Madeira e Prata escrita por Bells


Capítulo 19
06/07.08.2815 – Parte Dois


Notas iniciais do capítulo

Aproveitem bem esse capítulo, o próximo não tem previsão de saída: a faculdade sabe como tomar o tempo de uma escritora.



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Mactíre

Fola saiu tão rápido que levou um tempo para que eu entendesse o que estava acontecendo. Ela me deixou parado ali olhando para a porta, com desejo nos olhos e vontade de ter minha pequena de volta aos meus braços. Mas quando eu entendi que isso ainda ia demorar a acontecer, eu percebi que não deveria tentar convencê-la a ficar comigo à força, ou na base do desejo; não, na verdade eu deveria conquistar novamente a sua confiança, e assim a teria verdadeiramente para mim. Mas antes de mais nada eu deveria tomar banho e dormir.

Fui atrás do chuveiro, mas tudo o que eu encontrei foi uma banheira de madeira enorme e vazia, e uma latrina antiga, definitivamente o sistema de sanidade desse castelo não deveria ser dos melhores, provavelmente um fosso de um lado e um poço do outro. Então eu simplesmente puxei a tla cordinha, a que Fola mencionou antes de correr, e esperei que algo acontecesse. Em alguns instantes uma mocinha bateu na porta perguntando o que eu desejava.

“O que eu preciso fazer para ter um banho quente?”

Ela assentiu e pediu para que eu esperasse um pouco a mais. Meia hora depois ela e mais umas três meninas apareceram, todas carregando bacias de água fumegante. Permiti que elas entrassem e despejasse o conteúdo na banheira. Antes que elas fossem embora eu segurei o braço da menina que veio primeiro, e ela me encarou meio assustada.

“Você conhece a senhorita Fola?”

“Como não conheceria?” É claro, ela com criada deveria conhecer.

“Qual o quarto dela? Eu..Eu esqueci o número.”

Ela parou um pouco, me analisando e então me respondeu: “Quarto CDXLIV.” Então eu a soltei e ela logo saiu, e depois que fechei a porta, fui para o meu banho.

Deixei as roupas do vampiro da floresta sobre a cama e então entrei na banheira, descobrindo o quão cansado estava, e o quão longo foi o meu dia. Foi bom relaxar um pouco, sentir a água quente tocando o meu corpo, recostei a cabeça na borda de madeira, respirando fundo e esperando que meus pensamentos se organizassem sozinhos, o que, devo acrescentar, eles nunca faziam. Mesmo assim, passei um bom tempo apenas parado dentro d’água, mas quando esta começou a deixar meus dedos enrugados, eu dei continuidade ao meu banho e logo saí, me enrolando em uma toalha negra e macia que havia encontrado dentro do armário.

Me sequei e peguei o pijama que o senhor Argos havia comprado para mim, bastante comportado e bastante confortável, depois de vestido me enfiei de baixo das cobertas, pensando no melhor plano para chegar ao coração de Fola, embora nenhuma ideia realmente útil tenha me ocorrido, eu acabei caindo no sono, e dormi até não haver mais sol por de trás das grossas e escuras cortinas vermelhas.

Levantei pensando ainda na minha menina, e foi assim que me animei para pegar um terno de corte simples e tecido preto riscado de cinza, em linhas tão finas que mal se percebia, uma camisa social branca e um sapato fechado. Vesti o conjunto e saí do meu quarto, lembrando do número do quarto de Fola, talvez pudéssemos tomar o desjejum juntos se eu conseguisse chegar até ela a tempo.

Segui o corredor no sentido contrario ao que iria até a loja, pelo o que me lembrava de mais cedo. Mas logo me deparei com uma bifurcação e uma dúvida cruel de onde poderia ir parar se pegasse o caminho errado. Nervoso e ansioso escolhi um dos dois na sorte e segui em frente torcendo para encontrar as portas dos quartos dos não hóspedes. Daria tudo por um mapa.

Obviamente ao virar outro corredor não encontrei nenhum papel que pudesse me guiar até onde eu queria ir, mas havia um par de soldados parados em uma porta imponente, os dois me encararam, mas apenas um se pronunciou:

“Precisa de alguma ajuda senhor?”

“Ah! Olá! Sim, sim. Estou perdido...” Como eles fizeram uma cara de quem duvida um pouco, talvez por não me conhecer, eu continuei. “Eu vim de longe para fazer a corte para uma jovem senhorita, estava pensando em convidá-la para tomar o desjejum comigo, mas eu não sei chegar até seu quarto.”

“E que jovem senhorita seria essa, senhor?”

“A jovem Fola, não sei se vocês a conhe...”

“Ah! Senhor, todos conhecem a jovem filha do senhor Argos, a mais nova, mais inteligente, mais bonita e mais arredia. Boa sorte ao cortejá-la! Mas, entretanto, não vejo por que não guiar o senhor até ela.”

Então eles discutiram umas poucas palavras apenas entre eles e um veio ao meu encontro.

“Bem, senhor... Como mesmo é seu nome?”

“Mac, Mac Foster.”

“Bom, senhor Foster, vou lhe guiar até o corredor onde fica o quarto da senhorita Fola, não posso me afastar muito do meu posto.”

Concordei e assim seguimos de volta por onde vim, até chegar de volta ao corredor dos hóspedes e seguir na direção oposta a que tinha ido, na terceira esquina o soldado parou e me encarou.

“Bem senhor, o quarto dela é o de número CDXLIV, fica no lado direito, é só seguir por esse corredor que irá encontrá-lo.”

“Muito obrigado, senhor, e bom trabalho.”

Ele sorriu e seguiu de volta para seu posto, rindo talvez pela fama que Fola tinha. Respirei fundo e fui andando pelo corredor, até encontrar a porta que eu queria. Parei escolhendo as palavras. Primeiro eu me desculparia por minhas ações um tanto apressadas, e depois a convidaria para tomar o desjejum comigo. Mais uma vez tomei fôlego e estava pronto para bater a porta quando ouvi um barulho vindo lá de dentro.



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Notas finais do capítulo

O que vocês acham? Algum palpite do que pode estar acontecendo lá dentro?!?!?!?!



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