Trocando as Bolas escrita por Silver Lady


Capítulo 2
Capítulo 2 - Em Busca das Cartas Clow


Notas iniciais do capítulo

Vegeta, Bulma, Goku, Trunks e Sr. Kaioh são do Akira Toryiama; Joey e Ross pertencem ao seriado Friends, que não sei de quem é. O pobre Riko ;) é meu mesmo, pra azar dele.



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Parte Dois

A Busca Pelas Cartas Clow


Como se lembram, por causa de um pequeno mal-entendido, Shen-long trocou os corpos de Vegeta e Goku _mas não os kis. Por causa disso, Goku se viu obrigado a passar a noite na Corporação Cápsula, até voltar ao normal ou Chichi aceitá-lo com a cara do Vegeta, mesmo. Vegeta, por sua vez, descobriu que vestir tamanho G pode levar a situações embaraçosas, e que truques usados em filmes idiotas só funcionam mesmo em filmes idiotas.

A manhã seguinte não parecia muito melhor para nossos heróis...


_Ô Vegeta!!! Por que está demorando tanto? Eu tenho que ir no banheiro! _ Goku corria aflito de um lado para o outro na frente da porta do banheiro, com as mãos entre as pernas.

_Não enche, Kakaroto! Há outros banheiros na casa!

_Mas até eu achar um vai ser tarde demais!

_Grrrrrrr! Já vou! Pronto! _ Vegeta abriu a porta.

Goku deixou o queixo cair no chão:
_O que você fez com o meu cabelo?!

Com bastante gel e o laquê da senhora Briefs, Vegeta fizera o possível para deixar o cabelo de Goku na forma de chama do seu cabelo original. Só que o resultado ficou mais pra gancho, porque o cabelo era mais mole e não conseguia sustentar o peso do “penteado”: assim, a ponta caiu pro lado, fazendo uma curva.

_Qual é o problema? O seu cabelo sempre fica em pé quando você se transforma em Super Saiyajin!

_É diferente! Você vai desmanchar isso aí agora mesmo!

_Escute aqui: já é ruim ter que usar as suas malditas roupas, mas não vou usar o meu cabelo... o seu cabelo daquela maneira ridícula!

_Ah, é? Então olha o que eu faço com o SEU cabelo!_ Goku agarrou um pente e gel.

_Kakaroto, não se atreva!


Bulma estava na cozinha com a mãe preparando o café (tinham mandado vir o caminhão de suprimentos) quando Trunks chegou correndo:
_Mãe, mãe, vem depressa! O papai e o Sr. Goku estão se pegando!

_E quando é que eles não estão? _ ela disse, mas seguiu o filho.

Quando chegou ao banheiro, quase caiu de costas.

Com muito gel, Goku havia tentado deixar o cabelo de Vegeta espalhado para os lados que nem o seu, mas, ao contrário de seu próprio cabelo, o do príncipe era menos flexível. Mal conseguia dividir o cabelo, ele ficava um pouquinho na posição e Vupt! subia de volta à forma inicial, ainda que um pouquinho mais desgrenhado. Na terceira vez, Vegeta não se conteve e caiu na risada. Irritado, Goku pegou um batom e pó de arroz. O príncipe parou de rir na hora.

_Kakaroto...

Goku sorriu malignamente e espalhou o pó pelo rosto.

_...eu estou lhe avisando...

Goku começou a passar o batom nos lábios.

_Você pediu por isso! _ Vegeta agarrou um estojo com sombras de diversas cores. Foi nesse ponto que Trunks passou pelo banheiro, viu a guerra começar e foi correndo avisar a mãe. Quando Bulma chegou, o banheiro estava uma mixórdia, com lápis, batons e outros produtos de beleza espalhados por toda a parte, inclusive nas paredes. Goku havia branqueado o rosto todo e posto cílios postiços; além disso, estava fazendo “sardas” no rosto, como a boneca Emília. Já Vegeta, sendo o machão que era e nada chegado a brincadeiras, não se sentia à vontade para se maquiar como um palhaço, ainda que aquele rosto não fosse o dele. Por isso, enchera os braços e o rosto com palavrões e rabiscos coloridos. Parecia ter sido atacado por um pichador maluco.

_Olha o que eu faço com o SEU rosto! _ um botava mais rímel e dava um berro porque o olho começou a arder.

