Enquanto Thomas falava com aquele homem eu fui entrando e dirigi-me á zona do bar.

- Vai desejar alguma coisa?-perguntou o barban.

- Por enquanto não, obrigado- falei com um sorriso. Mas depois pensei, era a oportunidade especial para eu saber quem era o "tal" homem.- A não ser...

- Sim?- interrompeu-me.

- Sabe quem é aquele senhor?- perguntei escondendo a curiosidade na minha voz.

- Por favor trate-me por tu, aquele é Alfred, o dono do bar e avô de Thomas.- respondeu gentilmente

- Sério? Thomas não me disse nada...- falei olhando sério para Thomas e Alfred

- Ele não custuma falar sobre a familia, não é verdade?- perguntou

- È verdade, mas como sabe....perdão sabes?

- Sou tio dele. Carl, prazer, e tu és?- perguntou o tal barban docemente

- Katherine, mas podes chamar-me por Kath. Sou a nova irmã de Thomas.- falei sorrindo

- Ah, a minha cunhada falou de ti...Antes que fales da minha idade, apenas tenho 22.- falou Carl

- Mais novo que James...como é isso possivel?

- Os meus pais não são assim tão velhos, pelo menos a minha mãe... Eu sou tio de empréstimo, casei com a irmã de Nicole.- esclareceu-me.

- Ah, isso explica a diferença de idades entre tio e sobrinhos...- comentei 

Tivemos de cortar a conversa pois havia mais pessoas lá para além de mim, e ao contrário de minha pessoa tinham de ser servidas.

Decidi levantar-me e caminhar para a pista. No momento em que me levantei Thomas despediu-se do seu avô e veio ter comigo, por coincidência começou a tocar uma das minhas músicas preferidas, e então eu puxei-o para dançar comigo Misery- Maroon 5.

Quando a música terminou fomos para uma das mesas. 

- Já leste o livro das regras?- perguntou Tom para arranjar conversa

- Por favor Tom, não vamos falar da escola, pode ser?

- Então vamos falar do quê?- falou com um ar divertido.

No momento em que eu ía falar um grupo de rapazes veio comprimentar Thomas. Isso deixou-me frustada, não era suposto ser uma noite nossa? Então porque é que estavamos sempre a ser interrompidos por clientes habituais?

- Desculpa, será a ultima vez que alguém interrompe a nossa conversa- falou Thomas quando eles se afastaram

- Será?- falei mais fria do que aquilo que pretendia

- Vamos fazer uma coisa, se mais alguém vier falar comigo eu despacho-o em 2 segundos... pode ser?

- Não sei, logo se vê. Depende tudo de ti...- falei ainda mal humorada.

Mas bastou eu me calar para que uma rapariga loira, de pele clara e bastante alta vir falar com Thomas e este em vez de fazer o que disse fazer ainda lhe deu conversa. Fartei-me, não ía deixar a minha noite ser destruída por clientes.

- A que horas vamos embora?- perguntei, ou melhor gritei a Tom, mas não obtive resposta.

Fui andando para a zona do bar.

- Vais desejar alguma coisa desta vez?- falou Carl

- Vodka, há por aí?- falei furiosa

- Não vendo a menores de 21 anos...que se passou?

- Eu sei...- respeirei 1, 2 e 3 vezes antes de continuar- a que horas sais do serviço?

- Depende, porque queres saber?

- Porque segundo os meus cálculos não vou ver Thomas até amanhã de manhã.- respondi observando atentamente a tatuagem de Carl no ombro esquerdo.

- Já está com a Clara?- falou surpreso

- Clara? Sei lá se é Clara ou Escura, só sei que é loira...

- Tem calma rapariga. Os nervos não fazem nada bem! Se é loira é a Clara, geralmente todas as noites que Tom vem, eles vão ali para o fundo- apontou para uma porta de cor que não consegui decifrar.

- Isso ajuda-me em muito...- reclamei

- Fazemos assim, porque não te vais divertir? Eu saio de serviço daqui a 2horas, mando alguém avisar que te levo a casa.

- Farias isso por mim?- falei já mais divertida

- Faria e faço. agora vai lá divertir-te. Aliás, aquele moço não pára de olhar para ti, porque não vais dançar com ele?- falou Carl em tom malicioso

- AH AH AH- fingi piada- guardas-me o casaco?

- Ya, dá-mo cá.

Depois de lhe ter dado o casaco dirigi-me ao moço que ele me tinha apontado. Tinha cerca de 1.80m, cabelo castanhos e olhos verdes. Era bem giro e era o ideal para me divertir por uma vez.

- Posso oferecer-te uma bebida?- perguntei

- Estava a ver que nunca mais... qual é o nome da princesa que me veio falar?- falou ele dando-me espaço para me sentar.

- Katherine, e o teu?- falei com um sorriso

- Nathan...ao seu dispor, hoje e todas as noites- falou o rapaz de um modo sedutor

- Deves andar pouco batido nessa conversa deves...- falei rindo animada

- Bem vi que tu eras diferente. Thomas trouxe-te mas não quer nada contigo para além de amizade! - falou ele animado

- Tu conheces o Thomas?

