Bellatrix’s POV

–Desculpe meu anjo, eu deveria ter te explicado tudo melhor. -Eu disse pra Lilly, assim que ela chegou perto de mim.

–Não mamãe, relaxa, acontece. –Sorriu. Um sorriso lindo. Minha filha. -Agora ta tudo bem.

–Querida, espero que você um dia possa entender de verdade. E perceber que ela tem os seus olhos, os seus lindos olhos. –Ela sorriu fraco.

–Assumo que não entendo muita coisa mãe, mas eu vou tentar entender, prometo. E por favor, não força! Meus olhos, e só meus! –Ela disse e eu sorri fraco. Ela me lembrava muito seu pai, e se eu a conheço bem, tenho certeza de que aquela crise não ia ficar só por isso mesmo.

–E o Snape? Cadê ele? -Perguntei, encerrando o assunto anterior.

–Ali. –Disse ela apontando para um canto da sala, onde Snape olhava pra minha irmã com um olhar distante.

–Pans, corra aqui. –Gritei para a morena que logo estava ao meu lado. –Olhem para o Severo, as duas, e me digam pra quem ele esta olhando e o que significa esse olhar, me digam que eu não estou vendo coisas.

–Ele com toda a certeza está olhando pra tia Cissa. –Lilly começou.

–E com toda a certeza desse mundo, esse olhar é sonhador, eu até arriscaria dizer que é um olhar apaixonado, mas nós estamos falando de Severo Snape. -Pansy completou.

–Então eu não estou errada? Vão, as duas, descubram tudo o que conseguirem, se for preciso, Pansy distraia ele enquanto Lilly entra na mente dele sem que ele perceba, ela conhece oclumência bem o suficiente pra isso, aprendeu com o pai dela. Vão rápido! –Eu disse e então as duas saíram em direção ao Snape.

Lilith’s POV

–Deixa eu ver se eu entendi... A tia Cissa ta apaixonada pelo Severo, de novo? E parece que dessa vez é correspondido? E sobrou pra nós três juntarmos esses dois?-Eu perguntei, confusa com o excesso de informação.

–Sim, é quase isso, a gente só não tem certeza sobre essa parte do "correspondido". –Disse Pansy sorrindo.

–E é isso que nós estamos indo tentar descobrir? -Perguntei, entendendo tudo.

–Tentar não, conseguir! -Ela me disse, abrindo um sorriso enorme.

–Então tá, já que é pra fazer, vamos fazer direito. Vamos tentar sem feitiços? Eu realmente não quero entrar na mente dele, talvez eu veja coisas que me traumatizem pro resto da minha vida... -eu disse e Pansy soltou uma gargalhada

–Certo! Então sem oclumência. –Foi o que ela teve tempo de dizer, já que já estávamos perto de Snape.

–Oi Severo, estava com saudades da mansão? –Eu começei perguntando com uma voz meiga.

–Um pouco. –Disse ele frio, sem desviar o olhar de minha tia.

–Pra onde você está olhando, ein Sev? -Pansy perguntou, e ele arregalou os olhos e os desviou pra nós na mesma hora.

–Pra nada garota, só para as paredes! Agora digam logo o que vocês querem e sumam daqui! E o meu nome é Severo, Snape pra você. -Ele disse nervoso.

–Calma Severo, eu me lembro de como você era feliz quando eu ainda morava aqui! Poxa, a guerra acabou, você não precisa mais dessa sua máscara fria! -Eu tentei, mesmo sabendo que delicadeza com ele não funcionaria.

–Eu nunca fui feliz, não de verdade, não que isso lhe interesse, garotinha mimada. Digam logo o que vocês querem e vão embora! -Ele respondeu, já demonstrando irritação.

–Poxa Sev, você ainda é apaixonado pela Potter? Não tem nada melhor pra fazer não? Tipo... Viver? –Dessa vez foi a Pansy quem falou.

–Cale essa boca garota! Claro que eu não sou apaixonado pela Lílian, nunca fui! Potterzinho inútil, sai espalhando boatos sobre professores, isso deveria ser punido com expulsão! -Ele disse, vermelho.

–Severo, não mente pra gente, tá? Não vai funcionar. -Eu respondi com um sorriso triunfante e ele bufou.

–Garota, eu sei reconhecer uma perda, tá?! Se é isso que vocês tanto querem saber, eu parei de sentir qualquer coisa pela Lílian já faz um tempo, um bom tempo. –Ótimo, ele estava baixando a guarda, era hora de ser direta.