_Ah é? Então olha o que eu faço com o seu!_ o outro acrescentava raivosamente um grande F.... com batom carmin na testa já riscada de sombra azul, produzindo um borrão arroxeado.

_AAH!!!!!

Vegeta e Goku se viraram e viram Bulma estática na porta do banheiro, os olhos parecendo que iam saltar para fora, e Trunks atrás dela, muito pálido.

_Sujou! _ os dois Saiyajins disseram ao mesmo tempo.

_Ih... Eu tenho que ir pra escola. _ Trunks disse, escapulindo antes que a bomba estourasse perto dele.

Transformada em estátua, o olhar esgazeado, Bulma os fitava de boca aberta. Parecia querer dizer alguma coisa, mas só fazia:
_ Aah... aah...

Os Saiyajins se entreolharam, confusos.

_Aah... aah... AHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAH!!

Em vez da bronca que esperavam, ela começou a rir histericamente. Agarrou a barriga de tanto rir e caiu no chão.

As testas dos dois se encheram de gotinhas. Ficaram ali de pé, parados, olhando pra ela ou um para o outro, como quem pergunta: “Isso significa que estamos salvos?”

Bulma finalmente se acalmou e enxugou os olhos. Então se levantou e fitou os Saiyajins, quase desatando a rir de novo:
_Não é possível... Olha só pra vocês dois, parecem uns loucos... nem o Trunks faz iss... _ seus olhos passaram do marido e do melhor amigo para o banheiro emporcalhado e para seus potes e estojos de maquiagem, abertos e espalhados pela pia e até pelo chão. As lágrimas começaram a brotar de novo, só que por outro motivo:

_O meu rímel preferido... o batom francês que ganhei da mamãe no Natal... as minhas sombras da China, feitas especialmente pra mim... _ cobriu os olhos com os punhos e desatou a chorar diante dos confusos Saiyajins, cujas gotas de suor ficaram maiores.

_Será que ela tem transtorno bipolar? _ indagou Goku _ Dizem que as pessoas que riem muito e depois choram têm esse negócio.

Vegeta cruzou os braços, desviando o olhar:
_Não. É dondoquice, mesmo.

_O QUE VOCÊS FIZERAM COM A MINHA MAQUIAGEM??!!! _ Bulma explodiu, tão de repente que os dois deram um pulo. “Agora sujou!” pensaram ao mesmo tempo. Que mulher maluca: num momento ria, noutro chorava, noutro ficava brava. Não se decidia...

_Não é possível! Se isso é coisa que se faça! Vocês voltaram à infância, por acaso?

_Foi ele que começou! _ eles disseram em coro, apontando um para o outro.

_Eu não quero saber quem começou porque OS DOIS vão terminar JÁ, AGORA!!! _ olhou furiosa para o “maridinho querido” _Quanto a você, Vegeta, eu estou muito decepcionada. Do Goku ainda podia esperar porque ele é um crianção. Mas você, eu acreditava que fosse mais maduro! Se olha no espelho e veja se essa é uma aparência digna do “Príncipe dos Saiyajins”!

Vegeta olhou _e ficou vermelho por baixo da pintura. Tudo bem que não era o rosto dele mesmo, mas, mesmo assim, se deu conta do papel ridículo que estava fazendo. Morto de vergonha, escancarou a torneira da pia e enfiou a cabeça embaixo. Bulma balançou a cabeça em aprovação, depois estendeu ao Goku uns panos, um balde e um esfregão saídos do nada:
_Lavem-se e limpem essa sujeira. E se deixarem uma manchinha de blush, vão ficar sem café! _ e saiu, batendo a porta.

_Nem a Chichi me dá uma dura dessas. _ comentou Goku, limpando os respingos de rímel no espelho.

_GLub, glub... viu o que você fez, glub... Kakaroto? _ Vegeta tirou a cabeça da pia _Por sua causa passei vexame na frente da minha mulher!

_Ah, peraí, você bem que se divertiu! E depois, foi você que começou, mexendo no meu cabelo sem pedir licença!

Vegeta bufou. Era inútil discutir com Kakaroto.

_Humpf! Está bem, vou tirar essas coisas dele. _começou a se enxugar _ De qualquer jeito, seu cabelo é muito mole para que eu possa dar a ele uma aparência decente. Mas primeiro você vai tirar essa porcaria da minha cara! _ apontou um dedo acusador.

