Noites De Tempestade escrita por MariUchiha
Notas iniciais do capítulo
Aqui está, como prometido.
Agradeço imensamente a Naty Riddle por ter dado o primeiro e único review do capítulo anterior :)
Capítulo dedicado a Naty Riddle, pois ela foi a primeira a comentar.
Tédio. Isso descreve o que eu estava sentindo naquele jantar.
- Hey, caras! Vamos dar um presentinho de boas vindas ao Ranhoso? – James perguntou sorrindo como uma criança ganhando uma cesta de Sapos de Chocolate.
- Vão vocês, estou sem vontade agora. – respondi com a voz cansada.
- Ah, Pads! Sem você não tem graça! – James falou como uma criança insistindo para o pai comprar um sorvete na Florean Fortescue.
- Não adianta, Prongs. Eu não vou ir. – falei.
- Então eu também não vou! – disse fazendo biquinho, cruzando os braços sobre o peito e virando de costas para mim, como uma criança birrenta.
- Cara, você está muito infantil hoje! – Moony falou para Prongs.
- Então não fui só eu que notei? – falei me erguendo no banco, os outros me imitaram. – Eu vou para o jardim, ver se a chuva me inspira em algo.
- Tudo bem, a gente vai para o Salão Comunal. Boa sorte com a nova música. – Remus disse indo em direção ao Salão Comunal, enquanto eu ia para a grandiosa porta de carvalho.
Assim que abri a porta uma lufada de vento veio de encontro a minha face, bagunçando meus cabelos e arrepiando a minha pele.
Caminhei lentamente até o meio do caminho, entre o castelo e uma grande árvore, a qual não me preocupou saber a espécie.
Sentia a chuva escoar os pensamentos ruins da minha mente, abrindo espaço para as rimas. Talvez naquela mesma noite eu tivesse pelo menos o refrão pronto e a melodia da música toda.
Fechei os olhos e ergui o rosto em direção ao céu. Sentia as gotas da água se chocarem com o meu rosto e descerem rápidas pelo meu pescoço.
Respirei fundo. O cheiro da chuva me alegrava, me causava uma sensação boa.
Caminhei até a árvore e me sentei nas suas raízes, sua quantidade densa de folhas impedia a chuva de chegar até mim.
Respirei fundo mais uma vez. O cheiro de madeira impregnou minhas narinas, fazendo-me lembrar de um cheiro marcante que uma vez senti.
Flashback on
Eu estava no quinto ano. O último dia no castelo. Já havia arrumado meu malão e ia em direção as carruagens.
Chovia fortemente, mas eu nem ligava. Entrei em uma carruagem. Já ia pegando o meu bloquinho de histórias para começar a escrever quando uma voz delicada e macia chega até os meus ouvidos.
- Posso ficar aqui? – perguntou a garota de olhos verdes e expressivos e cabelos ruivos.
- Claro! Quer ajuda? – perguntei percebendo que ela tinha dificuldades em colocar a mala para dentro.
- Obrigada. – agradeceu quando segurei sua mão, amparando a sua subida.
- Por nada. – respondi.
Ficamos alguns minutos em silêncio, ouvindo apenas o ruído das rodas.
- Por que está indo tão cedo para o trem? – perguntou me fitando atentamente.
- Não tinha nada de importante para fazer no castelo. Resolvi ir para lá, ver se me inspirava em algo. – respondi erguendo o bloquinho até a altura dos seus olhos.
- Você escreve? – assenti. – Posso ler? – entreguei-lhe o pequeno caderno.
- Ai estão apenas as histórias de amor, maioria de drama. Tenho um para poemas e outro para músicas.
- Nunca te vi escrevendo... – falou sem erguer os olhos das páginas.
- Escrevo, geralmente, em noites de tempestade, na soleira da janela. – falei olhando a sua curiosidade ao passar os dedos pelas folhas.
- Gosta das tempestades? – finalmente ergueu os orbes verdes para mim.
- Sim, sempre gostei. Sei lá, me inspira, me alegra, é como se purificasse a minha alma. – esclareci.
- Eu odeio as tempestades, são frias, molhadas e os barulhos são irritantes. – confessou voltando seus olhos novamente para as páginas.
- Um dia você vai aprender a admirar. – falei dando de ombros e me virando para mirar a floresta.
- Talvez um dia. – ela sussurrou.
Mais alguns minutos se passaram. Pequenos soluços se fizeram presentes. Direcionei meus olhos para a garota a minha frente.
- Hey! O que houve? – perguntei sentando-me ao seu lado e passando meu braço esquerdo por seus ombros.
- Como o mundo é cruel! Por que a Julie não podia ficar com o Derek? – perguntou apertando os braços em torno da minha cintura.
- Está chorando por causa da minha história? – perguntei com os olhos arregalados. Ela assentiu.
- Sou muito emotiva no quesito histórias – respondeu soluçante.
- Calma, não é real. – falei afagando os seus cabelos e apoiando meu queixo em sua cabeça.
Inspirei fundo e senti, pela primeira vez, o melhor cheiro do mundo. Era adocicado, mas ao mesmo tempo cítrico e amadeirado. Era sensual e marcante.
Fechei os olhos e me deixei levar pelas sensações.
Foi nesse dia que comecei a reparar na pequena garota ruiva de olhos verdes e pele pálida.
Lily Evans. Esse é o nome da garota que me cativou com o seu cheiro misterioso.
Flashback off
“Talvez eu devesse escrever algo sobre amor não correspondido.”, pensei.
E foi o que fiz. Escrevi no pequeno bloco que sempre carregava no bolso.
‘Entre eu e você há uma fina linha.’, risquei.
“Talvez se eu trocar fina por tênue...”.
‘Entre eu e você há uma linha tênue.’, risquei novamente.
“E se eu não colocar “eu e você”? Bem e mal, amor e ódio...”.
‘Entre o bem e o mal a linha é tênue meu bem
Entre o amor e o ódio a linha é tênue também’.
“Ótimo”, sorri comigo mesmo.
Depois de um tempo eu tinha o refrão pronto.
‘Entre o bem e o mal a linha é tênue meu bem
Entre o amor e o ódio a linha é tênue também
Quando o desprezo a gente muito preza
Na vera o que despreza é o que se dá valor
Falta descobrir a qual desses dois lados convém
Sua tremenda energia para tanto desdém
Ou me odeia descaradamente
Ou disfarçadamente me tem amor’
Para a melodia optei por algo mais enérgico. Para o nome, algo simples: Linha Tênue.
Soltei o caderno sobre as minhas pernas e encostei a cabeça no tronco da árvore. Fechei meus olhos e me pus a pensar na vida.
Caí na inconsciência, acordei com o som de passos. A chuva virou uma fina garoa.
Esfreguei os olhos e vi ela parada me fitando. Eu só podia estar sonhando. Esfreguei os olhos novamente.
Não era um sonho. Eu estava bem acordado, e ela estava ali, na minha frente, em carne, osso e delicadeza.
- Sirius? – perguntou-me.
A sua voz doce e melodiosa acariciou os meus ouvidos, me fazendo cair em um estado de transe temporário.
- Sirius? – repetiu.
- Sim?
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A música que o Sirius está escrevendo é Linha Tênua, escrita pelo Dani Black e quem canta é a Maria Gadú.
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Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!Notas finais do capítulo
Aguardo os reviews.