto dela, seu olhar preocupado  no meu rosto e sua mão sobre o meu braço.

Pensei no que deveria dizer, mas no fim contei tudo, nos mínimos detalhes, esperando por sua reação, essa era a hora da verdade, o momento em que todas as cartas estavam sobre a mesa.

Ela começou a chorar assim que cheguei na parte da briga, fazendo meu coração doer na espera, mas me mantive firme e fui ate o fim, assim que terminei a narrativa, ela se agarrou ao meu pescoço chorando, senti um leve alivio, ela não perguntou nada sobre ele, nada, o que em parte me tranqüilizou, mas logo sua voz macia falou:

- Ele queria acabar com você...- seu rosto era dolorido quando continuou: - Nunca pensei que Edward fosse capaz dessas atitudes...- Bells se afastou e me olhava com firmeza, como se estivesse me vendo pela primeira vez. – Não posso imaginar o que seria de mim sem você...sem o seu amor...sem o seu sorriso...- seus olhos se fecharam e um soluço balançou seu corpo enquanto eu esperava – Nunca mais quero ouvir falar que Edward Cullen fez parte da minha vida! Nem mencionar o seu nome...você é o único que importa para mim Jake...- uma onda de alivio me atingiu e fechei os olhos  ouvindo sua confissão: - Me sinto mal em pensar assim depois de tudo, mas me sentiria aliviada se soubesse que ele morreu.

Desejei ouvir muitas vezes que ela não o amava mais, que não o queria mais, que o esquecera por completo, mas a frase que ela proferiu me trouxe mais que uma certeza, não pude evitar um sorriso, talvez seja egoísmo meu, mas essa colocação me fez muito feliz, era sinal de que ele realmente estava morto para ela.

Me aproximei e beijei seus lábios macios, molhados pelas lagrimas salgadas, puxando-a para perto, mas Bella se afastou me ollhando:

- Vou machucar você.

- Você nunca me machuca, só me faz bem e muito feliz. - confessei com meu rosto colado nela, - vem, vem para perto de mim, já ficamos tempo demais longe um do outro hoje.

Bells sorriu e passou as duas mãos pelo meu rosto, e enlaçou meu pescoço, sua mão carinhosa e suave desceu para o meu peito, acariciando com delicadeza meu abdômen, fazendo cada mínima partícula do meu corpo reagir.

 Me recostei na cama com seu corpo sobre o meu suspirando feliz, depois de tanta tensão, nervosismo e raiva, eu estava novamente feliz e completo, sentindo os lábios dela caminharem pelo meu rosto indo em direção ao meu pescoço.

Girei rápido e fiquei sobre ela, encarando seus olhos, havia um brilho especial neles, o rosto ainda úmido estava levemente rosado e seus lábios entreabertos mostravam um sorriso maroto, aquela era a visão do paraíso para mim, nada se compara a ela.

- Amo você demais, mais que tudo Jacob.

Esse som era perfeito, o som da sua voz dizendo que me amava, fechei os olhos e conclui:

- Amo você muito mais. – sorri calando-a com mais um beijo.