Noites De Tempestade escrita por MariUchiha


Capítulo 2
A Primeira Tempestade - Sirius


Notas iniciais do capítulo

Aqui está, como prometido.
Agradeço imensamente a Naty Riddle por ter dado o primeiro e único review do capítulo anterior :)



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Capítulo dedicado a Naty Riddle, pois ela foi a primeira a comentar.

Tédio. Isso descreve o que eu estava sentindo naquele jantar.

- Hey, caras! Vamos dar um presentinho de boas vindas ao Ranhoso? – James perguntou sorrindo como uma criança ganhando uma cesta de Sapos de Chocolate.

- Vão vocês, estou sem vontade agora. – respondi com a voz cansada.

- Ah, Pads! Sem você não tem graça! – James falou como uma criança insistindo para o pai comprar um sorvete na Florean Fortescue.

- Não adianta, Prongs. Eu não vou ir. – falei.

- Então eu também não vou! – disse fazendo biquinho, cruzando os braços sobre o peito e virando de costas para mim, como uma criança birrenta.

- Cara, você está muito infantil hoje! – Moony falou para Prongs.

- Então não fui só eu que notei? – falei me erguendo no banco, os outros me imitaram. – Eu vou para o jardim, ver se a chuva me inspira em algo.

- Tudo bem, a gente vai para o Salão Comunal. Boa sorte com a nova música. – Remus disse indo em direção ao Salão Comunal, enquanto eu ia para a grandiosa porta de carvalho.

Assim que abri a porta uma lufada de vento veio de encontro a minha face, bagunçando meus cabelos e arrepiando a minha pele.

Caminhei lentamente até o meio do caminho, entre o castelo e uma grande árvore, a qual não me preocupou saber a espécie.

Sentia a chuva escoar os pensamentos ruins da minha mente, abrindo espaço para as rimas. Talvez naquela mesma noite eu tivesse pelo menos o refrão pronto e a melodia da música toda.

Fechei os olhos e ergui o rosto em direção ao céu. Sentia as gotas da água se chocarem com o meu rosto e descerem rápidas pelo meu pescoço.

Respirei fundo. O cheiro da chuva me alegrava, me causava uma sensação boa.

Caminhei até a árvore e me sentei nas suas raízes, sua quantidade densa de folhas impedia a chuva de chegar até mim.

Respirei fundo mais uma vez. O cheiro de madeira impregnou minhas narinas, fazendo-me lembrar de um cheiro marcante que uma vez senti.


Flashback on

Eu estava no quinto ano. O último dia no castelo. Já havia arrumado meu malão e ia em direção as carruagens.

Chovia fortemente, mas eu nem ligava. Entrei em uma carruagem. Já ia pegando o meu bloquinho de histórias para começar a escrever quando uma voz delicada e macia chega até os meus ouvidos.

- Posso ficar aqui? – perguntou a garota de olhos verdes e expressivos e cabelos ruivos.

- Claro! Quer ajuda? – perguntei percebendo que ela tinha dificuldades em colocar a mala para dentro.

- Obrigada. – agradeceu quando segurei sua mão, amparando a sua subida.

- Por nada. – respondi.

Ficamos alguns minutos em silêncio, ouvindo apenas o ruído das rodas.

- Por que está indo tão cedo para o trem? – perguntou me fitando atentamente.

- Não tinha nada de importante para fazer no castelo. Resolvi ir para lá, ver se me inspirava em algo. – respondi erguendo o bloquinho até a altura dos seus olhos.

- Você escreve? – assenti. – Posso ler? – entreguei-lhe o pequeno caderno.

- Ai estão apenas as histórias de amor, maioria de drama. Tenho um para poemas e outro para músicas.

- Nunca te vi escrevendo... – falou sem erguer os olhos das páginas.

- Escrevo, geralmente, em noites de tempestade, na soleira da janela. – falei olhando a sua curiosidade ao passar os dedos pelas folhas.

- Gosta das tempestades? – finalmente ergueu os orbes verdes para mim.

- Sim, sempre gostei. Sei lá, me inspira, me alegra, é como se purificasse a minha alma. – esclareci.

- Eu odeio as tempestades, são frias, molhadas e os barulhos são irritantes. – confessou voltando seus olhos novamente para as páginas.

- Um dia você vai aprender a admirar. – falei dando de ombros e me virando para mirar a floresta.

- Talvez um dia. – ela sussurrou.

Mais alguns minutos se passaram. Pequenos soluços se fizeram presentes. Direcionei meus olhos para a garota a minha frente.

- Hey! O que houve? – perguntei sentando-me ao seu lado e passando meu braço esquerdo por seus ombros.

- Como o mundo é cruel! Por que a Julie não podia ficar com o Derek? – perguntou apertando os braços em torno da minha cintura.

- Está chorando por causa da minha história? – perguntei com os olhos arregalados. Ela assentiu.

- Sou muito emotiva no quesito histórias – respondeu soluçante.

- Calma, não é real. – falei afagando os seus cabelos e apoiando meu queixo em sua cabeça.

Inspirei fundo e senti, pela primeira vez, o melhor cheiro do mundo. Era adocicado, mas ao mesmo tempo cítrico e amadeirado. Era sensual e marcante.

Fechei os olhos e me deixei levar pelas sensações.

Foi nesse dia que comecei a reparar na pequena garota ruiva de olhos verdes e pele pálida.

Lily Evans. Esse é o nome da garota que me cativou com o seu cheiro misterioso.


Flashback off


“Talvez eu devesse escrever algo sobre amor não correspondido.”, pensei.

E foi o que fiz. Escrevi no pequeno bloco que sempre carregava no bolso.

‘Entre eu e você há uma fina linha.’, risquei.

“Talvez se eu trocar fina por tênue...”.

‘Entre eu e você há uma linha tênue.’, risquei novamente.

“E se eu não colocar “eu e você”? Bem e mal, amor e ódio...”.

‘Entre o bem e o mal a linha é tênue meu bem
Entre o amor e o ódio a linha é tênue também’.

“Ótimo”, sorri comigo mesmo.

Depois de um tempo eu tinha o refrão pronto.

‘Entre o bem e o mal a linha é tênue meu bem
Entre o amor e o ódio a linha é tênue também
Quando o desprezo a gente muito preza
Na vera o que despreza é o que se dá valor
Falta descobrir a qual desses dois lados convém
Sua tremenda energia para tanto desdém
Ou me odeia descaradamente
Ou disfarçadamente me tem amor’

Para a melodia optei por algo mais enérgico. Para o nome, algo simples: Linha Tênue.

Soltei o caderno sobre as minhas pernas e encostei a cabeça no tronco da árvore. Fechei meus olhos e me pus a pensar na vida.

Caí na inconsciência, acordei com o som de passos. A chuva virou uma fina garoa.

Esfreguei os olhos e vi ela parada me fitando. Eu só podia estar sonhando. Esfreguei os olhos novamente.

Não era um sonho. Eu estava bem acordado, e ela estava ali, na minha frente, em carne, osso e delicadeza.

- Sirius? – perguntou-me.

A sua voz doce e melodiosa acariciou os meus ouvidos, me fazendo cair em um estado de transe temporário.

- Sirius? – repetiu.

- Sim?

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A música que o Sirius está escrevendo é Linha Tênua, escrita pelo Dani Black e quem canta é a Maria Gadú.



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Notas finais do capítulo

Aguardo os reviews.



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