Uma hora depois

Residência Benson

“Alô?” atendeu Olivia, ao telefone.

“Olá, Olivia” falou uma voz sombria do outro lado da linha.

“Quem é esse?” Olivia perguntou, calmamente.

“Você não se lembra de mim, Livvie?” disse a voz, rindo.

Olivia congelou. Ela conheceria essa risada em qualquer lugar. Seu pai, seu estuprador, estava ligando para ela. Não sabia o que dizer, não sabia o que fazer, ficou apenas parada.

“Perdeu a voz, princesa?” provocou Jeremy ”Pois saiba, que aquelas pestes que você chama de filhos, estão comigo”

“Deixe-me falar com eles” disse Olivia, finalmente, tentando ter uma estabilidade em sua voz, embora isso fosse meio que impossível.

“Temo dizer que isso não vai acontecer” afirmou ele “Mas sabe aqueles corpos que eu lhe enviei com aquela mensagem? Eu posso dizer-lhe quem causou aquelas terríveis mortes”

“Que... que mortes?” questionou Olivia. Ninguém havia lhe contado sobre nenhum corpo.

“Ah sim. Depois pergunte ao seu parceiro sobre isso. Só vou lhe dizer que seu nome é Michael Robinson”

Olivia ainda meio que estava congelada. Se estivesse pensando direito, teria já ligado para a delegacia pedindo para que rastreassem a ligação. Mas não, ela não fez nada para ajudar a encontrar suas crianças desaparecidas “O que você quer para que tenha meus filhos de volta?”

“Hmm, vejamos... nada! Espero falar com você logo, minha doce, doce filha” e com isso, desligou o telefone.

Olivia tremia de cima a baixo em seu sofá. Mesmo depois de anos lutando contra as consequências de seu estupro, estava tendo um ataque de pânico. O telefone ainda estava em suas trêmulas mãos, ligado. Não conseguia pensar em nada!

Ouviu alguém bater em sua porta, porém não fez esforço para mudar-se de posição. Continuou a olhar ao seu redor em desespero. Não notou como seu capitão abriu a porta, que como inúmeras outras vezes estava destrancada, apenar de todo os sermões de Elliot para mantê-la trancada, principalmente após seu ataque.

Cragen a viu, tremendo encolhida em um canto do sofá. Seus olhos estavam vermelhos, assim como seu nariz, e lágrimas escorriam por seu rosto. Olhava para nenhum lugar em especial, mas seus olhos mostravam o medo. Mas ele sabia o que estava acontecendo, ele sabia muito bem. Ela estava tendo um ataque de pânico.

Rapidamente aproximou-se dela, ajoelhando-se até que seus olhos encontrassem-se com os dele. “Respire Liv, respire” ele tentava mostrar-lhe a respirar com ele “Respire comigo”

E incrivelmente, funcionou. Depois de algum tempo, sua respiração finalmente voltou ao normal. Ela ainda tinha lágrimas escorrendo por suas bochechas, e ainda olhava diretamente para seu capitão, acompanhando-o na respiração.

Delicadamente, ele sentou-se ao seu lado “Você esta bem, Liv?” gentilmente perguntou.

Olivia balançou a cabeça levemente, sem dizer uma única palavra. Ela meio que ainda estava em choque, nunca imaginou que seu pai voltaria a aterrorizar sua vida, e pior, sequestrasse seus filhos. “OK, você pode então me dizer o que aconteceu?” Don continuou a perguntar.

Apenas ao lembrar-se do que acabara de acontecer, começou a respirar mais rápido novamente, e tentou dizer-lhe: “E-ele m-me lig-gou” disse com uma voz trêmula.

“Ele quem, honey?”

“Meu p-pai” disse com desprezo.

Cragen abraçou-a, sentindo então sua camisa ficar encharcada com suas lágrimas “O que ele disse?” gentilmente perguntou.

“E-ele disse que e-esta com as crian-ças” disse entre lágrimas, incapaz de esconder o medo dentro de si.

Don ficou sem falas. Ele nunca imaginou que Jeremy Carter teria a coragem de ligar para sua filha dizendo que estava com seus filhos. Olivia chorava histericamente em seu peito, mas nada sabia para acalmá-la “Nós vamos acha-los, Liv, eu lhe prometo” disse depois de um tempo.

Ela não parou de chorar “E se não os acharmos?” disse entre lágrimas “Eu não sei se posso viver sem eles, Don, eu não sei!” ela exclamava.

Estava com medo, e muito. Don sabia que ela só fez seu melhor para melhorar-se de seu trauma dos constantes estupros, da tortura, dos espancamentos, apenas para seus filhos, que agora estavam desaparecidos, nas mãos de um tarado que faria de tudo para prejudica-los e prejudicar Olivia.

Sentiu como ela parou de chorar em seus ombros. Olhou para ela, e viu que dormia profundamente em seus braços. Desde o sequestro dos gêmeos, raras eram as vezes que alguém a via dormindo, ela estava muito preocupada sobre seus estados para dormir. Mas estava feliz que finalmente conseguiria dormir por algumas horas.

Pegou em seus braços e levou-a para sua cama, onde provavelmente dormiria melhor. Cobriu-a então como uma manta. Ela involuntariamente pegou o travesseiro de sua cabeça e abraçou-o. Don apenas riu e saiu, deixando-a dormindo tranquilamente em seu quarto.