Thalia:

Bem, pode imaginar minha surpresa quando acordei em um chalé escuro, com uma caveira gigante desenhada no papel de parede ao meu lado, e deitada praticamente EM CIMA de Nico.

Ele ainda dormia, com uma bermuda preta e uma camiseta cinza, que deixavam seu corpo todo definido (Epa! Thalia, CONTROLE-SE! Caçada... Ártemis...), que colocou depois de seu banho na noite passada, presumo. Eu realmente havia caído no sono naquele lugar?

Tentei me levantar, mas Nico, em algum momento da madrugada, agarrou a minha mão. Ou eu agarrei a dele. Ah, o que importa?! Tanto faz...

Voltei a me deitar, impaciente. Não sairia dalil tão cedo, e se acordasse Nico, ele não me deixaria sair.

" Deuses! Eu TENHO que sair daqui! AGORA!" pensei. O que seria de mim se as caçadoras me vissem saindo de outro chalé que não o de Zeus ou o de Ártemis? E coom um garoto? Ai de mim...

Tentei me lembrar de alguma coisa depois do jantar, depois que Nico foi tomar banho e eu comecei a atacar a comida. Em vão. Absolutamente nada me vinha a cabeça. Não faço idéia de como cheguei a cama, tampouco de como Nico foi parar do meu lado. Mas isso não era importante, certo? Eu tinha que sair dali.

Me dobrei de uma forma estranha para passar por cima de corpo adormecido do garoto, mas ele não largou minha mão. Droga!

Dei vários puxões, bem leves, para não acordá-lo. Ele não largava de jeito nenhum! Comecei a duvidar de seu  estado de sonolência...

Dei um último puxão, um pouco mais brusco, e ele solta a minha mão, o que é a parte boa. A parte ruim é que eu exagerei um pouco na força, e quando dei por mim, ele já havia caído da cama com um estrondo, e estava com a cara enterrada no carpete!

- Deuses! - sussurrei, enquanto o ajudava a se sentar, e ele soltava um "Ai.", abafado pelo chão, teatralmente.

- Ai. - Repetiu, esfregando os olhos, tentando espantar o sono. - Que horas são?

"Não faço idéia." pensei.

- Hora de eu sair daqui! - sussurrei de novo, encorajando-o a fazer o mesmo, e abria a porta devagar.

A neblina cobria completamente o acampamento. Diria que era bem cedo, se realmente houvesse algum campista por ali, mas como não havia nenhum, presumi que não passava das 5 horas da manhã. EU, Thalia Grace, acordei antes do meio-dia?! MILAGREEE!

A neblina era o ponto alto da situação, por que, já que não queria ser vista, era um ótimo convidativo.

- O que? Porque?! - perguntou, se espreguiçando. Ele não estava me levando muito a sério... - Você poderia esperar mais um pouco, até... Sei lá, a neblina abaixar um pouco. - Continuou, se inclinando um pouco para ver através da porta aberta.

- Não. Eu estou contando com a ajuda dela. - Respondi, e me virei de novo para ele, encostando a porta. - Olha, Nico, Seja lá o que tenha acontecido ontem... Esueça, tá bem?! Finja que nunca aconteceu.

Ele sorriu, como se eu o tivesse lembrado de algo importante.

- Você diz... Quando você me AGARROU e me puxou pro seu lado no colchão enquanto dormia, ou quando você me abraçou e agarrou minha mão quando começou a chover?

- EU FIZ O QUÊ?! - Gritei. Droga, Thalia! Volte a si, mulher! Voltei a sussurrar, completamente corada, e ele riu de minha aparente desconfortabilidade. - Eu fiz o quê?! - repeti, mais baixo.

- Tá tudo bem, Thalia... Até parece que você está com...

- Medo?! - O cortei. - É exatamente o que eu tenho! - Pode parecer estranho, mas era verdade. - Se Ártemis ou alguma caçadora descobre que passei a noite... - Cuspi a palavra. - ... AGARRADA com um garoto... No chalé DELE... O que vai ser de mim?

Eu demonstrava em palavras apenas um quinto do meu desespero, mas elas atingiram Nico, e o perturbaram.

- Não se iluda, di Angelo. -Falei. - O amor e a paixão são coisas difíceis de compreender... E mais ainda de evitar. Mas Afrodite é muito mais perigosa do que Ares quando se trata de casos de vida ou morte. - Continuei, depois de uma breve pausa.- O amor sempre nos cega para a verdade, independente de qual ela seja, e de onde ela se encontra. A própria Ártemis descobriu isso do pior jeito... - Completei, me dirigindo para a porta, já entreaberta.

Hesitei, e virei o pescoço o suficiente para poder vê-lo pelo canto dos olhos, e sussurrei.

- Lamento, Nico, mas é assim que tem que ser... - E corri, se lhe dar chance para rebater, fechando a porta atrás de mim.

Invadi a neblina fria, e tudo que eu desejava agora ( fora não ter dito aquilo para Nico) era um bom chocolate quente com marshmallows, e entender porque diabos tinha uma vontade absurda de voltar até o chalé dele e dizer " A propósito, di Angelo... Que corpão hein, querido!" ARGH!!!

Concerteza era Afrodite, e eu iria lutar contra aquilo com todas as minhas forças. " Até que a morte nos separe..." - entoei mentalmente.  E acrescentei rapidamente depois de me dar conta do duplo sentido existente naquilo. " Eu da caçada... Claro.", mesmo não tendo mais tanta certaza do que queria. O QUÊ ESTÁ ACONTECENDO COMIGO?!