Paranóia escrita por Yan Kimyona


Capítulo 6
Capítulo 6 - Um beijo de mentira


Notas iniciais do capítulo

HEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEYY Estou de volta!
Perdão pela imensa demora, mas eu tinha viajado para Teresina.
Passei a viagem toda no tédio, acreditem. Mil desculpas mesmo pela demora, eu tenho toda a história feita e pronta na minha cabeça, mas quando vou passá-la para o Word a palavras fogem da minha mente. Alguém aí deve saber como é isso. Mas enfim.
Espero que não tenham abandonado a fic. Beijos e aqui está um capítulo fresquinho para vocês. Boa leitura.



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Acordei com a minha mãe me puxando pelo pé, atrasada para ir à escola.

De novo.

Quando cheguei só pude entrar no segundo horário, então fiquei na biblioteca lendo a Turma do Maluquinho, wathever, eu leio o que eu quero. Miguel entrou e se sentou do meu lado.

– Turma do Maluquinho? – Ele perguntou.

Não, imagina.

– Fugindo da Felícia? – Perguntei.

Ele fez aquela expressão de “É verdade, mas não vou admitir”.

– O que houve entre vocês dois? – Perguntei, já queria saber dessa história faz tempo.

– Ela foi minha primeira namorada, naquele tempo eu era meio idiota, ficava com as meninas por diversão e quando eu comecei a namorar a Felícia eu percebi o quanto isso era imaturo. Terminei com ela, mas ela nunca aceitou isso, agora vive me perseguindo. – Ele disse com aquele olhar de sofredor.

– Por que não arranja outra namorada? Quem sabe ela não larga do seu pé. – Sugeri.

– É mais fácil na teoria do que na prática. Eu não sou aquele tipo de garoto que as meninas fazem fila para namorar entende?

– Como assim? Não acredito! Um cara educado como você, que anda de skate e tem esses olhos cor de caramelo, como assim está solteiro? – Me surpreendi.

Miguel abaixou o aba reta e cobriu os olhos com ele. Deixei o menino com vergonha, coitadinho. O sinal tocou e nós dois nos levantamos e fomos para a sala em silêncio, eu realmente preciso aprender a ser mais sutil.

Depois de algum tempo, eu não me sentia mais uma intrusa na sala de aula, na verdade todo mundo já era muito gentil comigo. Eu resolvi tentar me focar mais na minha vida de agora, meu “amigos” de São Paulo nem se lembram de mim, não vale nem a pena ficar me remoendo por bobagens.

Quando cheguei em casa, tomei um banho rápido, ultimamente tenho feito muito isso.

Quando a gente tem um amigo que é um fantasma assombra a ideia de ficar nua. Mesmo. E se ele estivesse olhando escondido? Cruz credo, pé de pato mangalô três vez.

Depois de vestir uma roupa mais confortável, fui terminar de fazer os deveres de filosofia, com aquela professora baixinha chata.

– Vitória.

Ai Jesus.

– Bruno, me dá outro susto desses e eu arregaço sua cara. – Disse zangada.

– Perdão. – Ele riu. – Dever de que?

– Filosofia. – Respondi mal-humorada.

– Ah... Hoje eu visitei meu túmulo. – Ele disse desinteressado.

– Deve ser estranho visitar o lugar que você foi enterrado. – Comentei.

– É verdade. – Ele suspirou e depois deu uma risada.

– Rindo do que? – Perguntei.

– Nada, só estava relembrando do dia em que te conheci. – Ele riu de novo. – Você é muito desastrada não é? – Ele disse com um tom muito estranho. Olhei desconfiada para ele, quando percebeu o tom de voz que tinha usado, concertou. – Quero dizer, você vive caindo e esbarrando nos outros.

Fiquei quieta e me concentrei no meu dever.

Meu celular tocou e eu atendi, era o Miguel.

– Oi Vitória, você pode sair hoje à tarde? – Ele perguntou.

– Ah, claro! Para onde?

