Ulquiorra Feels escrita por cereal killer


Capítulo 10
Capítulo 9


Notas iniciais do capítulo

Juro que dessa vez tenho algo interessante pra dizer nas notas.
Mentira, tenho nada, RIARIARIA
Só agradecer mais uma vez à kawaii chan pela recomendação linda, fiquei super animada e feliz, sério mesmo *-*



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  Ulquiorra encarou a humana ajoelhada do lado de sua fracción mais recente. Enfiou as mãos nos bolsos, desviando os olhos. Tinha alguns ferimentos visíveis pelo corpo, mas não mudava seu semblante. Orihime olhou para o estado de suas vestes; provavelmente só tivera estes ferimentos por sua teimosia. Agora conseguia perceber que estava atrapalhando e que ele estava se machucando por não querer deixá-lo.

-O que fazem aqui?

-Foi a Tália quem mandou.

  Chie falou rapidamente, livrando a culpa de si antes que sobrasse. Orihime ficou quieta, sentido-se invasora do quarto do Espada. Abaixou a cabeça, calando-se. Percebeu que ele estava sozinho, nem Tália nem Grimmjow estavam atrás de si.

-E Grimmjow?

  Perguntou, ainda curando Chie, que sofrera mais com a fúria do Sexto. Ulquiorra pareceu levemente conturbado ao declarar:

-Está em seu quarto.

-E Tália?

  Chie perguntou, deitada no chão, enrolando a ponta do cabelo ruivo em seu dedo magríssimo.

-Está com ele.

-Você deixou Tália ficar sozinha com Grimmjow?

  Orihime indagou, chocada. O que ele poderia fazer com ela, ainda mais sozinho? Estava correndo riscos!

  Chie deu uma risadinha aguda e baixa, olhando para Orihime com a cara sonolenta de sempre, mas parecia achar graça da declaração da humana.

 -Ele não consegue machucá-la.

  Orihime demonstrou sua melhor cara de confusão. Como assim um Espada não consegue machucar uma fracción? Há uma diferença considerável de poder, até para os olhos de Orihime.

-Mas isso deveria ser fácil pra ele.

  Indagou, mesmo sabendo que Ulquiorra não estava muito disposto a responder suas perguntas persistentes.

  Chie se sentou e inclinou o corpo perto de Orihime, sussurrando em seu ouvido:

-Ele já foi rosa por Tália-chan.

  Ulquiorra, que andava para perto do pequeno sofá, parou, girando os olhos para as duas garotinhas sentadas no chão. Orihime ergueu rapidamente a mão para tampar a boca de Chie ao lembrar que ela tinha dito que Ulquiorra tinha proibido-a de falar sobre seu dom.

  Mas fora tarde demais, Ulquiorra já tinha escutado.

-Pensei ter dito que não queria você falando sobre isso, Chie.

-Não brigue com ela, ela não disse nada demais.

-Foi uma ordem, Chie.

  Ulquiorra avançava na direção da garota de cabelos rosados, que apenas o encarava normalmente, sem perceber a gravidade da situação que Orihime via. O escuto se fechou conforme a jovem se levantava e ficava em frente a Chie. A menina se curvou para trás, piscando lentamente.

-Ela não disse nada demais!

-Eu ordenei que não falasse sobre isso, Chie, você deve lealdade como minha fra...

-Qual é o problema dela falar sobre o que ela vê? É um dom dela, você não pode reprimi-la, Ulquiorra. O que há de errado em falar sobre os sentimentos dos outros?

  Orihime achatou as mãos no peito do homem, parando-o. Ele pareceu ter ficado tão nervoso com tão pouco. Isso realmente era uma ameaça para ele? Sentimentos? O que havia de errado sem senti-los?

  Ulquiorra parou de fuzilar os olhos inocentes de Chie e deixou que caíssem para Orihime; ainda mantinha uma expressão zangada de criança birrenta, impedindo-o de passar por ela.

-Não precisa ficar doido por isso, Ulqui-k...

-Já ordenei que paresse de me chamar assim. Não sou o Kurosaki ou qualquer um de seus amigos humanos.

  Segurou com força demais o pulso da jovem, tirando-o de seu peito e o jogando . Orihime abaixou as mãos, abrindo a boca para contestar, mas se calou ao perceber que ele estava realmente aborrecido. Abaixou a cabeça, entristecendo novamente.

-Não quero que se intrometa mais.

  Sussurrou no ouvido de Orihime, ignorando a existência avoada de Chie no chão.

-Você é só lixo. Não pense que só por que mandei Tália trazê-la para cá que eu me importo com a sua existência inútil. Apenas não queria ter que explicar para Halibel que meu confronto com Grimmjow matou uma humana.

  Orihime sentiu-se como se tivesse sido agredida.

  Sem duvida alguma, ele não precisava ter sido tão rude com ela; tinha entendido o recado. Fraca, como sempre, sentiu vontade de chorar. Mas reprimiu-a; não queria ser chamada inútil de novo.

-Saiam do meu quarto.

  Fitou os pobres olhos murchos da humana antes de se virar e caminhar para longe dela. Orihime sentiu dedos finos puxarem-na pelo pulso. Deixou que Chie a conduzisse até a porta, porém as duas bateram contra Tália, que entrava. A fracción alva encarou Orihime com um olhar de duvida.

-O que aconteceu?

