Outono Em Paris escrita por alebazi
Pulei da cama, porque se eu demorasse a sair de lá, o sono me faria sua refém pelo resto do dia.
‘’Ligar ou não ligar...eis a questão’’
Não, eu não vou ligar, o que eu falaria?
‘’Oie, eu tive um sonho com a minha mulher que morreu, e ela me disse para te ligar... E ai como está?’’
Claro, vou ligar e dizer isso, ai ela acha que sou uma louca some da minha vida, com ela vai essa minha vontade de beijá-la, e eu passo o resto da minha vida cuidando de gat...
Os meus pensamentos foram interrompidos pelo toque do meu celular.
_Alo?
_Oie Juliana, desculpe ligar essa hora, sou eu Eloise.
_Ah sim, oie-Se Maomé não vai a montanha, a montanha vai a Maomé.
_Eu sei que combinamos de nos encontrar mais tarde, mas eu estou sem fazer nada, podemos nos encontrar, agora?
Diz na, não, não.
Minha consciência gritava: NÃO.
_Sim, claro – Eu nunca escuto minha consciência.
_Então te encontro na torre daqui uns vinte minutos, ok?
_Tudo bem.
Burra,burra ,burra.Vai lá tentar controlar essa vontade irracional de beijá-la, perto dela. Será que você consegue?
Olhei o caderno, folheei.
‘’Domingo.
Se não deu certo, apague e recomece. Esqueça o que ficou. Esqueça a culpa. A falta de plano. Esqueça a dúvida. O que foi quase engano. Apague e recomece. É sempre hora de mudar, de virar a página e se reinventar. Mesmo que doa, aprender não é um processo à toa.
(Fernanda Mello.)
Eu te amo. ’’
Dói e não é pouco, mesmo a mudança sendo a única constante da vida.
Eu não sei se quero se posso se consigo.
Me vesti, joguei uma água no rosto e desci.
Conrado estava sentado perto da torre, desenhando.
_Bom dia, garotinho – Cumprimentei-o
_Oi senhorita Juliana.
_Pode me chamar só de Juliana.
_Tudo bem, senhori...Juliana.
Eu sorri.
_Como vai a senhorita Eloise?
_Deve estar bem... Estou esperando ela.
_Ela é muito bonita.
_É sim, também acho.
_Você gosta dela?
_Que bonito esse desenho – Desconversei.
_Me responde, não conto pra ninguém – Ele pediu.
_Não sei... Acho que sim.
_E por que não namora ela?
_Porque não é fácil assim, Conrado.
_É fácil sim, os adultos que complicam tudo.
_É talvez seja, seria mais fácil se eu fosse esse menininho lindo que você é.
Ele sorriu envergonhado.
_Talvez o único problema é que eu verdadeiramente gosto dela.-Falei de repente
_Oi pessoal – Disse Eloise que estava atrás de mim.
Pronto, se ela tivesse alguma duvida que eu tenho uma queda, um tombo ou um precipício por ela,agora não tinha mais.
_Bom dia, senhorita Eloise.
_V-você ouviu a-alguma co-coisa que eu disse? – Perguntei gaguejando.
_nada, se você não quiser que eu tenha escutado.
Ela ouviu,
_E ai, algum lugar especial que você queira ir? –Ela perguntou.
_Não, eu não conheço nada aqui.
_Verdade, você me disse isso ontem.
_Você conhece algum lugar por aqui, Conrado?
_Se as senhoritas gostam de sorvete, tem uma sorveteria na outra rua.
_O que acha? – Perguntei.
_Claro, adoro sorvete.
_Vamos Conrado.
_Não obrigada.
_Vamos vai ser legal – Falou Eloise.
_Não, senhoras.
_Assim como não se deve deixar uma dama esperando, também não se deve recusar o convite de duas mulheres-Disse relembrando o que ele me disse um dia antes.
_Vocês ganharam, senhoritas – Disse ele organizando os papéis e colocando em uma pasta.
_Então vamos – Falou Eloise.
Conrado foi à frente mostrando o caminho.
_Desculpa, mas eu não consegui esperar até mais tarde para te encontrar – Confessou Eloise.
E o que eu fale agora? Que eu sonhei com Heloisa e ela quer que a gente fique juntas?
_Sem problemas – Foi o que eu disse.
O garoto parou em frente a vitrine da sorveteria.
_Vamos entre – Disse a ele.
_Eu nunca entrei aqui.
_E essa não é a única sorveteria por aqui? –Perguntou Eloise.
_Sim.
_Então porque você nunca entrou aqui? – Perguntei.
_porque ninguém nunca me trouxe pra tomar um sorvete-Disse ele com a cabeça baixa.
Me parecia até mentira, um garotinho tão adorável como ele nunca ter entrado em uma sorveteria.
_Vamos, agora você vai conhecer a maravilha que é uma sorveteria-Disse Eloise colocando as mãos no ombro dele e o levando para dentro.
Os olhos dele brilhavam como criança em loja de doces, pessoa que acha dinheiro no bolso da calça.
_O que você vai querer? – Perguntou Eloise para Conrado.
_Eu não sei.
_Escolha o mais caro, porque hoje quem vai pagar é a Juliana-Brincou ela.
Eu dei uma risada.
_Vamos Conrado, pode escolher qualquer um – Falei.
Ele apontou para o pote de sorvete com sabor de chocolate.
_O que você vai querer Ju?
_Chocolate também.
_Então são dois de chocolate e um de creme – Disse Eloise para a garçonete.
_E quantos anos você tem Conrado?- Disse Eloise tentando puxar assunto com o menininho.
_Nove.
_olha, é quase um homenzinho.
_E mora com quem?
Ele demorou a responder.
_Com ninguém não senhorita Eloise – Ele disse tristonho – eu moro em um orfanato.
Eu tinha esquecido de falar para Eloise que ele era órfão.
A garçonete interrompeu trazendo os sorvetes.
Não quer ver anúncios?
Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!
Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!Notas finais do capítulo
Reviews , reviews ?