Neve e Chama: A Segunda Era dos Heróis. escrita por Babi Prongs Stark Lokiwife


Capítulo 19
Capítulo 17: Narcysa & Renly




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Narcysa Lannister

Suspirou acariciando Lachowski, o filhote de leão ronronou sob seus carinhos, fazendo-a sorrir. Quando o monstro atacara a multidão na Final das Justas, ela tivera o enorme azar de ser arrastada em direção à zona de ataque do monstro. Sua intenção não foi ser uma heroína, queria apenas se defender e fugir. Deixar aos cavaleiros a chance de matar o monstro, porém assim que sacou Oathkeeper se viu obrigada a lutar para salvar a própria vida. O imbecil do seu irmão estava entre os malucos que queriam matar o monstro, Cys não se importava com ele, porém se ele falhasse novamente, tal qual tinha falhado em derrotar o Espinho Sangrento, desonraria a Casa Lannister e isso ela não poderia permitir.

Não esperava entretanto ser ferida, o corte no antebraço ainda doía e era uma lembrança constante de que fora escolhida para essa loucura. Conteve sua vontade de praguejar ainda acariciando o filhote de leão, que dormia em seus braços agora. Só aceitara participar dessa loucura pois sabia que se recusasse suas chances de se tornar rainha seriam reduzidas a menos que nada. Se quisesse casar com o atual herdeiro do Trono de Ferro, Rhaego Targaryen. Não bastava apenas seduzi-lo, deveria agradar sua futura sogra, a Mãe de Dragões.

Navegar naquele pedaço podre de madeira havia exigido a maior paciência de Narcysa, ainda mais quando a mulher vulgar que era a Greyjoy tentou lhe dar ordens. Maldita fosse! Seu olhar se dirigiu para a porta onde, do lado de fora no convés, estava o futuro noivo, ele não era nada do que Narcysa idealizara, mas ainda assim seria ideal. Um selvagem facilmente manipulável e um divertimento na cama, Narcysa governaria Westeros e teria belos filhos saudáveis, de cabelos dourados e olhos violetas.

Lachowski ronronou e bocejou fazendo com que sua dona sorrisse. Fora um presente do tio Tyrion pelo décimo sexto dia de seu nome. Seu olhar se dirigiu para suas companheiras de quarto, era um absurdo que alguém com sua posição social tivesse que dividir uma cabine com outras mulheres, ainda mais uma selvagem que não pertencia a nenhuma casa.

Segurou seu nojo e apenas manteve seu olhar distante, mal podia esperar para que tudo isso acabasse. Lady Baratheon procurava algo em seu baú, até que finalmente achou um martelo de guerra, ele era enorme e parecia poderoso, Narcysa ficou sinceramente surpresa que alguém tão esguia como ela conseguisse sequer segurá-lo quanto mais manejá-lo.

- Onde pretende ir com tal arma, minha cara? – perguntou com curiosidade.

Ela sorriu como se fosse uma criança brincando de “Posso entrar no seu castelo”.

- Combater alguns piratas. – respondeu ela com empolgação– Qual seria a graça de deixar toda a diversão para os garotos?

A loira nada disse, apenas colocou Lachowski no chão e atou Oathkeeper á sua cintura. Não pretendia lutar, mas queria ver o que estava acontecendo. Saiu da cabine acompanhada pela Lady Baratheon. No convés os homens de ferro se movimentavam rapidamente preparando-se para a batalha, a Capitã Greyjoy gritava ordens ao longe enquanto um gigantesco navio de velas negras se aproximava.

- O que está acontecendo? – perguntou com autoridade para ninguém especificamente.

- Piratas, ao que parece. – respondeu educadamente a flor de Highgarden – Talvez seja melhor voltar à cabine, onde é seguro, milady.

Cys assentiu, se necessário sabia que podia lidar com piratas, porém não tinha nenhum desejo de sujar seu vestido. Um dos homens de ferro passou correndo indo fazer os deuses sabiam lá o quê. Ela franziu o cenho enojada, eles fediam à peixe podre.

- Sim farei isso. – sussurrou ela voltando a cabine.

Lady Tully parecia apavorada, era acalmada pela selvagem que aparentava estar confusa. Os sons de luta começaram a ressoar, vinham do convés, isso tornou as duas ainda mais apreensivas. Porém Narcysa não temia, se os rapazes falhassem em protegê-las ela mesma o faria usando Oathkeeper.

