Simplesmente Elementar escrita por Rakeel


Capítulo 3
A visita, O show, O susto.




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Como de costume acordei cedo para ir para o colégio, me arrumei e desci para cozinha, mas estranhamente não encontrei nem minha tia nem meu tio, caminhei até a mesa onde encontrei ao lado de um copo de leite e um sanduiche de geleia, um bilhete que dizia:


Bom dia querida!

Eu e seu tio tivemos que sair cedo, deixei seu café da manhã pronto.

Hoje você não precisa me ajudar na loja por isso volte para casa depois do colégio

Nos vemos na hora do jantar.

Bjs titia


Tomei o leite e comi o pão com geleia, guardei na bolsa um pacote de bolachas agua e sal, sai tranquei a casa e a porteira, e me dirigi em direção ao ponto de ônibus, antes de chegar pude ver que lá já havia duas pessoas esperando.

___Bom dia. Disse quando cheguei ao ponto.

Hugo se virou abrindo um sorriso e também me cumprimentando.

____Bom dia Rachel, hoje meu irmão eu e chegamos aqui cedo. Declarou orgulhoso apontando para si e para Victor que estava em pé a sua esquerda, mas que não disse uma palavra.

___Estou vendo... Concordei com um sorriso e prossegui. ... foi bom seu primeiro dia ontem? .

____Sim, foi ótimo; as pessoas da escola são muito legais já fiz uma porção de amigos. Respondeu com os olhos brilhando de animação.

___Que bom que você si adaptou. Disse dando lhe um sorriso, e pronta para terminar a conversa ali, mas acho que Hugo não compartilhava da mesma ideia e começou, a falar novamente.

____Meu irmão esta na sua sala... Quando ele disse isso o meu desejo de terminar a conversa se tornou ainda maior, mas ele prossegui-o. ... isso é muito legal nós três podíamos lanchar juntos qualquer dia né?

Não estava com nenhum pouco de vontade de responder essa pergunta. Se dissesse não, iria parecer rude com Hugo e se dissesse sim teria que almoçar com o grosso e esquisito do Victor, por isso dei graças a Deus quando vi o ônibus aparecer no fim da rodovia.

___Olha o ônibus. Disse para Hugo me dispersando de responder sua pergunta.

Subimos no ônibus e Hugo se sentou comigo enquanto Victor se sentou do outro lado em um banco individual, o ônibus mal começou a se mover e Hugo começou a falar novamente.

____Então você morra onde? Perguntou, por sorte esquecendo-se da pergunta anterior que ficou sem resposta.

___Na fazenda três estrela logo no começo da rua de terra.

____A com um arco grande de madeira na entrada? Perguntou olhando pra mim que assenti com a cabeça ___Que incrível nós morramos na fazenda ao lado. Conclui-o quase com um grito.

___Na fazenda Pinhal? Perguntei ainda um pouco incrédula.

___Exatamente, meus pais a compraram e nos mudamos pra lá há três dias. Confirmou com os olhos brilhando de contentamento.

Eu sabia que a fazenda ao lado estava à venda, mas não que já havia sido vendida e muito menos imaginaria que justo essa família havia se mudado pra lá. Sorri um tanto desconsertada, imaginando como seriam os pais de dois irmãos tão diferentes, mas antes que eu pudesse perguntar algo Hugo começou.

___Já nos mudamos bastante, mas é a primeira vez que viemos para o interior. Nosso pai é veterinário... Disse dando uma olhada rápida para Victor

... minha mãe é confeiteira e a mão do Victor era... Ele parou de repente com a expressão de quem havia dito algo que não devia. Mas minha curiosidade foi mais rápida que minha percepção e perguntei:

___Então você e Victor são meio irmãos? No momento que percebi que não deveria ter perguntado e antes que Hugo pudesse responder subitamente Victor se levantou de onde estava sentado, perdi a respiração por um minuto e pude perceber que Hugo também sobre saltou se no banco quando o irmão levantou se, mas ele apenas passou por nós, sem nem se quer nos olhar indo em direção à porta, só então olhei para fora e me dei conta que estávamos próximos do nosso ponto.

Descemos do ônibus e fomos em direção ao colégio, Victor seguia a nossa frente em passos largos como se não nos conhecesse, Hugo seguiu andando ao meu lado, completamente calado e com uma expressão que não soube identificar, mas de repente se virou pra mim se desculpando e apressou o passo indo atrás do irmão.

