Jane acordou com os primeiros raios de sol penetrando a cortina de sua casa. Ela ainda estava encolhida nos braços de Paul, que dormia tranquilamente no sofá. Ela se levantou e caminhou até a cozinha, pensando em tudo que havia acontecido no dia anterior.

Primeiro, ela nunca imaginaria que encontraria Margareth na festa com Paul. Jane pegou um copo de café enquanto se lembrava as tantas oportunidades que havia perdido por causa dela, tantas vezes que ela imaginou que as duas eram amigas, mas, no fim, acabava sendo deixada para trás.

É, talvez ela tivesse sentido um pouco de ciúmes ao ver Margareth com Paul, mas apenas talvez. Não passou pela sua cabeça naquela hora que os dois estivessem apenas conversando — o que era bem provável, na verdade —, mas simplesmente vê-los juntos era imensamente doloroso. Era como se ela pudesse perder mais uma coisa para aquela vadia.

Era tão estranho sentir aquilo. Paul não era dela de verdade, então, só pra começar, ela não o perderia. Além disso, ele era um homem livre, dono do seu próprio destino e poderia escolher quem ele quisesse. Mas, se isso era verdade, por que ele foi atrás dela? E por que ele se ofereceu para levá-la até em casa?

— Oi. — Jane olhou para a porta, levemente assustada com o barulho repentino. Paul estava lá, com a roupa toda amarrotada e o cabelo bagunçado.

— Oi. Dormiu bem? — ela respondeu. Paul balançou a cabeça afirmando.

— E você?

— Também.

Paul puxou um banquinho e se sentou. Ele pegou uma xícara e serviu o café. O silêncio se prolongou entre os dois por um longo tempo, até que ele resolveu dizer alguma coisa.

— Eu acho melhor eu ir.

Como Jane continuou em silêncio, encarando seu café quase intocado, Paul se levantou e caminhou até a sala, onde ajeitou suas roupas e o cabelo. Ele estava quase indo embora quando a ruiva criou coragem.

— Paul?

Ele voltou até a cozinha, segurando o terno em suas mãos.

— Sim?

— Por que... Por que você fez aquilo tudo por mim ontem? Eu quero dizer, você podia ter ficado lá com Margareth e...

As lágrimas estavam vindo. Ao perceber isso, Jane se calou imediatamente. Paul foi até ela e segurou seu rosto de modo que fosse impossível desviá-los de seus olhos amendoados como os de um animalzinho perdido.

— Porque eu me importo com você.

Por que ele fazia aquilo? Será que ele sabia que a estava deixando cada vez mais indecisa sobre o que fazer? Provavelmente não. A questão era: Jane era apenas mais uma garota por qual Paul McCartney estava interessado por um curto período de tempo?

Não teve mais tempo para pensar — lábios doces e macios tocaram a sua boca. Tímida, Jane retribuiu, expondo, finalmente, para ela mesma, o que sentia. Mesmo que ainda fosse possível esquecê-lo, mesmo que ainda houvesse uma pequena chance dela estar enganada, já era tarde demais.

Jane estava apaixonada.