Simplesmente Elementar escrita por Rakeel


Capítulo 2
Prazer em conhecer




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Na segunda-feira como de costume acordei cedo para ir ao colégio, levantei-me da cama e fui diretamente para janela o tempo estava levemente nublado, com uma brisa fria e úmida, inspirei deixando que o ar frio da manhã tomasse meus pulmões, e liberei o ar, que consigo levou o que restava de sono em mim, fui para o banheiro e tomei um longo banho, apesar de meu quarto não ser muito grande tinha seu próprio banheiro, ele era originalmente o quarto dos meus tios, mas quando completei 12 anos minha tia trocou de quarta comigo, meu tio não foi totalmente a favor da ideia, mas minha tia bateu o pé afirmando que eu já era uma mocinha e precisava de privacidade, em geral quando, toma uma decisão não há muito que eu e meu tio possamos fazer a respeito, mas graças a essa digamos “determinação” ganhei um quarto novo em vários pontos melhor que o antigo.

Vesti uma calça jeans, uma camiseta preta de manga longa e minhas inseparáveis botas de montaria, peguei minha bolsa e desci para cozinha onde minha tia terminava de preparar o café, passei por trás dela e lhe cumprimentei com um beijo no rosto.

___Bom dia tia. Disse pegando uma maçã que estava na fruteira sobre a bancada.

___Bom dia querida. Respondeu trazendo pra mesa um bule com café.

___O titio já foi trabalhar. Preguntei enquanto guardava minha maçã dentro da bolsa.

___Foi sim os irrigadores da plantação de tomate estão quebrados e ele foi ver isso logo cedo. Respondeu estendendo a mão e me entregando um copo de café com leite ao qual eu recusei levantando-me e ajeitando a bolsa no ombro.

___Você não vai tomar café? Perguntou com um olhar reprovador.

___Desculpa, mas estou atrasada tenho que ir se não perco o ônibus. Disse dando lhe um beijo de despedida e seguindo em direção à porta.

___Então pelo menos leva isso. Disse lançando-me uma banana __E tenha um bom dia na escola.

Já na estrada de terra em frente à fazenda me virei e acenei pra minha tia que estava na soleira da porta também acenando.

Segui por alguns metros na estrada até chegar à beira da rodovia já asfaltada onde passava o ônibus. Alguns segundos após chegar, já avistei o  se aproximando, dei sinal e o motorista parou para mim como de costume, passei meu cartão e fui me sentar quando  começou a se movimentar vi na rua de terra dois rapazes vindo apressados provavelmente para pegar o ônibus, um deles corria na frente gesticulando e pulando para que parasse o outro seguia atrás também apressado, mas não com total desespero como o primeiro, apesar de seus esforços o motorista não os notou e continuou seguindo.

___Motorista espera um minuto, por favor, tem dois passageiros vindo ali. Disse me levantando e apontando para os rapazes lá fora que a essa altura estavam no ponto, onde o ônibus estava apenas com a parte traseira. O motorista parou e em alguns segundos o rapaz mais desesperado entrou  com um pulo, seu rosto estava vermelho e seus olhos arregalados, seguido pelo outro que entrou sem pressa e com a cabeça baixa. Após passar a catraca o primeiro rapaz começou a agradecer ao motorista.

__Muito obrigada senhor por ter parado pra gente se nã... Sua fala era tão rápida que mal se entendia oque ele dizia e sua seção de agradecimento parecia não ter fim.

__Não agradeça a mim, mas sim a mocinha que viu vocês e me pedi-o que esperasse. Respondeu o motorista balançando levemente a cabeça em minha direção, fazendo isso mais para livrar seus ouvidos dos agradecimentos exagerados do que para me dar o credito.

O rapaz se virou olhando pra mim de uma forma curiosa, meio que interrogativa como quem diz “foi você”, sorri em confirmação tentando parecer simpática oque foi o suficiente para que ele abrisse um sorriso de orelha a orelha e viesse em minha direção.

___Ha... Então foi você... Disse se sentando ao meu lado ...muito obrigado se não fosse por você não sei oque eu e meu irmão iriamos fazer.

