Jane encarou o pequeno ratinho que se contorcia a sua frente, era engraçado ver o animal tentando fugir da armadilha que ela mesma tinha feito. Pegou o animal e com uma faca cortou uma patinha fora, viu o animal guinchar de dor. Ela apenas riu e queimou o cotoco que o animal agora tinha, não queria que o animal morresse por falta de sangue.

Sabia que era errado, mas não conseguia evitar, ver o animal se contorcer de dor lhe dava um prazer imenso, um prazer que ninguém conseguiria compreender, nem mesmo Alec.

Repetiu o processo em mais uma pata, e riu mais ainda com a dor do animal. Aquilo era deliciosamente divertido.

– Jane, você.... – Alec adentrou o quarto interrompendo sua diversão – o que você está fazendo?

– Nada – disse ela, parando com a tortura – só achei esse rato semi morto no quarto.

– Que seja – Alec respondeu indiferente – mas da próxima vez seja mais cuidadosa. Nosso pai não é tão compreensivo pelas suas manias como eu.

– Não se preocupe, ele não irá ver. Não quero mais uma pessoa me acusando de bruxa, demônio ou sei lá mais o quê. Já basta isso na rua, não preciso ouvir em casa.

A conversa foi subitamente parada pelo guincho de dor que o rato soltava. Alec sem paciência, pegou a faca da mão da irmã terminando com a vida do animal.

– Pronto, o barulho estava me dando dor de cabeça. Deveria ter feito isso desde o começo.

– Arruinou minha diversão Alec – Jane falou quando viu o irmão saindo do quarto.

Jane olhou para o céu e percebeu que estava ficando tarde, foi correndo para a cozinha preparar uma sopa para os três. Ela odiava cozinhar, mas alguém precisava fazer os serviços domésticos, como seu pai não tinha casado novamente, o serviço era dela. Jogou os legumes na panela aquecida.

O pai chegou depois de algum tempo, estava suando, parecia cansado, bem mais cansado que o normal.

Os três se sentaram a mesa quietos, ninguém ousando iniciar uma conversa. Quando o silêncio ficou insuportável Jane perguntou:

– O senhor esta bem? Algo errado?

– Nada – Joseph respondeu – uma dor de cabeça, logo passará. Vou me deitar, boa noite aos dois. Não se esqueçam de rezar antes de deitar.

Os irmãos concordaram. Fossem ou não filhos do demônio, Joseph acreditava que caso rezassem todos os dias, Deus eventualmente salvaria suas almas.

– Alguma coisa esta errada – Alec murmurou – isso não parece uma dor de cabeça normal.