Quando Os Mortos Andam. escrita por DIAMANTE VERMELHO


Capítulo 2
A família Johnson.


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem ^^



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– ...E Luíze, tome cuidado. Eu te amo muito. – Ele simplesmente desligou o telefone e Luíze ficou mais desesperada do que estava.

Ela não conseguia armazenar tantas informações. Como o que ele acaba de falar era possível? Ela estava apavorada, mas tinha que se manter forte por seu marido, seu filho, pelo seu pai e até mesmo por ela mesma. Luíze desceu até a garagem pegou as três mochilas de acampamento, três sacos de dormir, uma barraca tamanho família, lanternas, pilhas e outros apetrechos importantes.

Ela voltou para a cozinha e largou tudo ali em cima da mesa. Parecia que ela não tinha forças para suportar tanta pressão e tantos sentimentos ruins ao mesmo tempo, mas seu instinto falava mais alto. Luíze pegou uma das mochilas de acampamento e ajustou os três sacos de dormir no compartimento próprio junto com a barraca desmontável. As lanternas, pilhas, fósforos, tabletes para purificar a água entre outras coisas também foram colocadas na mochila. Luíze abriu uma pequena porta, a dispensa, ao lado da geladeira e pegou todo o alimento que tinha entre eles os enlatados, arroz, feijão, trigo, sal e alguns temperos. Ela colocou tudo isso em uma segunda mochila, e na primeira colocou mais panos de prato, talheres, canecas de alumínio, panelas pequenas e outras coisas que deviam ser importantes. O que mais seu pai tinha dito para ela pegar fora os alimentos e utensílios? Ela não podia se esquecer de algumas roupas, toalhas e garrafas de água, e algumas coisas de higiene pessoal como sabonetes, detergente, esponja, etc.

Luíze distribuiu tudo isso entre as três mochilas. Elas estavam prontas, agora só restava esperar seu marido e seu filho chegarem. Luíze andou até a sala e viu os porta-retratos preenchidos com fotos de família. Em uma delas Lucas, seu filho, estava em cima de uma bicicleta e sorria com a falta de um dente, ela pensava como ele tinha crescido, agora tinha 15 anos e sua vida mudaria drasticamente.

–Querida, cheguei. –Disse Jorge puxando fôlego na porta, atrás dele vinha o único filho do casal, Lucas.

–Jorge, você pode se sentar? –Disse Luíze séria. –Lucas, suba no seu quarto e pegue apenas o necessário que você queira levar junto.

–Levar o que pra onde? –Perguntou ele sem entender.

–Apenas suba e pegue o que você irá sentir falta como seu ipod, notebook, não sei, veja o que você quer. Não traga muitas coisas.

–Luíze você está me assustando. –Disse Jorge franzindo a testa.

–A mim também. –Incluiu-se Lucas.

–Meu pai me ligou hoje cedo, as noticias que vemos no jornal não são mentira, os ataques de pessoas carnívoras loucas são verdade e no jornal local quando deu que a dona da padaria atacou um cliente, bem, está acontecendo em todos os lugares e isso esta se espalhando. Precisamos estar preparados pra sair daqui a qualquer momento. –Contou Luíze séria.

–Não brinca mãe... –Ia dizendo Lucas.

–Não estou brincando. – Luíze não parecia que estava. - Meu pai disse que o presidente foi morto e o primeiro ministro assumiu seu cargo, eles estão tomando providencias, mas pelo que parece o governo irá abandonar a população a mercê da sua própria sorte.

–Você esta falando daqueles carnívoros que atacam pessoas? Da doença que esta se espalhando? –Perguntou Jorge assustado.

–São zumbies pai... –Comentou Lucas.

–Meu pai disse que o exercito foi dispensado e a população deve contar com a sua própria sorte, sim são zumbies Lucas... – Luíze tentava contar o que seu pai lhe tinha dito mais cedo ao telefone.

–Mas seu pai é um dos generais do exercito, ele não tem influencia? –Perguntou Jorge.

–Como eu disse o governo não irá fazer nada. Meu pai aconselhou que nos mantivéssemos unidos e nunca nos separarmos em caso de... Desastres. – Luíze engasgou, ela não conseguia pensar em um ataque desse tipo. – Enfim, peguei nossas coisas de acampamento, em uma das mochilas tem utensílios e remédios, em outra roupas e na terceira alimento.

A TV que já estava ligada apresentou um boletim urgente. A repórter apareceu em uma bancada e afirmou:

–Os recentes ataques que vem acontecendo em todo o país, são de origem desconhecida, mas o Centro de Pesquisa de Doenças afirma que o comportamento estranho de determinados indivíduo é causado por um vírus. Fiquem agora com a entrevista de nossa repórter Giovanna. – A imagem da repórter na bancada foi cortada para uma mulher que estava com um microfone na mão em uma rua de alguma cidade.