_Tá.

Vegeta deu passagem a Goku para que este também pudesse lavar o rosto, e pôs-se a limpar os braços com a toalha úmida. De repente, lembrou-se de uma coisa e parou:
_A propósito, você não estava apertado pra vir ao banheiro?

_Ih, é mesmo. _ Goku botou a mão atrás do pescoço e riu _ Acho que esqueci.

Vegeta caiu para trás.

*****

Depois do café...

_Aonde você vai? Treinar?_ quis saber Bulma, vendo o marido se levantar da mesa.

_É óbvio.

_Hã... você não se importa de levar o Goku, não é mesmo? Vocês podem treinar juntos. (assim ele fica longe da cozinha, pensou)

_Boa idéia, Bulma! _ Goku disse, animado _ Faz tempo que eu não treino sob uma gravidade superior à da Terra.

_Ficou maluca? Eu não vou levar esse debilóide pra minha preciosa câmara de gravidade! Ele vai quebrar tudo lá dentro!

_Ah, como se “você” nunca tivesse quebrado nada, nem feito a câmara explodir umas duas vezes, quase destruindo a casa junt...

Antes que ela terminasse, Vegeta já havia saído da cozinha, arrastando Goku pela mão e resmungando sobre a suposta utilidade das mulheres. Seu humor melhorou um pouquinho quando entravam na câmara. Afinal, talvez essa fosse a sua grande chance de derrotar o desgraçado.

_Muito bem, idiota! Experimente a sensação de ter seu próprio corpo usado contra você!

Goku deu aquele sorriso malicioso que ele sempre dá quando espera uma boa luta:
_Estou curioso pra ver!

Vegeta ligou a máquina. Só que, como Goku dissera antes, seu corpo não estava mais acostumado a uma gravidade muito alta, e o príncipe quase caiu de nariz no chão. Praguejando, teve que diminuir a gravidade até um ponto em que pudesse se mexer. Mesmo assim, os dois se atrapalharam um pouco no início. Não era fácil elevar o ki do corpo um do outro e mantê-lo assim sem um certo esforço, e não conseguiam usar energia. Sem falar nas diferenças físicas. Vegeta se sentia um grandalhão desajeitado, além de frustrado, porque não conseguia usar a velocidade habitual. Goku estava se saindo um pouco melhor, mas freqüentemente errava os chutes porque esquecia que “suas” pernas estavam mais curtas.

_O que está fazendo, Kakaroto? Dançando o cancã?

_Eu é que te pergunto! Por que você está se movendo tão devagar, Vegeta?

_Grrr! Eu vou lhe mostrar quem é devagar, seu inseto! _ sem pensar, Vegeta esticou o pulso e atirou uma bola de ki, pegando de raspão no rival. A descoberta deixou os dois admirados:
_... Você viu?

_É claro que vi! Fui eu que lancei!

_Pensa um pouco, Vegeta. Se lembra de ontem, quando você quase virou Super Saiyajin no banheiro?

_E como poderia esquecer uma humilhação daquelas? Aquela sua maldita mulher acha que eu sou algum... _ Vegeta começou, mas parou de repente. Seu ki estava subindo, e sem esforço.

_ A raiva!_ disseram em coro. Claro, era uma questão de concentrar suas emoções, como na primeira vez em que se transformaram em Super Saiyajins. Custaram um pouco a pegar o jeito, já que Vegeta havia atirado a bola sem pensar. Mas eles eram teimosos, e logo já estavam conseguindo trocar ataques energéticos, mesmo sem a transformação. Ia tudo bem até que Goku se entusiasmou e soltou um kame-hame-ha com mais força, porém não conseguiu controlá-lo. O disparo foi na direção da máquina de gravidade, e se Vegeta não tivesse se jogado na frente e conseguido bloquear, os dois teriam ido pro espaço. Pê da vida, o príncipe arrastou Goku pra fora “antes que você mate a gente, seu idiota!” e foi o fim do treinamento na câmara.

O ideal, é claro, teria sido treinarem em algum lugar deserto e afastado da cidade. Mas acabaram descartando a idéia, já que sempre poderiam topar com algum conhecido, amigo ou inimigo, e trocados daquele jeito arrumariam mais confusão. Assim, o jeito foi treinar no pátio mesmo e sem energia. Depois de muitos socos e pontapés _ e de praticamente destruírem o jardim da senhora Briefs, de tanto caírem em cima dos canteiros_ Goku teve que parar porque precisava mesmo ir ao banheiro e Vegeta ficou encostado na parede do prédio, esperando por ele.