–E pela sua cara, você já "sente qualquer coisa" por outra, não é? E eu tenho sérios motivos para achar que ela esta aqui no salão. –Ele engasgou com a sua bebida e acenou por ajuda, eu revirei os olhos e com um aceno de varinha meu, ele parou de tossir. –Amor não se esconde Severo, mas talvez seja tarde demais não é? Não acho que o causador de tanto choro seja agora a salvação dela, minha tia é bem mais esperta que isso. Mas quem sabe um dia não é?! Vai tentando. Aliás não precisa se preocupar Severo, esse é o nosso segredinho, meu, seu, da Pansy e da minha mãe, é claro. -Eu disse quando ele se recuperou.

–Sua tia? Você enlouqueceu? E amor? Eu não amo ninguém garota! -Ele disse nervoso.

–Ah claro que não, e eu sou Merlin e uso cuecas! Severo, você já foi um mentiroso melhor! -Pansy respondeu, já cansada daquela discussão.

–Certo... Não sei como vocês fazem isso, sério. Só não contem pra louca da Bellatrix, não mesmo, ela vai contar a Narcisa. -Ele pediu.

–A louca é minha mãe e nós vamos contar sim! -Eu disse emburrada e ele revirou os olhos.

–Ela não vai falar nada, não se preocupe eu dou o meu jeito. Boa sorte no jantar de hoje. –Disse Pansy nos surpreendendo.

–O que? Por quê? Como assim boa sorte? -Ele perguntou confuso.

–Você vai entender tio... Ops, Sev! –Disse Pansy sínica. –Vem Lilly, precisamos contar a novidade pra tia Bella. –Ela disse e me puxou pelo braço, eu sorri e dei uma piscadinha para o Snape, que ficou com uma expressão furiosa.

Pansy’s POV

Contamos pra Bellatrix o que havíamos descoberto, e quando olhei no relógio já eram 23:30, tia Bella arrumou a mesa enquanto eu e Lilly colocávamos meu plano em prática.

–Vamos só recapitular: 1- Mini Baile, 2- Feitiço da verdade não verbal e 3-Cadeiras com nomes, e por enquanto é só isso, certo? -Lilly perguntou.

–Certo, já está tudo pronto? -Perguntei pra ela, que afirmou com a cabeça, então olhei no relógio e já estava na hora de começar. –Quero a atenção de todos, por favor! –Pedi, mas todos continuaram falando. –Silêncio, por favor. –E mais uma vez ninguém me ouviu. –Olhei pra Lilly e depois pra tia Bella, contei até três e gritamos: -CALEM A BOCA! –Nosso grito fez com que todos ficassem quietos e eu pude começar a falar. –Obrigada. Como hoje é noite de quase natal, resolvi fazer algo diferente, pra celebrar essa data. Como vocês devem ter percebido, faltam 15 minutos para a meia noite, então nesse tempo, cada um vai pegar o seu casal e dançar três músicas escolhidas por mim e pela Lilly. Todos concordam? -Eu não esperei que eles respondessem. -Ótimo! Lilly, solta a primeira música! –Então eu vi todos os casais começarem a dançar no meio do salão, enquanto Cissa e Severo, um em cada canto da sala, sequer trocavam olhares. Olhei pra Lilly que fez menção de ir até Narcissa, então eu murmurei um “Deixa comigo” e fui até o Severo.

–Hey, quando eu disse boa sorte, era a isso que eu me referia. –Apontei pra tia Narcisa. -Chama ela pra dançar, Severo!

–Não, nem pense nisso, saia daqui, vai dançar com o seu namorado, vai! -Ele disse, me expulsando de perto dele com as mãos.

–Ah vai lá Sev! São só três músicas! Uma dama nunca recusa um convite pra dançar. -Eu disse e dei uma piscadinha pra ele.

–Não mesmo, jamais. -Ele respondeu, encostando-se na parede.

–Okay, então eu trago ela aqui pra dançar com você, mas vou ter que contar pra ela. –Eu disse com uma voz inocente, e sorri triunfante, já me virando pra ir atrás da minha tia, quando ele gritou.

–Espera! Eu a chamo pra dançar! Não sei como garota, mas você sempre consegue o que quer! Deve ser algum feitiço! -Ele disse e eu me lembrei do feitiço não verbal, então aproveitei o momento de distração de Severo, peguei minha varinha e fiz o feitiço.

–Não é feitiço nenhum, a vida é um jogo Sev, eu apenas jogo melhor que muitos, e os que jogam melhor que eu, estão no meu time. –Apontei com a cabeça pra Bella e Lilly, que acenaram pra ele. Ele revirou os olhos e foi em direção a Cissa, então corri até Lilly e sussurrei: -Parte um e dois, completas!

Severo’s POV

Aquelas garotas ainda iriam me matar! Descobriram que eu estava gostando da Narcisa em menos de cinco minutos, como? Como eu me descuidei tanto? Droga! Agora eu estou totalmente ferrado! E aquela mini Riddle ainda jogou na minha cara algo que aconteceu a mais de vinte anos atrás, como se eu tivesse culpa de ter feito a Narcisa chorar! Tá, eu tenho culpa, mas daí a jogar tudo na minha cara? Essa garota tem a mente geniosa e Sonserina, igualzinho aos seus pais.

–Severo? O que faz aqui? Eu não sabia que você estava na festa. –Disse Narcisa corando, e só então eu percebi que já havia chegado perto dela, e que estava ali parado, sem falar nada fazia um tempo.

–Dança comigo. -Eu me limitei a respoonder.

–Nã-não, é melhor não Severo. –Ela me respondeu. É claro que ela não aceitaria dançar comigo, o que eu pensei, que ela pularia nos meus braços? Patético.

–Uma dama nunca recusa um convite para dançar. –Eu disse, e então ela sorriu. Estendi minha mão pra ela, que corou mais ainda, e nesse momento agradeci mentalmente a Pansy pela frase.

–Nesse caso... Uma dança não fará mal. -Ela disse, estendendo a sua mão sobre a minha. Peguei sua mão e fomos juntos para o meio do salão.

–Eu... Queria pedir desculpas. –Comecei. Eu não poderia conversar com ela civilizadamente sem fazer isso.

–Por quê? -Ela perguntou realmente confusa

–Pelo que eu fiz no colégio. Eu não fui um cara muito legal, na verdade eu fui um completo idiota. Simplesmente te falei aquilo, saí andando, e nunca mais falei com você direito. –Eu respondi um pouco envergonhado.

–Eu nem lembrava mais disso, Severo! -Ela disse e soltou uma risada discreta. -Por Merlin, não desenterre coisas do passado.

–Mentira, você lembrava sim, seu olhar vago e a sua voz fraca denunciam que você mentiu. –Eu disse e ela corou.

–É, eu lembrava, bem dificil esquecer, mas você está desculpado! –Ela disse e sorriu sincera e eu sorri de volta. –Ela arrancou um sorriso meu? Merlin! –Mas... Como você sabe que eu menti? Como sabe das minhas reações quando eu minto? -Ela perguntou e eu gelei.

–Eu... Andei te observando. –Eu respondi e então percebi uma coisa: Eu estava sendo verdadeiro demais. Isso só poderia ser um feitiço. Essas meninas me pagam! –Espere aqui, sim? Vou ser rápido, prometo. –Disse pra Narcisa que assentiu, então eu anei até onde Pansy estava, e a arrastei até onde Lilly estava conversando com a Bellatrix. –Verdadeiro e romântico demais, esse não sou eu, tirem o feitiço, agora. -Eu disse irritado.

–Não. Eu acho que está bom como está. –Bella disse.

–O papo não é com você, e eu quero que ela goste de mim como o Snape, não como esse cara que vocês criaram, tirem o feitiço!

–Ah, tá bom, como você é chato tio. Ops, Severo! Finite Incantatem. –Lillith disse e então sorriu. Garota insolente! -Aliás Severo, eu realmente espero que você tenha comprado um presente pra minha tia, pois não sei se você ainda lembra, mas hoje é natal. -Então eu paralisei por um instante, mas depois me lembrei de algo que eu tinha comigo, que na verdade comprei pra Lílian, e que seria o presente perfeito.

–Seu pai te ensinou bem “princesinha das trevas”! Mas a Pansy errou quando disse que os melhores jogam no time dela, eu jogo sozinho, e é claro que eu tenho um presente. -Eu disse. –E agora me deem licença, tenho uma dança pra terminar. –Lilly fechou a cara e me fuzilou com o olhar, então me virei e fui dançar. Assim como as três, eu sabia ser irritante.

Pansy’s POV

Snape havia descoberto do feitiço, mas não tem problema, pois mesmo assim, ele estava arrancando sorrisinhos tímidos da tia Narcisa a cada cinco minutos. Olhei no relógio e faltavam cinco pra meia noite, a música imediatamente parou.

–Certo, venham se sentar, quero que verifiquem os nomes que estão na mesa, por que hoje os lugares são marcados! -Eu disse assim que todos pararam de dançar.

–Vamos nos sentar. –Ouvi o Severo falar pra tia Cissa, então ela sorriu pra ele, que pegou a mão dela e a levou até a mesa, Merlin me acuda, que lindos!

–Aqui Sev, nossos nomes estão um do lado do outro, que coincidência. –Tia Cissa disse e sorriu, revirei os olhos. Às vezes a inocência dela me surpreende.

[...]

Tudo correu bem no jantar, depois houve a troca de presentes, onde eu ganhei um colar de esmeraldas do Blás, que eu amei é claro, e a tia Cissa ganhou um colar de pedras negras do Severo, que de acordo com o mesmo, mudava de cor conforme os sentimentos de quem o usasse, o que eu particularmente achei lindo.

Já eram quase sete horas da manhã e todos resolveram que era hora de dormir. Todos já estavam de pijamas na sala falando sobre qualquer coisa, enquanto eu, sentada no colo de Blás, apenas observava Snape e Narcisa, que além da Tia Bella, eram os únicos que ainda não estavam com trajes de dormir.

–Cissa, já vou indo. Já é tarde, tenho que voltar pra Hogwarts. -Ele disse se levantando do sofá.

–Oh, certo. –Disse ela com uma tristeza perceptível no olhar. –Hum... Adeus então? -Então eu presenciei algo que achei que não viveria pra ver, o Snape sorrindo. Fiquei tão chocada com a beleza que o sorriso dele tinha, que cutuquei o Blás pra ver também.

–Não, até logo. Mas antes de aparatar... Mais um presente de natal. –Snape disse, e então, antes que a tia Cissa pudesse responder ele fez uma coisa que surpreendeu a todos os que prestavam atenção neles: A puxou para um beijo, visivelmente correspondido. Então vi o colar dela mudar de preto pra rosa, e depois pra vermelho, um vermelho forte e sorri. Então vi um Draco furioso indo na direção dos dois, e quando eles se separaram, Draco socou Severo com força.

–Draco Black Malfoy, suba para o seu quarto, agora! –Tia Cissa gritou, visivelmente nervosa.

–Não. Ele mereceu. -Draco respondeu, irritado.

–Eu realmente espero que você não esteja pensando em me desobedecer, Draco Malfoy! -Ela disse com a voz assustadoramente calma, mas antes de Draco responder, mais alguém se pronunciou.

–Draco, já deu por hoje, você me encheu o saco com ciúmes desses dois a noite toda, JÁ CHEGA! Nós vamos subir. – E dessa vez, por incrível que pareça foi Leah quem falou, olhei assustada para a menina que sempre se mostrou tão calma e silenciosa. Era uma pena o relacionamento deles acabar por ali, já que Draco não obedece ninguém.

–Tá certo, vamos logo. –Draco respondeu e eu quase gritei, "Tá certo"? Onde está o antigo Draco Malfoy? Merlin, que brincadeira é essa? –Mas isso não fica assim padrinho. –Draco disse a Snape, com um desprezo palpável na voz, e então subiu com Leah para o quarto.

–Sev! Desculpe-me pelo Draco, ele anda tão... Ah eu nem sei! Você se machucou? –Tia Narcisa disse assim que Draco saiu.

–Não se preocupe Cissa, eu entendo o ciúme dele. –Severo respoondeu. E automaticamente o colar da tia Cissa ficou lilás, um lilás harmonioso, bonito, e na mesma hora, mudou pra vermelho e a minha tia sorriu. O tio Sev (legal chamar ele assim) percebeu a mudança de cores e também não entendeu. Então minha tia o puxou pra mais um beijo, um beijo que merecia aplausos, não só merecia, como ganhou aplausos de todos os presentes. Cissa se separou do tio Sev, sorriu meigamente pra ele e disse:

–Eu espero que possa perdoar Draco. Aliás, eu amei o presente.

–Depois disso eu nem lembro mais o que ele fez. –Snape disse pra Cissa que corou. –Mas agora tenho mesmo que ir Cissa... Até a noite, com mais uma surpresa. –Severo sorriu, deu um selinho em Cissa e aparatou. Tia Cissa virou pra nós com uma expressão brava no rosto.

–Foi tudo planejado não é? –Ela perguntou.

–Foi tudo a minha mãe, a gente só ajudou ela!–Lilith respondeu rapidamente. –E de nada, tia. -Então a expressão de tia Narcisa se suavizou e ela sorriu.

–Eu amo vocês! -Ela gritou, antes de nos abraçar. –Mas eu ainda tenho algumas coisas pra resolver. –Ela disse, indo em direção as escadas. Dei uma última olhada para o colar dela e vi que estava cinza, um cinza tempestuoso que me deu arrepios só em olhar. –Draco Black Malfoy, eu estou subindo, se prepare!

–Eu tenho dó do Draco. –Sussurrei pra quem ainda estava na sala, e todos concordaram comigo.