Olhei para o outro rapaz que estava sentado do outro lado do ônibus. ele permanecia imóvel e com a cabeça baixa.

___Não é necessário agradecer eu já perdi esse ônibus e sei o quanto demora até outro aparecer. Respondi um tanto envergonhada.

___Então você pega esse ônibus com frequência? Perguntou sem esconder animação na voz.

___Sim todos os dias para ir para o colégio. Respondi um pouco constrangida com a forma que seu sorriso se abriu ainda mais com minha resposta.

___Que bom! Então nos veremos com frequência. Constatou de uma forma quase cantada.

Dei sinal, pois iria descer no próximo ponto a campainha ecoou pelo ônibus alto e agudo enquanto eu me levantei e fui em direção à porta olhei para traz para dizer tchau ao estranho rapaz, mas o mesmo já estava em pé atrás de mim assim como seu irmão.

___Não me diga que você estuda no colégio Edgar. Perguntou assim que desembarcamos.

___Estudo sim. Antes que eu pudesse dizer mais alguma coisa ele começou a falar novamente.

___Que ótimo eu e meu irmão também. Afirmou sorrindo quase dando pulinhos enquanto andava.

___Vocês vieram de transferência, pois eu não me lembro de já ter visto vocês antes. Perguntei já sabendo a resposta, pois com certeza me lembraria se tivesse os visto.

___Sim hoje é nosso primeiro dia, me chamo Hugo e esse é meu irmão Victor Disse apontando para o irmão que caminhava a seu lado olhando para o chão e calado.

___É um prazer, eu me chamo Rachel.

___O prazer é meu Respondeu Hugo pegando minha mão apertando e balançando a, estendi minha mão para Victor que parou. Minha mão ficou no ar por alguns segundos antes dele pela primeira vez até então ,levantar o rosto e olhar para mim, seus olhos eram muito verdes, mas frios e ameaçadores, engoli em seco e tentei dar um sorriso para esconder o arrepio que senti quando nossos olhares se cruzaram, mas ele apenas abaixou novamente a cabeça desviou da minha mão que permanecia erguida e continuou andando em direção ao prédio da escola. Fiquei parada sem acreditar que ele havia feito aquilo, mas antes que pudesse fazer algo Hugo pegou minha mão, que por algum motivo creio eu que indignação eu ainda mantinha erguida e começou a balança-la olhando para mim com um sorriso envergonhado.

___Me desculpe pelo meu irmão é que ele é meio... Ele parou parecendo procurar uma palavra, mas logo continuou __tímido ele é muito tímido.

Com a raiva que estava na hora, entre todas as palavras eu com certeza não definiria aquele cara como tímido, mas fique com pena do constrangimento que Hugo demonstrava, então dei um sorriso e pedi para que ele não se preocupasse com aquilo, pois eu entendia.

___Você realmente é uma ótima pessoa Conclui-o agora novamente com seu sorriso descontraído. O sinal tocou então corri para dentro da escola, segui pelo corredor com Hugo logo atrás de mim.

___Quantos anos você tem? Perguntou.

___Tenho16. Respondi enquanto me desviava dos outros alunos, tentando chegar a minha sala que ficava no final do corredor.

___Então você esta no segundo como eu com sorte estarei na mesma sala que você. Disse animado ainda me seguindo sem si em portar muito com o corredor lotado.

___Não eu pulei a sétima serie por isso já estou no terceiro. Respondi com um tom, mas feliz do que gostaria de ter demonstrado, Hugo era simpático, mas tagarela e meio estranho por isso à ideia de estar na mesma sala que ele não me agradava muito.

___Haa tá você deve ser muito inteligente para ter pulado uma serie. Conclui-o num tom decepcionado, parando no corredor enquanto eu estava na frente da minha sala __eu vou até a secretaria ver em que sala vou ficar é possível... Acenei em despedida entrando na sala antes que ele terminasse, mas pude ouvir o restante de sua frase “... é possível que Victor fique na sua sala”, torci para que ele estivesse errado, e fui para meu lugar, mal cumprimentei meus amigos e o professor já estava dentro da sala.