_Oi, senhor Goku! _ disse uma voz jovial.

Era Riko, o secretário da Bulma. Vegeta, que não gostava de nenhum dos empregados, detestava ainda mais aquele capacho com sorriso de Kolynos. Grunhiu e fez uma cara feia - isto é, mais feia do que já estava. Mas em vez do rapaz ir embora, ele se aproximou, surpreso.

_Está tudo bem, senhor Goku?

Vegeta cerrou os dentes.
“Não, não está! Todos os imbecis deste maldito mundo estão me confundindo com o imbecil do Kakaroto! Como é que pode estar tudo bem?” pensou. Já ia despachar o intrometido quando teve uma idéia. Todos os empregados morriam de medo dele (esforçava-se para isso), mas gostavam do Kakaroto. Seria interessante se passar pelo rival pra saber o que diziam pelas suas costas e depois... hehehehehe. Teriam uma surpresa.

Forçou um sorriso amarelíssimo (de falso, não de não escovar os dentes):
_Hum... não. Desculpe, é que eu... eu dormi mal e não estou me sentindo muito bem.

Desta vez Riko se assustou. Chegou a recuar um passo:
_D- dá pra notar. Nossa, a sua voz está igualzinha à do senhor Vegeta!

Vegeta praguejou mentalmente. Droga, se era para aquele lagarto miserável trocar mais alguma coisa neles, porque não trocara seus kis em vez das vozes? Deu uma tossida, tentando disfarçar:
_É que eu estou um pouco... gripado. Mas, mudando de assunto, parece que você não gosta de mi... do Vegeta.

Sua atuação mereceria quando muito uma Framboesa de Ouro*; mas, por sorte, Riko não era muito inteligente.

_ Está brincando? Ninguém pode gostar daquele... oh, o senhor me desculpe, seu Goku, sei que vocês dois são amigos, mas aquele Vegeta é um mala sem alça. Grosso, mal-educado... deixa todo mundo aqui maluco. Eu mesmo só não fui embora por causa da dona Bulma.

Vegeta ergueu uma sobrancelha desconfiada:
_E você... gosta muito da Bulma?

O rapaz ficou vermelho e olhou para os pés:
_Senhor Goku... A dona Bulma é minha patroa, mulher do seu Vegeta e amiga sua. Não fica bem...

Vegeta respirou fundo. Que sujeito enrolado!
_Sossegue, não vou falar nada. Eu nem gosto tanto assim do Vegeta. Ele é meio chato.

Riko sorriu malicioso:
_Só meio? Bom, cá entre nós o resto da família também não presta, quer dizer, com exceção da dona Bulma, que é a única que se salva. Os dois velhos são malucos; o garoto é um delinqüente; e o pai dele... _ revirou os olhos _ Não sei o que as mulheres vêem nesses sujeitos do tipo “bédi bói”: pra mim aquilo é uma bicha disfarçada, com aquelas roupinhas colantes, e ela só o agüenta por causa do filho. Não ficaria surpreso se soubesse que ele bate nela.

Fez uma pausa pra respirar e continuou, sem reparar que “Goku” estava com a expressão um tantinho mais fechada:
_A dona Bulma também não é perfeita; ela fala demais e eu acho que lugar de mulher é na cozinha e não à frente de uma companhia. Mas ela tem umas pernas, ó... e uns peitos... _ fez um gesto significativo com as mãos, assobiando _ Eu posso não ser tão forte, mas sou mais bonito que ele_ abriu um sorriso e os dentes brilharam fazendo “pin” _e sou paciente também. Um dia ela vai reconhecer que músculos não são tudo e...

Naquele momento, um mini-avião passava pela Corp. Cápsula. Um estranho projétil com aparência humanóide passou por ele. O homem que estava pilotando levou um susto:
_Joey! Joey! Você viu aquilo? Passou um homem voando!

Seu companheiro mal ergueu os olhos do mangá que estava lendo.
_E daí, Ross? Ontem eu vi passar um coelho voando e você não acreditou! Chegou a dizer que eu estava lendo demais destas “revistinhas japonesas”.