–Estamos aqui na Rua São Vicente onde ocorreram recentes ataques de humanos carnívoros. Como podemos ver, ao longe vemos corpos no chão. –Enquanto a câmera dava um zoom em um corpo de alguém morto na calçada, algo estranho aconteceu, o homem morto na calçada simplesmente se levantou.

–Bom, parece que o homem não estava morto, vamos lá falar com ele e ver o que realmente aconteceu. – A repórter e o câmera se aproximaram do homem que tinha se levantado da calçada. Alguns carros estavam abandonados ao longo da rua e uma arvore pegava fogo. – Então senhor, pode nos contar o que aconteceu aqui? –A repórter se aproximou e o homem de pele cinzenta, olhos sem brilho e que soltava resmungos atacou a repórter. Viu que o homem que estava aparentemente morto a atacou e mordeu o braço da repórter enquanto ela gritava. – A cena mudou e foi cortada novamente para a repórter que estava em uma bancada. Ela estava de boca aberta.

–Como vemos aconteceu um pequeno, hã, acidente. Vamos ver agora o que o governo fala sobre os ataques. – A repórter parecia assustada. A imagem foi cortada para um homem em um palanque com alguns repórteres em baixo. Era o primeiro ministro que havia se tornado presidente e ao seu lado o secretario.

–Cidadãos, creio que tenho que lhes passar terríveis noticias, hoje o pais que achávamos ser seguro confirmou ataques de origens estranhas, suponhamos que sejam, hã, zumbies. Sinto informar a todos que o governo não fará mais nenhum tipo de participação nesse ataque e os exércitos que tinham se estabelecido em determinadas cidades grandes, foram dispensados para que os soldados pudessem ter um tempo com suas famílias. – Ao dizer isso houve um alvoroço dos repórteres que estavam perto, todos tentando chamar o novo presidente e lhe fazendo perguntas, mas ele simplesmente prosseguiu dizendo – Cidadãos deste nobre país, desculpem por abandonarmos vocês. – O presidente simplesmente virou as costas e a imagem foi cortada.

–Estão vendo? Não é mais seguro. –Disse Luíze, Jorge ainda encarava a televisão onde uma mulher mandava todos ficarem em suas casas e terem alimento para alguns meses. –Lucas, já peguei roupas para você, agora suba e pegue o que mais você precisa. Ouvia os passos de Lucas subindo as escadas, Jorge estava atordoado e sentou-se no sofá.

–O que mais seu pai lhe contou? –Jorge percebeu que Luíze estava escondendo alguma coisa.

–Ele disse que no batalhão militar da cidade vizinha teria um carro ou uma caminhonete blindada, remédios, alimentos, armas e munição. –Disse Luíze.

–Para que usaríamos um carro blindado e armas? – Jorge não entendeu.

–Como você acha que vamos nos proteger dos zumbies? – Luíze achava isso obvio até de mais.

–Mas querida, nós nem sabemos atirar. – Comentou Jorge.

–Correção, você e Lucas não sabem atirar. Ter um pai militar tem suas vantagens. – “E desvantagens” pensou Luíze. – Quando for o tempo eu ensinarei o necessário.

–Assim você me assusta. – Comentou Jorge.

–Mãe, peguei o que achei necessário. – Disse Lucas descendo as escadas com seu nootbook, ipod, dois livros e o que parecia ser um desodorante e perfume. – Onde posso colocar isso mãe?

–Acho que na mochila das roupas. É a azul, mas não desarrume nem tire nada que esteja guardado dentro.

–O que fazemos agora? – Perguntou Lucas.

–Esperamos até a situação aqui ficar feia. – Respondeu Luíze.

Jorge e Lucas sentaram-se na sala de estar e enquanto Lucas lia um livro, Jorge estava encarando a televisão que passava noticias de ataques. Luíze estava na cozinha preparando o jantar.

–Lucas, vá tomar banho e ao invés de colocar seu pijama coloque uma calça Jeans, blusas que esquentem e tênis. – Luíze gritou da cozinha.

–Por que mãe? – Perguntou Lucas se levantando do sofá.

–É bom estarmos preparados para sair a qualquer momento. – Respondeu Luíze enquanto cortava os legumes.

Lucas subiu as escadas e foi tomar banho.

–Acho que vou ir tomar banho e me preparar também. – Disse Jorge entrando na cozinha.

– E você já se preparou?

– Já sim querido. – Respondeu Luíze sem tirar os olhos dos legumes.

Algum tempo depois Lucas desceu as escadas e estava vestindo Jeans, um moletom e tênis, logo depois Jorge desceu as escadas também e sentou-se na mesa com a família. A mesa estava farta e Luíze quis preparar tudo o que tinha direito como carne, legumes, salada, macarronada ao molho 4 queijos, suco natural de laranja e de morango, entre outras delicias.

–Por que preparar tanta variedade? – Perguntou Lucas que se sentia em um restaurante.

–Já que não vamos poder levar carne, queijo, salada nem frutas, resolvi preparar tudo. Não ia estragar essa comida e tratem de comer bastante.– Respondeu Luíze enchendo seu prato.