  Tália perguntou, segurando Orihime pelos braços. A ruiva só balançou a cabeça de um lado para o outro, afirmando que não era nada, dando um sorriso morto. Tália então olhou para Chie, que sibilou algo como ‘Ulquiorra-sama foi mau com ela’. Tália olhou para dentro do quarto, olhando o Espada em pé perto da janela, de costas.

  Tália então suspirou alto, guiando as duas até seu próprio quarto.

  Orihime parecia avoada. Não chorou, como Chie pensou que aconteceria; mas estava triste. A fracción de olhos azuis nem queria olhar diretamente para ela; não estava mais rosa, uma cor nojenta e nebulosa cobria todo o seu ser.

  Depois de um tempo em silêncio no quarto das duas, Orihime lembrou-se de que tinha uma pergunta a Tália.

-O que aconteceu com Grimmjow?

  Tália abaixou os olhos para o chão. Não queria falar sobre isso também.

-Está bem. Limpei os ferimentos dele no quarto, mas aí ele acordou e me enxotou. Bastardo.

  Orihime assentiu, percebendo a insatisfação na voz da fracción. Até quando ela xingava ele, não soava como um verdadeiro xingamento.

  Não conseguia parar de pensar em como Ulquiorra fora rude com ela. Pensara que ele tinha ‘melhorado’ desde a primeira vez que o viu. Não. Continuava o mesmo, não se importava com humanos.

  Ou era pessoal.

  Com o tempo, Orihime dormiu. Tália passou a mão na frente de seus olhos para se assegurar, e então se sentou na frente da garota de cabelos rosa.

-O que ele fez dessa vez?

-Ele quem?

-Ulquiorra-sama.

  Chie a encarou sonolenta.

-Que que tem ele?

-O que ele fez?

-O que ele fez o que? Você sabe de algo? Me conta, por favor!

  Tália revirou os olhos, bufando.

-O que Ulquiorra-sama fez a Orihime-chan no quarto, Chie, sua inútil?

-AAAAH! Ele gritou com ela. Quer dizer, ele não gritou gritado, gritou sussurrando.

-Tá, e por que ele gritou?

  Chie desviou os olhos, fazendo uma careta. A outra fracción contou mentalmente até dez, acalmando-se a fim de não matá-la antes de contar-lhe.

-O que você fez?

-Só disse que eu conseguia ver cores.

  Tália a encarou ultrajada.

-Mas, Chie, você sabe que ele...

-Mas ela tinha um rosa tão lindo que eu acabei falando, Tália-chan!

  Tália reprovou-a com a cabeça, mas não estava tão surpresa. Aliás, nunca ficaria surpresa com algo vindo de Chie. Afinal, é a Chie. Nada era esperado, mas ao mesmo tempo, nunca teria surpresa alguma.

-Ele ficou bravo e Orihime-chan me protegeu.

-Coitadinha...

  Sussurrou, encarando o sono da humana.

                                                           ...

  A porta do quarto da fracción mais velha abriu lentamente. Já era noite no Mundo Real, por isso Orihime dormia tão pesadamente.

  Mas não justificava os roncos das outras duas.

  Se não estivesse ali por com um objetivo, bateria nas duas e ordenaria que ficassem acordadas. Não precisavam dormir, deveriam estar sendo úteis em algo em Las Noches, e não descansando.

  Caminhou até a cama da jovem. A ruiva dormia serenamente, mas até assim ela representava um risco. Um risco o qual Ulquiorra estava certo de que teria que se livrar o quanto antes melhor.

  Ficou com dó de acordá-la e a pegou lentamente no colo, acomodando-a para que ficasse aconchegada.

  Não deveria ter pensamentos como esse, e por isso estava prestes a cortar qualquer laço que os unem.

  Abriu uma garganta e entrou, rumando o Mundo Real.

  Orihime era sinônimo de perigo. Não poderia mais conviver com ela, e estava feliz por já ter conseguido trazer de volta o Sexto Espada. Não teria mais que continuar na casa da humana.

  Veja bem, ele não era ingrato.

  Estava fazendo o que era certo.

  Certo para ele, claro. Mas sabia que se ele ficasse longe, seria melhor para ela. Agradecia por ter conseguido ir embora antes de seu amado shinigami substituto chegasse de onde estava. 

  Seus pensamentos estavam o pegando toda horas. Orihime residia em sua cabeça depois que voltou a ter contato com ela, não saía de lá em momento nenhum.

  A situação ficava cada vez mais perigosa à medida que ela tentava contato físico com ele.

  Ela havia se tornado sua fraqueza de novo. Não conseguia dizer não a ela. E quando tentava, era doloroso. Ela o desarmava tão facilmente, tão ridiculamente, não sabia nenhum artifício contra suas palavras doces e seu toque suave, muito menos quando abria seu sorriso carismático e puro. E por um tempo ele se sentiu bem com isso, na verdade, tinha consciência, mas não ligava.

  Tinha se tornado um verdadeiro covarde e como não conseguiria e não queria ser vitima de seu olhar cristalino quando dissesse seu adeus, iria embora enquanto ela dormisse. Pareceria que tudo foi um grande sonho, certo?

  Quem sabe, pesadelo.

  Odiava como ela tinha humanizado-o sem esforço algum. Sabia que não demoraria muito até o fim. Não queria ser parecido com um humano em aspecto nenhum. Não importa o que custasse, mesmo se fosse seu próprio ser.

  E seu ser era agora rosa genuíno.   


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