Continuei indo em direção ao portão de entrada pensando no que acabara de ocorrer, quando Sara e Eduardo que estavam em frente à escola vieram ao meu encontro.

____Bom dia! Disseram ambos

____Bom dia gente tudo bem? Os cumprimentei com um beijo no rosto.

Seguimos juntos até a sala de aula, com Eduardo contando-nos sobre um filme de terror que havia assistido, e Sara brigando com ele, pois a estava assustando.

Entramos na sala, e Lucas veio nos cumprimentar. Olhei de canto de olho e pude ver que Victor estava sentado em seu lugar olhando para baixo como de costume. Sentei no meu lugar, me corroendo em culpa, muitas vezes gostaria ser uma pessoa mais malvada em geral sempre me preocupo de mais com os sentimentos alheios. Muitas pessoas têm meios irmãos, eu não havia dito nada de errado, mas ainda assim me sentia culpada, e o pior é que nem sabia pelo que.

_____Você está bem? Parece preocupada. Perguntou Lucas se sentando na carteira ao lado.

____Está tudo bem não é nada de importante. Respondi

____Ok, se precisar estou aqui. Disse colocando a mão sobre meu ombro e balançando levemente.

O professor Gerson de filosofia entrou na sala, e todos correram para seus lugares. Não conseguia prestar atenção, e quando suas duas aulas acabaram eu já estava com os olhos pesados e bocejava compulsivamente, a terceira aula que foi de química passou mais rápido, e prendeu um pouco mais minha atenção até o sinal anunciar o intervalo.

Meus amigos e eu saímos da sala e fomos para o pátio, onde conversávamos animadamente, aparentemente todos estavam de muito bom humor esse animo meio que me contagiou também, tirando minha mente das preocupações. Hugo passou próximo á nós junto com seus colegas, dando uma olhada um tanto tímida para mim que sorri e lhe dei um pequeno aceno com a mão, Eduardo que estava de frente pra mim virou se para olhar pra quem eu havia acenado, encontrando seus olhos com os de Hugo.

___Você conhece aquele cara? Perguntou virando se para mim

___Sim é um amigo. Respondi despreocupadamente tentando terminar o assunto por ali, mas com Eduardo as coisas não acabavam facilmente.

___Amigo? Como pode ser se agente não conhece ele. Disse surpreso e descrente, gesticulando como quem pede a concordância dos demais.

___Porque tanta surpresa eu tenho muitos amigos que vocês não conhecem. Respondi tentando fazer uma voz prepotente para esconder uma leve irritação, por ele estar certo.

___Qual é Rachel todos nos sabemos que sua lista de amigos se ressume aos presentes. Disse rindo tentando me irritar.

___Se só meus amigos estão aqui é melhor você ir embora. Respondi o empurrando, mas também rindo.

___Não liga pra ele Rachel faça como a gente e simplesmente o ignore. Disse Lucas apontando pra as meninas que consentiram rindo.______... mas e então onde foi que fez essa nova amizade. Continuou, rindo, mas agora com um tom de voz mais sério e com uma ponta de preocupação.

Todos passaram a olhar pra mim esperando minha resposta, pensei um pouco e comecei.

___Bom, ele não é bem um amigo, ele é meu novo vizinho e conversamos algumas vezes já que pegamos o mesmo ônibus para vir para o colégio.

___Harã eu sabia! Conclui-o Eduardo com um tom triunfante e debochado.

Mostrei lhe a língua, indiferente, e o sinal anunciou o fim do intervalo e nós voltamos para sala.

Sentei-me em meu lugar mais animada, meus amigos sempre conseguiam subir meu astral, olhei para Victor que estava sentado em seu lugar quieto como sempre, e decidi que não iria ficar me preocupando, não era grande coisa Victor mais cedo ter deixado Hugo e eu pra traz, afinal ele era esquisito e imprevisível, e assim que tivesse a chance, simplesmente perguntaria pra Hugo se havia algo de errado.

As três ultimas aulas sendo duas de geografia e uma de física passaram, voando tanto que me assustei ao ouvir o sinal anunciando a hora da saída.

