— Demétrio? — eu perguntei, estranhando o fato de ele estar ali.

Por um momento, ele pareceu-me estar... Desesperado.

— Adelle. — e fora somente isso que ele conseguiu dizer, antes de desmaiar bem a minha frente.

Oh céus, só me faltava essa mesmo.

Eu entrei em meu quarto, e tentei não demorar muito quando eu fora colocar a primeira roupa que vi jogada em meu armário. Eu tinha que chamar ajuda para Demétrio, e rápido. Mas meus planos mudaram, quando eu abri a porta que até então estava fechada, e o vi sendo levantado cuidadosamente por uma Nephilim.

— Obrigada. — eu a agradeci.

— De nada. — ela sorriu em resposta, se distanciando de nós dois e entrando em seu quarto no final do corredor.

[...]

— O que houve? Você me deu um enorme susto desmaiando desse jeito! — eu exclamei, reparando nos pingos de suor que estavam escorrendo pelo seu belo rosto, que no momento estava realmente aflito.

Que diabos estavam acontecendo com ele?

Eu puxei o ar gelado para dentro de meus pulmões, tentando me acalmar enquanto ele parecia que iria desmaiar novamente. — Não. Faça. Isso. — sibilei, e eu esperava que ele me escutasse. Estavámos novamente na porta de meu quarto, encarando um ao outro.

— Adelle... — ele suspirou ao prosseguir. — Ela fora raptada!

Não podia ser. Eu havia falado com ela há uma hora mais ou menos? Como ela poderia ter desaparecido nesse pouco tempo? — Tem certeza? — perguntei, alarmada.

Ele limpou o suor em seu rosto, e o mesmo parecia estar cansado agora. — Eu vi Annelise. Eu corri para tentar salvá-la, mas não teve como! Ela era rápida demais!

Era a mulher dos olhos cor de violeta. E eu tinha certeza absoluta disso, mas ainda assim eu havia levado um enorme baque. Pois eu não esperava realmente que isso fosse acontecer. Oh diabos, eu não esperava que ela viesse!

— E não tinha ninguém com vocês, Demétrio? Ninguém viu?!

E então, a feição dele mudou. Os seus lábios estavam sem cor, pálidos assim como o seu rosto. — O professor de Tiro ao alvo, fora morto. Eu havia ido para aula depois de passar um tempo com Nate, por isso ainda assim eu consegui ver tudo o que aconteceu. — sem que eu esperasse, ele colocou a mão em seu bolso da calça, tirando um pequeno papel amassado do mesmo. — Eu também quase fui morto, Mestiça. Mas ela me mandou lhe entregar isso. — ele concluiu, e por fim me entregou o bilhete.

Eu fiquei extremamente com raiva. Com ódio pelo fato de ela ter sido tão baixa ao pegar Adelle, para me afetar. Ou haveria algo mais por trás daquilo tudo?

— Não é possível. Os treinadores que são anjos, por que não fizeram nada? — indaguei, pois eu estava inconformada com a incompetência da segurança daqui, dos treinadores que não impediram merda nenhuma de acontecer.

— Tudo fora muito rápido. Ninguém esperava que isso acontecesse.

Talvez alguém esperasse. Talvez alguém daqui de dentro, que conhecesse cada canto desse Internato, tivesse premeditado tudo e ajudado-a a passar despercebida por todos.

Mas quem poderia ser? Eu não fazia a mínima idéia.

— Nós temos que fazer alguma coisa! Nós temos que achá-la Mestiça!

— Você está louco? — nós não durararíamos nem sessenta segundos com eles. Com a minha família.

— Então você vai a deixar morrer?

Parecia-me que eu havia levado um soco no estômago agora. Pois ela já deveria estar morta.

— Preciso de um tempo. — então, fechei a porta bem na cara dele. Demétrio estava apenas me deixando ainda mais nervosa.

Eu me sentei na cama, fazendo o máximo possível para não deixar as lágrimas em meus olhos caírem.

Não precisamos dizer que estamos próximos, certo? — as letras eram perfeitamente formadas, e eu estava me perguntando quem havia escrito esse bilhete. — Sua linda amiga estará viva no dia que nós iremos lhe buscar, portanto, se você não vier conosco de boa vontade, ela morre. Como se fosse uma troca. Sua vida pela dela, não é emocionante?! — eu estava começando a ficar enojada. O que eu faria agora? — Claro que nós não precisávamos disso, pois se nós quiséssemos quem seria raptada hoje seria você. Mas ainda não está no seu tempo, e enquanto não chegar a hora, é interessante brincar um pouco.

Eu guardei o bilhete juntamente com a carta da minha mãe, que agora estavam sobre o meu guarda-roupa.

Eles gostam de nos caçarem. É como se fosse uma brincadeira muito divertida para eles. — relembrei da primeira vez que eu fiquei sabendo de toda a verdade. E do que a minha mãe havia dito.

Eu respirei fundo, enquanto caía em minha cama. Eu precisava dormir. Eu precisava encontrar com a maldita da minha tia em meu sonho.

Só que quando eu acordei horas depois, eu vi que havia sido em vão.

Eu não havia sonhado com a vampira, e sim com algo haver com o diretor Thomas, em que o mesmo brincava de esconde-esconde.

Quando eu olhei para fora da janela, a escuridão da noite havia tomado o lugar da claridade do sol. Levantei-me, abrindo a porta do meu quarto e andando no meio das Nephilim que passavam apressadas pelo corredor.