___Bom dia turma, para seus lugares, por favor, e peguem suas postilas que a aula já vai começar.

Suspirei aliviada enquanto pegava minha postila de matemática na bolsa, por ver que a aula estava começando e Victor não estava na minha classe, mas este alivio só durou por cerca de três segundos e logo após bateram na porta, era a inspetora acompanhada por Victor, ela disse algo para o professor e logo saio e o professor fez sinal para que Victor entra-se.

___Pessoal esse é o Victor ele veio transferido e vai se juntar a nossa classe conto com todos vocês para coloca-lo a par da matéria e ajuda-lo ok. Fez uma pausa se virando para Victor e continuou __Meu nome é Cesar professor de matemática qualquer duvida, por favor, não deixe de me consultar você gostaria de se apresentar ou disser algo pra classe? Perguntou apontando para nós. Atendendo ao professor ele ergueu os olhos que até então estavam fixos no chão e os correu pela sala, e ao jugar pelo sobre salto que alguns tiveram e pelas expressões eu não era a única que achara seu olhar assustador, enquanto eu estava distraída observando a reações dos outros uma voz ecoou pela sala.

___Me chamo Victor Pietro Betone é um prazer conhece-los espero que possamos nos dar bem. Sua voz contradizia totalmente o olhar agressivo e frio era uma voz calorosa reconfortante e convidativa, ergui meus olhos instintivamente e eles se cruzaram com os de Victor que tornou rapidamente a olhar para o chão.

O professor indicou um lugar vago e ele se sentou com o rosto baixo olhando para a sua mesa, mesmo todos olhando para ele, não retribui-o nem um olhar. Eu mesma me peguei distraída olhando para ele até que o professor Cesar requereu a atenção de volta para si.

A s três primeiras aulas passaram rápido sendo duas de matemática e uma de inglês, tocando assim o sinal do intervalo.

Eu procurava minha maçã na bolsa quando, Viviane e Bianca agarraram meus braços uma de cada lado me levando quase arrastada para fora da sala. Já no pátio quando me soltaram eu fui logo perguntando qual era o motivo de tanta pressa.

___Nossa Rachel quem é aquele cara novo ele e muito lindo. Disse Bia enfatizando a palavra lindo com o tom de sua voz

___Lin... do? ... Engasguei nas palavras surpresa, mas prossegui ...Vocês duas me trouxeram aqui arrastada pra dizer isso? Perguntei apoiando uma das mãos na cintura

___Rachel eu sei que você é a mais exigente entre nós, mas você tem que admitir que ele é bonito com aquela cara de mau. Interveio Vivi gesticulando enquanto falava

__Em primeiro eu nem reparei se ele é bonito ou não, e em segundo ainda não entendi porque me arrastaram até aqui pra me dizer isso. Esbravejei; algumas vezes elas me irritavam com a mania de quererem arrumar namorado.

___É que enquanto se apresentava ele ficou olhando pra você, e não só uma olhadinha olhando mesmo, Rachel você é tão sortuda e nem aproveita isso. Disse Bia cruzando os braços e fechando a cara. Pensei por alguns segundos e quando conclui oque elas estavam pensando comecei a rir, as duas então desfizeram a cara feia e me encararam sem entender o porquê do riso, mas antes que elas perguntassem, e sei que i perguntariam eu já fui explicando.

___Gente hoje cedo o Victor pegou o mesmo ônibus que eu pego, provavelmente quando ele me viu-o na sala de aula ele me reconheceu e por isso olhou para mim. Ambas continuaram a olhar pra mim aparentemente processando oque eu acaba de dizer lhes então continuei

__ Em tão não fiquem imaginando coisas, eu vou pra sala pegar minha maçã antes que acabe o intervalo me virei voltando pra sala satisfeita com minha saída estratégica mesmo me sentido um pouco culpada por não lhes contar oque realmente aconteceu, mas se lhes contasse sobre Hugo elas iriam me infernizar com a recém-adquirida mania de querer arrumar um namorado, e contar que Victor deixou meu aperto de mão no vácuo estava total e completamente fora de cogitação.

