Capítulo VII

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A menina balançou a cabeça, tentando tirar esses pensamentos da mente. Ela precisava pensar racionalmente.

The world is ours if we want it,

(O mundo pode ser nosso se quisermos)

We can take it, if you just take my hand,

(Podemos tomá-lo se você pegar a minha mão)

Theres no turn back now

(Não há volta agora)

Baby try to understand

(Baby, tente entender)

– Jun... - Kakashi deixou um sonoro suspiro sair e encostou a cabeça no painel que os separava. – Pare de mentir. Eu senti a sua presença durante todo o dia. Eu sei que você estava na praça. Agora eu me pergunto o porquê de você não ter se mostrado.

– Eu... – Jun abriu a boca para contar uma nova mentira, mas não achou as palavras.

– Se você estava lá, por que não apareceu?

– Kakashi, eu... – Ela ainda não conseguia articular as palavras.

E foi enquanto ela tentava achar as palavras certas, ou pelo menos as palavras que menos a comprometeriam, que Kakashi puxou o painel para o lado, em alguns centímetros, e estendeu a sua mão para dentro do cômodo.

– Pegue a minha mão Jun.

– Quê?!

– Você me escutou. – Kakashi suspirou mais uma vez e repetiu. – Pegue a minha mão Jun. Ainda podemos ir jantar juntos.

– Eu... Não...

– Jun!

– Eu não posso! – E sem pensar, ela bateu o painel na mão do grisalho, tentando fechar aquela brecha que ele havia aberto.

– ITAI! – Kakashi gritou do lado de fora e puxou a sua mão, Jun quase a havia arancado fora.

– Kami-sama... – A menina murmurou, chocada com o que havia acabado de fazer. – O que raios eu estou fazendo...

– Maluca... – Kakashi murmurou e alisou a mão injuriada.

– Kakashi, eu... – Jun correu o painel para o lado, e preocupada olhou para o grisalho. – Gomen! – Se desculpou envergonhada. – Deixe-me examinar a sua mão.

– O quê? Para você tentar terminar de arrancá-la?

– Ah... Eu... Gomen... – Jun não sabia aonde enfiar a cara.

Kakashi riu.

– Eu estava brincado. – Ele estendeu a mão para a menina. – Não precisa ficar tão desconcertada.

– Hmpf! – Jun resmungou e corou. Kakashi estava rindo, estava rindo dela! Mas bem, ela também estava agindo como uma idiota, então talvez merecesse que Kakashi risse dela.

Suspirando, a morena tomou a mão de Kakashi entre as suas mãos e a examinou. A batida havia sido tão forte que havia arrancado um pouco da pele do pulso.

Jun concentrou chakra nas mãos e começou a curar a mão injuriada de Kakashi.

– Obrigado... – Kakashi agradeceu quando Jun comeceu a curá-lo.

– Você está me agradecendo por curar a mão que eu machuquei? – Disse irônica e soergueu uma sobrancelha. Ela lidava melhor com a ironia nesses casos.

– Tabun, talvez. – Kakashi deu de ombros. Pelo menos, ele finalmente havia alcançado a mão da menina, mesmo que não fosse do jeito que ele esperava.

– Já estou quase terminando... – Jun murmurou, e pouco depois, ela extinguiu o chakra das suas mãos. – Pronto! – Exclamou e começou a afastar as suas mãos da de Kakashi, mas ele foi mais rápido, e enlaçou uma das suas mãos com a antes injuriada mão. – Eh?

– Você não vai escapar assim tão fácil... – Murmurou e apertou a mão dela na sua, a acariciando com o polegar. – Não antes de me responder por que não foi se encontrar comigo.

– Kakashi, eu... – Jun tentou puxar a sua mão da dele, mas ele era mais forte, e por isso ela não conseguiu. – Será que você poderia me soltar? – Pediu com um suspiro.

– Não.

Don't wanna break your heart

(Não quero partir o seu coração)

Wanna give your heart a break

(Quero dar um tempo a ele)

I know you're scared is wrong

(Eu sei que você está assustado, é errado)

– Kakashi! – Exclamou e tentou puxar novamente a sua mão.

– Eu já te disse Jun... Eu não vou partir o seu coração. – Bufou. – Por que você simplesmente não me dá uma chance?

– Eu não posso!

– Eu sei que você está assustada...

– NÃO! – Ela o interrompeu contrariada. – Eu não estou assustada! Eu só...

– Se isso não é medo, é o que? – Kakashi a encarou, os olhos verdes dela ganhando uma tonalidade diferente com os raios da lua que começava a ascender aos céus.