Despedi-me dos meus amigos e fui para ponto pegar o ônibus para casa, me sentei no ponto que estava vazio, olhei em volta algumas vezes procurando ver se Hugo e Victor estavam vindo, mas deduzi que não viriam quando o ônibus apareceu subindo a rua, geralmente eu ia para outro ponto pegar o ônibus pra cidade por isso não sabia se Hugo e Victor pegavam ônibus pra voltar pra casa.

Peguei o ônibus e logo estava em casa, destranquei a porta e entrei, era estranho para mim chegar tão cedo e ainda mais ficar sozinha, decidi então arrumar a casa assim quando minha tia chegasse poderia descansar subi para o meu quarto e troquei de roupa; vesti short e baby look velhos prendi meu cabelo em coque e calcei meus chinelos, desci para cozinha fiz um sanduiche de queijo e um copo de suco, comi , coloquei um cd para tocar e comecei a faxina, limpei os quartos os banheiros e desci para cozinha e comecei a preparar o jantar, montei uma lasanha vegetariana, pus no forno e fui limpar a sala, peguei um cd do Queen da coleção do meu tio, aproveitando que ele não estava e coloquei pra tocar. Tirava o pó quando começou a tocar We Are the Champions, acho que todos tem uma musica que quando começa você tem que dançar e cantar junto e essa era a minha, comecei meu pequeno show, dançando enquanto limpava e cantando usando o espanador de microfone.

___We are the champions, we are the champions... Estava cantando o ultimo refrão com toda força e energia, fiz a ultima volta em meu show particular, e dei de cara com meus tios, uma senhora e um senhor, Hugo e Victor parados perto da entrada olhando para mim.

Meu tio ria desavergonhadamente, Hugo aplaudia.

___Ti... tia você já chegou. Foi a única coisa que consegui dizer

___É querida e eu queria te apresentar nossos novos vizinhos. Respondeu um tanto desconsertada, tentando não rir, colocou o braço sobre meu ombro me aproximando do senhor e da senhora que eu não conhecia ___Esses são Pedro e Lisandra Betone. Cumprimentei os com um aperto de mão mal conseguindo olhar para seus rostos ______... e esses são seus filhos Hugo e Victor.

___Nós já nos conhecemos do colégio. Interrompeu Hugo.

___Que bom... Respondeu minha tia que continuou, mas agora dirigindo se a mim. ...eu conheci por coincidência Lisandra e Pedro hoje na loja e os convidei pra jantar com a gente.

___É realmente um prazer, se me dão licença eu só vou me trocar e depois eu desço ok. Disse isso e subi como um foguete para o meu quarto.

Me troquei me retorcendo de raiva por minha tia não ter mi avisado que traria visitas, e justamente que visitas, terminei de me trocar e desci.

Estavam todos conversando na sala, fui até a cozinha e tirei minha lasanha do forno que se ficasse lá mais um minuto teria queimado, á coloquei sobre a bancada da cozinha e fui pra sala, me sentei numa poltrona no canto. Meus tios conversavam com os Betone de maneira tão descontraída que qualquer um diria que eram amigos de longa data, a Sra. Betone tinha o cabelo castanho claro quase loiro, e um rosto amigável que em muito se parecia com o de Hugo, já o senhor Betone tinha um rosto com traços bem desenhados e firmes, cabelo castanho levemente grisalho dos lados, não se parecia com Hugo ou com Victor a única semelhança eram os olhos extremamente verdes. Fiquei ali quieta apenas escutando a conversa que ocorria quase que unicamente entre os adultos com uma ou outra intervenção de Hugo até que minha tia levantou-se e disse que iria preparar o jantar, e a Sra. Betone se ofereceu de imediato para ajuda-la.

___Façamos assim vocês dois ficam ai conversando... Disse apontando para o titio e para o senhor Betone... Lisandra e eu vamos preparar o jantar, e você Rachel arruma alguma coisa pra distrair os meninos. Após dizer saio indo para cozinha juntamente da Sra. Betone.

Algumas vezes, minha tia não tinha a menor noção, eu já conhecia os dois e até conversava com Hugo mais de conversar no ônibus pra arrumar algo que os entretece eram patamares completamente diferentes olhei para Hugo e para Victor sem saber muito oque fazer até que sugeri.

____Tenho um vídeo game no meu quarto agente pode jogar ou ouvir um cd talvez.

____Do Queens suponho. Disse Victor me lançando um olhar rápido e um meio sorriso irônico, era a primeira vez que ele deliberadamente falava comigo e ele a usou só para tripudiar, isso realmente me irritou e aumentou o sentimento de antipatia que começava a alimentar por ele, mas dei lhe um sorriso falso para que não percebesse isso.

