Ele É Um Gato! Literalmente... escrita por Femme
Notas iniciais do capítulo
Olhem e entendam crianças, a explicação de tudo!
POV KUJO.
Estava lá, faltavam cinco minutos para dar o sinal da Liz sair. Eu mal conseguia ficar em pé de tanto nervosismo.
Bem, o que eu vou falar para ela? É muito importante mesmo, acho que ela já sabe, e também... É melhor não se precipitar Kujo, lembre-se que deu merda quando você foi cantar aquela mulher, há alguns anos.
Dei um longo suspiro. Não sou bom nas palavras como a Eliza, ela sabe colocar todos os seus sentimentos no papel, e isso é incrível. Enquanto eu, não sei nem falar direito em público.
Suspirei novamente. E se ela me rejeitar? E eu não souber o que fazer na hora? E se...
Gostar muito de alguém é uma coisa complicada.
O pior é que, ela me faz tão bem, que me sinto “eu mesmo” perto dela. Ela acha que eu sou desinibido, arrogante, sarcástico e que tenho problemas de comportamento.
Tá, eu tenho mesmo problemas de comportamento. Mas o resto é só uma casca, uma armadura para que eu esconda o fraco “eu” lá dentro.
O fraco “eu”, que perdeu os pais aos nove anos, que viu a mãe tentar vingar o pai; que conseguiu sobreviver sozinho, viajando pelo mundo; que virou um mulherengo, por estar com sede de amor fraternal, um amor verdadeiro; e que se deu muito mal quando foi cantar uma bru-
Merda, não consigo nem pensar naquela vaca. Também, quem mandou cantar alguém que podia te tra-
Que saco. Pelo menos achei um lar quando caí na casa da Eliza, Não sei como fui levado até lá, estava desmaiado de tanta fome. Mas ela saciou a minha sede de carinho, que eu tinha desde que minha mãe partiu.
Ser um antigo nekomata não é fácil. Ainda filho de outros iguais a você...
Olhei ao meu lado. Ingrid, a prima oferecida da Liz me olhou com um misto de curiosidade e perversão. Depois andou em torno de mim.
‒ Você, não estava com a minha prima na festa da escola?
‒ Estava sim.—Eu respondi, meio seco—E você não deveria estar na aula?
‒ Tomei suspensão por ter vindo com uma “roupa inapropriada”.—E o vestido era inapropriado mesmo, curto demais, colado demais, que deixava as pernas a mostra demais. Antigamente, eu até gostaria de ter um lance com uma desse tipo. É só depois pagar que está beleza.
Ficamos em silêncio por um tempo.
‒ Está esperando a Eliza?—Ela olhou para o relógio do celular. E voltou o rosto para mim, entediada.
‒ Estou sim. Tenho que falar algo muito importante para ela.
‒ Deixe-me advinhar.—Ela falou com escárnio— Vai pedir ela. Pra que pedir uma sem-graça se tem uma versão nova e melhorada bem aqui?
Ela se aproximou de mim, me olhando sedutoramente. Eu tentei me afastar, mas ela me segurou pelo casaco. O sinal bateu e Ingrid olhava fixamente para o portão.
‒ O que você quer?—Perguntei, irritadiço— Me deixa, vai se oferecer para outro.
‒ Olha só, a Liz...—Ela comentou
‒ Onde?—Eu me distraí por um segundo.
‒ Baixou a guarda.—Ingrid me tascou um beijo, que me fazia sentir o gosto do seu chiclete enjoativo.
Não demorou muito para que eu ouvisse alguém deixar algo cair no chão. Quando me virei vi que era ela.
Eliza.
Tentei me justificar, inutilmente. E ela saiu correndo chorando, falando que não queria me ver nunca mais. Como eu odeio ver a pessoa que eu amo sofrendo. E Ingrid fez questão de falar por cima.
‒ A deixa amor, volta aqui, fica com o meu beijo.
Maldita. Empurrei-a para longe e saí muito bravo com o que havia acontecido.
Mas também muito triste.
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Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!Notas finais do capítulo
NEKOMATA: do folclore japonês, é um gato que após sofrer maus tratos, se transforma em um monstro. Tem a cauda bipartida e assombra residências. Pode também ser chamado de "bakeneko". Kujo, nasceu como um nekomata, mas sofreu uma transformação, que o prendeu na forma de um gato comum.