– Vamos ao parque de diversões, ganhei dois ingressos.

– Claro! Que horas?

– Nos encontraremos daqui à uma hora na praça, pode ser?

– Claro, até mais tarde.

Quando desliguei Bruno ficou me encarando.

– Quem era? – Ele perguntou.

– O Miguel, ele me chamou para ir ao parque de diversões hoje à tarde. – Respondi.

– Pensei que iríamos passar a tarde juntos hoje. – Bruno disse ressentido e eu gargalhei.

– O que é isso? Ciúmes? – Zombei.

O rosto do Bruno ficou vermelho.

– Ok, agora sai daqui que eu vou trocar de roupa. – Resmunguei e ele desapareceu.

Troquei de roupa, calcei meu all star e gritei para a minha mãe que ia passar à tarde com um amigo. Quando eu fechei o portão de casa, Bruno apareceu na minha frente.

– Você está bonita, por acaso é algum encontro? – Ele perguntou.

– Não. – Eu ri. – Até parece.

– Por que a risada? Esse Miguel provavelmente está interessado em você.

– Por que você está dizendo isso?

Bruno se calou e revirou os olhos.

– Espera... Você andou espionando ele? – Tive que me conter para não gritar no meio da rua sozinha. – Você não tem o direito de fazer esse tipo de coisa! – Resmunguei.

– O que isso importa? Eu estou morto! Ninguém notaria. Você não faz a mínima ideia de como é ser invisível para tudo e todos, de ficar sozinho o tempo todo e a única pessoa que pode me fazer companhia estar te esquecendo! – Ele desabafou tudo na minha cara e eu fiquei vermelha.

– De onde você tirou que eu estou te esquecendo?

– Sinto que está. – Ele respondeu e abaixou a cabeça.

– Bruno, para com essa bobagem, eu jamais seria capaz de te esquecer, mas eu também tenho direito de ter amigos caramba! Só por que estou saindo com eles não significa que eu te esqueça. – Respondi.

– Eu sei perdão. Mas me assombra a ideia de ficar sozinho novamente, ainda mais depois do que eu andei fazendo. – Ele ficou mudo e eu o encarei.

– O que você andou fazendo?

– Idiotices. – Ele disse baixinho.

– Que idiotices? – Agora eu estava realmente desconfiada.

– Coisa de garoto imaturo. – Quando ele disse isso eu me dei conta e fiquei mais vermelha que um pimentão.

Agora eu tinha entendido todas aquelas sensações de estarem me observando e todo aquele tom estranho que ele usava de vez em quando. E aquele medo imenso de tomar banho que eu tinha, e todo o resto.

Antes que eu me desse conta, dei um tapa na cara dele.

Foi aquele instinto feminino quando uma garota se sente ameaçada.

Ele me olhou com raiva e tristeza e eu me esforcei para não fazer um escândalo.

– Agora eu entendi tudo. Obrigada. – Resmunguei pronta para ir embora, mas ele me segurou pelo braço.

– Perdão. - Aquele tom de voz doce.

Inferno, eu não podia me derreter.

– Agora chega, eu não sou desse tipo de garota que podem fazer o que quiserem de mim e depois rir na minha cara. Estou cansada de tanta falsidade. – Disse ofegante.

– Não julgue tudo o que eu disse só por que algumas vezes eu não fui sincero com você, Vitória. – Ele respondeu com a raiva subindo ao rosto vermelho do tapa que ele levou.

– Ah, mas quando a gente descobre que a pessoa foi desonesta com a gente, tudo o que ela falou se torna suspeito e difícil de acreditar. – Respondi zangada.

Bruno se zangou mais ainda e resolveu jogar tudo na minha cara.

- Você realmente que dar uma de esperta agora? – Bruno se exaltou. – Desculpa, mas você realmente tem um pensamento meio lerdo. Acreditou quando eu disse que morri há 65 anos, sendo que Brasília tem 52 anos desde que foi fundada.

