Aishiteru

Estava tudo bem agora. Ao menos era o que aparentava. Deixara a princesa alguns minutos atrás, indo para casa sozinho. Estava aliviado, mas ainda mal pela vida dura de seus clones e aquele porta retrato... Caminhou até ele e o tomou em mãos. O coração apertou dolorosamente. Estava sozinho ali. No mundo restaurado não havia espaço para sua existência. Estava ligado o nada. Seus pais... Sabiam que não eram realmente os clones. Uma imagem de ambos permanecia gravada em sua mente. Mesmo as distorções no tempo não haviam apagado sua outra vida, assim como fora com os clones. Não se arrependia de tudo que tinha acontecido, mas os olhos entristeceram e se encheram de lágrimas.

- O ciclo foi cortado com certeza, mas Syaoran-kun e Watanuki-kun que estava com ele... Aquele dois foram deixados para trás. Como indivíduos sem conexão com nenhum lugar – o mago dizia tristemente enquanto caminhava junto com o ninja pela cidade.

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- Aqui é...

- Um lugar importante para o qual viemos quando éramos pequenos. Os outros eu e você.

- É mesmo... – lembrou sorrindo e sentou-se ao lado da princesa - Quando eu sai daquele espaço eu paguei um preço. E esse foi continuar a jornada.

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- No mundo concertado eles se tornaram um tipo de existência inconcebível para a própria existência da lógica. O tipo de influência que eles vão ter no espaço-tempo é desconhecido. Portanto, para restringir o poder dessa influência, Watanuki-kun escolheu ficar em um mesmo lugar e o Syaoran-kun escolheu não ficar em um mesmo lugar.

- Mas existir sem estar ligado a nada não tem lógica – o ninja pensou.

- Tem razão, mas não é assim que as coisas se concertaram. E isso, eu tenho certeza que causa dor a ele. Lembrar daquelas pessoas e saber que mesmo se chegar a elas não será reconhecido, porque para seus pais ele não existe mais.

- Puu! – Soel pulou da roupa de Kurogane, assustando os dois.

- Você não estava junto com a princesa?

- Sakura foi para a casa do Syaoran!

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- Naquele momento, nós dissemos que escolheríamos um mundo onde todos nós poderíamos existir. Portanto, enquanto continuo com a jornada, procurarei por um mundo onde possamos. Se eu conseguir eu vou perguntar ao meu outro eu que está dentro de mim. O que ele deseja e o que ele escolherá.

- Eu também quero me encontrar com meu outro eu que está dentro de mim. Mas eu não posso ir junto. É isso mesmo... Não é? – Perguntou encarando-o de maneira triste.

- Sakura... – olhou-a com a mesma tristeza.

- Eu quero ir junto, mas, se eu o fizer, a jornada do Syaoran será muito mais difícil. Porque eu vi um sonho... Eu não quero que seja difícil como foi para todos até agora. Está tudo bem... – ela concluiu com os olhos marejados.

Ver aquilo doeu. Doeu muito. Ele encontraria aquele mundo e quando o encontrasse viria buscá-la.

- Sabe... Tem só uma coisa que eu quero te dizer antes disso. E faz bastante tempo que eu queria te dizer que... Eu te...

- Sakura... Eu te amo – falou sem esperar que ela terminasse de falar, abraçando-a apertado, deixando a princesa surpresa, mas indescritivelmente feliz.

- Eu também... Te amo! – A princesa retribuiu o abraço com igual intensidade, abrindo um grande sorriso.

Mesmo com toda a dor causada por aquele porta-retrato momentos atrás e sabendo que ela não iria com ele, seu coração explodiu em felicidade naquele momento. Abraçou a princesa mais forte, sendo igualmente retribuído, e se pudesse ficaria daquele jeito para sempre.

- Bom, será que não viemos rápido demais? – A voz fez os dois se soltarem e corarem.

- Kurogane, você realmente não se toca sobre o clima né?!

- Então não venham me trazer para um lugar destes!

- Mokona disse que vocês tinham vindo para cá! – Yuui esclareceu.

- Você usou magia para apagar a sua presença e aliviar os seus passos porque você tinha a intenção de bisbilhotar, não é mesmo? – O ninja falou.

Como resposta teve um sorriso do mago e da mokona.

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- Eu vou.

- E Nihon Koku? – Soel perguntou.

- Tomoyo disse que eu podia ficar longe por um tempo.

{Flash Back}

- Você finalmente compreendeu o significado da verdadeira força. Tudo bem em ficar longe por um tempo. Você é importante para aquelas pessoas também.

- Mas eu voltarei.

- Eu não duvido disso. Agora vá. Ainda pode dormir um pouco até o amanhecer.

A sacerdotisa surpreendeu-se com a atitude dele. O ninja virou-se para ela e a abraçou, muito forte, fazendo seus olhos se fecharem com o conforto do momento e um sorriso surgir em seus lábios. Ela nunca dizia a ninguém coisas como sentimentos, mas também os possuía, como qualquer pessoa e sempre esperara por aquilo. Da mesma forma, envolveu o ninja com seus braços.

- Eu vou voltar. Eu prometo.

- Eu vou estar te esperando.

{Fim do Flash Back}

Um belo sorriso quase apareceu no rosto do ninja.

- Kurogane sorriu! Puu!

- Cale a boca Manju Branco!!

- Puu! Kurogane está ficando vermelho! Kurogane está apaixonado por Tomoyo!

- Quem diria hein? Kuropuu está apaixonado!!

- Seu Manju Branco desgraçado!!! Seu mago imbecil!!! Eu vou acabar com a raça de vocês!!!

Os demais riam enquanto Kurogane corria atrás de Yuui, que carregava Soel nos braços. Terminada a perseguição, Mokona expeliu algo de sua boca. Um brinco igual ao seu, mas a pedra era azul ao invés de vermelha.

- Isso é algo que o mokona do qual estou separado esteve protegendo por muito tempo. Tem memórias dentro disto! Não importa para qual mundo Syaoran e os outros viajem, nós voltaremos para Clow Koku!

Momentos mais tarde, estavam para partir. O casal olhou-se com um olhar terno e uma pontada de dor os atingiu mais uma vez. Voltaria para buscá-la a qualquer custo! Já estavam dentro do transporte dimensional, mas estenderam as mãos um para o outro.

- O meu nome verdadeiro é... – disseram ao mesmo tempo quando suas mãos se tocaram.

- Tsubasa – arregalaram os olhos de surpresa momentaneamente.

Com um sorriso, soltaram suas mãos.

- Nós vamos nos encontrar de novo... Com certeza!