Angel Or Devil? escrita por Mysterious Writer


Capítulo 6
Capítulo 6


Notas iniciais do capítulo

Não sei o que estou fazendo postando a história, ninguém comenta nem nada, mas tô feliz hoje, é *----*



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Eu coloquei minha mão para fora da janela e senti pingos de chuva molhando-a. Eu fechei os meus olhos para prestar ainda mais atenção no som que se fazia ao cair cada partícula daquela chuva tão cristalina no chão. Às vezes me dava uma leve sensação que aquilo poderia purificar-me.

― Annelise. ― eu não havia percebido Miguel entrando no quarto. Virei-me para ele e vi que ele estava novamente sem camisa. Seus olhos estavam me analisando e sempre quando ele fazia isso, eu me sentia totalmente exposta.

― O que é agora? ― eu queria ser grossa com ele. Quem sabe isso não me aliviaria um pouco? ― Por que é tão difícil para você usar uma camisa?

   Se ele ficou ofendido por tão pouco, ele não demonstrou. Na verdade, ele nunca demonstrava nada. Ele era um infinito de segredos para mim. Tão misterioso que até mesmo parecia ser inalcançável.

― Temos que treinar agora.

― Mas eu ainda estou cansada, Miguel. ― ah, qual é. Não fazia nem três horas que a gente havia chegado daquela caverna.

   Ele se sentou em sua cama e recostou sua cabeça em seus joelhos. De onde eu estava dava para ver claramente a definição daquelas costas e como ele parecia ser tão poderoso sentado daquele jeito.

   Pare Lise. Ele é um dos principais culpados por você estar aqui.

― Como você quer se superar deste jeito? ― ele estava olhando para mim agora. E eu fiquei nervosa ao sentir os olhos dele tocando os meus. Por que ele causava tantas sensações esquisitas em mim?

― E quem disse que eu quero me superar?

   Ele se levantou e então lentamente se aproximou de mim. Seus olhos eram impenetráveis, mas ainda assim por um momento eu pensei ter me perdido dentro deles. Ele estava perto demais de mim agora e sua respiração quente estava acariciando-me o rosto.

― O que você está pretendendo? ― perguntei aflita.

― O que você acha que eu estou pretendendo, Annelise?

   Eu fiquei calada por um longo minuto, enquanto os olhos dele perfuravam os meus, esperando uma resposta.

― Você quer terminar com isso tudo, não quer? ― ele me perguntou. A respiração dele ainda estava varrendo-me o rosto.

― Claro que eu quero! ― isso era o que eu mais desejava.

― Então, para isso, você terá que treinar. Terá que ficar preparada. E quanto antes for, melhor será para você e para mim.

   Eu fiquei completamente irritada por ele estar com a razão naquele momento.

― Engraçado que para você tudo é mais fácil, não é? Você já conhece tudo nesse mundo e foi você quem me trouxe para cá, não é verdade?! ― ri com amargura. ― Você me trouxe para eles em troca de que? Em troca da sua passagem de volta para o paraíso, para o céu no qual você foi expulso? ― eu empurrei o meu dedo contra o peitoral dele. ― Pois saiba que quem pode te levar de volta é apenas Deus. E não essas merdas de Híbridos. Que eles que se ferrem! ― eu gritei bem na cara dele. Eu sentia o meu rosto quente de tanta raiva naquele momento.

   Eu estava esperando uma resposta agressiva, ou alguma coisa do tipo. E fiquei desapontada ao ver que eu não o havia atingido com as minhas palavras. Ele não se afetava com nada. Nenhuma palavra que o difamava parecia ter efeito sobre ele para ao menos o deixar irritado. Ele parecia ser inatingível.

― Você não me conhece, Annelise. ― eu percebi que ele estava se controlando agora. Seus olhos pareciam estar mais intensos do que nunca. ― Pare de ser tola e aja. Se você quer desperdiçar tempo se lamentando por uma coisa que não irá mudar, você irá matar a si mesma.

   Ele estava certo.

   Mas eu estava tentando, não estava? Ou eu estava me enganando? Pois não iria adiantar apenas ficar pensando em mudar algo. Eu tinha que agir, porque se eu não o fizesse, quem iria fazer isso por mim?

Eu suspirei profundamente. ― Você está certo. ― eu falei, abaixando minha cabeça.