_Pois eu vi um homem voando agora! Tinha o nariz sangrando e faltavam os dentes da frente!

_Grande coisa! O coelho que eu vi estava vestido de ninja!

Os dois se olharam, repararam bem no que haviam dito um ao outro, depois para a revista que Joey segurava e para os outros mangás que “forravam” o chão do avião.

_ Ross, será que... _ começou Joey.

_Será que é contagioso? _ Ross terminou.

De repente, Satan City foi surpreendida por uma chuva de mangás.

*****

Depois do almoço, as confusões continuaram. Yamcha, Pual e Oolong apareceram para uma rápida visita e, claro, confundiram Vegeta com Goku, o que tornou a visita realmente rápida. ;) E o resto do dia, pelo que parecia, ia continuar do mesmo jeito.

Bulma já estava com vontade de matar a Chichi por tê-la colocado nessa situação. Amava muito aqueles Saiyajins malucos, cada um de um jeito diferente, mas decididamente não podia ficar com ambos sob o mesmo teto.

A gota d’água foi quando Vegeta fez um escarcéu porque havia pego Goku tratando os empregados com gentileza e até carregando caixas pra eles. O furibundo príncipe acusou-o de estar estragando sua reputação; Goku retrucou que Vegeta também estava estragando a reputação dele com os seus maus modos e...

Bulma explodiu de vez:
_CHEEEEEEEGAAAAAAAAAAAA!!!!!!!!

Fez-se um silêncio sepulcral na sala. Até as mosquinhas pararam de zumbir.

_Já chega! Eu não agüento mais vocês dois! Vocês pensam o quê? Que isso aqui é a casa da mãe Joana?

_Quem é a mãe Joana?

_Cale a boca, Kakaroto!

_O Trunks e o Goten são mais maduros que vocês dois! EU vou construir essa nave hoje mesmo e vamos partir pra Nova Namek nem que eu tenha que trabalhar madrugada adentro!

Trunks, que vinha entrando, deu um pulo no ar de entusiasmo:
_Oobaaa! Eu vou conhecer Nova Namek! Posso levar o Goten, mamãe, por favor?

_De jeito nenhum! Você ainda está de castigo. Aproveita pra estudar um pouco, que as suas notas não andam boas.

_Puxa, mãe, a senhora tá parecendo a tia Chichi...

"GOKU!" chamou uma voz "Goku, está me ouvindo?”.

Todos olharam para cima.

_É o senhor Kaioh!

“Adivinhou! Goku, existe um jeito de vocês voltarem ao normal sem as esferas do dragão.”

_Então fala logo!

_Vegeta, mais respeito com o Sr. Kaioh...

"Numa outra Terra, em uma dimensão semelhante à nossa, há uma garota chamada Sakura. Ela é a guardiã das fabulosas cartas Clow."

_Cartas o quê? _ quis saber Bulma.

_A Sakura e as Cartas Clow existem mesmo? _ berrou Trunks _ Uau! Espera só até eu contar pro Got... _ só aí percebeu que todos estavam olhando pra ele, e ficou vermelho.

_Como é que você sabe sobre essas cartas “Clôu”? _ inquiriu sua mãe.

_É...é um Anime. Não é que eu assista, por que é coisa de menina _ Trunks corou _ mas o Goten vive falando nele.

_Sei. O Goten vive falando nele...

_Não implica, Vegeta. _ Bulma lançou-lhe um olhar de censura _ O que é que tem se ele gosta de um desenho da tevê?

_Mãe, não me defende que fica pior...

"Vocês querem prestar atenção?!" berrou o Sr. Kaioh lá de cima. "Já que o garoto sabe tanto, por que não perguntam pra ele como voltar ao normal?"

_Boa idéia. Assim não ficaremos aqui até amanhã ouvindo a sua xaropada. _ Vegeta aprovou, fazendo o gorducho deus apertar os dentes de raiva. O príncipe se virou para Trunks:
_Você ouviu, moleque. Como é que um baralho de cartas vai resolver o nosso problema?

_Bom... Na verdade, uma carta só. É a carta da Troca: ela faz duas pessoas trocarem de corpo, como aconteceu com você, pai, e com o senhor Goku.

