Ele encontrava-se sentado na frente da escola como de costume, parado e esperando o horário da entrada, um aluno exemplar, introvertido e isolado por escolha própria, possuía relativamente poucos amigos, com seu fone de ouvido no volume maximo ao bom e velho som de Pearl Jam. Não fazendo idéia de que sua vida pacata estava prestes a ter uma grande reviravolta.

Observador e atento, como sempre, ele nota a estranha e excessiva movimentação de carros da policia e de ambulâncias descendo a rua em direção ao centro da cidade. Um tempo depois, coisa de alguns segundos após os carros passarem, ele avista um senhor de aparentemente uns 30 anos subindo a rua com dificuldades, uma enorme ferida em seu pescoço provavelmente causara a perca da noção de espaço, estava andando pelo meio da rua, pendendo para os lados, próximo a ele havia um grupo de garotas que vendo o homem correram para prestar socorro, ao se aproximarem o homem caiu imóvel, aterrissando como uma pedra no asfalto, uma delas ainda tentou estancar a ferida apertando-a com as mãos, como se o homem ainda vivesse.

De repente o homem que estava imóvel voltou a se mexer, pode se ver um sorriso de contentamento da garota por ter estancado o ferimento, mas um sorriso inútil, numa fração de segundos o homem se inclinou sobre ele, mordendo o seu pescoço, foi possível ver o sangue jorrando como uma fonte e rapidamente manchando o asfalto e o branco uniforme da garota, respingando em algumas de suas amigas. Os gritos das pessoas que presenciaram, principalmente das garotas, ecoavam de forma ensurdecedora, praticamente todos os alunos da escola correram aos berros e em estado de choque para a direção oposta da rua, outros batiam desesperadamente no portão da escola clamando por ajuda. Já o garoto de fones permaneceu estático, sua inegável expressão de surpresa aos poucos foi se convertendo em euforia.

Após alguns segundos a garota já estava de pé novamente, meio lenta e desnorteada como o homem, e ambos se puseram a caminhar quase que se arrastando em direção ao garoto. Chegando perto, cerca de uns 5 metros, o garoto tirou as mãos dos bolso, com a esquerda arrancou o lado esquerdo do fone de seu ouvido e a direita posicionou na grama atrás dele, e sorriu de forma inegavelmente sádica. Os poucos estudantes remanescentes gritavam desesperados para que ele fugisse, mas o mesmo não ouvia, ou simplesmente ignorava os avisos. A garota estava a um metro dele, abriu a boca e foi para cima dele tentando morde-lo. Num rápido movimento ele estourou o crânio dela com uma barra de aço, o corpo dela foi atirado brutalmente contra o outro morto-vivo que, devido à força da batida, acabou caindo. Nesse meio tempo o garoto olhou para a barra de aço ensangüentada e disse em tom baixo e satisfatório:

- Sabia que era uma boa idéia ter deixado você escondida na grama durante esses meses.

Terminando de dizer aproximou-se do morto-vivo, que estava tentando se levantar, chutou seu braço de apoio, derrubando-o de costas e fincou a barra no meio do crânio, até o som da barra tocando a calçada ecoar pelos ares.

- É meu caro, parece que hoje não é seu dia de sorte – sorriu ele para o morto.

Caminhou um pouco até chegar ao meio da rua, e seu celular alertou para uma mensagem de seu “irmão”.

‘Onde você esta?

Volte para casa imediatamente, parece que zumbis ou coisas parecidas infestaram a cidade. ’

‘Já estou indo...

E sugiro que você pare de matar aula pra ficar em casa ¬¬ ’ – respondeu ele.

Jogou sua mochila no meio fio, colocou a barra sobre o ombro direito, olhou brevemente aos alunos espantados que ainda permaneciam ali, inclinou a cabeça para cima  e disse com um ar despreocupado

- Hoje está realmente um dia lindo.

E se pôs a caminhar em direção ao caos que se tornara o centro da cidade, onde seu apartamento ficava.