>>>\

Um raio de Sol batia-lhe contra os olhos fechados, mas a luminosidade percebida era suficiente para a acordar. Lindy virou a cara para o lado, escapando a luz. Doía-lhe a cabeça. Aliás, estava com a maior dor de cabeça desde que... Bem, desde sempre. A dor era constante e generalizada, como uma nódoa negra, se a nódoa negra se tivesse obtido por martelar o cérebro.

Incapaz de voltar a dormir pacificamente com uma enxaqueca como aquela, não tinha outra opção senão levantar-se. Gradualmente, abriu os olhos, habituando-se pouco a pouco à luz ambiente. A sua visão focou-se e a dor abateu um pouco. Finalmente acordada, Lindy sentou-se na cama e...

Onde é que ela estava? O quarto. A cama. As persianas semiabertas. Lindy não reconhecia nenhum deles. Eram familiares e apercebeu-se que certos elementos eram parecidos com os do seu próprio apartamento em Cranagan. Olhou para si mesmo. Estava vestida apenas com uma T-shirt larga e o seu cabelo caia-lhe solto e emaranhado pelos ombros abaixo. Ela estava... Tinha estado? Numa nave... Em missão de... O quê? O que é que-

"Lindy? Já acordaste?"

Levantou a cabeça rapidamente ao som familiar daquela voz. O movimento brusco fez uma pontada de dor abrir-lhe o crânio e levou uma mão à cabeça. À porta do quarto, uma rapariga pré-adolescente olhava-a. Uma rapariga com longo cabelo louro e olhos vermelhos.

"Fate? Ah... Sim. O que... O que é que se passou?"

A rapariga suspirou. "Deste um grande tombo ontem e bateste com a cabeça. Assustaste toda a gente... Não te lembras? Estavas um bocado mais cansada ontem, por isso deixamos-te dormir até mais tarde." Olhou para Lindy de maneira claramente chateada. "E pela milésima última vez... Sou a Alicia. Parem de gozar com a minha altura..." Virou-lhe costas e continuou. "O pequeno-almoço tá pronto, vamos lá."

Lindy não pode fazer nada mais do que vê-la partir. O nome repetia-se como um eco nos seus ouvidos. O nome de uma pessoa, uma mera criança, morta à mais de trinta anos. "A... licia. Não. Impossível." Sussurrou. Algo estava completamente errado. A última coisa de que se lembrava era estar na ponte de comando do Merak e depois passava diretamente a acordar naquele quarto.

Levantou-se, apoiando-se na mesa-de-cabeceira para se equilibrar. Tinha de descobrir o que é que se estava a passar ali. E depressa.

>>>\