Entrei de volta na casa, enquanto o homem que acabara de me beijar, corria atrás de outra. Corri pro seu quarto e me joguei na cama. Não sabia nem qual sentimento estava sentindo no momento, raiva? Paixão? Tristeza? Nem chorar eu conseguia. Puxei minha mochila e a coloquei em cima da cama, tirei algumas peças de roupa e fui pro banheiro. Me despi e entrei debaixo do chuveiro, a água gelada como o inverno, transportou minha mente. Deixei aquela água e a temperatura, levarem meus pensamentos. Me enrolei em minha toalha, limpei o espelho e me encarei por alguns segundos. Coloquei um vestido e terminei de me vestir. Passei pouca maquiagem, penteei meu cabelo e enrolei um lenço em meu pescoço. Voltei pro quarto, Gale já estava lá.

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- Flinch, olha, me desculpa, por favor, aquilo... – Ele começou.

- Não! – O interrompi. Peguei minha mochila e a coloquei sobre meu ombro. – Não tem problema, já foi esquecido. Tô indo embora, foi um erro vir pra cá.

- Não, Flinch, a culpa foi minha, mas você não tem que ir!

- Tenho sim, e já estou decidida.

Saí, sem olhar pra trás, quando alguém abraçou minha perna, era Posy.

- Não vai, por favor.

- Eu tenho, querida. – Agachei, ficando a sua altura.

- Você está nos deixando, ou está deixando Gale?

- E-eu tenho que ir, Posy.

- Vai pra onde? – A pequena disse, com lágrimas nos olhos.

- Ainda não sei, mas você poderá me visitar.

- E você vem nos visitar?

- Claro, Posy. – Eu sorri. – Agora, tenho que ir.

Assim que saí da casa, ouvi outra pessoa me chamando.

- FLINCH! – Era Hazelle. – Nada que eu disser vai te fazer ficar, não é?

- É.

- Gale me contou tudo. Se você quiser, pode procurar minha irmã.

- Muito obrigada, Hazelle, mas não, é melhor eu ficar longe da... Sua família. Estou pensando em ir pra casa. - Eu disse.

- Mas...

- É o certo, vou cuidar da minha irmã, tomar conta da nossa casa. Adeus. – Sorri, soltando uma lágrima. Um dia na vida daquela gente, e parecia que os conhecia por anos.

- Adeus. – Sorrimos e ela me abraçou.

Andei de volta pelo mesmo caminho que passei ontem a noite com Gale, dessa vez, sozinha e confusa. Parecia que o caminho até a casa de Katniss era eterno. Até que quando cheguei no portão, ela já estava lá, com o rosto inchado e os olhos avermelhados.

- Você me deve desculpas, não acha? – Ela disse com raiva.

- Não. Você namora o Peeta, não tem nada com o Gale, por que eu te deveria desculpas?

- PORQUE ELE É MEU...

- Seu o que, Katniss? – Dessa vez foi Peeta que disse, saindo pela porta da casa.

- Meu amigo, Peeta. Por favor, não se meta. ELA é a culpada.

- Ela não tem culpa de nada. Quem está se confundindo aqui... É você. – Peeta falou, com uma expressão de dor.

- TEM SIM! SE PELO MENOS ELA TIVESSE MORRIDO NAQUELA ARENA... O PLANO ERA ESSE, NÃO ERA? SÓ UM SAI VIVO E FUI EU! – Katniss gritava a plenos pulmões, e foi aí que vi o quanto Peeta carregava em seus ombros, sozinho.

- Eu também saí de lá, não era isso que você queria, não é? Nunca foi... – Ele disse, chorando e atravessando a rua, indo pra sua casa.

- ESTÁ VENDO O QUE VOCÊ FEZ? É SÓ ISSO QUE VOCÊ CONSEGUE FAZER! DESTRUIR!

- Katniss! Pare de gritar. – Dessa vez foi sua mãe que saiu da casa, mas a arrastou pra dentro.

- Eu te devo isso. – Rapidamente Peeta voltou com uma chave e me entregou, limpando o rosto.

- O que? Você não me deve nada, relaxa.

- É a chave da mansão de Haymitch, ele está viajando. Sei que ela é... Difícil. – Ele abaixou a cabeça.

- Por que você aguenta isso, Peeta? Meu Deus! - Perguntei, quase chorando também.

- Porque eu a amo. Mas não ela entende, nem ela sabe se prefere Gale. As vezes, acho que sim, eu sou só um fardo que ela carrega, por ter sobrevivido aos Jogos.

- Mas... Você não pode viver com isso na cabeça. Não é justo! – Falei, um pouco exasperada.

- Entra. – Peeta apontou a porta de Haymitch. – Vou lhe preparar uns biscoitos.

- Obrigada, mas acha isso certo? Ela...

- Eu não ligo mais. - Ele abanou as mãos e foi com a chave de encontro com a fechadura.