Quando eu cheguei ao pátio, a primeira coisa que chamou a minha atenção, fora os dois anjos simulando uma briga. Mas eles eram diferentes do que os que eu vi no primeiro dia que eu cheguei aqui.

Eu caminhei lentamente em direção ao refeitório, para poder os ver por mais tempo. A multidão de Nephilim estava em volta dos dois, por tanto me dificultava um pouco ver os seus rostos. Mas ainda assim um em particular me chamou a atenção. Um que tinha uma enorme tatuagem de Lúcifer bem na lateral de sua barriga, pegando um pouco de suas costas. Primeiramente, eu nem ao menos sabia que anjos caídos poderiam ter tatuagens. E em segundo, ainda mais tatuagens de um demônio.

Balancei a minha cabeça negativamente. Parecia-me que o que havia acontecido com o professor de Tiro ao alvo, ou com Adelle, não havia afetado ninguém. Quando eu adentrei no refeitório, fora que me caiu à ficha. Com quem eu me sentaria agora, sem Adelle?

Só que a minha resposta fora imediatamente respondida, quando Laurie, a única menina entre Aurora e Adelle que eu não havia conversado e nem visto direito, me chamou para me sentar com ela, juntamente com Nate e Demétrio.

— Ninguém está se importando com o que aconteceu com o professor de Tiro ao alvo e com Adelle? — perguntei, irritada enquanto eu me sentava ao lado de Laurie.

— Colocaram novos três anjos aqui. — Laurie disse, me respondendo. — Eu estou triste pelo que aconteceu com Aurora. Eu não sabia que ela e Pedro eram capazes de ser tão burros para se juntarem com Luna. E estou ainda mais triste por Adelle.

Eu suspirei.

A pele negra dela era realmente bonita. Na verdade, ela parecia-me com uma modelo americana.

— Entre os três anjos, há uma fêmea. — Nate disse, e o sorriso malicioso nasceu no canto de sua boca. Ele parecia estar interessado.

Uma pontinha de ciúme brotou em mim.

Mas na verdade, quem ligava para as meninas que Nate dava em cima? Eu ligava.

— Sabe os dois anjos que estavam brigando lá no pátio, Annelise? — Laurie me perguntou, ignorando Nathanael. — Eles são os novos. E, aquela ali — ela apontou para uma mulher sentada na mesa de Miguel, e da professora Mervina. — Ela é o outro anjo.

Ela era... Deslumbrante. Os cabelos eram negros e levemente encaracolados nas pontas, chegando ao meio de sua silhueta que se vê em capas de revistas de moda. Quando ela sorria para Miguel, um sorriso tentador e sedutor, eu pude perceber claramente o quanto ela estava interessada nele. Não só eu, mas Nate também percebeu isso, quando o mesmo me olhou parecendo estar entediado.

— Por que todas caiem de amor por ele? — Nate murmurou, enquanto mordia um pedaço deu seu sanduíche.

— Certamente visto que ele é... Miguel? — Laurie disse, sorrindo maliciosamente ao olhá-lo. — Ele é tão sexy, e tão...

— Idiota. — eu completei, tentando tirar a atenção dela do meu Miguel.

Nathanael riu. — Quem vê realmente acredita que você acha isso dele, Mestiça. — ele sussurrou para mim, me fazendo revirar os olhos.

— Cale a boca. — sussurrei de volta.

Demétrio parecia ainda estar um pouco em choque pelo o que aconteceu. Seu rosto estava abatido e seus olhos estavam sem o brilho costumeiro em que os mesmos costumavam ter.

Fiquei arrependida de ter fechado a porta na cara dele.

Levantei-me. — Irei pegar qualquer coisa para comer e já volto. — avisei, me encaminhando para fila que havia para pegar comida.

Peguei uma bandeja, esperando a fila andar. Mas hoje estavam atendendo muito lentamente, tão lentamente que eu desisti irritada de pegar qualquer coisa. Quando eu me virei, fiquei surpreendida com o anjo da tatuagem se sentando à mesa de Miguel. Mas raiva me preencheu, e uma vontade intensa de usar a violência me deu contra a maravilhosa e odiosa mulher que estava acariciando o braço de Miguel desnecessariamente. Será que esse anjo não poderia ser mais... Na dela?

Bufei indo em direção a mesa deles.

— Miguel. — os olhos castanhos escuros dela se direcionaram para mim.

— Você é a tão famosa Mestiça? — ela perguntou, sorrindo amigavelmente.

— Annelise. — eu pareci mais hostil do que eu pretendia. — Meu nome é esse. — pausei. — Vamos treinar agora? — perguntei para Miguel. E ele nem ao menos olhou para mim. Pois os olhos dele estavam ocupados demais olhando para ela.

— Thomas pediu-me para hoje dar um descanso para você, Annelise. — ele disse indiferente.

— Mas eu não quero ter descanso. Eu estou bem o suficiente para treinar.

— Eu posso te treinar hoje. — o anjo que tinha a tatuagem falou de forma casual.

— Não. — Miguel respondeu, o olhando.

— Eu quero. Podemos ir agora? — sorri.

— Claro. — ele se levantou, indo em direção para a porta do refeitório.

Mas antes de sair, eu falei baixo no ouvido de Miguel. — Quantos segredos você esconde de mim? — eu perguntei, e ele se enrijeceu no mesmo instante na cadeira.

Eu saí de cabeça erguida, e eu podia sentir os olhos de Miguel sobre as minhas costas agora, acompanhando cada passo que eu dava.