_Espere aí! _ Bulma cortou, indignada _ Está dizendo que você sabia que havia outra maneira de desfazer a troca e não falou nada pra gente, mesmo vendo o que seu pai estava passando? Que espécie de filho você é?

_Achei que fosse só um desenho, já disse! Como é que eu ia saber que era de verdade?

_Está bem. _ apaziguou Goku _ O importante é que não teremos mais de esperar até Bulma construir a nave. Mas como vamos chegar à dimensão das cartas Clow?

"Ah, não se preocupem!” riu o senhor “Kaioh “Eu falei com um amigo nosso e ele concordou em ajudá-los”!”

Um sujeito alto de cabelo branco apareceu bem atrás de Bulma:
_Oi!

_Aaahhh!!!! _ ela deu um salto de meio metro.

Goku soltou um grito de alegria:
_Kaiobito! Que prazer em ver você de novo!

_ O prazer é meu, senhor Gok... _ Kaiobito olhou automaticamente para Vegeta, que apontou carrancudo o verdadeiro Goku, e o deus de pele arroxeada olhou nessa direção, meio sem graça: _...senhor Goku. O Sr. Kaioh e eu já combinamos tudo. Eu posso levar vocês até a dimensão onde mora a senhorita Sakura, mas... _ ele olhou para o chão. Vegeta desconfiou.

_Mas o quê? Desembucha!

_Talvez eu não possa trazer vocês de volta. _ Kaiobito começou a suar _ A verdade é que eu saí escondido e não posso demorar muito. O meu honrado ancestral ficaria furioso se soubesse que estou interferindo na vida dos terráqueos por um motivo tão insignificante.

_Insignificante? _ Vegeta agarrou Kaiobito pela roupa _ Você chama de insignificante o fato de eu estar no corpo deste soldado ralé de terceira classe?!

_Você não consegue esquecer isso, não é? _ Goku fechou a cara, parecendo o próprio príncipe.
Trunks puxava a roupa da mãe perguntando “quem era aquele sujeito”, mas mesmo que ela soubesse, não teria prestado atenção. Estavam todos entretidos com a “escovada” de Vegeta no recém-chegado:

_ Desde ontem eu estou vivendo num inferno, humilhado e confundido com esse bobo alegre o tempo todo e tendo até que vestir as roupas horríveis dele! E você diz que não pode nos trazer de volta porque aquela múmia embolorada acha que não somos dignos da sua intervenção? Grrrr... Grande deus você é! Com medo de um velho gagá!

Kaiobito se indignou. Soltou-se das mãos de Vegeta e estufou o peito:
_Eu sou o maior dos últimos deuses! Nós, Kaioshins, não podemos interferir na vida de outros planetas a menos que haja algo ameaçando o universo! E o senhor Dai-Kaioshin é meu sábio e venerado ancestral e por isso eu lhe devo respeito e obediência... esteja gagá ou não. Se fosse só por sua causa, eu nem sequer estaria aqui, mas como o senhor Goku é meu amigo, eu vim!

-Ei, não briguem - Goku apartou os dois, receoso de que Kaiobito mudasse de idéia (embora no fundo Goku concordasse um pouco com Vegeta) -Sei que você está fazendo o melhor que pode pra nos ajudar, e estamos muito gratos.

_Isso mesmo. _ acrescentou Bulma _ Se bem que ficaríamos muito mais gratos se soubéssemos quem você é.

_Oh, desculpe, esqueci. _ Goku fez as apresentações.

_Agora me lembro. O senhor também estava no Torneio de Artes Marciais! Vegeta me falou a seu respeito.

_Só não falei das fotos _ Vegeta sussurrou, de modo que só Goku ouvisse.

Goku deu um pulo:
_Tá louco? Quer que ela me mate?

Aquilo chamou a atenção dos outros:
_O que foi?

_Hã... nada _ Goku pôs a mão atrás do pescoço pra disfarçar _ Eu estava só pensando... diga, Kaiobito, a dimensão das Cartas Clow é muito longe daqui?

Gotas de suor apareceram na testa do roxinho.

_Hã... senhor Goku, ir a uma outra dimensão não é como ir daqui até um outro planeta ou a outra cidade. É um outro plano de existência, com outro universo e uma outra Terra, só que completamente diferentes dos que conhecemos.

_E o que isso quer dizer?

