Já era à tarde. Eu estava voltando da escola, à pé, como sempre. O sol acariciava minha pele clara, e deixava meus cabelos castanhos parecerem chocate, e os olhos negros bilharem.

Ah, desculpa! Não me apresentei não é? Sou Eliza, tenho quinze anos. Sou a primeira da classe em todas as matérias, mas não sou a mais popular. Talvez seja pelo meu comportamento sarcástico, irônico, e imprevisível.

Bem, onde é que eu estava? Sim, sim; na minha volta à escola. Era uma tarde ensolarada, estava chegando em casa quando vi na porta uma cesta de vime. Igual a de filmes. Curiosa como sou, resolvi olhar. E foi aí que meu mundo virou de cabeça pra baixo.

Eu adoro animais. Tenho um fraco por qualquer um, quero ser veterinária e etc. Quando olhei dentro da cesta tinha um gato preto, com olhos azuis, que parecia confuso e perdido. Analizando bem, pude ver que sua patinha parecia machucada.

Apezar da minha mãe odiar gatos, ela ia ceder a esse pobre-coitado. Entrei na minha casa e fui recebida primeiramente pela Pepe, Minha cadela. Minha mãe me recebeu rapidamente e já esticou o olho pra cesta. Apoiei cesta na mesa da cozinha e mostrei o seu conteúdo.

Como eu já disse, minha mãe odeia gatos. Ela deu um cerecoteco e chamou o meu pai, que não parecia nada contente com aquilo tudo.

‒ O que houve?—ele se aproximou e olhou para o gato—Maria Eliza, não acredito que você trouxe um gato pra essa casa?!

‒ Pai, olha esse coitado. Ele está machucado, e você recusará dar abrigo a um gatinho indefeso?

Meu pai pensou um pouco, olhou para a minha mãe que mandou nós dois caçar coquinhos. Ele virou pra mim e acenou afirmativamente.

Uhuul, Dá-lhe Eliza! Dá-lhe, Dá-lhe, Dá-lhe! Peguei o gatinho preto no colo e vi uma coleira vermelha em seu pescoço, com um pingente dourado. Olhei o medalhão e vi o suposto nome do meu novo bicho de estimação: “KOBAN”

-- Koban, Esse é o seu nome hein?—o gato olhou em meus olhos, como se me entendesse, e miou baixinho.— Ótimo, você é Koban! E tenho certeza que é o Koban.

O gatinho se arrumou em meus braços, como se quisesse dormir. Peguei sua cesta e levei para o meu  quarto. Lá deixei a cesta no pé da minha cama e coloquei Koban lá. Desci para jantar antes que minha mãe tenha outro ataque.

Depois de jantar e fazer os deveres de casa, já fui dormir. Olhei para a cesta antes de colocar meu pijama de estrelas, e vi que o felino não estava mais lá, procurei, desesperada pelo gato; e quando percebi, Koban estava deitado na ponta do meu travesseiro.

Sem ligar muito com a presença do bicho, deitei-me ao lado dele e adormeci tranquilamente.