ELLY

-me expliquem melhor por favor...o que aconteceu com a Lucy? – eu praticamente implorei

-ela piorou,o tratamento não esta dando resultados e infelizmente a cirurgia é nossa única opção. – não era mais a mulher que falava ao telefone,era um homem,devia ser um medico.

-mas íamos esperar,foram os médicos que...

-não temos mais tempo.a Lucy não tem mais tempo.

-quando vão fazer? – perguntei tentando ser racional

-em uma semana,dará tempo de verificar os exames e contatar a equipe. – explicou calmamente

-entendo... – falei, mas eu não entendia coisa nenhuma,a minha Lucy,a minha garotinha estava doente. -posso vê-la?ir ai na Dot,saber mais sobre isso tudo? - perguntei

-hoje infelizmente não,lamento a Lucy tem exames pra fazer. – ele foi duro comigo como se pra ter certeza de que eu não insistiria

-poderei amanha? – perguntei

-amanha sim.venha logo de manha pra que possamos conversar sobre os acertos necessários. –acertos necessários na Dot queriam dizer dinheiro.provavelmente a cirurgia da Lucy seria cara,mas eu não dava a mínima do quanto eu podia gastar.

-dinheiro não é problema. – resolvi ressaltar logo esse fato

-que bom porque será algo realmente caro. – falou,a frieza dele me irritava – nos vemos amanha senhorita Maison.

-ok,até amanha. – falei pra ele,desligaram o telefone mas eu continuei com o celular no ouvido,como se algo fosse mudar, como se de repente fossem ligar novamente e desmentir tudo. Nada mudou. Me levantei e comecei a andar de um lado pro outro com raiva,eu não conseguia pensar direito,o celular tocou novamente,corri pra atende-lo mas eram mensagens do estúdio.

-mais cobranças,nem se importam com o que eu possa ou não estar fazendo,ou se tenho coisas mais importantes pra pensar. – gritei com o celular e o atirei longe,gostei do som dele se espatifando contra a parede.

-Mel? – era a voz do Zayn,me virei ele estava parado na porta e me olhava preocupado,assim que vi seu rosto eu desmoronei,as lágrimas corriam involuntárias,eu não queria chorar daquela forma,mas eu não conseguia mais parar,ele correu pra mim me puxando pros seus braços – mel o que aconteceu por favor eu to ficando preocupado.

-a Lucy...ela...ela piorou. – eu tentei normalizar minha voz pra que ele entendesse,mal as palavras saíram voltei a soluçar,as lagrimas pareciam escorrer mais forte.

-quem?como...me explica melhor – ele pediu mas eu não consegui,ele me fez sentar,fiquei com o rosto virado pro seu peito,ele me puxou pro seu colo e fechou seus braços a minha volta

-a Lu vai ter que fazer uma cirurgia. – consegui falar depois de algum tempo,me sentei no sofá novamente pra que eu pudesse encará-lo – e parece ser urgente,disseram que em uma semana já querem fazer.

-só disseram isso? – perguntou

-não me explicaram muito mais,pediram pra que fossemos lá pra conversar sobre tudo. – ele respirou fundo,parecia querer se manter calmo,ou só estivesse tentando fazer isso pra que eu me mantivesse calma.

-vai dar tudo certo,como foi com você.você vai ver. – ele falou tentando forçar um sorriso, mas não deu muito certo

-eu to com medo.se algo acontecer com a Lucy eu...

-nada vai acontecer. – ele me segurou pelos ombros – nada vai acontecer entendeu?! – seu tom era firme,ele parecia convicto do que dizia,isso me deu segurança

Eu apenas concordei com um aceno de cabeça breve,eu me sentia novamente quando era uma criança e meu pai tentou me explicar sobre a morte dos meu avô,na ocasião eu fiquei sem chão,afora meus pais e meu tio e meu irmão eu não tinha mais nada de família,alguns anos depois meus pais também em deixaram,eu me sentia quase que amaldiçoada,logo depois eu descobri que estava doente e mesmo estando relativamente bem agora tinha a Lucy doente também.

“Maison deve ser sinônimo de desgraça em algum lugar do mundo” pensei,Zayn me abraçou forte, naquele momento parecia que ele precisava de mais ajuda do que eu,e talvez precisasse realmente.me desesperar não ia ajudar em nada,me dei conta,não ajudaria a Lucy e muito menos o Zayn,ele passou por maus momentos por causa do meu tumor e agora ele meio que revivia o pesadelo.

-você ta certo,vai ficar tudo bem.

-pensar positivamente isso que temos que fazer,nossa M&M’s vai ficar bem.

Ele foi até a cozinha e me trouxe uma cartela de comprimidos junto com um copo com água.

-remédio pra dormir? – perguntei ele concordou – que horas são? – perguntei

-deve ser seis ou sete horas,já estava escuro quando saímos do estúdio.

-eu devia sei La,me concentrar no trabalho,talvez me ajude a ...

-tome o remédio Mel,descanse um pouco.quer que eu fique com você? – perguntou

-sim. – peguei a cartela das mãos dele e engoli um comprimido a seco,ele voltou a cozinha pra guardar os comprimidos,deixando também a água em cima da bancada.subi pro quarto com ele,ele queria que eu trocasse de roupa mas eu não quis,me deitei do jeito que estava,ele deitou-se ao meu lado,o rosto apoiado na mão me olhando,seus olhos pareciam distantes,uma lagrima escorreu pelo seu rosto.ele a limpou rápido.

-não precisa parecer forte o tempo todo. – sussurrei pra ele,eu já podia sentir o efeito do medicamento

-eu tenho medo. –ele admitiu – não muito mas...é a nossa garotinha,como eu queria vê-la agora.

-eu queria vê-la também – respondi,eu já me esforçava pra manter os olhos abertos.

-durma Mel. – falou,seus lábios tocaram os meus delicadamente,meus olhos pesaram mais e pouco depois eu já havia caído na inconsciência.