Os barulhos da luta incessante continuaram. Narcysa apenas aguardou, acariciando Lachowski. O filhote de leão tal como ela, estava completamente alheio à batalha que se passava a poucos metros. O barulho finalmente cessou e poucos minutos depois o protetor da Lady Tully, Sor Astor Mallister, abriu a porta.

- É seguro sair agora, miladys. – disse ele.

Narcysa foi a primeira a deixar a cabine, liderando as outras. Havia um pirata ajoelhado no meio do convés e outros três sendo segurados pelos homens de ferro. A Capitã Mary Lane segurava sua espada na garganta do ajoelhado.

- Suas últimas palavras? – perguntou ela.

Sua voz estava impassível, mas Narcysa cresceu aprendendo a observar as pessoas e notou um tom de tensão na voz da mulher de ferro, por algum motivo ela não queria matar esse pirata.

- Se o fizer se arrependerá. – ele disse sorrindo zombeteiramente, como, se assim como Narcysa, soubesse que ela não queria realmente matá-lo. – Tenho informações essenciais, querida.

A Greyjoy não disse nada, apenas esperou.

- Antes de seguir sua busca para leste deve fazer uma parada nas Basilisk Isles. Há algo de seu interesse lá.

- E o quê poderia ser, primo?

Oh eles eram primos! A implicância deste fato abriu um leque de possibilidades na mente de Narcysa. Ela imaginou se eles haviam sido amigos ou rivais na infância. Se perguntou se agora eram amantes. Estava tão distraída com seus pensamentos que não notou que a conversa prosseguiu e a seguinte frase que escutou foi:

- E quem seria essa alma bondosa que nos auxiliaria tanto?

- O Regicida. – sorriu ele apontando, com o toco que possuía no lugar da mão direita, para uma estranha espada – Onde acha que consegui aquilo?

Ela manteve o rosto impassível, ocultando seus verdadeiros sentimentos. Narcysa de fato não sentia nada pelo pai, aquele que chamavam de Regicida. Jamais o conhecera, porém a imagem que tinha dele era de um fracassado aleijado. Um homem insano que trocou tudo por nada. Entretanto não podia dizer que era completamente indiferente à perspectiva de conhecer o progenitor, talvez ele fosse o único que pudesse responder à pergunta que pairou sobre si durante toda sua vida, quem era sua mãe?

Ela sinceramente esperava que fosse Cersei, esperava ter o sangue de uma rainha e não da aberração que era Brienne d’Tarth. O pirata e a capitã continuaram conversando, no fim ela o libertou e lhe deu um bote, porém eliminou os outros três piratas. Narcysa sinceramente não se importava.

Seu olhar se dirigiu ao seu irmão, ao contrário dela Renly não mascarava suas emoções. Ele parecia perdido e confuso.

“Patético!” – pensou ela “Tal qual sua mãe”.

- Eu sinto muito por isso. – disse uma voz atrás de si – Eu entendo o quanto deve ser angustiante a perspectiva de conhecer o pai verdadeiro e querer saber a verdade sobre seu nascimento, afinal também haviam uma duvida quanto à...

- E o quê lhe faz pensar que preciso de sua ajuda ou seus conselhos, Príncipe Bastardo? Eu pareço estar angustiada? O Regicida está no passado, à mim só interessa o futuro! E não me compare a você! As dúvidas que há quanto a minha maternidade não importam, eu sou uma legítima Lannister! Porém não pode-se dizer o mesmo de você.

Drogo parecia mudo. Uma voz na cabeça de Cys disse que já era o suficiente, mas agora que a torneira de maldade fora aberta nada poderia impedir que ela parasse de jorrar.

- A família real pode afirmar que és um Stark. Porém ninguém é cego ao ponto de não reconhecer os traços Targaryen que carrega. Poderia ter sido o herdeiro do Trono de Ferro, mas não passa de um bastardo real com um pouco de sorte. O quão infeliz deve ser Lord Brandon por saber que jamais poderá ter um filho seu no Trono de seus antepassados? Que seu herdeiro tem mais sangue de dragão do que de lobo? Ele provavelmente se ressente de você, nunca o aceitará como um filho, do mesmo modo que o povo do Norte jamais o aceitará como seu governante. Você não é nada, Drogo Blackfire.

Renly Lannister

Renly estava visivelmente nervoso. Depois de tantos anos conhecendo o pai apenas pelas lembranças da mãe, finalmente iria conhecê-lo. Mal podia acreditar na sua sorte. Não entendia por que Jaime Lannister mandara um recado através de um pirata, mas o ponto é que tinha tido sucesso, a mensagem havia sido entregue e dentro de pouco tempo eles se conheceriam.