_Que não é longe, seu idiota! Seria como se teleportar daqui até o Inferno, que, aliás, era onde você deveria estar!! (preciso dizer quem falou isso? Acho que não, né? ;) )

_Ótimo! Se a gente conseguir que a Sakura nos faça voltar ao normal, eu teleporto a gente de volta.

_E se não conseguirem? _ Bulma perguntou. Todos ficaram em silêncio.

_Hã... _ Goku botou a mão atrás do pescoço, sem saber o que dizer.

Vegeta olhou para ela:
_Então é melhor você construir uma máquina que nos traga de volta dessa outra dimensão, caso Kakaroto não consiga fazer o teletransporte. Embora isso seja muito pouco provável, pois essa tal Sakura vai ter que nos atender, a menos que queira ter o seu mundo revirado pelo avesso! E chega de conversa fiada! Vamos logo com isso, Kaiobito!

_Okay. Bom, então até mais _ Goku aproximou-se de Kaiobito para fazerem o tele transporte. Vegeta fez o mesmo. Mas, naquele instante, Goku reparou que Trunks lançava para o pai um olhar comprido de cachorrinho triste. Um olhar de quem tem muita vontade de ir também, mas não tem coragem de pedir. Goku teve uma idéia.

_Espere, Kaiobito. Devíamos levar Trunks com a gente.

_Hein? Pra quê? _ o casal olhou-o surpreso.

_Bom, é que a gente não conhece essa outra dimensão, e Trunks sim. Seria uma vantagem se tivéssemos conosco alguém que sabe tudo sobre o lugar.

_Eu posso! _ Trunks começou a dar pulinhos _ Eu posso ajudar vocês! Deixa, pai, deixa, por favor!

Mas Bulma cortou o barato dele:
_Está maluco, Goku?

_ Que é que tem?

_ Vocês estão correndo risco de se perder numa dimensão de onde podem nunca mais voltar e ainda quer arriscar a vida do Trunks? De jeito nenhum!

_Mas mãe... _ o pobre do garoto parecia uma criancinha a quem deram uma bala e tiraram da sua mão logo em seguida.

_Deixe de besteiras!_ Vegeta interveio, para surpresa geral _ Trunks é um guerreiro e não um bebê de colo, já estou farto de lhe dizer. _ viu a mulher abrindo a boca pra replicar e continuou, de má vontade: _ Além disso... odeio admitir, mas Kakaroto tem razão.

_Você acha? _ o rosto de Goku se iluminou.

O príncipe sorriu, levemente.

_Sim. É melhor levarmos alguém que saiba quem é a Guardiã das Cartas Clow, para evitar que VOCÊ saia por aí perguntando “você é a Sakura?” a todas as mulheres que vir pela frente!

_Pior é que é verdade. _ Bulma ficou com uma gota na testa, lembrando da primeira que Goku tinha vindo à Cidade D’Oeste, perguntando a todo mundo na rua onde ficava a casa dela.

Goku não gostou:
_Ah, que é isso, gente? Vocês acham mesmo que eu faria uma besteira dessas?

_NÓS NÃO ACHAMOS, NÓS SABEMOS! _ disseram todos em coro, inclusive os leitores. Ele deu um sorriso sem graça:
_Puxa... vocês me conhecem bem.

_Então... eu posso mesmo ir? _ os olhinhos de Trunks brilhavam de ansiedade.

_Hum... sim. Está bem. _ Bulma suspirou _ Mas tome cuidado e se comporte, hein?

_Vivaaaa!!!! Obrigado, mãe! Obrigado, papai!!

_Grunf. Não preciso de agradecimentos. Apenas não faça eu me arrepender. _Vegeta rosnou, mas depois ergueu discretamente o canto da boca. Trunks sorriu e mostrou-lhe o polegar pra cima. Tocada como sempre ficava com aqueles raros momentos entre pai e filho, Bulma se aproximou e deu um beijo no seu garotinho, que fez uma careta:
_Então, lhes desejo boa sorte. E você, Trunks, fica de olho no seu pai pra ele não fazer bobagem, tá?

_Chega de enrolação. Podemos ir?

_Espera um pouco. _ Trunks interrompeu.

_O que é agora?

O menino olhou para o pai e Goku de cima a baixo.

_Vocês vão assim?

