– Boa noite, Capital, boa noite, Panem! – A mulher que me procurou na casa de Haymitch, Gera Snow, estava na varanda, usando um terninho preto e com um lencinho branco nas mãos. – Venho lhes dar uma péssima noticia. Infelizmente, o presidente Snow, meu amado e estimado marido acaba de falecer.

O QUE? Puxei Gale pela mão, pra fora da multidão e segui até os fundos da mansão, procurando por Katniss, todos haviam parado de tentar entrar e prestado atenção em Gera.

– Kat, e agora? – Sussurrei.

– Calma, calma.

– Nós vamos tomar as devidas decisões e logo informaremos as datas do enterro e funeral. Sei que todos os cidadãos estão muito sentidos, mas é hora de sermos fortes. – A mulher na varanda dizia, sem derramar uma única lágrima, mas fazendo uma expressão de coitada.

– Como foi? – Alguém no meio do alvoroço perguntou.

– Ao que parece, ele foi... Envenenado, o que não faz sentido, ninguém gostaria de machucar Snow, ele era um homem tão bom. – Todos na praça riram. – Peço RESPEITO! É só isso.

– Missão abortada! – Kat disse, enquanto Gera voltou pra dentro da mansão.

– E WILL? – Perguntei.

– Ele vai aparecer logo. Se acalme, Flinch.

– Não, eu não posso me acalmar, Katniss, eu sou a única esperança de Ella, você sabe bem como é isso, eu não posso me acalmar. – Me irritei.

– Ela tá certa, Katniss. – Gale me defendeu. – Eu vou falar com Gera.

– NÃO, GALE, todos vamos! – Peeta falou.

Nós quatro entramos na mansão, dessa vez, pela porta da frente, afinal, depois da noticia, ninguém ligava pra nós ali, estavam mais preocupados em achar pistas do assassino.

– Boa noite, crianças. – Gera parecia que já estava nos esperando. – Eu não entendo vocês, queriam ficar livre de Snow, mas a própria... Flinch não quis se vingar dele.

– Eu só quero a minha família de volta. – As lágrimas vieram aos meus olhos e Gale firmou sua mão envolta de minha cintura.

– Seguinte, Gera... – Katniss começou, mas a mulher a interrompeu.

– SRA. SNOW!

– Ok, Sra. Snow. – A mesma rolou os olhos. - Queremos o irmão de Flinch de volta, Will, onde ele está? Tenho certeza de que você sabe.

– De fato, eu sei. – A senhora sorriu secamente.

– E ENTÃO? – Katniss gritou de novo.

– Se acalme, Srta. Everdeen, essa atitude não vai te levar a lugar algum! Alias, no momento sou a única que sabe onde Will está, então, tenha mais cautela ao falar comigo. – Gera mantinha um sorriso seco no rosto.

– Por favor, Sra. Snow, eu preciso saber onde está meu irmão. – Choraminguei.

– Tudo bem, tudo bem, não quero criança chorando em minha casa. Durmam no hotel da Capital e dou minha palavra que amanhã os levarei até lá.

Não queríamos esperar mais, mas também não tínhamos opção a não ser confiar naquela bruxa. Eu e Gale ficamos no mesmo quarto, Kat e Peeta no do lado e os mineiros voltaram pro distrito 12. Passamos a noite toda em claro, Gale me fazendo cafuné e eu com os olhos arregalados encarando o teto daquele hotel horrível. Se passaram horas que pareciam anos, talvez até séculos, e por todo esse tempo, o homem ao meu lado na cama também não pregou os olhos e cantarolou alguma canção de ninar pra mim.

– Gale! – Me debrucei em sua barriga.

– Sim?

– E se... Não conseguirmos levar Will de volta? E se conseguirmos?

– Como?! Se não conseguirmos... Bem, eu vou atrás dele, acabamos com essa Gera, mas vamos levá-lo de volta pro seu distrito. Se conseguirmos? Como assim? – Ele torceu a sobrancelha.

– Exato, o que vai acontecer com nós dois?

– Nós vamos ficar juntos, não? – Gale acariciou minha orelha e sorriu. – Quero ficar contigo pra sempre, ruivinha. – Cedi um sorriso também.

– Eu estou com medo, Gale, isso não é um conto de fadas, o bem não ganha sempre, o casal não fica junto no final.

– Mesmo assim, eu vou estar contigo, não precisa ter medo, é só confiar em mim.

– Em você, eu confio, não confio em Gera, como será que Will está agora? – Joguei uma pergunta sem resposta no ar e virei meu rosto pra janela.

– Vem cá. – Ele me puxou levemente, pra cima, ao seu lado, me deu um beijo suave e deixou seu rosto bem perto ao meu. – Eu sempre vou cuidar de você, Flinn, e depois disso tudo, nós vamos dar o nosso jeito pra ficarmos juntos. – Gale depositou um beijo na ponta de meu nariz e sorrimos.

Adormecemos por poucas horas, quando ouvi alguns barulhos do lado de fora do quarto, não quis atormentá-lo, então só me levantei e fui ver o que estava acontecendo. Abri uma fresta da porta e espiei, eram os pacificadores, guardas presidenciais, olhei pra um relógio que estava no quarto, 5h30. Os guardas bateram no quarto de Katniss, que atendeu, ainda bocejando.

– O que houve? – Ela perguntou.

– A Sra.Snow nos mandou pra convidá-los pra tomar o café da manhã no edifício da justiça, com ela.

– Ok, obrigada.

A garota fechou a porta, fechei a minha também e corri pra perto da minha bolsa, peguei as cartas e as coloquei sobre criado mudo, ao lado da cama e voltei pros braços de Gale, que sorriu involuntariamente, mesmo estando dormindo. Snow estava morto, era difícil aceitar isso, apesar de ser uma coisa “boa”, não me parecia o final feliz, minha intuição dizia que havia mais uma batalha pra lutar. Gale me deu um beijo de leve nos lábios e se levantou.

– Está na hora, ruivinha. 7h!

– Oh, bom dia. – Também levantei, puxei algumas peças de roupa de minha bolsa, as levei pro banheiro e me troquei.

– FLINN! – Ele logo bateu na porta. – Tem alguém aqui... Procurando por você.