Quando aceitou essa missão pensou apenas que seria uma chance de se provar, de mostrar ao mundo que era tão bom quanto os pais e superar todas as lendas que crescera ouvindo. Jamais imaginara que fosse de fato conhecer o pai.

A garotinha selvagem corria de um lado para o outro, tratando dos ferimentos dos companheiros, sendo às vezes ajudada por Aemon Martell e sempre sob o olhar vigilante de Gyles Tyrell. Renly sorriu, dias atrás odiara o Tyrell, porém fora algo apenas momentâneo, pois ambos eram muito competitivos, depois de alguns momentos de conversa descobriu que tinha muito em comum com o cavaleiro e discutiram sobre variadas técnicas de ataque e defesa.

É claro que graças aos sete vezes malditos Loras Tyrell e Renly Baratheon houve chacota por parte do Víbora Dourada. Mas Renly estava longe de ter esse tipo de interesse por homens. Seu olhar se dirigiu para Lady Tully que discutia ferozmente com seu protetor Sor Astor Mallister. Quando a garota fora capturada pelo monstro durante o Torneio, Renly se desesperou, ela estava sob sua proteção, deveria mantê-la segura, por isso enfrentara o monstro e ganhara a cicatriz no antebraço.

Ela, apesar de tudo, não parecia ressentida por Renly falhar em protegê-la, pois sempre o tratava com cortesia, tinha uma bondade natural, que inspirava todos ao seu redor. Ou pelo menos ele sentia-se inspirado. "E é realmente necessária muita bondade para se apaixonar por um retardado como Tommen!" Renly sentia muita pena do primo, mas também muita inveja, o quê não daria para que uma Lady como Shiera Tully o amasse tanto?

- Nervoso? – ressoou uma voz feminina.

Não era Shiera, entretanto, e sim Raven Arryn. Ao contrário das outras ladys que haviam embarcado nessa viagem, a mercenária era uma mulher feita, com mais ou menos vinte e cinco anos, ele calculava. Porém não deixava de ser belíssima, diziam-se que as mulheres mais velhas também eram mais experientes... Afastou rapidamente esses pensamentos. Não seria honroso, nem apropriado, podia ser um Lannister, mas também era filho de Brienne e, à sua maneira, tinha sua honra.

Ela sentou-se ao seu lado, na murada do convés, e começou a limpar o sangue de sua espada. Os olhos azuis claros dela se encontraram com os seus e ele se lembrou que ela esperava uma resposta.

- Sim. – admitiu ele depois de um tempo.

- Você tem sorte. – afirmou ela sem olhar em seus olhos. – Minha mãe morreu me trazendo ao mundo e a lembrança de meu pai já está se desvanecendo de minhas memórias. De qualquer modo ele nunca se importou comigo.

Não havia autopiedade ou tristeza em sua voz, apenas resignação e amargura. Renly sabia que a mercenária não se abria facilmente e sentiu-se honrado pela confiança que ela depositara nele, provavelmente ela queria que ele se sentisse melhor.

- Eu sinto muito – disse educadamente.

Ela deu de ombro ainda observando sua espada, que agora brilhava imaculada.

- Não importa, eu tive Lord Blackwood, de qualquer modo... Ele me criou como uma filha.

- E eu tive minha mãe e meu tio.

- Sua irmã teve o mesmo, mas ela parece tão diferente de você quanto o sol é da lua. – afirmou ela apontando com a espada para Narcysa, que brigava com Drogo Stark.

Dessa distância era impossível dizer o quê ela falava, porém sua expressão era cheia de raiva e Renly, melhor que ninguém, sabia o quanto a irmã podia ser cruel.

- Ela sempre foi difícil. – afirmou impassível, resignado.

Raven deu de ombros e embainhou a espada. Olhou então para o céu, seus olhos refletiam todo o azul do firmamento. Ela sorriu.

- Já era hora. – afirmou.

A águia dela então pousou em seu braço, ela parecia muito próxima ao animal. Renly tinha visto aquela ave arrancar sem piedade os olhos de piratas, mas por algum motivo não teve medo, apenas acariciou as penas da águia. O animal crocitou baixinho como se gostasse e bicou seu dedo carinhosamente. Raven arregalou os olhos impressionada.

- Ela não costuma ser tão dócil. – sussurrou.

- Eu sei. Vi o quê ela fez com nossos adversários. Talvez ela goste de mim.

Raven deu de ombros e se levantou, a águia se moveu até o ombro da mercenária.

- Ou talvez você apenas seja sortudo. – respondeu ela – Eu invejo essa sua sorte, Lannister... E obrigada por salvar minha vida.


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