POV’s Stew Anne foi embora e eu fiquei em casa. Achei um bilhete da minha mãe na cozinha:

Filha, voltei pro trabalho e vou ficar até tarde lá. Depois vou sair com o pessoal. Não precisa me esperar, vou dormir na casa da Teka. Beijos.

Comi alguma coisa e fui tomar um banho. Coloquei meu pijama e fui direto pro meu quarto. Não sabia o que fazer, acho que estava com um pouco de “medo” de falar com o Rick, mas sabia que uma hora ou outra iríamos ter que nos acertar. Fiquei revirando na cama sem conseguir dormir, até que ouvi alguém abrir a porta da sala. Eram onze horas. Me levantei , saí do meu quarto e fui em direção as escadas, mas, antes que eu pudesse começar a descer, ouvi uma voz feminina.

– Você tem certeza que quer isso, Richard? – Perguntou a doce voz.

– Absoluta! – Respondeu Rick.

Não acreditei. Voltei correndo pro meu quarto, mas sem fazer barulho. Tranquei a porta e me joguei na cama. Fiquei pensando o quão canalha ele estava sendo, se estivesse fazendo o que eu achei que estava, mas isso era óbvio. Ouvi os dois passando pela frente do meu quarto e depois trancando a porta do quarto de hóspedes. Um barulho de sapato de salto caindo no chão de madeira ecoou até o meu quarto e ouvi alguns cochichos. Antes que eu pudesse ouvir algo mais, peguei meus fones de ouvido e liguei-os no máximo. Adormeci ouvindo Same Mistakes. Tive um sonho um tanto quanto estranho. Eu estava em um jardim. Era noite, havia lanternas espalhadas por todo o lugar e eu nunca vira aquele jardim antes. Pra minha surpresa, nada mais, nada menos, que Harry Styles estava me esperando lá. Seus cachos castanhos, perfeitos, tinham um volume estupendo, seus olhos verdes se destacavam e entravam em uma perfeita harmonia com seus maravilhosos lábios, que ao me perceberem, se abriram, exibindo o sorriso perfeito.

– Você está linda!

Ao ouvir tais palavras, saídas em um magnífico tom, olhei para mim mesma. Eu estava com algo que nunca entraria em meu closet (this). Eu nunca me imaginaria vestindo rosa, pois era a cor que eu menos gostava. Passei a mão sobre meus cabelos, que agora não eram mais armados e curtos. Estavam levemente ondulados e com um volume excelente. Só havia uma coisa que eu não poderia verificar: a maquiagem.

Harry estava vindo em minha direção, com aquele magnífico sorriso, e eu, fiquei sem reação. Ele parou a meio metro de distância de mim e senti o perfume dele. Era incrível...

– Olá, meu amor. Quer dançar?

“Hã? Harry Styles me chamou de ‘meu amor’? E me chamou para dançar?” , pensei. Eu queria dizer sim (pois não conseguia pensar em nenhuma outra palavra), mas nenhum som saía. Ele chegou um pouco mais perto.

– O que foi? – Disse segurando meu queixo. Sua mão era tão macia que eu poderia ficar sentindo-a para sempre – Não gostou da decoração?

– N-Não, não é i-isso... – Um progresso! Eu já consegui gaguejar!

– Por que você está tão nervosa? – Ele já estava com um ar preocupado. Mas novamente não consegui responder, então ele se aproximou cada vez mais e mais, até ficarmos colados. Fechei meus olhos e senti sua respiração se aproximando e finalmente meu sonho se realizou, Harry me be...

Não, ele não me beijou. Meu celular me acordou antes. Era uma mensagem da Anne:

Tenho certeza que você não acordou ainda. Bom, agora acordou! Passo aí em uma hora. xoxo

Olhei pro relógio, eram oito horas. Meus fones de ouvido estavam caídos no travesseiro, tocando Lonely Day, do System of a Down. Desliguei-os e peguei uma roupa. Fui rapidamente pro banheiro e, por sorte, não encontrei ninguém em meu caminho. Tomei um banho beeeeeeeeeem longo e relaxante, coloquei a roupa e saí. Voltei pro meu quarto, fiz uma maquiagem básica e, com muita cautela, desci as escadas silenciosamente. Pena que tudo aquilo fora em vão, pois Rick e uma garota estavam sentados na cozinha rindo de algo e tomando café. - Bom dia Stew. – Disse Rick com um sorriso de lado quando me viu.

– Bom dia. – Disse seca, abrindo a geladeira e pegando uma caixa de suco.

– Stew, não lembra de mim? – Perguntou a garota, que parecia ser da minha idade.

– Não. Eu deveria? – Perguntei, sem olhar pra ela.

– Claro que sim! Nos conhecemos desde que éramos bebês!

Olhei pra ela por um instante e me lembrei.

– Isabelly? – Perguntei incrédula. Nunca gostei muito daquela menina, mas tinha que aturá-la, pois nossas mães eram muito amigas.

– A própria. – Disse, se achando.

– Quanto tempo... – Disse e fui pra sala. Não via a hora da Anne chegar pra me tirar dali.

Isabelly Borges. Eu tinha nojo daquela menina. Ela fazia teatro comigo e com o Rick. Ela andou comigo durante um tempão e sempre soube que eu era apaixonada por ele. Um dia, quando eu fingi não estar mais interessada, ela se aproveitou da situação e ficou com ele. Ele disse não ter gostado, mas eu nunca mais confiaria nela. Se ela fosse minha amiga de verdade, saberia que eu ainda gostava dele. Ela era uma aproveitadora, isso sim! Quando conseguiu o que queria, parou de andar comigo e saiu do teatro. Não que ela fosse boa o bastante pra isso fazer diferença.

– É assim que vai tratar sua amiga de infância, Pimentinha? – Ela disse irônica, tentando me provocar.

– Não me chame de Pimentinha! – Berrei, me levantando e indo pra cima dela. Eu odiava que pessoas que não sabiam da razão daquele apelido me chamassem por ele, ou seja, qualquer pessoa que não fosse o Rick. – Quem você pensa que é de entrar na minha casa e comer da minha comida sem a minha permissão. E ainda por cima, tentar me provocar?

– Eu penso que sou Isabelly Borges, a “menina que consegui pegar o menino que a Stew gostava”.

Fiquei paralisada. Nunca imaginei que aquela garota poderia chegar naquele ponto.

– Isabelly! Eu te trouxe aqui pra me ajudar, não pra ficar humilhando a garota que eu amo. Vá embora! – Rick gritou, levando-a a força pra porta.

– Eu vou, mas que fique bem claro: Eu consegui, mas você não! – Disse Isabelly, olhando na minha cara e dando risada.

Senti uma lágrima descer pelo meu rosto, enquanto eu me sentava lentamente no sofá. Sequei-a rapidamente, antes que Rick a visse, mas foi tarde de mais, ele estava vindo em minha direção.

– Stew, eu sinto muito. Não sabia que ela... - Disse vindo me abraçar.

– Cala a boca! Você trouxe aquela garota pra dentro da MINHA casa! Isso não tem perdão! Você foi longe demais Richard! – Eu disse, me soltando dele e indo pra porta. Por sorte, Anne estava na frente casa. Entrei rapidamente no carro da mãe dela. – Por favor, acelera! – Eu disse.

Ela entendeu e foi. Apenas olhei pra trás e vi Rick, em frente a minha casa, chorando.