― Por que você fez isso? ― surpreendida com a pergunta, eu olhei para ele novamente.

― Fiz o que?

― Por que você havia abaixado a cabeça, Annelise? Ela estava pesada demais para mantê-la reerguida?

   Fiquei sem resposta. Minhas bochechas estavam queimando naquele momento. Ele realmente me deixava sem jeito.

― Não, é que... ― cadê as palavras? Pareciam que haviam evaporado da minha mente. ― Me desculpe. ― foi à única coisa que consegui dizer.

   Eu pensei ter visto um rápido lampejo de descrença naqueles olhos tão indecifráveis.

― Sabe o que falta em você? ― a voz dele estava um pouco rouca agora, me dando um leve arrepio na espinha.

― O que?

― Coragem. ― ele me respondeu, dando-me as costas e saindo do quarto.

   Coragem. Aquela palavra ficou se repetindo como um sussurro no meu ouvido. Ficou palpitando em minha mente, tentando fazer-me reagir. Oh céus, o que estava acontecendo comigo? Por que estava sendo tão difícil me recuperar?

   Suspirei pesadamente e sentei em minha cama. Na minha garganta estava se formando um nó, mas eu não choraria novamente. Não deixaria cair sequer nenhuma lágrima.

   Eu sabia que eu precisava confiar em Miguel.

   Mas será que ele conseguiria me tirar desse poço tão profundo no qual eu estava afundada? Eu teria que ajudá-lo. Ajudar a mim mesma. Mas como eu poderia fazer isso, se eu não conseguia enxergar nada além dessa escuridão que me vendava os olhos? Eu me levantei da minha cama e sai do quarto. Eu precisava falar com Miguel.

   A casa em si era pequena. Só havia um quarto – o quarto no qual eu e Miguel estávamos dormindo. Uma sala pequena, com uma lareira. E por fim uma cozinha. Mas apesar de não ser nada muito grande, era tudo muito aconchegante. Bem mais aconchegante do que na mansão em que eu morava.

   Ele não estava na sala. E nem na cozinha.

   Ele realmente havia me deixado sozinha?

   Eu teria que achá-lo, pois nós não poderíamos perder mais tempo.

   Quando sai daquela casa, eu poderia sentir aquele céu tão imensurável se conectando comigo através daqueles pesados pingos de chuva. Estavam molhando-me por inteira, mas isso apenas me deixava ainda melhor, fazendo-me me sentir revigorada.

   Os elfos estavam brincando uns com os outros e eu segui por aquela rua tão bela os olhando. Eu não sabia andar por aqui e não fazia a mínima idéia de para onde eu estava indo.

   A cada passo que eu dava, naquelas ruas tão estreitas e floridas, eu me sentia ainda mais perdida. Estava ficando deserto e a chuva havia aumentado ainda mais. O céu estava nublado, tão cinzento que parecia que algo o havia deixado completamente furioso.

   Eu estava começando a ficar com medo. Pois havia muitas árvores nessas ruas e isso me impossibilitava ainda mais de me lembrar do caminho de volta. Eu continuei andando, toda encharcada e com minha respiração ficando pesada.

― Olha o que achamos aqui, Dave. ― escutei uma voz irônica e masculina metros de distância atrás de mim.

O medo aumentou e o meu instinto dizia-me para não parar, para andar ainda mais rápido.

― Ela é bonita. ― escutei outra voz masculina falando.

   Eu sabia que eles estavam me seguindo, pois eu estava escutando barulhos altos de passos atrás de mim.

― Me deixem em paz! ― eu gritei, sem olhar para trás.

   Os barulhos cessaram. E eu fiquei aliviada ao ver que eu estava sozinha de novo.

   Só que o que aconteceu fora que um deles caiu do galho da árvore que estava acima de mim, se posicionando bem a minha frente. Eu pulei de susto e vi o sorriso maldoso do elfo se alargar em seu rosto.

― Peguei você. ― e então ele riu. O som fora tão musical, que eu pensei que por um momento eu estava sob feitiço.

   Eu apenas tinha certeza absoluta de uma coisa: Não havia mais salvação para mim.


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Notas finais do capítulo

E agora? Será que a Lise vai se dá mal? Tomara que sim, ela tá com muito dengo pra cima do meu Miguel u.u UAHUSHAHSUAHU'



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