____Jogar vídeo game parece uma boa ideia adoro vídeo game. Interveio Hugo percebendo o clima ruim que se formara.

Me levantei indo para meu quarto com Hugo logo atrás Victor não saio do lugar, mas eu não me preocupei de chama lo. Hugo e eu jogávamos quando decidi lhe perguntar

___Hoje mais cedo quando estávamos indo para o colégio, eu disse algo errado quando perguntei se você e Victor eram só meio irmãos? Hugo deu um longo suspiro antes de começar a falar

___Você não fez nada eu que falei pra você oque não devia.

___Tá, mas mesmo assim me desculpa se eu causei algum problema entre você e seu irmão.

___Acredite o que aconteceu não tem nada a ver com você. Conclui-o passando a mão sobre o cabelo.

___Então tem haver com oque? . Agora que havia começado, queria realmente entender oque aconteceu.

Hugo suspirou e coçou a cabeça e depois começou

___Bom é uma história complicada, eu e Victor apesar de eu o considera-lo muito somos mesmo só meio irmãos.

____Ele não gosta que falem disso e por isso ágio daquele jeito? Interrompi

____Quem dera fosse isso, ele ágio daquele jeito porque eu citei a mãe dele... Ele parou por um momento e eu fiz sinal para que ele continuasse ______... a mão do Victor se chamava Ana ela e meu pai estavam se separando quando ela descobri-o que estava gravida meu pai assumi-o ,o filho e tudo, mas eles se separam e meu pai casou se com minha mãe, tudo ia bem, mas quando Victor tinha sete anos a mãe dele se casou e o deixou na casa do nosso pai, pois ia fazer uma viagem de lua de mel, era por apenas alguns dias, mas ela nunca mais voltou, ela ligou pro nosso pai e disse que não iria voltar, mas Victor esperou que ela voltasse todos os dias por cerca de dois anos, até que percebeu que isso não aconteceria . Desde então ele não gosta que falemos nel... Hugo se interrompeu olhando para porta do quarto com olhos arregalados, quando me virei vi Victor à soleira da porta ele entrou no quarto olhando em volta e parou perto de minha prateleira de livros lendo os títulos sem dizer uma palavra se quer.

____Vou ver se o jantar já esta pronto. Disse Hugo se levantando em um pulo e saído do quarto.

Indignei-me perante a covardia de Hugo me deixando ali sozinha com Victor, fiquei parada olhando pra ele por cerca de um minuto sem saber o que fazer até que ele olhou para mim com a cabeça levemente inclinada para esquerda me analisando de baixo para cima.

____Não sabe que é muito feio falar da vida alheia? Disse finalmente tornando a olhar a prateleira de livros

____Me desculpe, por mais cedo ter perguntado se você e Hugo eram meio irmãos, e por fazer o Hugo me contar sobre sua mãe eu não queria ser enxerida nem nada eu realmente sinto muito. Disse tropeçando nas palavras, mas ele nem parecia me ouvir, agora com um dos livros na mão folheando o.

De uma alguma forma o fato dele não me dizer nada me fazia me sentir mais culpada , porque ele não brigava ou me xingava, eu não entendia sua atitude.

____Meus pais morreram quando eu tinha três anos, então eu meio que entendo você e o que voc. Antes que eu pudesse terminar ele repentinamente se virou vindo em minha direção, que recuei batendo as pernas na beira da minha cama, ele parou a minha frente e olhou pro meu rosto, que creio eu que estava com expressão de total espanto, ele moveu a boca como se fosse dizer algo, quando ouvimos a voz da minha tia nós chamando do fim da escada para que descêssemos para jantar, ele abaixou os olhos ,simplesmente se virou e saio minhas pernas desvaeceram e cai sentada sobre a cama sem reação ou entender oque havia acontecido.

Desci e não disse uma palavra se quer durante o jantar, tudo parecia bem, até mesmo Victor comia, e agia como sempre. Subi pro meu quarto antes que houvessem ido embora alegando uma dor de cabeça.

No meu quarto coloquei meu pijama e deitei em minha cama com o sono tardando a chegar e com minha cabeça confusa e cheia de sentimentos de culpa confusão e medo.








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Notas finais do capítulo

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