Prólogo

"Blackbird singing in the dead of night
Take these broken wings and learn to fly
All your life
You were only waiting for this moment to arise"
(Blackbird - The Beatles)


Sua sentença de vida havia sido dada. Antes, era apenas o desejo de vingança, mas agora era a vontade de recuperar tudo o que lhe fora tirado naqueles anos em que esteve no inferno.

O homem que conseguiu fugir de Azkaban e teve parte de seus planos realizada – obteve o perdão de Harry e Remus, isso era mais do que ele podia esperar para uma única noite – era apenas um espectro do que fora um dia.

Fios invisíveis, intrinsecamente trançados em firmes nós ataram toda uma profusão de sentimentos confusos. Cada nó, cada amarra era um pequeno fardo que lhe fora infligido ao longo dos anos, inclusive sua solidão, quando nem mesmo era capaz de ter a própria companhia - ou as lembranças eram tortuosas demais para que conseguisse suportá-las sem que utilizasse sua forma animaga.

Sorriu um sorriso verdadeiro, de felicidade. Estava livre, livre da culpa, daquele desejo maníaco que o moveu a fazer tudo o que fizera. Fora perdoado, era isso o que importava e estava disposto, mais do que nunca, a não desperdiçar nada do que a vida lhe oferecesse.

Como se fosse o prenúncio de seu futuro não tão distante, ele voava, nas asas do hipogrifo Bicuço, em direção ao nascer do sol, fugindo das trevas funestas que sempre o perseguiram desde a mais tenra infância.

O sol tingia de multicolorido o céu outrora negro: laranja, violeta, anil, mesclando-se ao cor-de-rosa que expulsava de vez a sua própria escuridão.

Era um prenúncio, ele deveria saber.