Eu acordei totalmente entorpecida.

Com braços e pernas fortes me cercando, me protegendo. Era Patch. Eu olhei para ele e sorri, aquele sorriso aberto e enorme me deixou sem fôlego. Eu estava apaixonada por ele, não importava se isso implicava um crime.

“Eu te amo.” Eu finalmente, finalmente, me dando conta de que não precisava esperar tanto para dizer aquilo já que nós já nos conhecíamos desde mais jovens. Eu pouco podia acreditar que não conseguia lembrar de nada, nem mesmo depois da foto e dos relatos de Patch, na noite passada. O meu passado com ele era totalmente em branco.

Porém, eu sabia, não precisava lembrar de nada além disso. Do meu amor por ele.

“Eu tive tanto medo de que você se esquecesse disso...” Ele acariciou os meus cabelos, eu conseguia sentir a sua ereção roçando na minha perna. Coloquei a minha mão em sua virilha e ele sorriu. Projetei meu corpo para cima do dele e nós beijamos loucamente até a penetração.

Gemi de prazer.

Se ele era o meu irmão, era um irmão muito bom de cama. Reprimi o meu último pensamento, como poderia pensar uma coisa daquelas? Gargalhei sozinha. “O que?” Ele perguntou, curioso.

“Nada não...” Eu sabia que se tocasse naquele assunto, ele poderia ficar mexido e não conseguir mais fazer amor. Eu o queria, naquele momento. Profundamente.

No fim, Patch e eu ficamos deitados na cama, abraçados, ele me dando beijos ternos, me abraçado, me protegendo, como sempre fez. Eu me derretia toda quando me lembrava da grande prova de amor que ele fez, ele nunca desistiu de mim, mesmo quando tudo parecia impossível. Isso era muito mais do que eu merecia e, agora, eu queria recompensá-lo. Por isso, passei todo o fim de semana deitada em sua cama, tendo momentos prazerosos e apaixonantes com Patch. Eu não queria sair dali nunca mais.

Até que o despertador do meu celular toca e eu acordo para a vida.

“Ai meu Deus, Patch, eu tenho que ir. Se bem que... Nós dois precisamos ir para a editora.” Eu digo, procurando mentalmente o meu guarda-roupa com as minhas roupas. Eu não podia chegar à editora vestindo apenas a blusa larga de Patch. Ele apareceu rapidamente, como se tivesse lido meu pensamento, com uma bolsa grande.

“Aqui estão suas roupas...”.

“Como você...?”

“Tomei a liberdade de ir ao seu apartamento enquanto você se recuperava, dormindo.” Eu procurei pela roupa mais adequada e achei uma calça social e uma blusa branca de botões. Peguei a calcinha e o sutiã e fui direto para o banho. Patch ficou ali me observando, tudo o que eu queria era chama-lo para tomar banho comigo, mas isso levaria a outra coisa e eu acabaria me atrasando para o compromisso que tinha. A venda de direitos do livro de Patch. Livro esse que contava todos os detalhes da minha vida. “Você tem certeza de quer publicá-lo, ele era apenas uma tentativa de fazer com que você se lembrasse de tudo. Não precisa fazer isso... Eu tenho um pouco de dinheiro do meu pai, nós podíamos ir para bem longe daqui, tentar a vida em outro lugar.”

Tudo o que eu queria era ir embora dali, esquecer da história sobre a minha outra eu, ser apenas a eu de agora, amando o Patch, se é que isso faz algum sentido. Mas ainda tem a minha mãe que eu quero confrontar (não contei isso ao Patch pois, com certeza, ele vai ser contra) e o sr. Schuster, eu não poderia abandoná-lo, ele vê no livro de Patch a oportunidade de se reerguer e sair da rédea dos executivos, eu não poderia fazer isso com ele.

“Eu não posso.” Eu disse, abrindo o box, completamente desinibida em estar nua na frente dele. O sorriso de Patch se transformou em uma expressão dura, acho que ele já estava esperando por isso.

“Nora, nós temos que ir embora. Você... Quer ficar com essas pessoas? Que te enganaram?” As palavras dele me machucaram.

“Tudo o que a minha mãe fez foi para me proteger!” Eu gritei.

“Te privar do seu passado e de mim por puro ego é proteger? Ela aproveitou que você se esqueceu de mim para me tirar de vez da jogada, ela nunca gostou de mim, por eu ser o filho bastardo, por ser o fruto da traição do seu pai.” Eu me senti impotente, não tinha como rebater aquilo, eu não tinha argumentos.

“Ei, de certa forma, você também fez isso. Você mentiu para mim, não é mesmo? Você concordou com isso.” Na mesma hora eu me arrependi de ter dito isso, Patch olhou para mim com uma carranca, ele levantou-se e saiu andando. Um medo mortal passou por mim naquele momento. “Patch, por favor, eu não queria ter dito isso.” Fiquei frente a frente com ele, pude perceber que ele escondia um choro, seus olhos estavam vermelhos. Ele respirou fundo e olhou nos meus olhos.

“Você está certa, eu menti para você. Mas eu não concordei com isso, nem por um milésimo de segundo. Eu sofri todos estes anos, sabendo que você poderia seguir em frente, sem nem saber quem eu era.”

“Eu imagino isso e sinto muito por tudo. Mas ela ainda é a minha mãe e tem o sr. Schuster, eu não poderia abandoná-lo, ele vê o seu livro como a chance para que possa tirar a editora da falência. E eu não posso ir embora sem antes conseguir... Conseguir uma resposta dela. Eu quero ouvir dela.”

“Você não acredita em mim.” Lágrimas caem dos meus olhos quando ele diz isso. Droga! Ele é tão difícil.

“Não. Eu acredito em você, mas preciso ouvi-la, para poder seguir em frente.” Depois de um tempo olhando nos meus olhos, sua expressão um misto de raiva e tristeza, Patch suspirou, aquele era uma sinal. Ele tinha cedido.

“Faça o que tem que fazer.” Ele diz, frio, mas mesmo assim me dá um beijo longo depois disso.

“Eu não posso te perder, não de novo.” Eu digo, entre beijos.

Tudo estava bem, por enquanto.