Vegeta estava de novo com o traje clássico do Goku (Gohan havia conseguido enfiar na trouxa de roupas sem a mãe ver), só que sem a camisa laranja de cima e os braceletes. Goku vestia uma das roupas de aeróbica de Vegeta, com as também clássicas botas brancas de biqueira dourada.

_O que é que tem, moleque?

_É melhor vocês trocarem de roupa. Vai ficar todo mundo olhando. _ falou sério, muito cônscio do seu papel de guia.

_E daí?

Mas Kaiobito concordou:
_Ele tem razão. Seria melhor se vocês dois se misturassem aos nativos.

_Também acho. _ Bulma sorriu, maliciosa _Se vocês já chamam a atenção aqui, imagine num mundo onde tudo é diferente!

_De jeito nenhum! Já chega o vexame que passei ontem com aqueles trapos chineses. NÃO VOU me fantasiar de novo!

_Não precisa, pai. O pessoal de lá se veste que nem aqui... bom, são um pouco mais caretas. Bastam umas calças e umas camisas, tipo daquelas que a mãe obriga você a usar nos churrascos.

_Trunks! Eu não obrigo ninguém a fazer coisa alguma!

_Mesmo assim _ Goku também não gostava muito da idéia _ acho que não deveríamos deixar Kaiobito esperando. Sabe como é, se ele demorar muito o Dai- Kaioshin pode desconfiar e...

_Não há problema, senhor Goku. Eu tenho tempo. Meu ancestral dorme muito, por causa da idade.

De muita má vontade, os dois Saiyajins foram se trocar. Goku lançou um olhar desejoso à famigerada camisa goiaba-pink, mas, para não irritar Vegeta (mais ainda), pôs outra, azul-marinho de mangas compridas. Catando nas roupas horríveis que Chichi mandara, o príncipe surpreendeu-se ao encontrar algumas peças “aceitáveis”, ainda que não fossem bem o seu estilo.

_Pronto? Ou tem mais alguma coisa?

_Bom, os cabelos vão chamar a atenção...

_TRRUUUNKSS!!!!

O garoto viu que tinha levado a brincadeira longe demais:
_É brincadeirinha. Pode levar a gente, senhor Kaiobito.

Vegeta e Goku seguraram as mãos de Kaiobito, cada um de um lado. Trunks ficou sem saber o que fazer, e Vegeta estendeu-lhe sua outra mão, em silêncio.

“Eu ainda não acredito” pensou o menino, segurando-se ao pai “que vou conhecer a Sakura em pessoa! Espera só até eu contar ao Goten! Ele vai ficar furioso por ter perdido iss...”

Não teve tempo de pensar mais nada, porque o mais jovem dos Kaioshins gritou:
_Kai-Kai! _ e os quatro desapareceram num facho de luz. Bulma se encolheu e cobriu o rosto com os braços. Quando olhou de novo, não havia mais ninguém na sala.

Por alguns minutos ficou parada ali, como se não pudesse acreditar que estava sozinha. Então se deixou cair sobre uma poltrona.
_Uf... paz, finalmente. Nem acredito. _ fechou os olhos beatificamente. Ainda tinha que construir a bendita máquina dimensional, é claro, mas não ia fazer mal relaxar por uns minutinhos.

Então a mãe dela entrou, aos prantos:
_Bulminha, você não imagina o que aconteceu! Cheguei da confeitaria agora com uns bolos pro Gokuzinho e achei o meu jardim todo destruído! Está tudo revirado, parece que um monstro andou passando por lá! As minhas queridas florezinhas, destroçadas! Vamos ter que plantar tudo de novo!!

*****
Aparece um monte de bichinhos de pelúcia na tela com o Kero escondido entre eles.
Sakura: “Ai, aai... O senhor Goku tava treinando e esqueceu de vir, e por isso me pediram pra falar. Como se não bastassem todas essas confusões com as Cartas Clow, agora apareceram três sujeitos esquisitos atrás de mim. O que será que eles querem?
Não percam o próximo emocionante episódio de Sakur... digo, de Trocando as Bolas!”


*Framboesa de Ouro (na verdade é de plástico): prêmio dado pela tevê americana aos piores filmes e atores do ano.

Nota: Originalmente, os dois homens do avião se chamavam George e Damon, mas, depois de assistir a um episódio de Friends, achei que ficaria mais engraçado com Joey e Ross nos papéis. Afinal, no mundo dos fanfics, tudo é possível. ^.^


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