Ele disse isso, e a burrice subiu ao meu rosto, como fui idiota em não perceber isso?

– Ah! Perdão pela lerdeza, mas quando a gente descobre que está apaixonada por um fantasma é difícil pensar em datas ou quando a cidade foi fundada! – Me exaltei também.

– Está apaixonada por mim? – Ele me encarou.

Merda. Falei demais.

Eu fiquei tão boba com aquela situação que fiz a coisa que mais me saio bem.

Correr.

Apesar de que eu vivo caindo, então não seja a melhor coisa que eu saiba fazer.

Mas é melhor uma retirada estratégica do que uma conversa indesejada.

Cheguei ofegante na praça. Miguel já estava me esperando.

– Ei! O que houve? Correu uma maratona foi? – Ele riu da minha cara.

– Podemos dizer que sim. – Dei um riso sem graça e me recompus.

Fomos caminhando até um parque de diversões enorme. Um arco bem grande nos portões com o nome Nickolândia Center Park. Miguel mostrou um papel para a moça do guichê, ela sorriu e logo depois um cara grande colocou uma pulseira nos nossos pulsos e aí eu o saí arrastando para a montanha russa.

– Nunca vi uma menina tão entusiasmada para ir a uma montanha russa. – Miguel riu e eu também.

Na verdade eu queria era tirar Bruno da minha cabeça.

Até que deu certo, passamos a tarde toda comendo besteira, andando nos brinquedos e fazendo palhaçadas. Engraçado foi o grito meio gay que o Miguel deu quando fomos na barca.

– Que grito foi esse Miguel? – Eu gargalhei.

– Não ria de mim, a culpa foi sua por querer vir na ponta eu falei para a gente ir no meio e AAAAAAAAAHHHHHHHHHHH DEUS ME SEGURA, EU VOU MORRER! – Eu ri tanto que quase fiz xixi nas calças.

Quando descemos da barca Miguel foi direto para um banco próximo se sentar.

– Eu nunca mais ando nisso. Isso não é de Deus Vitória. – Ele parecia apavorado e eu só conseguia rir da cara dele.

Mas nossa empolgação acabou quando uma vaca ruiva oferecida veio gritando e pulando do meio do parque para perto da gente.

– Miguel! Ai que sorte te encontrar aqui, você não está tendo um encontro com essa garota estranha não é? Sinceramente, você já teve um gosto melhor para garotas. – Ela riu se requebrando, parecendo uma enguia com espasmos.

Miguel me olhou pedindo socorro.

– Sim, estamos em um encontro algum problema? – Me levantei, puxei o Miguel e saí de mãos dadas com ele.

Vi Felícia ficar vermelha, da cor do cabelo dela.

– Ih, você irritou ela. – Miguel riu e depois fez aquela cara de “Por que esse pesadelo não acaba?”.

– Vou irritar ela ainda mais. – Ri. E percebi que Miguel captou meu pensamento.

Enquanto Felícia vinha correndo para agarrar meu pescoço, Miguel me puxou e me beijou.

Felícia olhou para nós dois com aquela cara de taxo, e depois de raiva pura, colocou a mão na cabeça quase puxando os cabelos e depois foi embora.

Há, na cara da vadia!

Quem sabe agora ela parava de perseguir o pobre do Miguel.

Mas quando ela foi embora batendo o pé, ela passou por um garoto que estava mil vezes mais chateado que ele. Bruno me olhava incrédulo, e eu não podia fazer nada. Quando Miguel me soltou, Bruno desapareceu, e eu percebi a grande besteira que eu tinha feito.

– Enganamos ela. – Miguel riu. – Obrigado por me ajudar, Vitória.

Eu não pude rir de volta, nem consegui entender uma palavra que ele tinha dito. Eu só queria ir ao banheiro, me trancar em um Box e chorar pelo resto da minha vida.


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Notas finais do capítulo

Se alguém estiver em dúvida com alguma coisa pode mandar um review aí que eu explico tudinho. Gostaram? Por favor, me contem. (: