“Sempre”

 Na fase final do morfinaceo Pedro sussurra a palavra e vou atrás dele. É um mundo díafano, em tons violáceos, sem bordas salientes e com muitos lugares para se esconder. Avanço em meio a bancos de nuvens. Sigo trilhas tênues, capturo o aroma de canela ou aneto. Assim que eu sinto a mãe dele em meu rosto, tento prende-lâ, mas ela se dissolve em meus dedos como se fosse névoa.

 Quando finalmente começo a voltar à superficie, no interior do quarto, eu lembro. Estava em choque depois de saber o acontecidocom minha mãe. Havia tentado ligar a noite inteira para Pedro, quando atendera eu contei para ele o ocorrido, pedi à ele para que continuasse comigo. Ele sussurrara alguma coisa que eu não consiguira entender extamente o quê.  Mas alguma parte do meu cérebro captara sua única palavra de resposta e a deixara nadar em meus sonhos para agora me provocar. “Sempre”.

 Os morfináceoss anestesiam os extremos de todas as sensações de modo em que, em vez de sentir uma pontada de pesar sinto apenas um vazio. Um vazio de arbustos mortos onde costumavam florecer flores. Infelizmente não sobrou o suficiente da droga em minhas veias para que eu ignore a dor no lado direito de minha cabeça. Foi ali onde o empacto do acidente havia cido.

  Levantei-me da cama, sai do quarto e fui para a sala de vidro com vista para o mar. Sentei em uma das quatro cadeiras giratoria que ali havia e fiquei olhando o mar.

  Oh, o mar, com suas ezuberantes águas cristalinas e infinitas. Com suas ondas que alegram a areia, que deixa o por-do-Sol visto pela marina muito mais bonito.

  Como diziam os autores antigamente estava presa em pensamentos. Pensamentos de ilusão, pensamentos de felicidade e pensamentos de tristeza.

  -Ainda acordada?- Ouço uma voz masculina atrás de mim e instantaneamente saio do tranze.

 -Sim, tive um “pesadelo”- respondo, fazendo aspas na palavra pesadelo.

 -Ah, quer falar sobre isso?

 -Não.

 Ele soltou um suspiro e a conversa morreu ali, continuei encarando o mar. Acabei adormecendo naquela cadeira.

 Acordo em meu quarto. Fico feliz em ver que ninguém ainda havia acordado. Levanto-me da cama e vou ao banheiro, tranco a porta e me inclino em direção da privada. Sinto aquela gosma subindo em minha garganta e lentamente abro a boca. Quando termino de vomitar, dou descarga e lavo meu rosto, dou tapinhas em minha face e saio do banheiro.

 Momentaneamente sinto meu corpo ficar mole e minha visão enbaçada. Jogo-me na cama e tento voltar a dormir.

  Estou em uma floresta vagando na penumbra da noite, um chalé antigo está à minha direita, corro até ele e posso notar que é o mesmo chalé do outro sonho.

 Posso perceber que há uma pessoa a frente da casa, caminho até ela. É Ethan. Ele ainda tem as asas. O mesmo me fita e faz um sinal para que eu o siga para dentro da casa. Passamos pela cozinha e atravessamos um corredor íngreme. Entramos nesta ultima porta e dei de cara com varios retratos de minha família. Indo de fotos recentes (minhas) até as fotos do ano de 1800. (época de minha tataratataravó). Todas estão com uma vestimenta preta, parecida com uma tunica, e com as mãos levemente pousadas sob as perna.

 -Ethan, o que é tudo isso?

 -O segredo de sua familia. –suspiro e tento imaginar o que ele quis dizer com isso. –Agora que você sabe Violet, não posso deixa-la viver.

 Ele puxa uma espada e a enfia em meu coração. Morro na hora.

 Acordo transpirando e ofegante, levo minha blusa à minha cabeça e enxugo o suor de minha testa. Levanto-me da cama e pego meu celular. Visualizo o horario -15h23 minutos- vou ao banheiro e pego o termometro, coloco de baixo do braço e espero três minutos.

 O termometro marcava 42.1. Eu suava frio. Entrei de baixo do chuveiro e fiquei lá por trinta minutos. Saio, me enchugo, coloco roupa e desço para comer algo. Faço um pão com mussarela e queijo.

         Aviso a todos que vou dormir de novo, e subo as escadas. Escuto meu celular tocando e corro. Abro a porta do quarto e o encontro em cima da cama. Leio as palavras na tela “Ligação de Ethan” e atendo rapidamente:

        -Alo?

       -Ethan? Ethan por que você não retorna minhas ligações, não responde minhas mensagens? Por que você atropelou minha mãe? –Disse aos berros

         -Eu posso te explicar tudo, me encontre na praça e eu te falo. –Passou o nome da rua, e o endereço sertinho e desligou.

 Me arrumei, calça jeans, blusa florida e sapatilha, e sai pela porta.   Peguei o carro de meu pai e dirigi até o lugar.

        Algum tempo depois

      Já estava na pracinha e Ethan não aparecia, tento ligar em seu celular e só da caixa postal. Sento em um dos bancos e olho as crianças brincando. Sinto alguem fungar atras de mim e me viro, era Ethan. Ele usava um caça jeans larga, blusa de gola ‘v’ e tenis.

      -Já pode me contar tudo! –Disse rapidamente.

      -Como posso começar isso? – percebo que a pergunta foi retorica e nada respondo. –Eu atropelei sua mãe, pois eu tinha que quebrar a conecção, ela não podia te ensinar até você ter 17 anos, e seu aniversario já é no mês eu vem, eu fiz um favor para todos aqueles que temem sua familia.

     -Conecção do que Ethan? Você ta louco? Me conta essa estoria certo e para de palhaçada.

      -Ainda não sei como você não descobriu o que você é. Inacreditavel!

     -Que? Como assim ‘o que eu sou’?

     -Violet, você é uma bruxa