– Eu não sei... – Respondeu com um muxoxo. – Eu só não quero me ferir novamente.

– E eu não vou feri-la... – Kakashi murmurou e continuou a acariciar-lhe a mão, Jun finalmente havia parado de resistir. – Eu lhe prometo que não vou quebrar o seu coração, Jun.

– Mas...

– Shiiiu. – Kakashi pousou o dedo indicador nos lábios dela, a calando. – Não existe um ‘mas’. Eu lhe disse que não vou magoá-la então eu não vou magoá-la. Acredite nisso.

Jun ainda tentou abrir a boca para falar novamente, mas Kakashi se adiantou e retirou o dedo dos lábios de Jun, a calando com os seus próprios lábios, ainda cobertos pela máscara.

A morena abriu seus olhos em choque.

– Mas o que...

– Será que você não consegue ficar calada durante um minuto? – Kakashi suspirou e num movimento rápido e sem afastar os rostos, ele abaixou a máscara, dessa vez encostando pele com pele.

– Hm?! – Jun engoliu em seco, mas não afastou o grisalho.

Os lábios dele eram mornos e macios sobre os dela, e ele apenas a beijou levemente, e afastando um pouco a boca para o canto da boca dela, perguntou.

– Bom ou ruim? – Murmurou contra a boca dela, o olho cinza escuro encarando o verde.

– Eu... – Jun moveu a boca para responder-lhe e Kakashi moveu a dele junto. – Eu não consigo pensar! – Respondeu num murmuro exasperado.

Jun sentiu Kakashi sorrir de encontro a sua boca e viu o único olho exposto dele se cerar.

– Isso parecer ser bom... – E dito isso, ele terminou de fechar o seu olho e precionou a sua boca com mais força na de Jun, pegando o lábio inferior dela entre os seus e o puxando levemente.

– Ah... – Ela arfou, e quando Kakashi a envolveu com os seus braços, ela não reclamou, ao contrário, deixou que suas mãos subissem pelo pescoço dele e fechou seus dedos no cabelo grisalho e espetado dele.

O grisalho a beijou, lenta e gentilmente, sentindo a menina se arrepiar com o seu beijo quente e molhado.

– E então? – Ele se afastou momentos depois, vendo que Jun estava arfando em buscar de ar.

Like you might make a mistake

(Como se pudesse cometer um erro)

Theres just one life to live

(Só temos uma vida para viver)

And theres no time to waste (to waste)

(E não temos tempo para esperar (para esperar))

– Eu acho... – Ela não conseguia o encarar, e sabia que seu rosto estava mais do que vermelho. – Eu acho melhor você ir embora! – Ela o empurrou levemente e se pôs de pé.

– Quê? – Kakashi disse surpreso, sem acreditar. Havia pensado que Jun havia gostado do beijo.

– Isso que você escutou. – Jun lhe deu as costas e pôs a mão no coração que ameaçava sair do seu peito. – É melhor você ir embora.

– Mas...?

– ADEUS KAKASHI! – E dito isso ela correu para dentro do quarto, batendo a porta de correr na cara de um confuso Kakashi.

– Kami-sama... – O grisalho murmurou e coçou a nuca. Ele realmente não entendi as mulheres. – Eu ainda não desisti! – Disse um pouco mais alto, para que Jun escutasse, e arrumando a sua bandana que havia ficado um pouco torta e recolocando a máscara, ele se foi.

Do lado de dentro do cômodo, Jun arfava, completamente vermelha e sem ação.

– Oh meu Deus... – Ela continuava a murmurar. Como ela podia ter deixado aquilo chegar aquele ponto? E por que diabos Kakashi tinha que beijar tão bem? O grisalho beijava tão bem que Jun nem conseguia pensar coerentemente. Quando ela havia percebido, as mãos dela já havia ganhado vida e estava na nuca dele. – Eu estou ficando louca... – Louca de paixão, ela queria dizer, mas tinha medo de proferir as palavras e elas se tornarem realidade.

Balançou a cabeça e se jogou no futon. Talvez uma boa noite de sono apagasse aquela memória daquele beijo. Ou quem sabe um banho gelado... Suspirou. Aquilo não podia estar acontecendo!

Enquanto Jun se martirizava, pensando que aquilo, definiticamente, não deveria estar acontecendo, Kakashi se dirigia para casa, um sorriso satisfeito escondido pela máscara.

Embora Jun o houvesse expulsado, ela não o havia impedido de a beijar. Isso era um avanço. Um grande avanço na verdade!

Seu sorriso se ampliou. Aos poucos ele iria conquistar a confiança dela.

Continua...