O Final Feliz Da Família Li escrita por Dani Tsubasa


Capítulo 2
Capítulo 2 - O amor naquela foto




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Capítulo 2 – O amor naquela foto


Olhando um porta-retrato na cômoda do quarto, de repente a Card Captor sentiu-se triste e uma imensa vontade de chorar lhe invadiu. Sempre foram apenas os dois naquela foto. Por que sentia falta de algo? Aquele outro você para quem entregara seu báculo no sonho, por que sentia que o algo que faltava estava com aquela pessoa? Aquele quarto infantil, vazio na casa, as palavras de Yuuko. Em algum momento nada mais fazia sentido, como se suas memórias fossem quebradas. Sentou-se na cama, com toda certeza de uma criança. Sentiu um imenso amor emanar dali, mas em suas lembranças não encontrava motivo. Sempre que tentava lembrar havia uma espécie de bloqueio, mas tinha certeza, ela mesma já cuidara do dono daquele quarto e o colocara para dormir ali. Seria aquilo mais um preço de alguém?

- Querida... Está chorando...! - Ele entrou no quarto e a abraçou, olhando para o mesmo ponto que ela – Você também sente como se algo estivesse faltando?

Ela acenou positivamente com a cabeça. Aquela sensação já os acompanhada havia alguns dias. Na verdade, anos, mas ultimamente estava mais intensa.

- O que Yuuko disse... Ela provavelmente está morta agora, mas... Alguma coisa com a lógica do universo...

O chinês não pode concluir seu raciocínio. Uma das cartas deixou o bolso de Sakura, flutuando ao redor do casal. Aquela carta... Ela mesma a criara inconscientemente no dia em que haviam se separado quando crianças. Uma grande luz emanava da carta. Começaram a sentir sono e como se tivesse acabado de sofrer um choque, o casal caiu adormecido no chão.

- Não há nada tão forte e intenso como o amor de uma mãe e de um pai por seu filho. Principalmente o da mãe. Não importa o que aconteça ou o quanto as coisas possam mudar. Mesmo que toda a lógica se quebre, esse amor é algo forte de mais para ser apagado. Ele pode cruzar até mesmo o tempo e o espaço.

Uma voz suave e amável chegava aos ouvidos de ambos. Estava tudo escuro. Abriram os olhos devagar. No breve segundo antes de tudo apagar de novo puderam ver uma linda mulher com um delicado vestido vermelho e grandes asas brancas em suas costas. Parecia um anjo.

- Você... É uma carta?

- Sim – ela sorriu – A carta que você mesma criou naquele dia – respondeu para sua dona. Você me permitiu existir, sempre, dentro de você.

Tudo escureceu de novo e o casal começou a sonhar.

Estava nervoso. Já esperava havia meia hora, estava ficando preocupado. Deixara a sala após o nascimento do filho para que cuidassem dos dois.

- Por favor! Como ela está?! E o bebê? – Perguntou sem esperar que a enfermeira que se aproximava falasse.

Esta abriu um sorriso.

- Os dois estão bem! É um menino muito bonito e saudável. Meus parabéns! – Desejou para ele e para o restante da família, contando com Tomoyo, Meilin, Yukito, Sonomi e Kero, muito bem escondido na bolsa de Tomoyo.

- Shaoran, vá até eles – Fukitaka falou sorridente.

- Mas...

- Tudo bem. Você é o pai dele. Ela deve querer ficar sozinha com você por um tempo. Esperarei mais um pouco para conhecer meu neto.

- Só você mesmo pai, deixar esse moleque entrar pra vê-la antes de todo mundo.

Os dois se fuzilaram com o olhar. Mesmo adulto, Shaoran ainda suportava as implicâncias do irmão de sua esposa. Dirigiu-se ao quarto, entrando em silêncio e fechando a porta. Ao vê-la com um lindo sorriso dirigido para o pequeno em seus braços, seu coração se derreteu. Ela o olhou e sorriu. Caminhou até os dois, sentou-se na cama e beijou a testa do recém-nascido, em seguida beijando Sakura e abraçando os dois.

- Eu fiquei com medo de acontecer alguma coisa com vocês.

- Já estamos bem. Nos desculpe por te preocupar.

Por alguns segundos apenas fitaram, sorridentes o rosto da criança adormecida.

- É igualzinho a você – ela comentou

A cena mudou.

Shaoran brincava com o garoto no parque do Rei Pinguim, empurrando o balanço enquanto o pequeno ria de felicidade.

- Mamãe! – Ele parou o balanço com os pés e correu para seus braços com um sorriso.

Mudou de novo.

- Sakura, sua chata! Estávamos quase acabando! – O guardião reclamava.

- Kero, seu malcriado! Nunca achei que às vezes você me daria mais trabalho do que meu próprio filho!

- Você tem sorte de ele ter puxado a você e não aquele moleque!

- O que?! Eu ouvi isso! Seu boneco de pelúcia mal educado! – Shaoran gritou do outro quarto.

- Querem parar vocês dois? – Sakura pediu, mas logo seu coração derreteu com as risadas do filho.

Outra vez, a cena mudou.

- Uma princesa... Me esperando. Você viu no sonho mamãe?

- Sim querido.

- Como você viu o papai antes de se conhecerem? Então eu vou encontrar a princesa do deserto?

- Ela precisa da sua ajuda.

Estava colocando o garoto para dormir. Não podia esconder aquele sonho dele. O conhecia bem, tinha certeza que ele iria atrás da princesa. Doía, mas teria que separar-se dele e talvez para sempre. Até na determinação, ele era parecidíssimo com o pai. Este os observava pela porta entreaberta. Sentia que um dos momentos em que mais precisariam unir forças e estar ao lado um do outro estava chegando.