Cruzei o corredor agora vazio e cheguei a minha sala, estava prestes a entrar quando com um sobre salto reparei que havia alguém dentro da sala, cheguei à soleira da porta e vi que era Victor que estava em pé com fones de ouvido olhando por uma das janelas aparentemente inconsciente da minha presença, entrei devagar tentando pegar minha maçã sem ser notada e quase consegui, mas quando estava prestes a sair bati a perna em uma das carteiras e derrubei a maçã que saio rolando e foi parar ao lado dos pés de Victor.

Ele olhou por alguns segundos para a maçã sobre seus pés enquanto eu permanecia parada, cogitando sair correndo, mas antes que eu pudesse me decidir, ele se abaixou pegou a maçã e começou a cruzar a sala vindo em minha direção, que neste momento mesmo que quisesse não poderia sair correndo, ele parou bem na minha frente, ergue-o os olhos, olhou para mim por um segundo antes de tornar a baixa-los; e estendeu a mão me entregando a maçã, peguei a de sua mão e disse um obrigado que saio praticamente automático, ele sem dizer nada se virou indo novamente em direção à janela, olhei para maçã na minha mão e me lembrei do que Hugo havia me dito sobre Victor ser tímido com um sentimento de culpa que não sabia de onde vinha “Será que ele não era grosso só tímido e eu havia julgado ele mal?” me perguntei.

Virei-me para sair da sala quando me decidi falar com ele, me virei e disse:

___Se você não tiver a fim de ficar aqui sozinho você pode ir para o pátio comigo e eu te apresento meus amigos. Disse da forma mais amigável que consegui.

Ele me fitou só com o canto dos olhos sem si mover, e eu tentei sorrir simpaticamente, esperando sua resposta.

___Não estou interessado. Disse de uma forma fria e ríspida tornando a olhar para janela, fiquei parada sem reação quando uma voz atrás de mim me tirou do estado de choque.

___Você estava demorando e as meninas me pediram para vir te procurar Era Lucas que me encarrava com um misto de vergonha e espanto, quando olhei para ele enquanto seguíamos de volta para o pátio senti meu rosto esquentar ,afinal há quanto tempo ele estava lá, se ele só tivesse escutado a parte em que Victor disse que não estava interessado oque ele iria pensar que eu perguntei não podia deixar que achasse que eu estava. Balancei a cabeça sem querer concluir esse pensamento olhei para Lucas e comecei:

___Quando você chegou eu havia acabado de convidar aquele cara novo para lanchar com a gente e ele me respondeu mal... Fiz uma pausa para rir tentando parecer despreocupada e continuei ___... isso que dá querer ser simpática.

___Não ligue pra isso, algumas pessoas são antipáticas, mas existe um monte delas que não são e é pra elas que devemos dar atenção. Disse pondo a mão em meu ombro e dando uma leve balançada.

Encontramo-nos com Bia Vivi, Sara e Eduardo, que estavam sentados próximos à quadra. Conversamos um pouco e vi Hugo passando do outro lado do pátio conversando animadamente com alguns colegas do segundo ano, aparentemente seu jeito extrovertido e animado o ajudara a fazer amizades, mal havia acabado de comer minha maçã e o sinal tocou anunciando o fim do intervalo.

As ultimas três aulas passaram voando sendo uma de historia e as duas ultimas de português, quando o sinal tocou mal me despedi dos meus amigos e sai apressada para o ponto de ônibus, pois iria para o centro da cidade ajudar minha tia na loja de legumes. Almocei com ela na pequena copa que ficava no fundo da loja e passamos o resto da tarde nos revezando entre ficar no caixa e atendendo os clientes. Por volta das seis meu tio veio nos buscar de carro, buzinando três vezes antes de minha tia e eu notarmos nossa picape verde e velha estacionada do outro lado da rua. Já em casa fui para meu quarto logo após o jantar, fiz meu dever de casa, tomei um banho pus meu pijama e me joguei em minha cama pegando no sono quase que imediatamente depois de um dia longo estranho e cansativo.







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Notas finais do capítulo

comentem elogios criticas ameaças de morte qualquer coisa:D