O resto do jantar foi em silencio e para Lucas aquele silencio era terrivelmente cortante, pois demonstrava a gravidade da situação. Ele terminou seu jantar primeiro e levou seu prato até a cozinha, abriu a torneira e uma água suja desceu, parecia ser lama.

–Mãe, por que a água esta desse jeito? –Não coloque a louça nessa água e nem toque nela. – Alertou Luíze.

–A água esta contaminada? – Perguntou Lucas.

–Acho que é apenas lama, mas não abra mais nenhuma torneira. – Respondeu Luíze.

Lucas subiu as escadas e foi direto para seu quarto, ele se sentou na cama puxando o ar e tentando entender o que poderia estar acontecendo. Ele queria falar com seu avô, pois ele era sempre a pessoa que era totalmente honesta com Lucas e sempre lhe contava a verdade, por mais que seu avô viesse poucas vezes no ano visitá-lo ele adorava o avô, pois era um homem de muitas histórias e era sempre muito amável. Ao contrário do que Lucas esperava a guerra não endureceu seu avô, ser general nunca influenciou muito na relação com a família e ele sempre foi um ótimo pai e avô. Lucas nunca conheceu realmente sua avó, pois ela morreu quando ele tinha 3 anos de idade, mas ele tem certeza que tem uma ou duas lembranças dela.


Flashback on.

–Você vai ser um menino muito forte, igual ao seu avô. Tenho certeza disso. – Uma senhora aninhava seu rosto com o dele e o beijava na face, logo ele soltou uma risada e puxou o macacão que vestia, quando a senhora o colocou no chão ele saiu andando e logo caiu no chão, mas ao invés de chorar começou a rir e olhar para a senhora sentada na varanda ela sorriu de volta. O meninho era Lucas e deveria ter 1 aninho de idade.

Flashback off.


Lucas lembrava um pouco dela e pelo que a mãe contava quando ele tinha uns 2 aninhos ela ficou doente e no ano seguinte morreu. Depois que Lucas cresceu e parou de fazer perguntas sobre a avó a mãe nunca mais respondeu nem contou nada sobre ela pra ele, deveria doer de mais. Lucas deitou na cama e agora estava pensando nas historias que passavam no jornal e se aquilo era real, parecia mais um filme de terror. Ele pensou no que os amigos estariam fazendo e para onde iriam, em um ato de puro impulso Lucas pegou o telefone fixo de seu criado mudo e discou um numero, era um numero já conhecido e bem gravado por ele. Chamou duas vezes e uma voz conhecida atendeu:

–Oi Lucas, tudo bem?

–Oi Erika... – Sua voz morreu.

–O que aconteceu de errado? – Ela sempre sabia quando alguma coisa estava errada com ele.

–Posso te contar uma coisa, eu juro que não é nenhuma brincadeira.

–Pode, você sabe que pode cofiar em mim Lucas.

–Sabe as histórias de zumbies que estão falando por aí?

–Sim.

–Então, elas são reais. – Lucas estava nervoso, ultimamente falar com ela o deixava nervoso, principalmente depois beijá-la. –Meu avô ligou hoje e contou tudo pra minha mãe, o exercito foi dispensado e os carnívoros são reais.

–Eu sei que são Lucas e minha família vai partir da cidade daqui a pouco. Vamos ir ficar com minha tia na fazenda dela. Desculpe...

–Você vai embora? –Ele se sentiu abandonado de repente, como se o chão do seu quarto estivesse abrindo.

–Vou... Mas ei, saiba que se eu pudesse, eu ficaria aqui, junto de você...

De repente Lucas se sentiu um pouco mais feliz, ela queria ficar com ele, mas ele sabia que ela não podia, ela tinha que seguir com a família dela, ainda mais em uma situação como essa.

–Eu entendo. Erika...

–Fala meu amor. –Lucas se sentiu mais feliz quando ela disse isso, mas ao mesmo tempo triste, porque de umas semanas pra cá tudo com ela estava dando certo e de repente eles vão mudar de rumo.

–Quero que você saiba que eu te amo, amo muito. –Começou a cair lagrimas do olho dele.

–Eu...

A ligação foi cortada e ela na tinha terminado de falar.


Lucas desligou e ligou o telefone pra ligar de volta pra Erika, mas o telefone estava mudo. Ela morava a umas três quadras a frente da casa dele, ele queria vê-la e tinha que fazer isso. Abriu a janela, pulou na arvore que tinha quase encostada na sua janela e a desceu, ele sabia que era perigoso porque depois do ataque da mulher da padaria, havia alguns zumbies vagando pela cidade, mas ele precisava vê-la. Lucas correu pelo gramado e viu a luz da sala de casa ainda acesa, seus pais deveriam estar conversando ali e a qualquer momento subir em seu quarto, ele já não ligava, ele queria vê-la e depois voltaria pra casa.


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Notas finais do capítulo

Se gostaram desse capitulo mandem review, isso me anima a continuar escrevendo. Obrigada por tudo!



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