- Claro, somos parceiros...isto é somos grandes amigos. Mas ele nunca me falou de ti, por isso..

- Quiseste saber mais de mim sem lhe perguntar.- interrompi animada

- È algo como isso. Ficas-te zangada?- perguntou Nathan com cuidado.

- Posso tratar-te por Nath?- perguntei

- Claro, todos os nomes  que quiseres, isto é menos filho da puta.- disse sério

- Para já só mesmo Nath, quem sabe se no futuro eu não tenho motivos para te chamar isso?

-Espero bem que não.

Ficamos um tempo a olhar para a pista de dança e depois tomei iniciativa.

- Queres dançar Nath?

- Não sou muito dessas coisas...digamos que não sou bom dançarino.

- Eu também não, e depois? Vamos dançar á nossa maneira e quem quiser que não olhe!- falei animada

- Vou gostar de ser teu amigo. Vais andar na mesma escola do que eu e Thomas?- perguntou Nathan com um sorriso bastante agradável.

- Não, eu vou para a escola Naval...- respondi séria

-Então quer dizer que a princesa afinal é militar! Fiquei desapontado...- falou fazendo bico.

Nathan era bastante divertido. E era uma espécie de alivio conhecer alguém para além de Thomas e a sua familia. Nathan e eu não queríamos nada sério, só mesmo diversão. Coisas como dançar e sair com os amigos. Ele era uma espécie de salvação naquela noite que se estava a tornar um aborrecimento.

Subimos á pista quando começou Beautiful People (mix) de Chris Brown & Benny Benassi. Para quem disse que não sabia dançar até que dançamos bem. Eu e Nathan estavamos bem e  dentro de um clima amigavelmente mas com um pouco de tensão. Nathan era um rapaz bastante atrativo, então havia atração fisica por ambas as partes o que dificultava ás vezes as danças. Eu não queria fazer nada com ele em que o resultado final fosse numa cama. Mas estava a ser dificil controlar-me e pela voz ofegante dele notava-se que ele também estava com alguma dificuldade em se controlar.

- Nathan...é melhor parar-mos, não achas?- falei ofegante, tentando controlar a voz para não demonstrar aquilo que estava a sentir

- Sim, isto está a ir para um lado que não é comum entre amigos...- respondeu um pouco mais controlado.

Dirigimo-nos para a mesa. Aí ficamos em silêncio até Carl me vir buscar para irmos embora. Estava a levantar-me quando Nathan me agarrou o pulso.

- Podemos ver-nos novamente?- falou

- Claro, mas como?- perguntei confusa

- Pede o meu numero a Thomas, ele tem-no, eu ía adorar se nos voltassemos a encontrar. - disse com um sorriso

- Eu também- correspondi o sorriso

Depois afastei-me, tive de correr pois Carl não tinha notado que eu não ía atrás dele. Quando este abriu a porta a brisa fresca fez-me encolher.

- O clima entre ti e Nathan  na pista estava bastante pesado, se é que me entendes...- disse entregando o meu casaco.

- Eu sei...por isso é que paramos de dançar. Posso te pedir um favor?- falei enquanto pensava em toda aquela noite

- Fala, se não for pedir de mais eu faço.- respondeu enquanto arrancava com o carro.

- Podes não contar nada nem a Nicole nem a Thomas? Pode ser algo só entre nós os dois?- perguntei

- três, queres tu dizer...o Nathan também sabe.

- Isso, três...- falei aeria

Acho que Carl percebeu que eu estava bastante confusa e por isso não me falou mais, nem me fez uma unica pergunta até casa. Quando chegamos á morada foi quando ele falou.

- Ficas bem Katherine?

- Kath, por favor...- falei com um sorriso

- Ok. Ficas bem?

- Fico, obrigado.

- Então adeus. Dorme bem.

- Adeus, tu também...

Fechei a porta do carro e abri a porta da entrada principal. Pude observar que Nicole ainda não tinha chegado, por tanto de duas coisas uma: ou Nicole tinha um namorado  (sendo que os pais de Thomas eram divorciados) ou então o trabalho de empresária de moda exigia muito dela.

Fui até á cozinha e preparei uma espécie de lanche. Não era muio habitual eu comer ás tantas da manhã mas estava com fome.  Enquanto comia pensei na forma como Nathan tinha mexido comigo. Quando terminei lavei o copo e o prato e subi para o meu quarto.

O envelope que Thomas tinha falado estava em cima da minha cama e eu reconheci-o logo. Era o envelope que continha o fio do meu padrinho. Guardei-o na mesa de cabeceira e vesti o pijama. 

Coloquei o despertador para as 10:00 am , pois tencionava dormir o tempo suficiente e depois ainda fazer uma corrida, e com isso a minha manhã estaria ocupada até á hora do almoço.