Tudo mudou novamente. Estavam conversando com Yuuko.

- Tudo ficará bem no final.

Entregara seu báculo, de qualquer forma ainda tinha as cartas. Mas isso pouco importava. Seu filho estava longe. Tinha apenas oito anos. Talvez nunca mais o visse.

- É um garoto corajoso, não deve temer pelo destino dele, só esperar que volte. Ficará tudo bem, eu garanto que ele voltará a salvo – a bruxa das dimensões dizia para a mãe de Tsubasa, antes da imagem desaparecer.

- Shaoran... – murmurou, encolhendo-se no peito dele e chorando ainda mais.

- Querida... Eu não estou nem um pouco feliz, mas ele tomou essa decisão. Do jeito que nós fizemos naquela época. A princesa precisa dele e a ordem do universo também. Ele vai voltar pra nós! Eu nunca duvidei de você, que você ia voltar bem quando foi lutar com Yue. E eu não duvido dele também – abraçou-a com mais força e chorou junto com ela.

Tudo aquilo, não lembravam mais de ter acontecido, mas sentiam com total certeza que era tudo verídico.

- Ele parece tanto com você – a Card Captor sorriu observando o recém-nascido adormecido em seus braços.

- Mas os olhos e o cabelo são mais claros que os meus... E a culpa é sua.

Os dois reprimiram uma grande gargalhada para não acordar o pequeno. No momento o bebê vestia um casaco azul com orelhas de gatinho no capuz, feito por Tomoyo.

- Ficou muito fofinho com essa roupa que a Tomoyo fez.

- Ficou sim – sorriu – Acho que você devia se deitar um pouco.

- Acabei de voltar pra casa, fiquei muito tempo deitada no hospital. Quero ficar mais com vocês dois.

- Achei que voltaria tão cansada quanto quando estava lutando com o Hiragisawa naquela época.

Ela riu e se dirigiu até a cama, sentando-se com as costas apoiadas nos travesseiros. Ele sentou-se ao seu lado. Uma brisa suave e agradável entrava pela janela semi-aberta e a luz da manhã invadia o cômodo. Acomodaram o pequeno Tsubasa junto a eles e assim ficaram por um bom tempo.

- Ainda bem que aquele boneco de pelúcia está com Tomoyo por enquanto. É muito espalhafatoso. Iria acordar Tsubasa.

“Tsubasa!”

Aquele nome foi como um raio. Trazendo tudo de volta. Abriram os olhos e procuraram pela carta Clow. Estava em frente ao porta-retrato, ocultando a imagem. Sakura retirou as demais cartas do bolso e conferiu. A carta sonho estava lá. Não podia ser um aviso ou premonição.

Olharam-se. Ele levantou-se, estendendo a mão para ajudá-la e caminharam juntos até a carta, tirando-a da frente da foto e arregalando os olhos de surpresa e ao mesmo tempo de alívio e felicidade. Havia uma criança ali entre eles. Um garoto lindo parecidíssimo com Shaoran e com o olhar amável de Sakura.

- O seu amor... Concertou o que restava faltando na lógica do mundo – a voz doce da carta lhes disse antes desta voltar flutuando para junto das outras.

Os dois inspiraram fundo e se abraçaram. Momentos depois seguiam para o Rei Pinguim.

- O sonho de ontem. Achei que você estava aqui esperando. Mas talvez não fosse você. Esperaram durante uma hora sentados ali ao lado do grande escorregador. Eram nove da manhã de domingo. O parque estava vazio.

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O grupo chegava ao sétimo mundo.

- Eu não me lembro de um mundo como esse – Yuui falou analisando a paisagem à sua volta.

- Ei, Manju Branco! Esse negócio do Manju Preto deve estar quebrado.

- Não! Impossível. Esse lugar deve estar nas lembranças de alguém.

- Syaoran-kun? Ou devo chamá-lo de Tsubasa-kun de agora em diante?

Ao não obterem resposta, todos fitaram o ponto em que o garoto fixava seu olhar. Um grande escorregador em formato de pinguim.

- Então Syaoran-kun reconhece este mundo?

- Eu nasci aqui.

Surpreenderam-se. Ele caminhou para mais perto do parque, passando pelos balanços, abrindo um sorriso ao se lembrar. Uma lembrança ao mesmo tempo dolorosa. Aproximando-se do gigantesco escorregador, seus olhos arregalaram-se, tal como os do restante do grupo e do casal sentado no chão.

- Mãe... E Pai...

- Então esses são os pais verdadeiros do pirralho?

- Syaoran se parece com seu pai, mas tem o olhar gentil de sua mãe! – Soel falou feliz.

A tristeza cruzou os olhos do garoto, que se virou decidido a mudar de direção e sair dali o mais rápido possível. “Espere um pouco!” Sabia que era seu outro eu. Por um momento o ignorou. Esperar por algo que já não existia?

- Ei! – O ninja chamou – Aonde você vai?!

- Tsu!!! – Ouviu a voz desesperada de sua mãe.

- Tsubasa!!! – Ouviu seu pai.

“Dê uma chance à sua própria esperança.” Parou de andar e se virou. Os dois o olhavam com um sorriso e os olhos brilhando.

- Não acabou, meu filho – a voz doce de sua mãe parecia a mais suave melodia para seus ouvidos.

Levara algumas coisas consigo. Puxou aquela foto do bolso e a olhou.



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